E Se O Amor Acontece... escrita por Bruna Moraes


Capítulo 7
Capítulo 7 - Será a verdade?


Notas iniciais do capítulo

Oii, meus amores! Há quanto tempo, já estava com saudades ♡
Sem enrolações, boa leitura!
Beijos.



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Música do capítulo: Best of You - Foo Fighters

Pov Percy

Não sei quanto tempo havia se passado, mas eu ainda estava parado ali na frente da escola. Meu sangue fervia nas veias. Annabeth havia ido com aquele loiro de farmácia para sabem-se os deuses onde. Ainda não entendia a ligação dos dois, porém em nada me agradava. Flores? Que coisa mais clichê! Dei alguns passos sem saber ao certo o que eu fazia. Senti uma mão no meu pulso, era Thalia. Só então percebi que estava com os punhos cerrados.

— Percy, ei. Acalme-se.

— Me acalmar? Você não sabe quem ele é e nem o que fez!

— Eu sei muito bem quem ele é, Jackson. E você? Por acaso sabe do que está falando? Não haja como se fosse a única vítima aqui - ela elevou seu tom de voz. Encarei-a perplexo.

— Não me diga que você…

— Não, seu imbecil. A Annie.

Não falei mais nada, apenas alternava o olhar entre a minha prima e a direção em que Annabeth tinha ido. Thalia tocou o meu ombro e sussurrou um “Vamos embora”, dirigindo-se para a parada de ônibus logo em seguida. Mandei uma mensagem avisando minha mãe de que não iria almoçar em casa, iria precisar fazer um trabalho na casa de Thalia.

Não trocamos muitas palavras. Pegamos o ônibus e descemos numa avenida muito conhecida por mim. Não muito distante da parada, havia a entrada de um condomínio. Cumprimentei Peter, o porteiro. Entrei sem burocracia. Parei em frente a uma casa (casa não, mansão) com uma arquitetura estilo grega. Haviam colunas enormes na frente, sua fachada era em branco e tons de cinza. A porta fora aberta por uma senhora simpática. Mal terminei de subir a mini escada da frente quando senti braços me rodearem.

— Percy, meu filho. Há quanto tempo! - era Maria, a mulher que cuidara de Thalia desde pequena (e, consequentemente, de mim).

— Hey, também senti saudades - disse levantando-a do chão e girando.

— Como o meu menino cresceu. Thalia, por que não me disse que ele vinha? - Thalia apenas deu de ombros e adentrou a casa - Venham, devem estar morrendo de fome.

E assim almoçamos na companhia de Maria, que pelos deuses, tinha uma mão divina. A comida estava muito boa. Após o almoço, fomos para a sala.

— Então… Aquele loiro aguado, é namorado da Annabeth? Como eu não sabia disso?

— Bom, ex namorado. Pelo menos eu ainda espero que seja ex - disse monotonamente jogando-se em uma poltrona.

— Como assim? Acha mesmo que ela voltaria com ele?

— Eu não sei. Annabeth não é trouxa, mas ela é louca por aquele cara. Pude ver nos olhos dela quando ela o viu na frente da escola. É capaz que, com as palavras certas, ela realmente pense em ceder e voltar com aquele idiota.

Ponderei as suas palavras por alguns instantes.

— Sabe. Nesse tempo em que estive afastado, eu arrumei uma namorada. O nome dela é Calypso. E, não sei muito bem porque estou contando, mas ela me traiu com aquele loiro de quinta categoria.

Pensei que Thalia surtaria com a informação de que a minha ex meteu chifre na melhor amiga dela. Contudo, a sua expressão manteu-se inalterada. Essa garota tinha uma pedra no lugar do coração? Ela ligou a televisão e sentou-se em um puff. Continuei encarando.

— O que foi? Perdeu algo? - olhou-me com desdém.

— Você ouviu o que eu falei?

— Sim, e daí? - bufei.

— Você é uma idiota – sorri e joguei uma almofada nela.

Thalia revirou os olhos murmurou um “crianças”. Mas logo em seguida mostrou língua. Ela pegou a almofada, abraçou e me encarou por uns segundos.

— Não deveria ser eu a contar isso, mas a Annabeth é orgulhosa demais para isso. E, bom, já que estás envolvido, mereces saber.

— Sou todo ouvidos.

E assim comecei a ouvir a história sobre os dois pombinhos apaixonados. Confesso que em alguns momentos fiquei entediado, afinal, parecia mel demais. Não me levem a mal, eu sou um cara romântico, mas uma coisa é você e sua namorada, outra é ver/ouvir sobre o mel alheio. Contudo, foi tudo muito necessário. Pude compreender e entender melhor, senti-me mais perto de Annabeth, de alguma forma.

