A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 30
Sumida - Carlos Daniel




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Meu coração estava despedaçado, o olhar de ódio, raiva, rancor e desprezo que Paulina me lançou não saia de minha mente, eu a havia decepcionado, e corria o risco enorme de perde-la para sempre, e tudo por culpa de Paola.

Já havia algum tempo que eu estava parado em frente o portão de minha casa, a chuva caia forte, eu a comparei com meu coração que sangrava, um rio de sangue e lagrimas.

O som de meu celular invadiu o carro, olhei o numero e vi que era da casa de Paulina, meu coração acelerou na triste ilusão de que era ela, de que ela iria me ouvir.

— Paulina! - disse com a voz rouca.

— Senhor Carlos Daniel? - reconheci a voz de Filó - Desculpe por ligar a essa hora mas é que estou preocupada com Paulina.

— Filó, o que aconteceu com Paulina? - perguntei já com o nervosismo me dominando.

— Ela saiu de carro, estava nervosa, disse que queria sumir, e essa que chuva não passa, estou preocupada com ela.

— Pra onde ela foi? - perguntei preocupado, não suportaria se alguma coisa acontecesse a ela.

— Eu não sei senhor, - Filó começou a chorar - ela saiu logo depois do senhor.

— Eu vou procura-la Filó, - disse já ligando o carro - obrigado por me avisar.

— Eu sei que o senhor a ama muito, e estou torcendo para se entenderem.

— Obrigado Filó. - disse desligando o celular e saindo apressado sem rumo.

Enquanto meu carro corria pelas ruas da cidade uma angustia apertava meu coração, só de imaginar em Paulina correndo perigo ficava desesperado, eu não sabia onde a procurar, onde ela poderia estar e isso me deixava ainda mais angustiado.

Durante horas a procurei incessantemente pela cidade do México, o desespero já me controlava e eu não sabia mais o que fazer.

— Paulina, por favor esteja bem, esteja bem. - dizia enquanto dirigia devagar olhando tudo com atenção, procurando por qualquer vestígio seu.

O tempo passava e eu não havia encontrado nenhum sinal de Paulina, meu coração estava apertado e sentia um medo enorme do que poderia acontecer a ela.

— Onde você esta meu amor? Onde? - me perguntava enquanto sentia meus olhos arderem pelas lagrimas.

Já era madrugada quando a chuva cessou, o alvorecer se aproximava e eu continuava a procurando, insistentemente, eu a acharia mesmo que levasse toda a minha vida, eu a acharia.

Quando o sol apareceu senti um aperto no peito, Paulina havia passado a noite toda em algum lugar dessa imensa cidade, sozinha... sofrendo mais uma vez sozinha.

Durante toda a manha e boa parte daquele dia eu a procurei, a procurei em todos os lugares que passava por minha cabeça, inclusive em hospitais, pois por mais que tentasse não conseguia afastar os pensamentos de Paulina ferida, e aquilo me corroía por dentro. Durante minha procura quase acabei preso por desacato a autoridade, isso por que o delegado que procurei disse que não poderia fazer nada, pois Paulina saiu por vontade própria, e que logo ela voltaria, isso me deixou tão nervoso que quase soquei o delegado.

Sem nenhuma pista de onde ela poderia estar voltei pra casa com uma dor enorme no peito. Paulina, a minha vida, a dona de meu coração estava sofrendo por minha culpa, eu nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse a ela.

Cheguei em casa e encontrei vovó Piedade completamente preocupada, preocupada comigo e com Paulina, e quando a vi não consegui dizer nada, apenas ajoelhei ao seu lado e deitei minha cabeça em seu colo, chorei como nunca havia chorado em minha vida, vovó Piedade afagava meus cabelos, eu sabia que ela me ajudaria naquele momento, se havia uma pessoa que seria capaz de me ajudar era minha velha avó.

— Paulina sumiu vovó, - disse sentindo um nó em minha garganta - ela sumiu e me odeia.

— Paulina não te odeia Carlos Daniel, - ela disse ainda afagando meus cabelos - ela te ama.

— Não vovó Piedade, ela descobriu tudo, e agora me despreza. - eu não conseguia controlar as lagrimas.

— Eu sei meu neto, liguei para o apartamento de Paulina para saber de você e Filó me contou tudo, Paola estava lá também, não é?

— Aquela desgraçada, - disse com os dentes cerrados - tudo isso é culpa dela.

