– Sua mãe, Renesmee! - ele não me lembrava o Jacob calmo e dócil. Seus olhos me olhavam com perplexidade, e, eu sei que eu mereço cada palavra que ele me jogará.

– Jacob... - ele passa a mão pelos cabelos negros e volta a sentar-se na cadeira que antes o acomodava. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa a loira entra sem cerimonia no quarto.

– Ouvi gritos - explica olhando Jacob e sua voz é leve e meiga, com certeza é uma de suas "formas" de charme. Virando o rosto ela me encara com um olhar desprezível . - Ela está tendo os ataques costumeiros?

Raiva. Agora quem estava com vontade de dizer poucas e boas sou eu.

– Pode ir Rosalie. Preciso conversar com Renesmee.- a muito contra gosto ela se retira.

Se eu pudesse me virar e olhar o relógio que burramente foi posto na parede que minha cama está eu contaria provavelmente exatos cinco minutos de silêncio.

Meus olhos não desgrudavam de Jacob, mas ele não se dava o trabalho de olhar-me de volta. Até que ele sacode a cabeça negativamente e me encara. Sua expressão passa de confusão à pensativo, de pensativo à perplexo.

– Então você não contou a ela?

– Como...? - pergunto confusa sobre onde ele quer chegar. Ele levanta e pega o pequeno bloco que estava antes em minhas mãos.

– Isso: Uma pessoa achegada da minha família, fez uma coisa muito ruim comigo. Isso me deixou muito triste e um dia depois de meses me isolando e sendo agressiva com todos, o que ele fazia piorou... Me deixando maluca e quebrei meu quarto inteiro. Minha mãe e meu padrasto acharam melhor procurarem um especialista e me diagnosticaram como epilética e com um problema grave mental. Eu... fui aliciada e estuprada aos 12 anos. Não se preocupe, o que devia ser feito, foi. E minha família prefere não entrar em detalhes.– leu o que eu escrevi. - Mas é claro... Por que não contou? Em Renesmee? Não foi um amigo certo? Quem foi então? - pergunta com uma voz sutil e desafiadora, posso apostar que ele costuma dizer aos seus pacientes coisas com aquela voz, pois minha vontade é de berrar para ele tudo o que me levou até ali. - Seu avô? Sim, pode ser, sua mãe ficaria chateada...

– Foi Aro! - gritei não aguentando a dor que o tom da sua voz fazia em minha garganta, como se as palavras que eu não queria gritar a arranhasse para poder sair.

– Por que não contou?

– Como acha que eu contaria? - pergunto chocada com sua pergunta. - "Oi mãe, sabe o homem que você ama? Então ele abusa de mim desde antes dos meus sete anos e quando eu fiz doze ele passou a me estuprar, até que um dia eu não aguentei e resolvi fazer um acordo com ele! Sabe, eu ficaria num hospício até meus dezoito anos e ele se manteria distante de mim!"

Ele me encara perplexo, mas não tanto quanto eu estou perplexa por ter lhe contado isso.

Depois de minha recuperação, mas exatos dois dias depois, Jacob e eu nos tornamos amigos, eu lhe contei tudo e ele me ajudou a entender grande coisa, me ajudou com meu medo de que as pessoas cheguem perto de mim, bem, não totalmente, mas eu melhorei. Jacob se mostra um bom amigo, mesmo que as vezes sua raiva é tão grande que ele comenta sobre encontrar Aro e dar uma surra nele, fora isso, ele é calmo e gentil, como sempre fora.

Um ano se passou e minha raiva por Aro diminuiu, não acabou por completo, apenas não o vejo mais pelos cantos e muito menos tentei me matar, estou tentando cumprir a promessa de ser mais que quem me fez mal. Os sedativos não foram mais aplicados em mim, mas ainda sim, tomo vários remédios antes de dormir, remédios para insônia, dores, depressão...

E como prometera Aro realmente arrumou um jeito de me tirar desse lugar. E hoje finalmente seria esse dia.

Acordo animada com o meu décimo oitavo aniversário, minha mãe não viria, ela parou de me visitar desde que eu tinha dezesseis anos, eu pedi por isso pois não aguentava ver como ela sofria.