Vocês nunca me verão repetir isso de novo, contudo, após ouvir toda a história, tenho de admitir que Luke parecia um cavalheiro, alguém digno de ser príncipe. O que ele fizera com a loura não parecia ser de seu feitio. Claro, ainda havia Calypso no meio de tudo. Apesar da mudança radical, não creio que ela faria algo do tipo. Há algo errado! Só não sei o quê.

Thalia quis saber mais sobre o meu (ex) relacionamento e eu contei algumas coisas. Não estava afim de relembrar certas coisas. Tirando isso, o fato mais irritante foi o celular de Thalia. Ele vibrava a todo momento. Minha priminha sempre corria para responder. O “peguete” dela podia esperar, não?

Em algum momento adormeci no sofá. Inclusive tivera um sonho estranho, onde eu caía de um penhasco.

 

***

 

Senti algo atingir meu rosto. Era macio, mas fora jogado com força, fazendo com que doesse. Dei um pulo no mesmo instante, abri os olhos e vi minha prima e Annabeth rindo para as paredes.

— Tá maluca, garota? Eu podia ter tido um enfarto e morrido do coração – falei colocando a mão sobre o peito. Só agora reparei que estava no chão. Nunca um sonho fez tanto sentido...

— Deixa de ser exagerado. E você baba enquanto dorme – falou ainda rindo. Passei a mão no canto da boxa e senti meio molhado: baba. Ótimo.

Quando ela pareceu recuperar o juízo, olhou para Thalia e disparou.

— O que ele está fazendo aqui? Pensei que a nossa conversa seria particular – quase me senti ofendido. Ela acha que sou qualquer um?

— Achei que seria pertinente a presença dele, porque ele também está envolvido. Imagino que você já saiba quem é a garota na foto.

Annabeth encarou-me.

— A Thalia me falou que aquele era o seu namorado. Que você é uma vítima tanto quanto eu – ela apenas assentiu.

— E o que tinha a me contar?  Como conseguiu aquela foto?

— Sentem-se que a história é longa...

Annabeth e eu sentamos no sofá. Thalia pediu um instante, subiu para o quarto e voltou com o seu notebook. Puxou a mesinha de centro, agasalhou ali o notebook e ligou para alguém via Skype. Após dois toques, alguém atendeu. De primeira só se via a parede de um quarto com vários pôsteres de banda. Atentei-me aos detalhes. Conhecia aquele quarto!

— Thalia, que palhaçada é essa? – pronunciou-se Annabeth.

— Hey, a única palhaça aqui é a Thalia – a voz no computador falou, logo em seguida apareceu um garoto vestindo uma camisa. Seu corpo era esbelto e incrivelmente pálido – Oi Percy, oi Annabeth.

Era Nico. Sabia que tudo aquilo era familiar! Já fui algumas vezes em sua casa. Annabeth esbanjava uma cara surpresa.

— Nico?! O que você tem a ver com tudo isso?

— A Thalia pode explicar melhor, e Percy, cara, tem a ver com o que eu tinha a te falar.

Thalia puxou o puff e sentou do lado da mesinha, de frente para nós.

— Annie, eu sei que somos melhores amigas há anos. Então, por favor, confia em mim e me ouve até o final. Promete que vai me ouvir?

— Prometo – a loira revirou os olhos e cruzou os braços.

— Começando pelo Luke. Precisas saber que nós nos beijamos – Thalia falou e mordeu os lábios. Estava apreensiva e olhava para Annabeth, que estava atônita.

Eu não devia estar diferente. Era uma informação e tanto. Como isso? Minha prima não era dessas, jamais trairia a melhor amiga, quase irmã! Olhei para o notebook e Nico estava sentado, com as mãos cruzadas e um sorriso divertido no rosto. Nem parecera se abalar. Garoto estranho.

— Prossiga – os olhos dela nem piscavam.

— Foi um acidente, tudo bem? Sabe a foto que eu te mandei? Foi nesse dia. Sabe aquela pseudo quermesse que está tendo? Eu precisava sair um pouco, espairecer. Resolvi ir lá. Parei em uma barraca de maçãs do amor, sabes como eu amo! Estava escolhendo uma quando o Luke apareceu. Ficou surpreso em me ver lá. Conversamos e andamos por lá, porém ele estava estranho. Nunca queria ficar parado, andava olhando para os lados e parecia se esconder em certas ocasiões. Perguntei se estava tudo bem e só dizia que sim, mas claramente estava nervoso. Em dado momento ele arregalou os olhos e no outro instante me beijou. Eu não sabia como reagir, não sabia o que fazer. Perdoe-me, Annabeth! Depois disso apenas dei um tapa nele e saí.

