Conversão escrita por Inez Castro


Capítulo 1
Regressando a casa


Notas iniciais do capítulo

Acho que não está muito bem, mas é apenas o começo ;-) Kkkkkk Tenciono depois aperfeiçoar.



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Corria o ano de 1906. Edgar Vieira, um abastado jovem, filho de um renomado industrial, acabava de desembarcar no porto do Rio de Janeiro, depois de uma longa viagem pela Europa que durara mais de quatro meses. Percorrera o Velho Continente de lés a lés, à custa da enorme mesada que seu pai lhe dera. Se tinha formado recentemente em Direito e como prenda de formatura, seu pai lhe dera esta tão sonhada viagem.

Começou por Portugal, terra de seus antepassados, e daí correu de trem as principais cidades europeias: Lisboa, Madrid, Barcelona, Sevilha, Marselha, Paris, Bordéus, Roma, Veneza, Florença, Viena, Salzburgo, Munique, Berlim, Praga, Budapeste, Amesterdã, Bruxelas, Londres… todas elas foram pontos no roteiro turístico de Edgar.

Ao final de muitas incursões turísticas e muitas esbórnias na companhia de dois amigos seus, regressou à sua amada pátria tropical, de onde sentia tanta saudade:

— Ahhh!!! Que bom é sentir de novo este calor! – dizia ele, mal aportou no Rio de Janeiro.

— Sem dúvida, meu amigo! – respondia Carlos, colega de Edgar. — É sempre bom voltarmos à nossa querida pátria.

Os dois amigos estavam cansados da viagem, mas muito contentes por estarem de novo em casa. No porto, seus pais, Bonifácio e Margarida estavam esperando Edgar, o único filho do casal. Eles não paravam de olhar, só que havia imensa gente a sair do navio, tantas pessoas que parecias formigas, que nunca mais acabavam.

— Bonifácio, você consegue ver nosso filho… tanta gente, meu Deus! – perguntava a Senhora Vieira.

— Não o estou vendo não… - respondeu Bonifácio.

Eles olhavam incessantemente, mas era como procurar uma agulha no meio de um palheiro. Porém, subitamente aquele casal de meia-idade ouviu uma voz familiar por trás:

— Mãe, pai!

Eles se viraram: era Edgar, sorridente, com duas malas de cada lado e seu paletó ao ombro.

— Filho! – exclamou Margarida, emocionada se abraçando a Edgar. — Que bom, que você chegou! Seu pai e eu estávamos com tantas saudades!

— Ahh mãe! Eu também estava com saudades vossas! – retorquiu Edgar. — Papai, como vai? – dizia ele cumprimentando Bonifácio.

— Filho, que bom que você voltou. – respondeu seu pai, muito mais contido que sua mãe.

— Aiiii, vamos para casa! – dizia Margarida se abraçando a seu filho. — Temos imenso que falar, não é verdade?

— É sim, mãe! – respondia Edgar, dando um beijo a sua mãe.

E assim os três se dirigiram para o automóvel de Bonifácio, onde seu chauffer os aguardava.

Edgar estava cansado da viagem, mas ao mesmo muito entusiasmado de ter voltado. Escrevera quase todos os dias aos pais, narrando uma boa parte de suas incursões, mas uma narração ao vivo seria ainda mais entusiasmante.

Quando chegaram a casa, a mesa do almoço já estava posta, com as criadas prontas para servir:

— Mandei preparar um prato que você adora… risoto de frango!

— Epá!!! Hoje há risoto de frango! – exclamou Edgar, todo contente, já lhe crescendo água na boca.

— Sua mãe te adora mimar… - dizia Bonifácio um pouco entediado com todas as bajulações de sua mulher em relação ao seu filho.

Ao longo deste agradável almoço em família, Edgar não se cansou de contar a seus pais suas explorações pelo continente europeu. Se notava pelo seu relato que tinha amado ter estado do outro lado do Atlântico. Vinha com outro brilho nos olhos, com outra energia. Seu pai lhe oferecera aquela viagem com o intuito de o ajudar, pois acreditava que viajar era uma experiência importantíssima para o alargamento de horizontes de uma pessoa. Ele, porém, não tivera essa oportunidade enquanto novo, pois não possuía ainda uma grande fortuna.

Bonifácio era filho de um emigrante português, que se tornou operário fabril mal chegou ao Brasil numa firma de tecelagem. Contudo, graças a toda a sua dedicação e zelo de uma vida inteira de trabalho, Francisco foi amealhando dinheiro. Era um homem trabalhador e poupado e fazia questão de passar estes mesmos valores a seus filhos, a quem queria tanto dar uma vida melhor.

