Um suspiro alto pode ser ouvido na sala vazia.
Um garoto, não muito alto com incomuns cabelos azulados e olhos do mesmo tom estava sentado em um dos bancos do grande ginásio.
Ele estava sozinho todos haviam ido embora, todos menos Kuroko Tetsuya.
O titular da Teiko se perguntava quando aquilo havia começado, quando o time havia virado o que era.
Não, ele estaria se enganando e enganando a todos se dissesse que não sabia.Ele e todos sabiam, havia começado com Aomine-Kun.
Mas isso não quer dizer que fora ele o culpado, afinal ele sabia que se não fosse o Aomine-Kun qualquer outro dos Milagres seria o “primeiro”.
Aomine-Kun ficou forte, tão forte que eu ficava com medo, não foi só ele, todos da Geração dos Milagres foram crescendo e se tornando monstros, um por um.
Aomine
Murasakibara
Akashi
Midorima
Kise
E por fim até mesmo... Eu.
Todos nós somente jogávamos para vencer, somente isso. Eu não via mais os sorrisos dos meus amigos, eu já não sorria mais.
100 partidas
100 vitórias.
Era esse o lema da Teiko. E nós o seguíamos. Sem reclamar, afinal, para eles não existia oponente que fosse a altura de suas habilidade.
Eu não reconhecia mais meus amigos. Eu já não me reconhecia mais.
“ Kuroko está tudo bem?”
Ogiwara-Kun perguntara, mas o que eu iria dizer? Que meus companheiros foram cegos pela vitória? Que eles foram “abduzidos” por si mesmos?
“Sim, estou ótimo” Respondi.
Não estava nada ótimo, eu queria morrer. Nesse momento eu odiava a coisa que mais amava, eu mentira para uma garota e a fizera chorar.
O que havia de errada comigo?
Se eu fosse mais forte... Talvez..Talvez, o que? Eu venceria a geração dos Milagres? Que idiotice.
Eu mesmo disse para o Aomine-Kun que sentia inveja dele, de todos eles, mas que eu sabia que eu não conseguiria daquele jeito, então por isso me concentrava em melhorar os meus passes.
“Eu não me lembro mais como é receber um passe seu.”
As palavras do Aomine-Kun ecoavam em minha mente, apertando o coração. É verdade. Acabou, não somos mais um time, não somos mais nada, além de garotos prodígios atrás de mais uma vitória.
Exatamente, não passávamos de garotos, de simples estudantes do fundamental, então como era possível isso acontecer conosco?!
Era o amor pelo basquete, eu sabia, apesar de ser a solução, também era o declínio. Por amar demais o basquete que ficamos assim.
Que vencemos tudo, que destruímos a todos.
Isso é a vitória, se você correr atrás dela deve aguentar suas consequência.
Mas se isso realmente for a vitória, eu prefiro perder, de que adianta uma vitória se você não está feliz?
Kuroko levantou-se, não queria ficar sozinho, mas ao mesmo tempo, era o que mais queria no momento.
O sentimento de traição lhe ardia os olhos e doía o coração.
Que bobagem.
Ele não fora traído, ele fora esquecido e abandonado. Era cada um por si, sem companheirismo, sem trabalho em equipe.
O que eu fazia ali ainda?
Eu era uma sombra, quanto mais forte a luz maior será a sombra. Mas e se a luz for tão forte que ofusca até mesmo a sombra?
Eu sobrava, eu dependia deles, mas eles dependiam somente de si mesmos, só de sua própria força.
Uma chuva pesada podia ser ouvida, caindo ruidosamente de encontro ao chão, um trovão iluminava o céu.
Dentro do ginásio uma bola de basquete errava a cesta e caia com estrondo, abafando o ruído de lagrimas caindo e marcando o delicado rosto de dor de Kuroko Tetsuya.

“Eu sou desnecessário.”