Eu estava chocado. Aquele julgamento de bom moço que eu fiz, esqueçam ele. Ele é um cafajeste, isso sim. Olhei para a garota ao meu lado. Esperava encontrá-la chorosa, mas apenas vi uma garota com o olhar vago. Suas feições não demonstravam nada. Talvez, apenas desgosto. Toquei o seu ombro e mesmo assim ela não reagia.

— Annie, por favor, fala alguma coisa – Thalia já estava em pé e chacoalhava a amiga pelos ombros. Annabeth piscou e parecia sair de um transe.

— O quê?

— Você ouviu o que eu disse?

— Infelizmente, sim. Eu ouvi, Thalia. E não precisa se preocupar. Não culpo você por isso. Vítima das circunstâncias – dito isso, ambas se abraçaram – A culpa é daquele canalha.

— Tá, aquele loiro de farmácia fez merda, para variar. Mas onde eu entro nisso? – Thalia me fuzilou com o olhar, provavelmente irritada por eu ter atrapalhado seu momento fofo.

— Você não deixou eu terminar, cabeça de algas – sentou-se novamente no chão – Saí andando e esbarrei com o caveirinha aí – e apontou para o notebook.

— Sabe como é, né. Esse lance de quermesse sempre dá umas gatinhas. Estava por lá, azarando umas minas e esbarrei nela. Ela parecia confusa, mas não podia perder a oportunidade. Logo mandei um “Gata, você não é filha de Hades, mas abriu um buraco no meu coração” - Nico falou sorrindo galantemente e apontando para Thalia.

Eu tive de rir. A cara da minha prima era ótima! Annabeth também não se aguentou e espocou em uma risada. Ri até a minha barriga doer.

— E o que aconteceu depois? - Nico fechou a cara.

— Depois eu meti um soco na cara dele. Já estava sem paciência, e ele ainda me joga uma dessas - Thalia falou e olhou para Nico, que fechou a cara e passou a mão na bochecha.

— Até sinto dor - resmungou - Depois disso, ela simplesmente saiu andando. Eu fui atrás, merecia ao menos tentar me desculpar. Ofereci-me para pagar algo e ela aceitou.

— Era o mínimo que ele poderia fazer, azarando as garotas assim - interrompeu Thalia - Voltamos à barraca de maçãs do amor e ele me comprou uma. Sentamos em um banco e eu comi em silêncio. Levantei para ir embora quando vi Calypso chegar acompanhada de um homem. Ela deu uns pulinhos e correu em direção a alguém. Era Luke. E então eles se beijaram. Na mesma hora tirei uma foto e Nico também.

Eu estava atônito. Ela me traiu assim? Na cara de pau. Sem mais e nem menos.

— Quem era o homem com ela, Thalia? - perguntei.

— Não sei, mas possuía cabelos pretos e era incrivelmente musculoso. Parecia um segurança - pela descrição, eu o conhecia por fotos.

— Não era segurança, era o seu pai, Atlas.

— Ah, isso explica o porquê de ter cumprimentado Luke depois, fizeram até um “toque” especial.

Fiquei ofendido. Inúmeras vezes tentei marcar um jantar para conhecê-lo, mas toda vez era desmarcado por estar ocupado demais ou por estar em uma viagem de negócios. Eu era o namorado de sua filha e nunca o conheci. Contudo, ele parecera conhecer há muito tempo aquele bastardo.

— Percy, há mais uma coisa. Se preferir, nós falamos a sós - olhei para Thalia e Annabeth. Já sabia tanto desta última. Achei que merecia saber algo meu também.

— Pode falar, Nico. Elas podem saber.

— Ainda é sobre a Calypso. Lembra do Dylan? Capitão do time de basquete.

— Sim, lembro.

— Ouvi o boato de que ele e a Calypso foram pegos se beijando atrás da nossa antiga escola.

Pisquei várias vezes. Já não bastava o imbecil, agora o outro idiota? Até senti a minha cabeça pesar.

— Por favor, não diz que tenho um terceiro par de chifres.

— Até onde eu sei, é só isso.

Ficamos em silêncio por vários minutos. Nico foi o primeiro a se manifestar, pediu licença para estudar e desligou a vídeo chamada. Olhei para a Annabeth e ela encarava fixamente Thalia. Ambas pareciam estar em uma conversa por olhares.

— Por que não me contou que já conhecia Nico? - a loira falou.

— Não achei necessário. Só soube da história melhor no primeiro dia de aula, que ele me falou que conhecia a garota, que era namorada de um amigo e essas coisas - Thalia deu de ombros.

Percebi que estava sobrando ali. Levantei e fui me despedir das garotas. Quando abracei Annabeth, ela sussurrou um “me espera”. Sentei novamente no sofá e a vi guiar Thalia para a cozinha.

