A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 36
Uma nova chance




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Parecia que eu estava revivendo novamente a perda de meus pais adotivos meses atrás, eu sentia a mesma dor, a mesma angustia, o mesmo medo. Mas ao contrario daquele dia, nesse eu tinha pessoas que estavam comigo, que me confortavam, Célia veio assim que soube, ela e Marco estiveram sempre comigo. Eu ainda tinha mais uma preocupação, Paola, ela esteve afastada de todos, em algum momento notei que um homem de meia idade estava a confortando, senti um aperto no peito ao vê-los juntos. Carlos Daniel também não se afastou nenhum minuto, aceitei seus abraços de consolo, ouvi suas palavras, com ele me sentia melhor, mas estando em momento tão frágil não dei muito espaço para sentimentos.

Aquele foi um dia extremamente difícil, minha mãe, mãe que havia conhecido há pouco tempo, também havia me deixado, duas mães que perdi em um espaço tão curto de tempo.

Um mês havia se passado, Marco e Célia permaneceram comigo durante alguns dias, mas eles tinham suas obrigações e logo voltaram para Cuernavaca. Vovó Piedade e Lizete me visitavam sempre, e Carlos Daniel tentava a cada dia se aproximar mais, eu o evitava ao Maximo, evitava suas ligações, suas visitas, mesmo causando uma dor enorme em meu coração, achava que naquele momento era o melhor a se fazer.

Desde a morte de minha mãe, minha mente estava em um turbilhão de confusões e duvidas, havia o fato de meu desaparecimento que me deixava muito angustiada, mas o que mais me atormentava era sobre Carlos Daniel e Paola, eu não queria causar ainda mais raiva e dor em Paola, mas também não conseguia ser feliz sem Carlos Daniel. Eu estava dividida entre tentar ter algum tipo de relacionamento com Paola e me entregar ao amor que sentia por Carlos Daniel.

As noites se tornaram grandes, eu não conseguia dormir direito, e o pouco que conseguia era invadido por pesadelos.

— Você precisa se alimentar direito minha filha. - Filó disse ao me ver revirar a comida no prato, desde que havia perdido minha mãe Filó passava mais tempo comigo, as vezes dormia em meu apartamento, ela dizia que minha mãe havia lhe pedido que cuidasse de mim.

— Esta tão difícil Filó, - disse sem desviar o olhar do meu prato, sentia um vazio enorme em meu peito - me sinto tão só.

— Paulina, - ela se sentou ao meu lado na mesa e segurou minhas mãos - você não esta sozinha, eu estou com você.

— Me desculpe Filó, - levantei a cabeça e a olhei - sei que a senhora esta comigo, mas mesmo assim sinto esse vazio dentro de meu peito.

— Você devia procurar o senhor Bracho. - ela disse calmamente com aquele ar de quem sabe o que esta falando.

— Não tenho nada que conversar com ele, - abaixei a cabeça - tenho que me afastar dos Bracho.

— Estou te vendo sucumbir a cada dia mais, Paulina, a cada dia que passa você se afunda mais e mais nessa tristeza. - sua voz era preocupada - Porque não vai falar com o senhor Bracho? Ele te ama e você o ama, e... você mesmo me disse que sua mãe te contou o que aconteceu entre ele e Paola, procure ele, procure saber a versão dele nessa historia. Você é tão jovem menina, não merece se tornar uma mulher amargurada, dê uma chance ao seu coração.

— Tenho medo Filó. - disse sentindo um nó formar em minha garganta.

— Medo!? - ela indagou curiosa.

— Medo de me machucar ainda mais, de causar mais dor em Paola, te magoar Lizete...

— Paulina, - ela me interrompeu olhando seriamente em meus olhos - não pode fazer isso consigo mesma, não pode se sacrificar dessa maneira. Você esta pensando apenas em Paola, logo ela que parece não sentir nada por você. - ela suspirou profundamente - Olha o que esta fazendo com Carlos Daniel com esse afastamento, com Lizete, que é apenas uma criança, e principalmente... com você.

Suas palavras de alguma maneira me tocaram, talvez eu estivesse sendo muito dura comigo mesma, tentando renunciar aquele amor que sentia por Carlos Daniel e Lizete em prol de Paola. Meus olhos se fixaram nos dela, perdidos, buscando ajuda, Filó sorriu para mim e beijou o alto de minha cabeça.

