Pov. Júlia

Eu tava chegando na escola animadíssima (tira foto, porque é raro) afinal, uma férias de verão inteira longe do pessoal é de matar. Eu estava procurando o Lucas e o Noah, eles eram meus melhores amigos. E também tava procurando Maria, minha prima que mora comigo, ou melhor, eu moro com ela haha. Ela é um ano mais nova que eu, mas é muito madura, tirando algumas vezes que ela da “à loca”, ou quando alguém faz a cabeça dela . Mas, enfim... Achei Noah.

-Noaaaaah! – Saí gritando e correndo de braços abertos, na direção dele.

-Juuuuh – Ele disse, com uma voz afeminada tentando me imitar. – Conta a novidades, amiga! –Ele repetiu o tom afeminado.

-Sabe, nada de novidade! Foi muito chatinha minhas férias. E você?

-Das minhas férias nada, mas eu soube que vem pra cá duas alunas de intercâmbio. Não sei de que país.

-Ah, sério? Que manero! Nome?

-Não sei. Mas Lucas me falou que uma se chama Dallyla, a outra não sei.

“Dallyla”. Aquele nome. Que nome estranho, mas me passa confiança! Eu acho que eu conheço ela, pelo menos já vi ela. Ah, deixa pra la. Bobagem minha.

Ah, esqueci de me apresentar, hehe! Bem, meu nome é Júlia Maia, tenho 16 anos, gosto de músicas (principalmente rap brasileiro). Meus melhores amigos são Noah, Maria Morena e Lucas. Gosto de filmes de terror. Sou bieliber e directioner.  Meu físico:  Sou baixinha, branquinha, uso óculos, meus olhos são esverdeados  (ás vezes trocam de cor). Moro em uma pequena cidade do Espírito Santo, chamada Muqui. Estudo numa escola chamada Centro Educacional Muquiense, popularmente conhecida como CEM. Já viajei pra Disney, to apaixonada pelo _____ (Vocês acham mesmo que vou falar? Ashuashausha).  Pelo que o povo fala sou meio nerd, gosto de matemática. Sou BV (Sim, sou BV e sou M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A). Huum... Ah, é! Meu apelido de uns tempos pra cá é Xubs, sem motivo nenhum. Meu cabelo era cacheado, mas eu fiz uma hidratação chamada selagem, que deixa os cabelos meio lisos. Gosto também de artes cênicas e cantar. Chega de mim, voltando para o meu dia.

-Tu sabe quem que vai nos dar aula de matemática? –Eu disse toda empolgada.

-Não, quem? -Noah sabia, mas queria que eu falasse hehe, gostava de me ver feliz (palavras dele, não minha).

-O Tooony! –Eu disse feliz.

-Nossa, pra mim era a perfeita da Patrícia, aquela que da aula no 1º ano do EM. Dilicinha! –Ele disse lambendo os beiços. Eu dei um tapa no braço dele forçando uma cara de brava. Nós dois rimos muito. Então, eu avistei o Lucas e sai correndo repetindo a cena que eu fiz com o Noah. Ele disse:

-Oi, amorica! –Ele disse já me abraçando. E aí que aconteceu: Ele me deu um selinho. O meu mundo parou! Eu sabia que ele tinha uma quedinha por mim, mas não sabia que ele iria demonstrar isso.

-Mas, eaí? Como foi as férias? –Ele disse como se NADA estivesse acontecido.

-Ér...Hum...Sei lá...Chata... –Eu disse um pouco espantada com o acontecimento. Provavelmente eu estava vermelha, senti meu corpo arrepiar.

-Sério, você está bem?

-Sim.

-Tá, uhum, sei...

-Para, eu tô ótima! –Fiz biquinho.

-Foi o selinho, porque olha, eu...

-Não fala nada, não foi nada! –Eu disse meio que insinuando que foi.

