Blood Moon - O Coiote e a Dama do Deserto escrita por LalaMarry


Capítulo 16
O espetáculo está prestes a começar


Notas iniciais do capítulo

Então... Eu nem tenho como me desculpar dessa vez, 7 meses sem atualizar essa fic. Eu praticamente havia largado ela, assim como já fiz com diversas outras fics minhas. Do meio do ano passado até o final dele eu entrei numa crise, acho que um dos meus piores bloqueios, eu não conseguia escrever e o que eu escrevia eu achava um lixo, mas apesar de tudo, volta e meia essa fic me vinha a mente e me pesava ter deixado-a incompleta, afinal assim como a primeira elas são meus xódos e meus melhores leitores, apesar de poucos, estão nelas, e eu me senti injusta deixando-os dessa forma, então eu decidi voltar e aqui está, o penúltimo capítulo da fic.
Espero que gostem, isso se ainda houver algum leitor q Eu dei uma revisada, mas pode ser que tenha passado algo qq
Boa Leitura!



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O ar rarefeito e úmido fez Molly inspirar o ar com força antes de abrir os olhos e depois expirá-lo bem devagar ao ver o ambiente em que se encontrava. Parecia ser um corredor a primeira olhada, mas depois se revelava ser uma sala comprida, porém estreita, com paredes cinza, encanamentos expostos e infiltrações por todos os lados. A única fonte de ventilação eram os pequenos buracos retangulares no alto da parede oposta a qual estava apoiada, sendo também a única iluminação existente no local.

Remexeu-se desconfortável no chão, o vestido colado em seu corpo por estar molhado e o tilintar de correntes ecoando em seus ouvidos. Estava presa pelos pulsos.

Ouviu um som semelhante ao causado por suas correntes e automaticamente virou-se em direção ao som, os punhos já cerrando em expectativa e os batimentos cardíacos acelerando com a adrenalina.

Uma criatura minúscula mexeu-se no canto da pilastra ao seu lado, Molly forçou a vista, os olhos semicerrando, até conseguir enxergar os longos cabelos negros da menininha que pareciam se fundir ao lodo escuro das paredes.

–Não deixe eles saberem que está aqui. – disse num sussurro quase inaudível, a voz indicando que não se comunicava há dias.

–Eles quem? – perguntou um pouco mais alto ao tom usado pela menina, a curiosidade sempre na ponta da língua.

–Não deixe eles saberem. – repetiu, encolhendo-se ainda mais, como se quisesse se fundir a parede, assim como seus cabelos.

O ranger que a porta fez ao abrir a fez se virar novamente em direção ao som, enquanto a menina ao seu lado parecia fazer o máximo para passar despercebida.

Passos ecoaram pela sala ritmados e os olhos castanhos e curiosos de Molly captaram uma figura esbelta a sua frente, entretanto bastante familiar, mesmo que vista por apenas alguns segundos, sua mente raramente lhe pregava peças.

A mulher a qual trombara na festa estava agora bem na sua frente, porém seus traços não eram tão gentis como lembrava, os pesados cabelos escuros emoldurando um rosto perverso e cheio de segredos por trás das pálpebras carregadas de maquiagem preta, a qual qualquer um consideraria como vulgar em tal tempo, e do sorriso sem mostrar os dentes que lançava para a ruiva.

–Posso saber seu nome? – perguntou como se estivessem em uma conversa casual.

–Por que não me diz o motivo de eu estar aqui primeiro? – retrucou a menina.

A mulher não pareceu se abalar, na verdade seu sorriso apenas aumentou e agora era possível ver parte de seus dentes, uma sobrancelha erguendo-se indagadora.

–Bem que disseram que você é bem atrevida, mas vou te colocar nos eixos.

Um homem tão grande quanto Scott entrou no recinto, a expressão indiferente e os olhos com o mesmo tom estranho aos da mulher, porém mais escuro fazendo-os parecerem duas bolas negras em meio à face alabastrina.

Foi necessário apenas que ele encostasse os dedos sobre ela que teve certeza na mesma hora, fora ele quem tapara sua boca quando a raptaram. Desviou das mãos do homem e ameaçou mordê-las, fazendo o mesmo rir em deboche.

