Jacob começou a avançar na minha direção, enviando-me seus pensamentos e ao mesmo tempo ordens aos de sua matilha.

“Na Mansão dos Cullen, eles quebraram o acordo” – ele ordenava e avançava, recuei por causa de Bella, não queria alarmá-la ainda mais, descobrir de repente que existem vampiros e lobos, ela deveria estar bem assustada – “Cullen, um dos meus foi morto, um garoto de apenas 14 anos!” – ele berrava em sua mente e eu ouvia claramente o lamento dos demais, que já estavam bem próximos da Mansão.

E ele continuou avançando.

“Era uma criança!” – ele rugiu e posicionou-se para pular, não consigo entender como, mas Bella saiu de trás de mim, correu até o cachorro a minha frente e puxou-lhe a orelha.

“Eles me ajudaram!” – ela berrou, puxando mais forte a orelha do animal que ganiu baixo e agachou sobre o tapete da sala.

“Oh Bells, me desculpe eu achei que eles estavam com ele!” – eu traduzi.

“O que?” – ela arregalou os olhos para mim.

“Eu escuto o que ele pensa” – tentei ser pratico – “Ele disse que não atacará mais e que manterá a matilha de guarda” – informei e ela largou a orelha dele.

“Quero saber tudo sobre você ser...” – ela examinou bem o lobo a sua frente e riu – “... um ursinho de pelúcia enorme” – Jacob grunhiu.

“Um lobisomem Bella!” – ele pensou e saiu da sala, mas desta vez não falei para ela.

Vê-la correndo daquela forma para os braços dele e se aninhar como... como se fossem... namorados... eu não o ajudaria mesmo.

Respirei bem fundo e a olhei, ela estava parada no meio da sala vendo Jacob sair com o rabo entre as pernas, consegui sentir pena, mas só por alguns minutos porque logo ela olhou pra mim, furiosa.

“Você ia machucar ele?” – ela avançou pra cima de mim e eu recuei – “Você pensou mesmo em machucar ele?” – ela apontou para a porta de onde ele tinha acabado de sair.

“Segura essa sanguessuga” – Jacob riu em seus pensamentos, já adentrando a floresta.

“Caramba garota, você não tem medo de morrer?” – Emmett gritou, pegando-a pelo pulso e sentando-a no sofá.

“Não!” – ela trincou os dentes, ainda me encarando.

“O que eu fiz?” – perguntei alarmado.

Tinha até me esquecido da sede, nossa que menina difícil.

Ela se encolheu novamente, aparentemente percebendo o que havia feito. Enfrentar um lobo e vampiros daquele jeito... com certeza ela não sabia o que estava fazendo.

“Me desculpe.” – Bella sussurrou colocando os cabelos na frente do rosto e corando imediatamente.

Senti o sangue quente correndo para as suas bochechas e ouvi o martelar de seu coração. Permaneci imóvel, o desejo ardente, a sede dilacerante estava gritante no meu corpo agora que o cheiro daquele cachorro estava se dissipando.

Alice veio até mim e me afastou de Bella, me fazendo recuar uns 5 passos até a parede de vidro da sala, da parte que eu não tinha quebrado com aquele negocio do meu novo poder sabe?!

A porta da frente se abriu com uma lufada de vento e outro clarão, agora mais perto, iluminou a entrada, todos paramos para olhar o que era. Tentei rastrear a mente o cheiro, mas não parecia haver ninguém ali.

Emmett soltou Bella e correu para a entrada para ver o que havia de errado, ele era o mais forte de nós. Vi que franziu a testa e nos olhou dando as costas para a porta.

“Acho que foi só a chuva” – mas antes que ele terminasse a frase eu ouvi a idéia surgir em uma mente que não estava entre nós, mas lá fora, atrás de Emmett.

Não tive tempo de pensar, avisar, eu tinha que agir.

Desviei de Alice e pulei sobre Emmett jogando-o no chão com tanta força que parte do piso se rachou, ao mesmo tempo gritei: “Se abaixem!”

Segundos haviam se passado e vi que Heidy tinha pulado no sofá onde Bella estava e o virado por cima da garota para protegê-la, os demais não consegui enxergar, mas só ouvir.

Um estrondo de uma demolição e uma fumaça de poeira branca surgiu em todo lugar.

