The Box escrita por emrascunhos


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Não esperem tripas, sangue e cenas traumatizantes. Este conto é um terror/suspense mais light. Boa leitura!



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Ouvi o alarme das 8 da manhã tocar ao meu lado e decidi levantar logo. Já tinha perdido o alarme das 5 e o das 7. Estava atrasado. Sai do quarto meio tonto e bêbado de sono, andando para o banheiro. Escovei os dentes, penteei o cabelo, tomei um banho extremamente gelado, algo que me arrependi depois. Voltei para o meu quarto e me enfiei no armário para escolher uma roupa boa o bastante para não ser chamado de “estranho” novamente na escola. Já era a 15ª vez no mês. Peguei algo que achei que fosse azul listrado e uma calça jeans; de manhã minha visão fica completamente turva.

Desci e sentei-me à mesa para esperar minha mãe com o café. 5, 10, 15, 20 minutos e nada. Não me ligo muito no passar das horas logo tão cedo e acabei ficando sentado quase durante uma hora. Finalmente levantei a cabeça e olhei ao redor. Silêncio. Chamei pelos meus pais e pela minha irmã, mas nada. Ainda muito cansado andei pelos cômodos procurando meus familiares, mas não tinha ninguém na casa além de mim. Voltei para a sala e sentei no sofá, ainda muito calmo. Tentei imaginar para onde eles tinham ido. Lembrar se de noite alguém mencionou uma ida ao mercado de madrugada ou uma viagem inesperada. Mas não vinha nada a mente. Olhei de relance pela sala vazia e quieta, até reparar uma caixa no chão da cozinha que eu não tinha notado antes. Levantei e fui pegá-la.

Estava fria, o que queria dizer que ninguém pegou nela em horas; e com uma mancha de... ketchup, eu esperava. Havia dentro um amuleto azul; parecia um triângulo enferrujado, na verdade. Peguei nele e imediatamente ele fez um zunido estridente que me fez soltá-lo junto com a caixa e cair no chão de tanta dor no ouvido. Alguns minutos depois o barulho parou e o silêncio voltou. A única coisa que eu conseguia ouvir eram os barulhos de carros na rua, mas a minha vizinhança era pequena e muito calma, então não eram assim tão altos. Fiquei um momento encarando o amuleto sem entender o que havia acontecido e da onde aquela caixa tinha surgido. Pensei em pegar o amuleto de novo para ver se tinha algum tipo de manual de instruções atrás dele ou algum botão de “Traga seus parentes de volta”, mas desisti quando me lembrei do zunido irritante. Sentei numa cadeira na mesa da cozinha e tentei por minhas ideias em ordem, mas estava muito difícil correlacionar o sumiço dos meus pais e de minha irmã com aquela caixa esquisita. Levantei para pegar a caixa, mas ela estava completamente vazia. Nenhum manual, nenhum botão de emergência, nada. Botei a caixa no mesmo lugar e quase morri do coração ao escutar um barulho que veio do meu quarto.

Chamei pela minha mãe e ninguém respondeu. Tentei o mesmo com meu pai e minha irmã, mas obviamente nada além de silêncio. Subi a escada lembrando brevemente de todos os filmes de terror que eu havia visto e contei quantas pessoas já tinham morrido seguindo um barulho. Fiquei com mais medo ainda e me senti idiota por estar seguindo também um som, mas eu precisava subir. Cheguei ao meu quarto e entrei devagar. Percebi que o barulho tinha vindo do armário pela porta que estava aberta e novamente passou um flashback na minha cabeça de quantas coisas saiam do armário nos filmes. De novo, eu não deveria ter subido. Pensei centenas de vezes se deveria abrir ou armário ou fugir chorando como uma menininha pela rua, e optei pela primeira opção. Abri o armário rápido e me joguei na cama tampando o rosto. Silêncio. Olhei para ele e nada. Meu taco de basebol que havia caído e causado o barulho, não um demônio escondido. Guardei-o no lugar de origem e fechei a porta. Sai do quarto para descer, quando o mesmo barulho aconteceu. Fiquei congelado durante um tempo com medo de virar e olhar novamente para meu quarto, mas virei. Vi com o canto do olho uma figura escura na porta, simplesmente parada. Não consegui discernir o que era, já que saí correndo pra sala quase tropeçando na escada. Eu não sabia se gritava por ajuda ou simplesmente cortava o café forte da minha refeição matinal. Atrevi-me a olhar para o alto da escada e me arrependi. Aquela... coisa estava lá. E olhava para mim. Era uma mulher que estava meio desfoque. Pela minha vasta experiência em filmes conclui que era um espírito. Desejei nunca ter visto aquele filme ontem de madrugada; pelo menos meu medo seria um pouco menor.

Fechei o olho na esperança daquilo sumir, mas quando abri ela estava na minha frente. Seu cabelo estava caído na frente do seu rosto, mas seus olhos não existiam. Eram vazios negros. Dava pra sentir sua respiração. E o zunido do amuleto começou. Abaixei no chão e tampei os ouvidos. O barulho não parecia afetar a mulher, claro, aquela coisa deveria ser dela. Gritei perguntando o que ela queria e onde estava minha família. Zunido. Nada além daquele som irritante e doloroso. Gritei perguntando mais uma vez. Nada. O barulho parou. Olhei rápido e a mulher ainda estava li em pé. Era completamente assustador olhar para ela. Arrastei-me pelo chão tentando me afastar dela. Era impossível. A cada passo meu eram quatro dela. A cada lugar que eu ia ela ficava do meu lado ou na minha frente. A mulher não falava, não demonstrava sentimento. Somente ficava com aquela cara séria e sombria. Quieta. Até que uma hora eu me encostei sentado no armário da cozinha e ela não veio atrás. Ficou ali parada e abriu a boca. Um grito saiu. Mas não era qualquer grito, era algo estridente, que te faz querer chorar e se matar. Fiquei encarando ela com um olhar assustado, até que ela parou e neste momento abaixou a cabeça e me encarou. Senti cada pedaço da minha alma sair. Um silêncio se formou. Nenhum carro na rua, nenhum passarinho pelas árvores. Nada além daquele silêncio incômodo. Até que bem do meu lado a mulher sussurrou. (clique aqui para ouvir)

Eu fiquei gelado, tremendo. Não sabia o que fazer. Percebi que não devia ter fechado os olhos e então abri.

O alarme das 5 horas tocava e alguém estava na sala assistindo televisão. Eu estava todo ensopado e minha cama praticamente encharcada. Desci correndo e minha mãe me encarava assustada.

–- Está tudo bem? – disse. – Pesadelo de novo?

Fiquei muito aliviado quando vi minha irmã voltando da rua com o jornal do dia. Elas duas estavam bem, mas...

–- Querida, olha só o que acabei de achar naquele bazar da rua debaixo. – meu pai disse, entrando pela porta. Era uma caixa. Uma caixa de papelão exatamente igual a do sonho. Mas ela estava vazia. Olhei rápido para a mão do meu pai e lá estava. O amuleto azul.


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Notas finais do capítulo

Percebi que não sei escrever conto de terror sozinha em casa. Neste momento estou morrendo de medo deitada na minha cama. Aguardo as críticas (incluindo erros de ortografia e/ou concordância caso existam). Obrigada pela ajuda!



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