–Alec, leve-a para o palco e a faça se comportar, não quero mais saber de reclamações. – olhou sugestiva para a menina que se encolhia no canto.

O som dos saltos novamente se fez ouvir e Molly foi arrastada para fora da sala.

–x-

As luzes quase a cegaram com sua aparição repentina em meio ao breu dos corredores e da coxia, onde se encontrava Alec observando, pronto para qualquer ato de fuga da menina.

–O que vocês querem que eu faça?

–Qualquer coisa que entretenha o público, tive problemas com a outra menina, então será você a se apresentar hoje.

–Mas eu não... – retrucou, o pânico tomando conta de si.

–Sabemos que você tinha aulas de canto às vezes. – um sorriso sombrio repousou em seu rosto, fazendo a ruiva estremecer.

Eles me observaram durante todos esses anos.

Agora Molly entendia o porquê de toda aquela superproteção de Lawrence, ele estava escondendo-a deles, entretanto ainda não conseguia entender para que fim houvesse de se colocar uma menina que jamais se apresentara para cantar em um teatro tão extenso e lotado como deveria ficar.

–Por que estão fazendo isso? – indagou olhando para o vermelho predominante do local.

–Você saberá.

E saiu sem dar maiores satisfações.

–x-

–Eu te falei para ficar longe dela! – bradou angustiada. – Você sabia que isso iria acontecer, sabia que estavam de olho nela... Droga, Lawrence! – gritou Chloe angustiada.

A figura cabisbaixa de Lawrence encontrava-se com as costas apoiadas em uma das paredes próximas à lareira, seus cabelos longos cobrindo-lhe a face. Parecia alheio ao que Chloe bradava para si, porém apenas ele sabia como o remorso o atingia naquele momento.

–Vamos para o teatro. – pronunciou-se em meio aos sermões.

A mulher esbelta apenas parou em meio a sua fala, a expressão indignada.

–Está querendo propor uma ida a alguma peça de Shakespeare depois da Molly ter sido raptada?

Ele apenas respirou fundo, suas mãos tremiam levemente enquanto pressionava as unhas sobre as palmas.

–Muito pelo contrário, não apenas iremos a uma peça como também participaremos da mesma, e temos que ser rápidos. – pronunciou já afoito para sair, pegando um dos sobretudos que achara dependurado em um cabideiro próximo a porta.

Chloe, entretanto, barrou a saída antes que houvesse tempo para o mesmo estender a mão até a maçaneta.

–O que está me escondendo? – segurou o queixo de Lawrence com uma de suas mãos enluvadas – Eu sei que guardas bastantes coisas para si, mas creio que esta seja de grande interesse meu.

Com um rápido,porém delicado movimento,ele retirou a mão de si e desviou de Chloe até alcançar a porta.

–Todos nós temos segredos que preferimos guardamos apenas para nós,madame*.

Em um puxão brusco ele abriu a porta e um corpo pálido e de bochechas vermelhas de frio tombou no chão, metade de seu corpo caindo para dentro da mansão e a outra metade para fora, sendo logo depois suspendido por uma das mãos de Lawrence, o rosto vermelho e assustado do menino refletindo nas orbes cada vez mais amarelas do homem.

–Cadê o convite? Anda, diga logo! – aumentou o tom de voz em reposta a hesitação do jovem.

As mãos trêmulas e de unhas ruídas do garoto percorreram rapidamente o casaco que trajava e tirou de um dos bolsos um cartão lacrado com as pontas amassadas devido à queda.

Rapidamente o cartão foi retirado de suas mãos e seu corpo lançado para dentro da mansão.

–Fique aqui, cuidarei de você quando voltar. – avisou antes de sair com Chloe em seu encalço.

–x-

O frio que avançava conforme a noite chegava mais uma vez, tornava o clima tão tenso quanto o da noite passada. Lawrence mexia as mãos inquieto, olhava para a paisagem sem realmente olhá-la, o pensamento longe, enquanto era observado pelo rabo do olho por Chloe.

