Estou morta. Cheguei nesta conclusão quando me olhei no espelho da cafeteria e vi um reflexo impecável. Cabelos vermelhos de fogo compridos e encaracolados. Pele extremamente branca e sedutora. Olhos dourados meio puxados envoltos a cílios enormes. Lábios carnudos e vermelhos sangue gritando "venha me pegar". Corpo esbelto, porém com curvas.

 Percebi então que eu sou a prova de que as aparências enganam. Por dentro eu não era nada mais além do  que... vazia. Olho para mim e dou risada, como foi que cheguei a esse ponto? Virei meu latte de uma vez só e queimei minha garganta. Sobre fogo, calor e queimar. Não, eu não ligo.

Não ligava também ao homem que caminhava até minha mesa. Ele tinha seu charme e sabia disso. Se fosse em outro momento, perderia 30 minutos da minha vida com ele. Mas agora eu tinha negócios a resolver.

 -Posso me sentar? -perguntou ele

 Acenei com a cabeça. Peguei minha mochila, meu copo vazio e me levantei. 

 -Espere, quis dizer me sentar com você.

Eu sorri.

-Não é assim que a banda toca.