Extraterrestres -interativa escrita por Lucy


Capítulo 2
Valentina




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Bati a porta do meu apartamento do Brooklyn, e me joguei na cama do meu quarto, vendo mais atentamente o que eu conseguira pegar naquela noite. Cinco carteiras de couro, recheadas de dinheiro até a borda, duas pulseiras douradas que eu esperava serem de ouro e um colar com um pingente de diamante. Só não tinha pego meia dúzia de celulares porquê poderiam ter rastreadores, e eu não queria correr o risco de ser presa. A idéia me fazia estremecer. 

Olhando mais atentamente para as pulseiras, percebi que não passavam de bijuterias baratas. Inúteis, sem nenhum valor. Resolvi ver as carteiras, pois tinha certeza que tinham algo de bom. A primeira tinha  oitenta e nove dólares e dez centavos, a segunda tinha cento e quarenta dólares e a terceira tinha sessenta e sete dólares e cinquenta centavos. Ótimo, minha meta para a próxima noite seria o dobro daquela. 

Depois de conferir se a pedra do colar era mesmo diamante, arrastei a cômoda que ficava no canto do quarto. Puxei a porta do alçapão, e vi pilhas enormes de carteiras batidas, montes e montes de jóias, algumas roupas de grife que eu só roubara para passar tempo mesmo, notas soltas que eu pegara de lojas de algumas lojas ali da cidade espalhadas pelo chão. Deixei as carteiras e o colar caírem lá dentro, mas fiquei com as pulseiras. Elas não eram valiosas, mas eram bonitas, eu poderia usar elas na próxima festa que eu fosse. 

Fechei a porta do meu cofre, e coloquei a cômoda em cima dele de novo. Fui até o meu guarda roupas, e coloquei a minha camisola amarela justa. Eu usava tanto roupas apertadas, que até já dormia com elas, usar algo largo agora fazia eu me sentir um pouco desconfortável. Dobrei as roupas sujas, e as coloquei no balcão da área de serviço. Ao contrário de muitas garotas da minha idade, eu não gostava de bagunça. Na verdade, a odiava, duvidava que existisse um apartamento mais organizado que o meu em todo aquele prédio. Mesmo que eu morasse sozinha e não tivesse ninguém para me mandar fazer aquilo.

Andei em passos rápidos em direção á modesta cozinha. Sim, eu era rica e morava em um apartamento simples. Mas, se eu gritasse para o mundo o quanto eu era rica, provavelmente tentariam me roubar, o que eu não gostaria que acontecesse. Não, era muito melhor agir como uma pessoa comum.

Abri a geladeira, e tirei de lá uma garrafa de suco de maracujá e servi em um copo grande de vidro. Bebi todo o conteúdo que tinha ali em um único gole, olhando o meu reflexo em um imã espelhado que eu tinha. Pele bronzeada, cabelos castanhos escuros que desciam até o meio das costas, olhos azuis gelo, meus lábios rosados. Eu sabia que era bonita, e isso ajudava muito no meu "trabalho". Os homens, sempre achando que eu daria alguma coisa á mais para eles. Dava vontade de rir, principalmente que uns que tem idade para serem meu pai já se jogaram para cima de mim. Bando de tarados, mas isso era ótimo. Quer dizer, ótimo para mim.

Lavri o copo com habilidade, e peguei um livro na sala, me sentando na única poltrona da sala de estar, que ficava de frente para a televisão, e comecei a ler calmamente, relaxada. Eram poucos os momentos do dia em que eu ficava daquele jeito. Ali eu poderia simplesmente viajar para o mundo de Ladrões de Elite.

Estava tão imersa em palavras que eu não percebi de início os passos no corredor, e a voz que não parecia se esforçar para se manter baixa. O dono do prédio. Encostei meu ouvido contra a porta, curiosa para saber o que ele dizia. Um morador novo? Eu gostava de me manter bem informada.