Ao chegar em frente ao grande teatro, erguido por extensas pilastras e iluminado por diversas luzes, sendo impossível não fazer com as pessoas não dessem pelo menos uma rápida olhada sobre o monumento, o homem rapidamente moveu-se em direção ao mesmo, sem ao menos esperar pela sua companhia.

A entrada já se encontrava cheia de gente, parecia que toda a parte nobre da cidade havia ido ao espetáculo aquela noite, era o tipo de evento que Chloe certamente apoiaria, caso este não fosse uma questão bem além de uma simples apresentação de ópera ou balé.

Retirou as entradas que havia no convite e deixou-a sobre as mãos de um senhor que as estava recolhendo, sem se importar em olhá-lo ou agradecer pelo “Aproveite o espetáculo!” que ele murmurou com sua voz falha.

Andou apressado pelo salão principal, onde pessoas encontravam-se paradas jogando conversa fora ou seguindo para o mesmo destino.

Lawrence nunca gostou de lugares muito cheios, sempre incomodavam sua apurada audição, fazendo o quase ranger os dentes pelo barulho incomodo, porém no momento havia outras coisas com que se preocupar. Atrás de si os saltos de Chloe estalavam pelo piso bem polido.

Praticamente correra até aonde se encontrava o palco, o silêncio já tomando conta do lugar para o início da apresentação.

O show estava prestes a começar.

Molly sentia-se acuada no meio daquele gigantesco palco, encarava as grandes cortinas vermelho-sangue a sua frente, que haviam se fechado pouco antes do público começar a preencher o local, os passos e vozes cada vez mais presenças fazendo suas mãos suarem, tornando o microfone escorregadio em suas mãos e fazendo com que as limpasse no vestido novo que haviam colocado nela.

Então veio o silêncio, sendo cortado apenas por pequenos murmúrios que a jovem não era capaz de ouvir, tanto por sua audição fraca quanto pelo nervosismo, a luz forte direcionada por um holofote mais uma vez a cegando ao abrir das cortinas e sua voz sumindo ao ver o tanto de gente que estava presente.

Olhou desesperada para a coxia, recebendo um olhar ameaçador de Alec e da mulher a qual ouviu sendo chamada pelo nome de Abigail. Engoliu em seco, os olhos correndo desesperados pela plateia e os arregalando ao dar de encontro com os amarelos vivos de Lawrence.

Sua vontade era de largar o objeto em suas mãos e correr para seus braços, queria que ele a tirasse daquele pesadelo o mais rápido possível, e quem sabe até mesmo a menina que encontrara presa, mas deteve-se ao finalmente perceber algo.

Era tudo uma armadilha, uma grande armadilha que colocaria a todos no recinto em perigo.

As portas estavam sendo todas trancadas sem que ninguém percebesse, Lawrence continuava em seus movimentos inquietos com as mãos, não podia se aproximar mais, era muito arriscado.

Molly olhou mais uma vez para a coxia, a mulher esboçando um sorriso zombeteiro e Alec não estava mais ao lado dela, estavam todos presos dentro do teatro e caso Molly não cantasse, as coisas ficariam bem ruins.

O público esperava, os olhos atentos voltados para a adorável menina ruiva, os murmúrios aumentando à medida que seu silêncio seguia. Respirou fundo e apertou o microfone mais um pouco, fechando os olhos e concentrando-se nas aulas de canto que tinha às vezes, sempre fora mais como um passatempo, jamais achara que realmente fosse depender disso um dia.

Sua voz começou tímida, mas logo depois substituindo os sons produzidos pela plateia e adquirindo a atenção de todos, não era como os cantores de ópera que normalmente se apresentavam, mas que chamava a atenção pelo doce timbre.

Manteve o olhar preso ao do lobo durante toda a apresentação, de alguma forma ele transmitia calma e a incitava a continuar, ele mal se movera no corredor entre as cadeiras e ficara parado ali durante todo o tempo, os outros já haviam o visto e um movimento brusco poderia ser interpretado como uma ameaça.

Já próximo ao final da música, sentiu seu braço sendo puxado, Alec sempre possuiu uma grande força, mas nada que o intimidasse.

