Extraterrestres -interativa escrita por Lucy


Capítulo 6
Henri




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Toing. Toing. Toing.

Eu jogava a bolinha contra a parede vezes seguidas. Do outro lado dela, ficava o quarto das gêmeas Mostarda, como eu gostava de chamá-las. Elas odiavam quando eu fazia isso, ficavam super irritadas, o que só era motivo para eu fazer mais e mais. Ainda mais com o tédio que era naquele orfanato durante as férias. No meu ultimo era super animado, cheio de crianças cujas os pais morreram durante a temporada de turismo chegando. Aqui era a maior chatice, tínhamos que ficar nos quartos, quietos. Meus pensamentos foram interrompidos pela porta do meu quarto abrindo com força, dando imagem á Lurdes e Anita, mais conhecidas como gêmeas Mostarda.

As duas eram idênticas, só dava para saber quem era quem pelas camisetas, cuja a inicial de cada uma estava gravada á caneta. A mesma altura, o mesmo nariz, as mesmas sardas, os mesmos olhos, e, principalmente, os mesmos cabelos cor de mostarda, pareciam um ninho de ratos (o meu também não era lá grande exemplo, mas estava melhor que o delas). E para completar o motivo do apelido, elas comiam mostarda sempre que tinha, com qualquer coisa: Pão, biscoito, ovos, alface, cenoura... Eu jurava que já tinha visto a Lurdes colocar mostarda dentro do suco de morango de pacote outro dia.

-Dá para parar com isso, seu idiota?! -Anita gritou, fazendo o maior estardalhaço. Ninguém ligou muito, todos já estavam acostumados com os gritos daquela maluca.

-Do que você está falando? -Perguntei inocentemente, colocando a bolinha no bolso da minha calça. 

-Não se finja de burro! Pare de jogar essa bolinha desgraçada na parede, ou eu vou chamar a Sra. Tytter! -Lurdes ameaçou. A Sra. Tytter é uma velhinha do orfanato rabugenta que não gosta de ninguém e vive de mal humor. Os únicos seres no mundo que gostam dela são as gêmeas Mostarda mesmo. 

-Uhu, estou morrendo de medo. -Sorri, sarcástico. Ela avançou para cima de mim, tremendo, os punhos fortemente cerrados, os dentes rangendo, os olhos esbulgalhados.

-Não! -Gritei, cobrindo os olhos com as mãos. -Não me transforme em pedra, Medusa, por favor! -Gargalhei, e voltei ao normal, ainda sorrindo. Agora Lurdes estava prestes a explodir, assim como a irmã. Aquilo ia ser muito engraçado.

-Pare. De. Jogar. A. Bola. Na. Parede. -Lurdes mandou, ainda enfurecida como um touro.

-E porquê eu receberia ordens de você? -Questionei, levantando as sobrancelhas. Eu não obedecia nem aos adultos, o que a fazia pensar que eu iria aceitar ordens daquela viciada em mostarda?

-Você vai e pronto! -Ela berrou, cuspindo na minha cara. E em seguida pulou em cima de mim, me socando. Ou melhor, tentando me socar, pois eu nunca levaria uma surra de uma otária como ela. Peguei os pulsos de Lurdes, e a coloquei no chão, longe de mim. Me levantei, calmamente, e em seguida peguei os pés dela enquanto a irmã vinha atrás, correndo. A arrastei até o quarto que as irmãs dividiam, e vi que elas faziam um complicado monumento inteiramente feito de copos descartáveis, provavelmente em homenagem á mostarda. Ainda não estava pronto, só faltava um copo para elas completarem. Joguei Lurdes em cima da contrução, que se arruinou toda. Anita foi ajudar a outra arquiteta/engenheira do projeto bizarro delas, e eu não fiquei ali para ver, voltei para o meu quarto, e caí na cama, gargalhando até a minha barriga doer. 

Depois de um tempo, comecei a ficar com tédio de novo. Mas as gêmeas já tinham dormido, e o resto não se incomodava com a minha bolinha. Portanto, fogo. Acendi a ponta do meu dedo, e assisti a chama dançar lentamente sobre ele, enquanto eu a admirava, fascinado. Ouvi alguém abrir a porta (essa gente não me deixa em paz não?), e tratei de apagar logo o meu dedo. 

-Esses homens querem falar com você. -A Sra. Tytter resmungou,  rabugenta, o que não era muita novidade. Em seguida dois homens de terno e óculos escuros entraram, mais ou menos uns quinze centímetros mais altos do que eu. Amassei um papel de propaganda que estava jogado ali, e começei a enrolar e desenrolar ele. 

-Então, o que querem? Tenho um compromisso hoje muito importante com a Lady Gaga nos meus sonhos, e eu realmente não quero me atrasar, portanto estou com pressa. -Disse a primeira coisa que me veio á cabeça, mesmo sendo ridícula.  

-Que venha conosco, extraterrestre. -Um falou, a voz grossa.

-Claro... Só que não. -Respondi, e senti alguém puxar o meu braço com violência, e deixei a propaganda cair no chão. -Ei! Me larga! -Coloquei a minha mão na pele dele sobre impulso, e logo o cara estava caído no chão, desmaiado de dor. Fracote. O outro tentou me agarrar, mais eu o queimei também, bem na pança gorda dele. Mas ele caiu de barriga , em cima do papel de propaganda. E como o piso era de madeira, o fogo se espalhou sobre ele com velocidade impressionante. Corri até a porta, em meio á fumaça, e sai correndo daquele orfanato, pois sabia que os caras que eu acabara de matar tinham conhecimento dos meus poderes, e achavam que eu vinha das estrelas por causa disso. Mas nos poucos filmes que eu já vira, sempre era uma organização de trezentos ou quinhentas pessoas só trabalhando para pegarem OVINIS, e coisas do tipo. Um grupo enorme de cientistas, os chefões que mandavam em todo mundo e também os agentes que pareciam clones uns dos outros correndo atrás do alvo. Eles eram como peões em um jogo de xadrez.

E porquê não seria isso ali? Qual seria o sentido de eles tentarem me pegar sozinhos? Nenhum. Eles estavam trabalhando para alguém, eu poderia apostar tudo o que eu tinha naquilo. Portanto eu precisava sair da cidade, só tinha dois problemas: Primeiro, eu tinha reprovado no teste de direção. Segundo, eu não tinha carro nem moto. Portanto fiz o que qualquer pessoa normal faria no meu lugar. Me dirigi para a estrada, e comecei a gritar para que alguém me desse uma carona para fora da cidade. Era a melhor opção que eu tinha, embora provavelmente eu fosse ficar rouco no dia seguinte.


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