Ela havia acabado de chegar de sua morte, o mais incrível de tudo era que Alasca não sentia dor, e ela não sentia o peso em seu coração. Finalmente conseguira sair daquele labirinto de sofrimento, mas como? Rápido e diretamente.

A garota se sentia perdida, ela escutou que poderia visitar os seus conhecidos vivos quando bem entendesse, mas onde estava a mercearia para que ela pudesse saborear um cigarro e se aproveitar do terrível sabor de Strawberry hill? Ela se abaixou para pegar uma margarida branca, mas seu olhar dispersou quando percebeu um garoto solitário em um balanço.

Augustus estava refletindo sobre seu egoísmo, ele queria muito que Hazel morresse logo para que eles pudessem ficar juntos, mas somente ele estaria sendo privilegiado. Era como um prejuízo para o Sr. e a Sra. Grace. O rapaz usou sua perna boa para impulsionar o balanço, mas foi parando aos poucos quando percebeu a aproximação de uma garota, ela sorria. Era muito bonita, ele pôde perceber os olhos verdes dela quando ela se sentou no balanço ao seu lado, mas nada se comparava a beleza de Hazel Grace.

"Alasca Young, morri em um acidente no dia 11 de janeiro, acho que era mais ou menos três horas da manhã. Você tem um cigarro aí?" Ela fez uma pausa para que pudesse respirar melhor, fizera a pergunta do cigarro pois Augustus tinha um entre os lábios, mas não estava aceso. Ele retirou uma cartela de cigarros do bolso, a mesma que Hazel havia o comprado, e a entregou. "Parceiro, não dá pra eu fumar sem ele estar aceso. Me empresta o fogo?"

"É uma metáfora."

"Mas o que?" Alasca o encarou um pouco assustada, provavelmente esse garoto era um louco a menos em qualquer asilo dos EUA.

"Eu não fumo." Augustus abriu seu típico sorriso de lado, fazendo com que o cigarro tombasse um pouco. "Augustus Waters, eu morri de câncer. Acendi como uma árvore de natal."

Alasca continuou o encarando um pouco confusa, ela não entendeu isso de metáfora. "Como assim é uma metáfora?"

"Eu coloco a coisa que mata na boca, mas não acendo. Assim ela não pode me matar."

"Ah.."

Alasca começou a se balançar, ela pensou no que descobrira sobre o Gordo, ele não a amava, ele a ama. Ela queria saber mais sobre Augustus, e ele queria saber mais sobre ela. Eles começaram a conversar, falaram sobre seus sentimentos antes da morte e de como estavam se sentindo mais leves agora.

"Então.. O que mais tem a Hazel?" Alasca teve um pouco de medo, não queria machucar o garoto.

"Ela me proporcionou a eternidade entre nossos dias numerados." Ele desviou seu olhar para o céu, e logo depois voltou a mirar Alasca.

"Você deve sentir falta dela..."

"É, eu sinto."

"Não se preocupe, está tudo okay. Okay?"

"Não. Não está tudo okay." Alasca se sentiu mal naquele momento, ela sabia que nem tudo estava bem, uma vez que sentia muita falta de seu Gordinho e de Coronel. Na verdade ela não conseguia se imaginar sem eles.

"Você acha que vai poder ver sua mãe aqui?" Augustus não estava totalmente interessado naquilo, ele só não queria falar sobre Hazel e sobre o quanto sentia falta dela.

"Bem... Não. Eu não acho que seja possível me encontrar com ela, faz muito tempo." Alasca suspirou, no fundo ela tinha medo de se encontrar com sua mãe, tinha medo de não ter sido perdoada. "Miles me ama, depois que eu morri ele disse que me ama, não que me amava. O Gordo me ama no presente."

"Hazel Grace sempre irá me amar." Ele se virou para ela, sorrindo, Augustus sorria mesmo que estivesse sentindo dor, naquele exato momento ele estava.

Alasca riu, ela perdoou Miles, Coronel e Takumi por terem a deixado partir, e ela sabia que Miles a havia perdoado por ter o deixado tão cedo, ele sabia que eles continuariam depois. "Talvez eles possam nos amar juntos."

"Talvez."

Depois disso eles se calaram. Ele pensava que não demoraria muito para que o conjunto de infinitos de Hazel Grace terminasse, e assim eles poderiam ser felizes juntos. Sem o câncer entre eles.

Ela pensava que iria esperar por Miles, iria esperar que ele encontrasse seu Grande Talvez e iria ajudá-lo e protegê-lo. Só não queria assistir ele com outras garotas, mas isso era parte de tudo, ele teve que a assistir com Jake. Um dia, pensava ela, meu gordinho finalmente vai conseguir sair do seu labirinto e aí nós vamos continuar de onde paramos.