-Me escuta, Miss Teimosia! Eu dei o selinho, mas foi de amizade. Só pra não assustar, fiquei com saudade e vi essa boquinha e pronto! Aconteceu, não me mata! –Ele saiu batendo o pé, parecia frustrado. Eu fiquei com raiva de mim, vê só: Uma atriz que em improviso é boa, falhar numa merda de uma situação assim!  Eu me senti extremamente mal, começando com o pé esquerdo (ou direito, sempre confundo esse lema). Eu senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto, eu sou assim, qualquer abalo sentimental e paf: Fico toda bobada, toda cheia de mágoa, toda sentimental, toda precisando de carinho. Aí mesmo, que foi com o Lucas. Eu o conheço desde quando tinha 1 aninho, diz minha mãe, eu obviamente não lembraria. Mas eu AMO ele, amo mesmo, amor de irmão. Nem foi a primeira vez que me beijou. Uma vez ele deu um selinho na 3ª série, mas muito tempo isso! Agora a gente ta no 2º ano. O pior nem é isso, é o fato de eu ter gostado. Mal começa o ano e eu acabo com uma amizade. Eu sou muito besta mesmo. E as lágrimas rolaram e os soluços começaram, o choro estava no ponto. Joguei minha mochila no chão e sai correndo pro banheiro. Sim, minha caríssima mochila da Company no chão! Lá estava eu no chão de uma das divisórias dos WC’s chorando. Eu ouvi alguém batendo na porta, só depois que eu reconheci a voz. Era Maria Morena.

-Xubs, abre a porta!

-Não. –Falei soluçando.

-Abre, se não eu arrombo! Lembra da 5ª série? Eu falei que arrombaria, e o que eu fiz? –Ela realmente tinha arrombado, ficou 1 semana de suspensão. Ela adorou. Eu abri a porta e ela me puxou.

-Sabe o que eu achei, sua doida? –Ela disse segurando a minha mochila vermelha da Company, que minha mãe customizou com um Mickey bordado, em uma mão e batendo o pé. E ainda fez uma cara sínica! Eu peguei a mochila e ela deu uma risadinha, a risadinha contágio. TODOS os amigos íntimos dela chamam a risada dela assim. Quando ela começa a risadinha todos riem, foi isso que aconteceu comigo! Ela riu e eu ri.

-Então, o que aconteceu? –Pronto, voltei a chorar.   -Para com o choro! Engole! –Eu parei, só porque ela me fez rir!

-O Lucas!

-O que aquele viado fez?

-Ele me deu um selinho!

-O QUEEEEEEEEEEE????????????? –Dessa forma mesmo, forma de negrito e cheio de pontos de interrogação. Ela começou a correr pelo banheiro, mesmo sendo apenas um corredor e no final uma dobrada cheia de pias.

-Para bicha! –Eu falei.

-Eu tô muito animada! AHHHHHH! –Ela soltou um grito fino. A coordenadora Micheli entrou.

-Tá tudo bem? –Ela disse dando um risinho amigável, um riso gostoso de ouvir. Ela era, além de coordenadora, uma amiga. Podia confiar em contar segredos, falar de quem gosta, quem ficou... Até nos ajuda, nos dá conselhos. Ela é um amor.

-Nada não, tia! –Eu disse.

-“Nada não, tia”, “nada não, tia”. –Maria me imitou. -Tudo, tia. Sabe Lucas? Ele deu um selinho em Julia e fez mais alguma coisa que ela não me conta!

-Aaah, pelo amor de Deus, nér Júh! Dar-te uns tapa! –Ela disse rindo e mostrando a mão.

-Tá, vou contar! Ele me deu um selinho, eu fiquei com vergonha, gaguejei, ele se irritou, fiquei triste.

-Obrigada pela sua explicação detalhada. Agora lava esse rosto, passa esse gloss e arrasa. –A tia falou com aquele sorriso me entregando o gloss.

-Tá!

Passei o gloss, limpei meu rosto, peguei minha mochila e pronto. Destaquei o meu sorriso.

-Obrigada, gente!