Ele havia lançado uma arvore contra a casa eu podia ver agora o tronco no meio do que era a nossa sala. Tentei me levantar, mas haviam escombros demais e Emmett estava incrivelmente pesado sobre as minhas pernas.

“Emmett!” – berrei para ele se mover, ele parecia surpreso com o que tinha acontecido em apenas cinco segundos – “Vamos!! A garota!” – eu jogava os blocos de tijolo e cimento para os lados e ia me erguendo, correndo para onde todos os outros deveriam estar.

Vi Jasper e Alice aparecerem no canto esquerdo de meus olhos, Esme e Carlisle logo a frente e de repente Heidy, ela cambaleava saindo de debaixo de uma coluna de mais de um metro de largura, corri tentando ajudá-la, procurando com os olhos pela garota.

Ouvi um choramingo baixo logo abaixo da coluna que tinha acabado de tirar Heidy, ambos começamos a jogar para longe todo entulho que havia no caminho.

Heidy sangrava em várias partes do corpo, mas o cheiro não me incomodava, outro cheiro incomodava muito mais. O sangue de Bella estava jorrando.

Ao mesmo tempo que eu senti, todos os outros também sentiram. Vi que só Carlisle conseguiria ajudar e com um rugido alto fiz todos os demais recuarem.

Heidy não parecia querer me tirar dali, ela me olhava assustada e pegava os blocos de cimento, jogando-os para longe.

“Bella?” – chamei enquanto via o tecido do sofá aparecer logo abaixo de nós, comecei a ir mais rápido, sentindo a urgência, a respiração dela estava errática e os batimentos desacelerando, eu sentia o cheiro, o sangue não parava de jorrar.

“Mmmm” – ouvi um murmúrio e comecei a cavar ali, Heidy junto comigo, ela ofegava e arfava quando pegava mais um bloco e jogava para longe. Nunca a tinha visto tão frágil e amedrontada.

Enquanto fazia isso ouvi novamente a voz estranha, uma decisão em seu pensamento.

“Ah droga!” – puxei o sofá para cima e o joguei para longe. Bella estava encolhida, a perna com um corte enorme que não parava de sangrar, precisei parar de respirar no momento em que vi. O cheiro era muito mais insuportavelmente delicioso do que eu podia prever.

“Sai” – Heidy gritou, empurrando meu peito com força – “Sai!”

E eu sai, não porque fosse atacar a menina, eu a queria bem. Vi Carlisle passar por mim e agachar para ajudá-la e passei direto, por todos, indo em direção a floresta.

Eu sabia o que ele queria fazer e não iria permitir.

Saltei contra as arvores e comecei a correr, o vento batendo forte em meu rosto, as arvores passando como vultos escuros.

Ele também corria, rindo como se achasse essa brincadeira de pega-pega muito divertida. Ele estava indo na direção da cidade, mas eu vi a mudança em sua mente, ele queria ver novamente o lobo. Jacob. Ele parou por alguns segundos e eu quase o alcancei, em seguida ele voltou a correr na direção da tribo, tínhamos um acordo eu não poderia passar dali, mas o que eu deveria fazer? deixá-los morrer?

A alguns anos, muitos anos atrás o avô de Jacob Black havia feito um acordo com Carlisle, um modo de vivermos em harmonia. Carlisle havia provado que éramos um tipo diferente de vampiros, vegetarianos como costumamos dizer, pois não nos alimentamos de sangue humano, mas somente de animais, o que não é muito saboroso, admito.

Esse acordo consistia em não derramarmos sangue humano e não avançarmos para as terras da tribo. Havia uma linha invisível que nos separava de lá.

Mas aquele vampiro estranho não conhecia o tratado e acabava de ultrapassar essa linha.

No segundo que ele pisou nas terras Quileutes eu senti o cheiro horrível dos meninos lobos, a matilha o estava aguardando.

“Deixa ele com a gente Cullen!” – ouvi a voz de Jacob e olhei a sua procura, ele não estava a minha vista, mas por seus olhos vi que ele enxergava aquele homem, aquele vampiro escondido entre as arvores esperando por sua presa.

Eu sabia que eles não podiam com ele, alguma coisa me dizia que ele era muito mais forte do que qualquer ser que já havíamos enfrentado.

Não me importando com o acordo, ultrapassei o limite, ainda correndo tentando chegar ao local onde certamente se iniciaria uma batalha.