So What?! escrita por Julya Com Z


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom, tô postando de novo, tá igualzinho a antes (:

Beijos e boa leitura ♥



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Joguei o Edd na cama.

Eu: Eduardo, que porra tu ingeriu pra ficar desse jeito?

 …

Desculpa começar a história pela metade, mas não tive outra opção.

Foi assim:

Era uma sexta-feira. A gente tava no último ano da faculdade - não sei como conseguimos chegar tão longe, mas tudo bem - e todo fim de semana alguém dava uma festa ou todo mundo penetrava em alguma. Coisa que nunca acabou bem.

Então, era sexta e eu tinha acabado de acordar. Às três e meia da tarde. Tinha um salgadinho velho no armário e como foi a primeira coisa que eu vi pela frente tratei logo de mandar pra dentro junto de uma latinha de Pepsi. Eu queria Coca, mas o Eduardo fez o favor de levar meu pack pra ele. Viado.

Eu não conseguia lembrar o que fiz no dia anterior. Nem por que tinha uma pulseira de ouro no bolso da minha calça. Também não sabia como minha vida tinha chegado àquele ponto. Eu definitivamente não era o orgulho da família. Eu era o mais errado da família Meirelles. Ou talvez o único errado. Meus primos e minha irmã eram os exemplos de superioridade da família. Só porque um era advogado, outro tava pelo mundo dando palestras sobre uma tecnologia nova aí e a Louise tava se formando na segunda faculdade. Dessa vez era medicina em Harvard. A primeira? Quer mesmo saber? Tá, eu falo. Direito em Oxford. Eu fazia arquitetura na universidade menos podre que eu conhecia, a FAB.

A Lari ligou e resolveu aparecer na minha casa, já que tava passando ali perto. Só pra fumar um. Eu sempre tinha meu estoque cheio.

Pra variar, ela simplesmente abriu a porta e se jogou no sofá.

Lari: Manda um aê. - joguei o maço de Marlboro recheado de maconha no colo dela. - Hoje tem Starship.

Eu: Porra, nem vou. Tem a festa do Guedão hoje. - as festas do Guedão eram as melhores do mundo.

Lari: Véi, Starship! Sabe o que significa? - olhei pra ela, totalmente desinteressado - Ô anta tripla. Starship significa renovar o estoque de JD.

Puta que pariu. Renovar o estoque de Jack Daniel’s significava bastante coisa. Até porque meu armário de bebidas tava esvaziando. Mas sei lá, entre as gurias da festa do Guedão e cinco garrafas de Jack…

Eu: Cara, podia dar um jeito de juntar as duas né? Guedão mais Starship.

Lari: Cala tua boca. Tu sabe que o Guedão odeia Starship. Porra, Tibs. Eu nunca arranjo um rolê pra gente. Aí quando arranjo tu tem festa do Guedão. Faz assim, vai no Guedão depois tu dá uma passada na Ship só pra fazer presença e pegar o Jack.

Eu: Suave.

A Lari passou o dia no meu sofá enquanto eu comia Nutella vencida e a gente via Trainspotting pela décima nona vez.

Tu não deve ter entendido muito bem o jeito que ela me chamou, né? Tibs é apelido de Tiago, simples assim. Eu nunca gostei que me chamassem pelo nome e convenhamos que, além de comum, “Ti” é um apelido meio gay.

A Lari era foda. A única guria maneira que eu conheço, acho que pelo fato dela ter jeito de cara. Ela é do tipo que não julga ninguém, mas quebra a cara de quem merece só com palavras. Acho que ela nunca bateu em ninguém. É uma guria retardada de dreads, piercings e sonha em se encher de tatuagens. Tirou a virgindade de metade dos caras que eu conheço, inclusive a minha, do Ed e do Jota, mas ninguém sabe quem tirou a dela. Enfim. Na minha opinião todo mundo precisa de uma amiga igual à Lari.

Lari: Vou me arrumar. Tem roupa minha aí?

Eu: Na primeira gaveta. - eu tinha roupa de todo mundo em casa.

Ela ia pra porra da Starship. E eu ia pra casa do Guedão. Será? Liguei pra ele.

?: Tibs? Esquece a festa, cara. - era uma guria. Acho que era a Pri.

Eu: Pri? O que aconteceu?

Pri: O Guedão foi baleado.

E é aí que a história começa. Eu acabei tomando banho depois da Lari e nós fomos de metrô pra casa do Jota. Fizemos um esquenta no caminho e já chegamos na porta da Ship com os olhos vermelhos. Pagamos a entrada e fomos pro bar. Eu tava pouco me fodendo pro Guedão e o fato dele ter sido baleado. A verdade é que ninguém liga. Quando tu tá na lama todo mundo te esquece. Com exceção dos teus melhores amigos.

A história do Guedão espalhou mais rápido que se ele tivesse morrido. Até umas gurias que ninguém conhecia foram falar com a Lari disso. Ela só disse que não sabia do assunto e voltou a beber com a gente.

O Edd apareceu com uns comprimidos e disse que era ecstasy, mas ele tava pirado demais pra ser só isso. Era algo mais forte. Certeza.

Edd: CAAAARA TO MUITO RETARDADO!