— A culpa não é só de Paola, você também agiu mal em não ter contado nada a Paulina. Se estivesse contado desde o inicio teria evitado tudo isso. - vovó disse séria me fazendo sentir ainda mais culpado.

— Eu iria contar tudo para Paulina, mas Paola estragou tudo vovó, - a olhei intensamente - Paulina nos ouviu discutindo.

— Bom Carlos Daniel , agora só resta esperar que Paulina se acalme e vocês possam conversar. - ela disse com os olhos úmidos - o amor de vocês é mais forte que qualquer coisa e vocês vão se entender.

— Mas não posso ficar esperando vovó, - me levantei e andei nervoso de um lado ao outro no quarto - Paulina esta por aí sozinha, e se acontecer alguma coisa a ela? E se ela cometer alguma loucura? - perguntei desesperado.

— Não seja bobo Carlos Daniel, - vovó disse com o tom de voz elevado - não vai acontecer nada a ela, e Paulina não é nenhuma desiquilibrada para sair por ai cometendo loucuras.

— Tem razão vovó, - disse esfregando ambas as mãos nos olhos - mas não consigo não pensar que possa acontecer algum mal a ela.

— Ela já esta sofrendo o bastante, não vai acontecer nada a ela Carlos Daniel. - vovó se levantou e caminhou em minha direção pegando minhas mãos - Vá descansar um pouco.

— Não posso vovó, vou sair e procurar por Paulina.

— Você não vai a lugar nenhum Carlos Daniel. - vovó disse com autoridade segurando meu braço - Se você quer ter forças para reconquistar Paulina precisa descansar, dá pra ver que não dormiu, e que não comeu nada também. De que vai adiantar você ficar doente agora? Mais do que nunca você precisa ser forte Carlos Daniel, precisa ser forte para lutar por Paulina, e para cuidar de sua filha que também vai sofrer com a falta de Paulina.

As palavras de vovó Piedade se tornaram minha motivação para continuar, mesmo quando achava que não suportaria mais aquele vazio e aquela dor em meu peito eu lutava para seguir em frente, a cada dia que se passava meu mundo caia mais, Paulina era minha vida, e se ela não voltasse eu não suportaria mais viver.

Três dias depois Paulina entrou em contato com Paula, embora ela sequer mencionou meu nome, eu me senti aliviado em saber que apesar de tudo ela estava bem. Mas meu coração sofreu ainda mais quando Paula me disse que ela não estava na cidade do México, Paula não sabia onde ela estava, Paulina não lhe contou, se houvesse falado eu iria a sua procura onde quer que estivesse.

Durante esses dias sem Paulina meu mundo se estreitou apenas em suas lembranças, elas eram tudo o que havia me restado, apenas lembranças dos melhores dias de minha vida.

— Paulina voltou Carlos Daniel, - vovó Piedade disse entrando em meu quarto onde eu passava a maior parte do tempo - ela esta no hospital.

— Hospital? - perguntei me levantando da cama rapidamente - O que aconteceu com ela vovó? Ela esta bem? Sofreu algum acidente?

— Calma Carlos Daniel! - ela disse nervosa - Paulina esta bem, não aconteceu nada com ela.

— Mas o que ela esta fazendo no hospital vovó? - perguntei sentindo meus olhos marejarem - Esta me escondendo alguma coisa, Paulina esta ferida...

— Já disse que Paulina esta bem. - respondeu séria - Ela voltou por que Paula esta muito mal no hospital, eu te disse que ela estava doente.

— Paula esta doente? - perguntei preocupado.

— Você não prestou atenção em nada que aconteceu nos últimos dias Carlos Daniel? - perguntou brava - Eu mesma te contei que Paula estava a cada dia mais abatida, desde que Paulina foi embora ela veio piorando.

— Me desculpe vovó, mas realmente não lembro de nada disso, eu só consigo pensar em Paulina.

— Eu sei meu neto, - ela sorriu tristemente com seu rosto cansado - mas acho que agora Paulina precisa de alguém para lhe confortar.

— Acha que se eu for ate o hospital ela vai me ouvir vovó? - perguntei com um fio de esperança.

— Não sei meu neto, - ela abaixou a cabeça - mas acho que Paulina deve estar sofrendo tanto, Paula esta muito mal, a cada dia fica pior.

— O que Paula tem vovó? - perguntei confuso, ela nunca aparentou sofrer de alguma doença - É muito grave?

— Sim meu neto, é muito grave, - uma lagrima desceu de seus olhos e ela engoliu seco - Paula tem câncer Carlos Daniel, e creio que não lhe resta mais muito dias de vida.


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