 

***

 

Pov Annabeth

A minha cabeça parecia que ia explodir. Era informação demais para um dia só. Perseu envolvido nisso, Nico, Thalia, a tal da Calypso. Eu não sabia o que pensar, o que fazer. Cada nova informação parecia ser uma facada no meu peito. Eu só sabia encarar a minha amiga, ela estava escondendo algo, podia sentir. Chamei-a para a cozinha, precisava fazer ela falar.

— Thalia, como você mesma disse antes, somos como irmãs. E eu sei quando estás a me esconder algo.

— Não é nada, Annabeth.

— Como nada? Pensas que eu não notei como ficou quando falaste do teu beijo com o Luke? - seus ombros tensionaram-se - Aconteceu algo a mais?

Ela não falou nada. Apenas pegou un copo com água e ficou olhando para o chão. Tomou alguns goles. E então ouvi um fungado. Cheguei mais perto e percebi que estava chorando. Abracei-a pelos ombros.

— Assim você me deixa preocupada. Sabes que pode me falar qualquer coisa - fungou mais uma vez e me olhou nos olhos.

— Eu não sei o que dizer. Não sei como aconteceu, mas… - respirou fundo - Eu gosto do Luke, Annabeth. Por favor, não pense que eu faria algo para você. Eu respeito o seu namoro e jamais atrapalharia. Não foi eu quem beijou ele, eu realmente fiquei indignada com aquilo. Só quero a sua felicidade.

Beijei a sua testa.

— Tudo bem, Thalia. Tudo bem. Eu sei que você não seria capaz de tal coisa. Confio em você de olhos fechados. Mas me escuta - segurei as suas mãos e a fiz olhar para mim - Ele já mostrou que tipo de pessoa que é. Ele não merece você e nem a mim. Ele nem merece que a gente fale ou pense sobre. Tá bom?

Ela apenas assentiu. Limpou o rosto com a mão e tomou o resto de sua água.

— O que ele queria falar com você?

— Nada demais. Apenas queria saber o porquê de ter terminado com ele. Disse que tudo era uma mentira e que eu não deveria confiar nisso. Claro que entrou por um lado e saiu pelo outro, ele não se explicou de fato. Apenas fui embora.

— Ah sim.

Conversamos mais sobre algumas banalidades. Fazia bem falar sobre algo não polêmico. Por mim, eu ficaria ali a tarde toda. Mas um Perseu irritado apareceu na porta da cozinha.

— Bonito, dona Annabeth. Eu esperando que nem besta na sala e a senhorita aqui, achando graça.

— Eu já tinha até esquecido - virei-me para Thalia e a abracei - Eu tenho que ir, a gente se vê pela escola. Se cuida, morena.

— Se cuida, loira. E não façam nada que eu faria - ela gritou enquanto eu saía com Perseu.

Caminhamos até a parada em silêncio. Sua cara era séria, o olhar distante. Subimos no ônibus e sentamos lado a lado. Sei que não deveria, mas estava mal. Ainda não acreditava que Luke tivera feito tudo aquilo. Parecia irreal. Eu gostava dele, de verdade. E a confissão da Thalia! Céus, jamais imaginaria.

A minha cabeça estava a mil por hora. Sentia que estava prestes a surtar. Queria gritar, chorar, bater em alguma coisa. Esqueci completamente a presença de certo moreno ao meu lado até que senti um braço nos meus ombros.

— Por favor, não fala nada - e beijou a minha testa.

Aninhei-me melhor em seus braços, encostei a cabeça em seu ombro e ele na minha. A sensação foi boa. O calor dele, o carinho que fazia no meu ombro. Esses simples gestos me deram uma paz.

— Você acha que tudo aquilo é verdade? - perguntei.

— Não sei. Mas eu confio no Nico e na Thalia. Não vejo motivos para mentirem. E você?

— Eu não sei ao certo. É tudo muito confuso - confessei - Eu quero e não quero acreditar.

Ele apenas assentiu e sussurrou “vai ficar tudo bem”. Acariciou a minha bochecha e novamente beijou a minha testa. Ficamos assim o resto da viagem. E naquele instante, só por um instante, eu me senti bem.


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Notas finais do capítulo

Confesso que fiquei bem triste com o último capítulo. Nenhum review :(
Eu sei que a fic tem leitores, então apareçam! Façam esta humilde autora feliz ahausy
Mas enfim, só queria dizer que eu amei esse capítulo! Cheio de revelações e fofo ao mesmo tempo. Viram que ele ficou maior? Foi a minha tentativa de recompensar o tempo sem postar. E é isto.
Espero que tenham gostado.
Até mais, xoxo. XD