Eu: Tu é retardado, filho da puta.

Eu tava de boa na Heineken até o Jota aparecer e me puxar até o segundo andar. Era hora do Jack. Calma aí, tu não tá achando que a gente simplesmente ganha cinco garrafas de Jack Daniel’s de graça e sem fazer nada né? Na verdade a gente conseguia o bagulho.

Jota: Eu vou ficar na porta aí tu pega.

A Lari veio comigo pra dentro da adega e pegamos uma bolsa. O Jota ficou na porta e do nada entrou correndo.

Jota: Fodeu. Corre, porra. Corre.

Largamos tudo lá e corremos pra fora da adega e paramos na porta do terraço. Geralmente ficava uma galera fumando lá, mas naquele dia tava vazio. O segurança que tinha aparecido ficou olhando pra gente com cara de quem sabia que a gente tava fazendo merda.

Segurança: Não podem ficar aqui.

Jota: Pô, por que? A gente sempre fica aqui, cara.

Segurança: É regra da casa. Aqui não é permitido. Se fosse teria mais gente além de vocês dois. - dois? Nó estávamos em três. Eu, o Jota e… Porra, cadê a Lari? - Pra pista. Agora.

Eu: Pera. Jota cadê a…

Jota: A Lari foi pra pista, tu não viu? - me interrompeu. - Vamo, cara.

Voltamos pra pista com o segurança mala atrás da gente e eu comecei a procurar a Lari em volta do lugar.

Eu: Cara, a Lari veio mesmo pra cá?

Jota: Sei lá. Ela abaixou e me mandou calar a boca. Deve tá armando alguma coisa.

Mandei o foda-se e fui atrás da porra do Eduardo. Onde ele tava?

Edd: E AAAAI CARAIO!

Eu: Velho, onde tu tava?

Ele tava muito alterado, tava escorado em mim.

Edd: Quero ir pra casa. Sério.

Eu: Viado. Vamo ter que pegar carona.

Saí procurando alguém conhecido e encontrei a Cássia. Ela tinha carro, então pedi pra ela levar eu e o Edd pra minha casa pra ele não morrer sozinho. Ela aceitou e nos levou. Foda foi ter que carregar o filho da puta pelos corredores do prédio até meu apartamento, que era no segundo andar e não tinha elevador. Não tinha nem porteiro naquela porra.

Consegui entrar no apartamento e ele tava pendurado em mim. Entrei no meu quarto e joguei o Edd na cama.

Eu: Eduardo, que porra tu ingeriu pra ficar desse jeito? - ele tava apagado. Cara, que filho da puta. Ele ficou de qualquer jeito largado e eu fui dormir na sala.

O Edd era o tipo de cara inteligente nos estudos mas um grande babaca na vida. Era influenciável pra caralho, aquele cara que se alguém oferece algo falando que é legal ele acredita. Mas ele é firmeza. Conheço ele desde que aprendi a andar. A gente briga pra caralho por motivos idiotas mas depois de cinco minutos tá tudo bem.

Eu não tava com o menor sono então fiquei sentado na janela olhando pra rua. Eu morava na avenida do centro da cidade, então era sempre movimentada e eu gostava do barulho dos carros e das pessoas. Às vezes eu ficava de saco cheio e fechava tudo aí ficava legal, silêncio. Mas na maioria das vezes eu gostava de ouvir tudo o que acontecia lá fora.

Fazia dois dias que eu não via o Skate. Ele devia tá andando por aí ou escondido em algum lugar. Skate? Meu gato. Uma peste que arranhava todos os móveis e por isso meu sofá já tinha virado espuma. Uma vez ele arranhou uma almofada de penas da minha mãe e parecia que tinha nevado. Mas eu gosto daquela porrinha peluda. Ele anda de skate comigo, por isso o nome.

Ouvi um barulho atrás de mim e vi a manchinha amarelada vindo na minha direção. Ele pulou em cima de mim e ficou no meu colo enquanto eu olhava pro nada.

?: Tu devia trancar a porta.

Quase caí lá embaixo.

Eu: Que é, porra?

Carol: Me deu vontade de te ver. Eu vim.

Eu: Pode ir embora. Eu não tô afim de te ver.

Carol: Ah, qual é Tibs. Eu sei que tu quer. - ela veio pra cima de mim.

Eu: Não contigo. Vai embora, Carol. Tu não é bem vinda aqui.

Carol: Tá. Eu vou me matar então.

Eu: Faz bem pra sociedade.

Ela saiu do apartamento me mostrando o dedo do meio. Puta do caralho. Aquela guria nunca serviu pra nada além de sexo. Eu e ela tínhamos uma história complexa, que começou há três anos numa festa do Edd. Eu comi ela no quarto e depois ela ia em casa quase todo dia e dava pra mim até não aguentar olhar pra minha cara. Mas eu comecei a odiá-la depois que ela bebeu pra porra uma vez e numa festa começou a causar, falar que meus pais me odiavam e tocou no segredo mais pessoal da minha vida que quase ninguém sabia e ela só sabia porque ela presenciou o acontecido. E foi aí que eu passei a ignorá-la e ela vinha atrás.

Vadia.


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