-Nada! –As duas falaram em coro.

-Diguinif! –Maria gritou.

Pra quem não sabe, quando se fala junto, a pessoa grita “Diguinif” e prepara um beliscão. Aí ela pergunta : “Chave ou gaveta?”. Se for chave você gira a pele, se for gaveta você puxa. Mas Maria não fez o resto.

-Afe, Maria. Vão bora! Eu a puxei em direção a porta.

Eu e ela cumprimentamos todos nossos amigos, e vimos duas garotas que nos chamaram atenção. Uma delas tinha cabelo longo meio castanho escuro, porém com mechas loiras, olhos castanhos, pele morena bem clara. Usava uma boina caída, a blusa de uniforme (a blusa de uniforme dos alunos de intercâmbio é diferente, tem a bandeira do país bordada no peito, bem pequenininha), um short rasgadinho na beradinha, um cordão com a Torre Eiffel, unhas grandes, usava um anel simples e um tênis Coke de onça. A outra era loira, seus cabelos eram grandes, tinha olhos azulados, usava a blusa de uniforme estrangeiro, brincos de argola, um óculos grande de grau, um anel de caveira, uma sapatilha da Melisa, um casaco branco neutro e uma causa preta manchada no joelho. Fomos até elas, já havia se esquecido de Lucas.

-Olá! –Disse com um sorriso.

-Oi! –A morena disse com um tom ignorante.

-Você é de que país? –Perguntei ignorando a entonação de sua voz.

-É, vejamos... –Ela disse olhando para o símbolo de sua blusa. –Acho que da França, né?!

-Hum, qual cidade?

-Paris! Se você me dá licença vou me “enturmar” com pessoas mais interessantes. –Ela disse se levantando.

-Olha aqui, você acha que vai se enturmar sendo uma metidinha rude? Sorry né, mas a única amizade que vai conseguir vai ser com seu amigo imaginário!

-Olha aqui, menina. Eu não fui com a sua cara, você acha que é assim?

-Querida, na França todo mundo é sem sentido assim? Ou é só você, amor?

-Sem sentido? Eu acho que você que é meio lenta!

-Não, você é sem sentido mesmo! –Maria Morena entrou na minha frente! Ela era legal e simpática, mas ADORA um barraco. Ela é uma garota tiro e queda, ainda mais quando junta comigo. Sou uma das poucas pessoas que a enfrentam, ela é meio que valentona. Eu sou a meiga e ela a doida barraqueira, assim que funciona!

-Amour, ninguém te chamou aqui! –A loira fez o mesmo gesto que Maria.

-E precisa chamar? Eu vou aonde eu bem quiser! Você ainda não comprou a escola! E se eu não fui chamada, imagina você. Quem que vai chamar uma idiotinha de nariz em pé? –Maria deu um empurrão nela.

-Você encostou em mim? –Ela falou entre os dentes.

-O que você acha, bitch?

A loira empurrou a Maria no chão, a Maria logo se levantou e puxou o cabelo dela, e continuaria puxando se Noah não a segurasse pelos braços. A outra foi logo ir aproveitar a situação pra dar um soco nela, mas outro alguém não deixou! Adivinha quem? Lucas!

-Ai! –A loira falou.

-Calma! Sabia que tu era gata, mas não sabia que arranhava!

Ele a cantou? Não escutei isso! Tô com ciúme! Socorro! Aaaaaah! OXIGENADA!!!

-Gata? –A Maria riu forçado. -Ta errada a frase, seria o seguinte: Sabia que tu era uma cachorra, mas não sabia que mordia!

Todos começaram a vaiar a loira, a gritar frases tipo: Tomou! Se ferrou! . Coisas assim, isso foi um erro. Ela não pode levar muita razão se não começa a se achar.Bem, o sino ainda não bateu, mas encrenca vem, to sentindo! E olha quem chegou, Micheli! Ela pode ser boa amiga, mas também segue sua função muito bem. E adivinha:

-Sala da diretora! AGORA!