Pov. Lis

Passei os olhos pelo relógio. Já passava da meia-noite e eu continuava ali, em frente ao computador, com o papel branco rabiscado ao seu lado direito e uma caneca de café ao lado esquerdo. Eu havia passado todo o tempo pesquisando os nomes na internet, mas eles eram agentes. Sabiam como se camuflar muito bem.

Eu já decidira o que ia fazer. Eu precisava encontrar cada um daqueles homens. E descobrir tudo o que podia. Depois de encontrar a filha de Joseph Morris, eu mataria Jhonny. Estremeci ao pensar que eu nunca havia planejado matar alguém.

Duas batidas na porta quase me fizeram saltar. Gritei que esperasse ao mesmo tempo em que enfiava o papel no bolso da blusa que eu vestia. Fechei todas as janelas de busca que estavam abertas no notebook à minha frente.

Andei quase perfeitamente com a perna imobilizada até a porta, suportando a dor na perna. Abri a porta e um alívio surpreendente me invadiu. Dick. Senti o impulso de me jogar em seu abraço. E a vontade de sentir seus braços em volta do meu corpo. Dick me olhou por um instante e, então, seu sorriso se desmanchou, pouco a pouco.

Pov. Dick

A estrada estava quase vazia àquela hora. Mesmo depois das reuniões marcadas em São Francisco, aquela tempestade me obrigou a ficar por mais um dia e reuniões de última hora me deixaram preso àquele lugar por outro dia. Voltei para Gothan quase dois dias além do combinado. Depois de um longo banho na mansão Wayne, eu me sentia quase descansado. Agora, eu seguia para a casa de Lis.

Quando parei, em frente ao prédio, pude ver que a luz ainda estava acesa. A única em todo o prédio. Subi e a ouvi pedir para esperar quando eu bati na porta. Logo depois, ela abriu a porta. Eu quase pude ver um sorriso abrir em seu rosto. Seu rosto. Estava machucado. Com a maçã do lado esquerdo do rosto vermelha e esfolada, havia um corte que ia do fim de sua sobrancelha direita até o inicio da bochecha. Havia cortes pelos braços, mãos e ombros. Uma tala negra imobilizava sua perna direita. Senti meu sorriso sumir.

- Lis, o-o que houve com você?

- Oi – ela deu um meio sorriso. – Como foi a viagem? – E me deu espaço entrar

- O que aconteceu? – Entrei enquanto ela fechava a porta

- Problemas no trabalho – eu a encarei. – Certo, senta. – Eu o fiz, e Lis sentou-se à minha frente – Você conhece o Doutor Bruce Banner. É que quando ele fica... estressado, ele...

- O Hulk.

- Você também sabe?

- Sim. Mas eu não pensei que isso ainda pudesse acontecer, imaginei que estivesse tudo sob controle. O Hulk atacou você. – Concluí ao mesmo tempo em que toquei seu rosto. Ela assentiu. – Por que você não me contou quando eu liguei?

- Eu não queria atrapalhar suas reuniões ou dar a você um motivo para voltar. Eu estou bem.

- Lis, você devia ter me contado. Quando aconteceu?

- No dia em que você partiu. Eu pensei em ligar, mas... Não liguei

- Ah, Lis! Um gigante verde e furioso atacou você e eu não estava lá.

- Dick, não se preocupe – ela tocou o meu rosto com as mãos abrindo um sorriso. – Eu estou bem.

- Como você... sobreviveu?

- Steve. Ele me ajudou e Natasha derrubou o monstro.

- Você voltou à SHIELD depois disso?

- Não. O Gavião me proibiu – Ela sorriu antes de me abraçar com força, afundando o rosto em meu peito.

Ela levantou o rosto devagar, parando os olhos sobre os meus. Tomei seu rosto com as mãos:

Fechei os olhos. Lis estava de volta em meus braços. Ela havia sido atacada pelo Hulk e eu não pude salvá-la. Ela havia sido salva, mas pelo herói errado.

Pov. Lis

Acordei da mesma forma que adormeci, abraçada a Dick, no sofá. Ele pareceu acordar no mesmo instante que eu.

- Lis... Desculpe, eu devia ter levado para o quarto, mas... Tudo estava tão bom – ele se explicou com um meio sorriso de desculpas

- Mas eu adorei ficar aqui, assim com você. Foi a minha melhor noite de sono há dias. Você é quem vai ficar dolorido mais tarde – ri fraco ao tentar me levantar

Menos de dez minutos depois, houveram batidas leves e apressadas na porta. Quando eu a abri, Suzi entrou apressada.

- Pode entrar – falei ironicamente

- Obrigada! Como você está?

- Bem. Amanhã eu posso tirar essa tala.

- Ah, ótimo – ela sentou no sofá e descobriu Dick atrás do balcão da cozinha. – Ah! Dick, como vai? Que bom que voltou assim a Lis não precisa mais ficar me dizendo o quanto sente sua falta.

Aproveitei a almofada ao meu alcance e a arremessei em Suzi. Dick riu baixo olhando para mim.

- Eu só disse a verdade!

- O que está fazendo em pé tão cedo?

- Uma visita. Não posso mais? – Eu a encarei – Certo, eu tenho uns lugares para ir antes da festa e aproveitei para passar na casa da minha melhor amiga. Não sabia que o garotão ali tinha voltado.

- Festa?

- Sim, vou a uma festa com o Dave à noite. Ah, falando em festas: Lucy está apavorada. Ontem ela foi a uma festa com uns amigos, e quando estava voltando, foi perseguida por uns caras.

- Como assim?

- Ela estava voltando sozinha. Foi perto de casa. Ela disse que eles estavam todos de preto, uns dois ou três caras. Eles a chamaram pelo nome completo, isso só a deixou mais nervosa.

Dick e eu trocamos olhares, depois, eu não soube dizer mais nada.

- E você vai nessa festa, mesmo assim? – Perguntou Dick trazendo uma caneca de café quente para Suzi. Ele se sentou atrás de mim, no braço do sofá.

- Sim, vou estar com Dave – ela sorriu.

Suzi e eu conversamos por mais alguns minutos, depois ela se foi apressada e atrasada. Dick fechou a porta para ela e se virou para mim:

- Os Homens da Noite.

- O Jhonny. É ele. Ele está perseguindo a minha família. Ele vai atrás da Suzi hoje. Eu sei. – Murmurei as frases pausadamente, enquanto organizava os meus pensamentos.

- Não se preocupe, está bem? Eu cuido de tudo.