Flor De Outono escrita por Jullyana Belichar


Capítulo 3
Enfim, esqueci.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/409020/chapter/3

O dia nasceu estranho, nublado. Muito diferente dos dias ensolarados que estávamos acostumados. Era como se o céu estivesse recebendo alguém da forma mais calma possível, sem a alegria do sol, ou a melancolia da chuva.

Coloquei o casaco e descia as escadas em direção à rua. Como eu pensava, estava frio lá fora. E, por incrível que pareça, um cheiro estranhamente familiar era levado juntamente com as folhar pelo vento.

Percorri as ruas calmamente, tentando lembrar-me de algo. No entanto, por mais que eu tentasse, não conseguia.

A escola parecia à mesma de sempre: tediosa.

Meu nome? Rafael Ferreira e tenho 17 anos. Minha vida caracteriza-se como normal.

Sou um dos garotos mais populares da escola, namoro a garota mais desejada... Para alguns minha vida é perfeita, mas nem sempre foi assim.

—Bom dia amor. — Disse Eliza, minha namorada.

Ela era linda: Os olhos azuis brilhosos, os cachos loiros que contornavam seu rosto de boneca, o corpo de fazer inveja a qualquer uma. Eu era mesmo um cara de sorte.

—Bom dia. —Eu disse, beijando sua testa.

—Vamos sair hoje à noite? —Ela perguntou, sorrindo.

—Não posso, tenho que limpar o sótão. Mamãe pediu.

Todos os anos minha mãe costumava a limpar o sótão, tirando todo o entulho. Mas por alguma razão, não faz isso há três anos.

—Tudo bem, saímos amanhã. —Disse antes de ir rebolando para perto das amigas.

O dia seguiu sem problemas... Tudo perfeito.

Cheguei a casa antes das duas da tarde e acabei encontrando meu irmão de saída.

—Aula de violão? —Perguntei para ele.

—Sim. —Ele se virou em minha direção. —Chegou cedo. Não ia sair com a Eliza?

—Mamãe pediu para limpar o sótão.

Ele abafou o riso.

—Boa sorte então. Você vai precisar.

Entrei em casa e ao passar pela cozinha, peguei uma maçã. Joguei a bolsa no quarto e subi para o sótão.

Deplorável não era a palavra mais indicada para descrever o estado daquele lugar... Seria preciso uma palavra pior. Via-se entulho e poeira por todos os cantos. O pouco de luz que iluminava o local entrava por uma pequena fresta da janela.

Peguei os tapetes e as cortinas e coloquei para pegar sol; varri todo o chão, tirando camadas e camadas de poeira; espanei as paredes e o teto; tirei as teias de aranha; lustrei os móveis e arrumei as caixas.

Quando acabei já passavam das cinco horas. Tudo estava pronto, mas acabei tropeçando, esbarrando no armário. Várias caixas caíram de cima dele.

—Ai, ai... Que bagunça.

Ajoelhei-me e comecei a entulhar as caixas. Uma, entre elas, chamou minha atenção: era uma caixa preta, decorada com figurinhas de personagens que eu gostava quando era criança.

Dentro dela encontrei tazos velhos, cartinhas e mais figurinhas. Mas, no fundo... Bem no fundo da caixa, havia um retrato virado de cabeça para baixo.

Foi quase como impulso. Assim que peguei o retrato e o virei, lembranças vieram em minha mente... Lembranças turvas, dolorosas, algumas alegres. Lembranças de algum dia, há sete anos.

Era a foto de uma garota. Uma garota gordinha, de olhos e cabelos castanhos.

Na foto ela abraçava alguém emburrado. Talvez porque não quisesse tirara foto...

Era a foto dela.

A foto da Ceci.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Flor De Outono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.