O Feliz Sou Eu escrita por Estressada Além da Conta


Capítulo 1
O Feliz Sou Eu


Notas iniciais do capítulo

Não sei direito de onde tirei essa ideia.

"Tia Kurara (Tia é o caramba! Nem fiz quatorze ainda!), vai ter alguma continuação?" Sabe que eu não sei? As chances de ter continuação não passam de 2%, mas como estamos falando de mim, Kurara Black, e minha mente louca de tão lúcida, é melhor não perderem as esperanças. XD

Boa leitura!



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As cortinas se abrem. Silêncio é total. Um homem alto, magro e muito bem vestido de terno e gravata entra pela esquerda do palco, junto com uma bela mulher com um fino vestido. Eles estão de mãos dadas.

Homem: Minha cara, como foste o teu dia? (Arrumando a gravata)

Mulher: Muito bem, obrigada. E o teu? (Limpando sujeira inexistente no vestido)

Homem: Perfeitamente como o anterior.

Mulher: Curioso... Muito curioso... (Apoiando o queixo com a mão direita, pensando)

Homem: Perdão, mas o que é curioso, senhorita?

Mulher: É curioso, pois meu dia também foi igual ao anterior.

Homem: Oh, que coincidência, não? (Surpreso, com os olhos bem abertos)

Mulher: De fato!

Nisso, um casal de ciganos aparece, entrando no palco pela direita e dançando com seus pandeiros e roupas típicas, apenas parando ao chegar perto dos outros dois.

Cigano: Olhe, mulher, que belo casal. (Ainda tocando seu pandeiro)

Cigana: Realmente, meu querido, tu achaste um belíssimo casal. (Ajeitando os véus)

Homem: Quem sois vós?

Mulher: E por que usam vestimentas tão estranhas? (Franzindo o nariz)

Cigano: Somos apenas ciganos, meu senhor. (Reverenciando rapidamente)

Cigana: E as roupas fazem parte de nossa vida. (Sorrindo educadamente)

Homem: Oh, sim, já ouvi falar de vocês. Andam por aí, de canto em canto, cantando e dançando para poder sobreviver. (Falando com asco)

Cigano: Teu comentário indigna-me, meu senhor. Pois nós não sobrevivemos, e sim vivemos. (Replicando com impertinência)

Mulher: Que horror! Quer dizer que são pobres ao ponto de não terem casa? (Penalizada)

Cigana: Muito se engana, senhorita. De pobres, nada temos! Apenas é diferente o jeito que vivemos!

Cigano: Minha mulher, minha vida! Tu rimaste com maestria! Cantemos então uma congratulação!

O casal começa a cantar e dançar novamente, irritando os outros dois, que não entendiam como podiam ser tão alegres.

Mulher: Um momento, um momento! E isso é lá motivo para brindar? Como vós podeis estar tão felizes? Não é terrível nunca ter uma casa para voltar?

Cigano: Não, minha senhora! Em nossa vida não há espaço para coisas desnecessárias! Onde a família está é o teu lar.

Mulher: Mesmo assim, não é desconfortável ficar mudando de hora em hora?

Cigano: ... (Hesitando e um tanto constrangido) Bem... Sim, senhora, tem vezes que cansa ficar perambulando por aí. Tem vezes que dá sim uma saudade de parar num lugar só... Uma vontade de ter uma casinha, não é, meu amor? (Virando-se para a Cigana)

Cigana: É sim, meu amado. Tem vezes que dá vontade de parar quieta num lugar só, fazer uma casa com jardim... Não precisa ser muito grande... (Segurando as mãos do Cigano, com pandeiro véu e tudo o mais) Apenas um lugarzinho só nosso...

Mulher: Viu como eu estava certa? (Empinando o nariz, fazendo-se de superior)

Cigana: Mas e vós? Vós não desejais mudar de vida? Andar por aí, conhecer o mundo por detrás dos muros de sua casa? Pois tudo um dia fica monótono, não?

Homem: Sim, monótono demais. Por exemplo, hoje, meu dia foi igual ao anterior. Que foi igual ao anterior. Que também foi igual ao anterior, que, por sua vez, foi igual ao anterior...

Cigano: Não precisas de tanta ladainha, meu senhor. De burros não temos nem cheiro. (Debochando)

Homem: (Ignorando completamente o comentário) Cansa ficar parado no mesmo lugar, entre quatro paredes, como se estivesse numa prisão...

Mulher: Tens razão, meu caro. Tenho vontade de conhecer tantas coisas... Mas é sempre a mesma coisa: Trabalho, casa, gastar dinheiro com coisas fúteis, casa e começa tudo de novo.

No meio da conversa, entra um pobre do meio do palco. Ele fita o primeiro casal. Fita o segundo. Ouve a conversa. E então opina.

Pobre: Então por que não trocam de lugar um com o outro? (Tímido)

Homem: Mas que és tu?

Pobre: Eu sou um trabalhador, Seu doutor. Trabalho na fábrica que pertence ao senhor, e sempre que posso, vou à praça assistir os ciganos com a família.

Homem: E como ousas interromper nossa conversa com tamanha impertinência? (Bradando furioso)

Pobre: Sou infetinente não, Seu doutor. Apenas dei um conselho.

Cigano: Pobre homem, tu e tuas palavras não são bem vindos aqui, por tanto, vás-te embora. Vamos, meu amor. (Puxando a Cigana)

Cigana: Vamos, meu amado.

Pobre: Uai, quem avisa amigo é, oras bolas. Se não estão felizes como ciganos, deixem de ser ciganos.

Cigano: E por que eu ouviria alguém como tu? (Saindo do palco seguido de Cigana)

Pobre: Ué... Mas que bicho mordeu eles?

Homem: Tu querias que eu e minha esposa trocássemos de lugar com aquelas pessoas? Estás insano, delirando!

Pobre: Hã? Pode repetir, Seu doutor?

Homem: Você é louco!

Mulher: Deixe-o, meu caro. Ele não possuiu inteligência o suficiente para te entender. (Indo embora com o Homem)

Pobre: Vai com Deus, Dona. Eu não entendo esse povo! Se não quer mais ser rico, então deixe de ser rico, oras bolas! (Dirigindo-se à plateia) Ah, quer saber? O feliz aqui sou eu. Não sou rico, e não tenho condições de viajar por aí com a família. Mas tenho amigos, um emprego que me ajuda muito, uma esposa e filhos lindos, parentes bacanas... Consegui pôr meus filhos na escola, mesmo tendo que emagrecer uns dois quilos por mês. Meus camaradas são de confiança... Tô rodeado de gente boa pra caramba. Tenho uma casa só minha, com minhas coisinhas... É, posso não ser rico. Posso não conhecer o mundo. Mas eu sou feliz, pois alcancei tudo aquilo que queria. (Sorrindo abertamente) Agora deixa eu ir embora, ou a patroa vai encher o saco quando eu chegar em casa.

As cortinas caem no momento em que Pobre dava alguns passos de volta à parte de trás do palco. Novamente o silêncio toma conta. Só resta saber se é porque entenderam ou não.


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Notas finais do capítulo

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