No final de sua vida, já aposentado, conseguiu realizar o seu grande sonho: criou, juntamente com seu filho, uma pequena oficina de tecelagem. Bonifácio era zeloso e trabalhador, assim como o pai, e graças a este seu mérito, sua clientela foi aumentando. Em consequência, a pequena oficina foi crescendo e passadas umas décadas, se transformou numa das maiores fábricas do Rio de Janeiro.

Edgar, durante a temporada que passou em Portugal, chegou a pernoitar numa luxuosa pousada no Douro, região de onde seu avô era natural. Porém, enquanto seu avô meio século antes trabalhava nas vinhas, que ele dali podia avistar, Edgar se encontrava ali, contemplando aquela maravilhosa paisagem, nos luxos, muitas vezes perdendo a noção que para ele ter uma vida tão cômoda, seu pai e seu avô tiveram que trabalhar feito dois escravos.

Seu pai, Bonifácio, sempre quis dar a Edgar aquilo que ele não teve durante sua juventude, não esquecendo porém de lhe transmitir os valores de trabalho, tão importantes para a ascensão social de sua família. Ambos tinham combinado que logo que ele voltasse de férias, começaria a trabalhar na fábrica de seu pai como administrador. Ele, porém, preferia se ter tornado advogado, mas a sua fidelidade familiar o fez desistir dessa ideia e resolveu por isso, aceitar a proposta de seu pai. Edgar era filho único, o singular herdeiro daquele património e daquela fortuna. Por isso, era importante para ele conhecer bem sua herança para que no dia em que seu pai lhe faltasse, pudesse geri-la bem.

— Amanhã, bem cedo, você começará a trabalhar! Ouviu, bem? – dizia Bonifácio a seu filho com o seu ar autoritário, temendo que suas férias prolongadas o tivessem indisciplinado.

— Claro, meu pai! Já tínhamos combinado isso. – respondeu assertivamente Edgar.

— Ai, Bonifácio, não se apoquente. Nosso filho conhece bem suas obrigações! – dizia Margarida, segurando o braço de seu filho, o contemplando toda babada com seu orgulho de mãe.

— Mamãe tem razão, papai! O senhor sabe que sempre me esforcei por ser um filho responsável. – retorquiu Edgar um pouco incomodado com a desconfiança de seu pai.

— Sim, você até agora nunca me desiludiu, nem a mim, nem a sua mãe. Espero então, que continue assim, Edgar. – respondeu Bonifácio, ainda demonstrando alguma desconfiança.

— Que bom, meu pai! – respondeu ele.

— Ai meu Deus, Edgar! Parece que você nasceu ontem! Como o tempo passou depressa! Meu menino se fez um homem! – comentava Margarida babada.

— Verdade. O tempo realmente voa. – retorquiu Bonifácio.

— Mamãe! Sempre se babando toda comigo. – respondeu Edgar lhe dando um beijo.

— Ai meu filho! Você é o nosso maior orgulho! É tão bom ver você já formado, prestes a começar uma carreira ao longo de seu pai.

— Estou muito entusiasmado, mamãe, com esta nova etapa de minha vida. – respondeu Edgar, dando o braço a sua mãe.

— Ai, estou a ver que não tarda nada você a casar e a nos dar netinhos! – disse Margarida entusiasmada com a hipótese de ver sua família crescendo.

Edgar, porém, se assustou com esta última saída de sua mãe. Ficou pálido, como o que ela dissesse fosse algo tenebroso. Margarida reparou na expressão de desânimo de seu filho, o que a deixou preocupada:

— Que foi meu filho? Disse algo de errado? – perguntou ela.

— Claro que não, mamãe. – respondeu Edgar tentando disfarçar seu desagrado, o que fez deixar Margarida mais tranquila.

— Ai que bom! – respondeu ela. — Quero muito que você encontre uma boa esposa que te faça feliz!

— Eu já sou feliz, mamãe! – respondeu Edgar.

Os três já tinham acabado de almoçar, um almoço que durara uma eternidade, pois conversavam mais do que comiam.

— Bem, agora se me permitem, acho que irei subir para meu quarto. – disse Edgar. — Preciso de arrumar minhas coisas e também de descansar um pouco.

— Vai meu filho, você realmente depois de uma viagem tão longa, precisa de descansar. — Até já, meus pais! – disse Edgar se levantando.

Enquanto ele subia as escadas, Bonifácio o ficou olhando, pensativo na reação que seu filho tivera a propósito do casamento.

O herdeiro Vieira, mal chegou em se quarto, descalçou seus sapatos e se jogou em cima da cama, onde dormiu uma tão desejada sesta.








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