-...Ela é mesmo uma ótima garota, não sei porquê querem vê-la. Nunca faz barulho ou coloca a música muito alta, não era bem o que eu esperava de uma adolescente de quinze anos. Não consigo pensar na Sther fazendo algo de errado... -Ele continuou tagarelando, e eu arregalei os olhos. Sther era o nome falso que eu usava por ali. Seria a polícia? Tinha grande probabilidade. Então era melhor eu arrumar logo as minhas coisas e sair dali, usando o meu poder. Com ele, a polícia jamais me pegaria. 

Fui até o meu guarda roupas, e vesti uma calça colada ao meu corpo, uma camisa vermelho sangue e a minha amada jaqueta de couro justa. Enfiei o pé em uma sapatilha preta, e prendi os meus cabelos em um coque frouxo, aquilo facilitaria a minha corrida. 

Ouvi a campainha tocar, mas a ignorei completamente. Peguei a pequena bolsa que eu tinha debaixo da minha cama caso tivesse alguma emergência daquele gênero, e eu precisasse sair ás pressas de casa. Até que ela fora bem útil, afinal eu não tirara nenhuma foto para ter aquele apartamento, e assim eu estaria irreconhecível. Ou então eu fugiria para outro país. Quem sabe a Inglaterra. Poderia entrar em um avião ou navio despercebida com o meu poder, partir para a Europa, e assim não me pegariam. Não teria registros de ninguém misterioso, nem nada daquilo. Traçara um plano perfeito em apenas alguns segundos, e já estava decidida á segui-lo. 

Ouvi um estrondo, e me surpreendi. Os policiais tinham arrombado a minha porta! Eles tinham mexido comigo, e eu não deixaria sair ileso. Mas por enquanto eu tinha que me esconder, o que era extremamente fácil para mim. 

Encostei as minhas costas contra a parede, e senti o já familiar e agradável arrepio na espinha, que ia se espalhando por todo o meu corpo, desde á raiz dos cabelos até a ponta dos dedos dos pés. Eu estava camuflada, nunca conseguiriam me achar comigo daquele jeito. Nunca.

A porta do meu quarta foi aberto, e eu vi que não eram policiais, mas sim três homens de terno preto do tamanho de um armário. Usavam todos óculos escuros, e pareciam personagens saídos do filme Homens de Preto. Eles se dividiram, e apenas um ficou ali. Percebi que o dono do lugar estava na porta do apartamento, o rosto vermelho, olhando para a porta arrancada. Aqueles caras iam se ferrar com ele, estavam lascados. 

O homem olhou debaixo da cama, dentro do guarda roupas, pela janela e até mesmo dentro da minha caixa de bijuterias, mas nem olhou para onde eu estava duas vezes. Por fim ele se foi, me deixando sozinha. Por um momento considerei em ir correndo, mas poderia encontrar um deles, e encostar nele. Isso seria suspeito. 

Aproveitando a oportunidade, fui até a minha cama, peguei dois travesseiros, e os coloquei debaixo de um cobertor. Depois voltei a me camuflar contra a parede. No segundo seguinte, os três surgiram, e o que eu havia visto antes rondando o meu quarto pareceu confuso. Um de cabelos cor de palha riu abertamente.

-Sério que não reparou nisso, Jonatah? Parece que os aliens de hoje estão bem burrinhos, em? -Os três foram na direção da cama. Tudo bem, eles eram loucos mesmo. 

Corri para fora do apartamento silenciosamente, passando pelo dono do prédio, que apenas olhava para o chão, resmungando. O coitado nem me percebeu. Meus pés se moveram o mais rapidamente que eu podia, não por medo, mas sim porquê eu tinha certeza de que aqueles homens iriam vir atrás de mim. Ótimo, agora eu seria perseguida por três homens pirados duas vezes maior que eu (e olha que eu sou bem alta). Obrigado, Universo. Você deve me adorar.


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Notas finais do capítulo

O que achou da sua Valentina, Oliver?