— Vá falar com ele, - ela disse se levantando - vá atrás de sua felicidade.

— Tem razão Filó, - um sorriso que ha dias não surgia, nasceu em meus lábios - eu vou ligar pra ele e pedir que venha ate aqui.

— Isso mesmo Paulina. - ela sorriu amavelmente.

Levantei-me e corri para meu quarto, sentei na beirada da cama e peguei o telefone discando seu numero, depois do segundo toque ele atendeu.

— Paulina!? - sua voz soou surpresa, feliz, preocupada. Eu não havia ligado para ele desde nossa separação, ele que sempre ligava depois da morte de Paula, mas raramente eu o atendia.

— Carlos Daniel... - eu estava ansiosa, minha voz tremia e meu coração já estava acelerado só com o simples fato de estar falando ao telefone com ele - eu quero falar com você.

— Pode falar Paulina, - ele disse preocupado - aconteceu alguma coisa? Você esta bem?

— Não, não... Eu estou bem, - respirei profundamente buscando coragem - pode vir ate meu apartamento?

— Claro que posso, - notei a surpresa em suas palavras - estou indo agora mesmo.

— Carlos Daniel não precisa vir agora, pode... - eu estava dizendo, mas ele já havia desligado. Meu coração acelerava cada vez mais são em saber que dentro de poucos minutos estaria decidindo meu futuro com Carlos Daniel.

Eu estava tão ansiosa que nem me preocupei com o fato de estar vestindo uma camisola e de estar com os cabelos um pouco bagunçados. Os minutos em que o esperei pareceram durar horas, fiquei na sala andando de um lado ao outro, Filó me observava sorrindo, e quando finalmente a capainha tocou meu peito gelou.

Assim que abri a porta e meus olhos se chocaram com os dele, senti todos meus músculos tencionarem, meu coração entrou em um ritmo descompassado e acho que me esqueci de respirar por alguns segundos.

— Oi Paulina. - ele disse sem jeito, parecia que sentia o mesmo que eu.

— Carlos Daniel, - disse e sorri sem perceber - entre.

Seus olhos não se desviaram dos meus quando ele passou por mim, parecia um imã que conectava nossos olhares, algo tão forte e atrativo que mau me dei conta que em questão de segundos já estávamos bastante próximos.

Meus sentidos apaixonados por aquele homem me tracionavam, talvez de fato já não pudesse mais suportar ficar longe dele. Ainda hipnotizada em seu olhar levei minha mão ate a sua, sentindo uma corrente elétrica quando elas se tocaram, e assim o guiei ate o sofá, onde nos sentamos bem próximos ainda com minha mão entrelaçada a dele.

— O que aconteceu Paulina? - perguntou preocupado.

— Carlos Daniel eu... preciso que... quero... - queria ser direta, e respirando fundo disse uma vez - quero saber tudo o que aconteceu entre você e Paola.

No momento em que disse aquilo ele puxou a mão da minha e se levantou rapidamente, ele bagunçou seus cabelos e seu olhar se chocou com o meu.

— Porque quer falar sobre isso Paulina? - sua voz insegura me mostrou o receio que ele tinha em tocar naquele assunto.

— Eu preciso saber. - disse encarando-o - Por favor, Carlos Daniel, me conte tudo, eu preciso saber.

Seus olhos me miraram por alguns segundos, buscando entender onde eu queria chegar com aquilo, notei que ele estava indeciso, que havia uma duvida em seu olhar, mas ao notar a forma como eu o olhava ele atendeu a meu pedido.

— Tudo bem Paulina, - disse se sentando ao meu lado, seu olhar se perdeu em um ponto qualquer do quarto - mas não é uma historia da qual eu tenha orgulho em contar.

— Eu sei meu amor. - disse automaticamente, aquelas palavras saíram naturalmente de meus lábios, tão natural quanto o amor que sentia por ele. Carlos Daniel me olhou com um brilho nos olhos e sorriu, suas mãos envolveram a minha e a levou ate seus lábios onde depositou um beijo quente, senti meu rosto esquentar e desviei meus olhos dos dele - Pode começar Carlos Daniel, quero saber ate onde foi o seu envolvimento com Paola.


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