–Precisa vir comigo – sussurrou para não chamar a atenção do público.

–Eu não preciso ir a lugar algum, vocês tem que soltá-la, agora. – deu ênfase a última palavra.

–Sabe muito bem que não podemos, ela sabe demais para uma humana. – ergueu uma sobrancelha – Além disso, você ainda tem contas a acertar Lawrence, ou achava mesmo que poderia sair do bando quando bem quisesse e que tudo ficaria bem?

Suspirou derrotado, seguindo Alec para um dos camarotes, porém segurando o pulso do outro com força o bastante para fazer os ossos estalarem.

–Eu vou, desde que não encostem um dedo nela.

–Veremos.

Ao perceber que Lawrence saíra junto de seu sequestrador, Molly sentiu novamente o pânico tomando conta de si, sentia os olhos da mulher na coxia sobre si e a de todas as pessoas que havia ali.

–Lawrence? – deixou sua voz sair pelo microfone, o instrumental que ela nem percebera começando havia parado bruscamente junto com sua voz – Lawrence! – gritou.

O de cabelos claros virou bruscamente, percebendo a perigosa movimentação entre a plateia e a menina procurando por ele em meio a multidão.

–Ou você some e a deixa conosco ou se arrisca em salvá-la, porém não garanto a vida de ninguém. – Alec rapidamente falou em seu ouvido, destravando a arma que estava em seu bolso logo em seguida.

E então o caos começou.

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–Droga! – gritou Megan, correndo em direção ao som, sua irmã ainda parada sem saber ao certo o que fazer.

Ao constatar que o peito do menino ainda se movia, suspirei um pouco mais aliviada, decidida em protegê-lo. Melissa havia sumido durante esse meio tempo.

–Mas que droga está havendo nesse lugar?! – me virei para Alec, a expressão irritada, aquilo tudo estava me cansando.

Ele pareceu ficar momentaneamente fora do ar, como quem recorda de algo, soltando o ar que prendera um tempo depois.

–Eles nunca perdoam quem sai do bando, Molly. Até hoje não sei se Lawrence nunca entendeu isso e eu fui burro demais para seguir os passos dele ou se eles são os errados, não importa. No final, somos todos os vilões da história.

Eu estava ficando cada vez mais confusa com tudo aquilo, parecia que no fundo algo fazia sentido, mas parecia que o ponto principal estava faltando em sua mente. Como aquele homem poderia conhecer Lawrence? A não ser que...

–Está não é a primeira vez que nos conhecemos, não é? Nenhum alfa chegaria em um lobo desgarrado do nada oferecendo comida, abrigo e proteção. Aconteceu algo no dia que o Lawrence sumiu que eu não me lembro? É isso? – indaguei, completando impaciente - Me diga!

–A sua mente Molly, não é a primeira vez que ela é apagada, sinto muito por isso.

E então a verdade me atingiu com balde de água fria e tudo o que eu conseguia sentir era raiva, raiva por terem me feito de boba por tanto tempo, por terem bagunçado a minha vida daquele jeito. Joguei-me em um salto sobre ele, que ao menos pareceu lutar enquanto eu o atacava com arranhões e socos.

No final ele acabara fugindo, me jogando para o lado e correndo, eu não fui atrás dele e nem tivera a coragem de matá-lo, não com ele se entregando de bandeja daquele jeito.

Voltei para perto do menino e foi só ao sentir o cheiro de queimado que percebi que havia outro motivo para ele ter fugido, alguém colocara fogo dentro da boate.


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Notas finais do capítulo

*Madame: é uma palavra francesa correspondente a senhora.
Que confusão, no final Molly teve seus motivos para desconfiar de Alec, mesmo que não se recordasse disso (?) Acho que deixo as pessoas muito confusas com isso tudo q
A parte do presente ficou pequena, eu sei, mas não tinha muito o que acontecer nessa parte porque eu gosto de coincidir os clímax do presente e do passado.
Se ainda tiver alguém aí, espero que tenha gostado o/
Até o próximo e último capítulo!
Kissus



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