Crônicas Do Olimpo - A Batalha Do Labirinto escrita por Laís Bohrer


Capítulo 4
Como a Rachadura no Chão...


Notas iniciais do capítulo

Voltei povo bonito... Enfim, voltamos par amais um dia comum no acampamento meio-sangue, isto é. Sonhos estranhos e assombradores de meios-sangues, pega-pega com caranguejos mutantes, ataque de dragão etíope e essas coisas...



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Antes do jantar, eu levei Tyler até a arena de esgrima aonde estava o novo instrutor, Quintus. Ele me ensinou alguns golpes muito legais, o cara era realmente bom. Mas ainda parecia distante algumas vezes, digo,eu não conseguia olhar para ele e não pensar na minha conversa com Quiron sobre Quintus ser tão difícil de entender.

Tyler e a Sra. O'Leary - que ele chama de "Cachorrinho" - se deram super bem também, Eles se divertiram lutando pelo escudo de bronze e brincando de Pegue o Grego enquanto eu e Quintus testávamos as habilidades um do outro.

– Muito bom. - disse ele. - Mas sua guarda esta baixa.

Ele investiu e eu bloqueei.

– Você sempre foi espadachim? - perguntei.

Ele desviou meu ataque pelo alto.

– Eu já fui várias coisas. - disse ele.

Ele golpeou e eu esquivei para o lado. A alça da sua armadura escorregou, então eu pude ver melhor aquela marca no seu pescoço, era algo como um pássaro de asas fechadas, como uma codorna ou algo do tipo. Não era uma tatuagem, era uma marca roxa como uma pancada, ou como se ele tivesse sido marcado a ferro.

– O que é essa marca no seu pescoço? - eu não consegui me segurar, graças ao TDAH eu sempre falo tudo o que me vem na cabeça... (Alguém lembra da musica da Maisa?)

Quintus cambaleou perdendo o ritmo. Eu bati no cabo da sua espada e derrubei a lâmina da mão dele. Ele esfregou os dedos. Então arrumou a armadura para cobrir a marca.

Ele recuperou a espada e forçou um sorriso.

– Um pequeno recado. - disse ele. - Agora, vamos novamente?

Ele não pegou leve dessa vez, nem ao menos me dando tempo para fazer perguntas daquele tipo, pois sim, eu faria. Ao pôr do sol, Quintus não tinha uma gota de suor, o que parecia estranho de verdade enquanto isso, eu e Tyler eramos velas derretendo de calor. Por tanto, eu e Tyler fomos direto para os chuveiros, eu me sentia bem, ótima na verdade então um peso surge no meu coração lembrando de todos os problemas que me preocupavam. Estar perto da água sempre me ajudava a pensar, mas ali estava complicado demais.

Era quase um dia normal no acampamento. Então o jantar chegou, e todos os campistas se alinharam por chalés e marcharam para o refeitório. Quase todo mundo ignorou a grande fenda no chão - de três metros que não estava lá no último verão - mas eu tive o maior cuidado de não pisar nela, como se fosse uma grande boca que poderia se abrir e me engolir a qualquer momento.

– Rachadura grande. - disse Tyler quando já estávamos sentados na mesa de Poseidon. - Terremoto? Será?

– Não. - eu olhei para a rachadura. - Não foi um terremoto...

Eu não tinha certeza se deveria contar para Tyler o que acontecera no último verão. Era um segredo meu, de Hansel e Jake. Mesmo assim, eu olhava para o grande castanho olho de Tyler e sabia que não poderia esconder nada dele.

– Nico Di Angelo. - eu sussurrei. - É... Um meio-sangue que resgatamos no último verão. Ele... Ele me pediu para proteger sua irmã e eu fracassei, ela morreu e ele me culpa por isso.

– Então ele atacou o chão. - disse ele.

Eu olhei ao redor, para o chão como se ele pudesse me ouvir. Ou algo assim.

– Uns guerreiros esqueletos estavam nos atacando, então Nico pediu que eles fossem embora e eles foram engolidos pelo chão. - falei. - Nico... É Filho de Hades.

– O deus dos mortos?

– É... Mas eu estou te pedindo Tyler, não conte para ninguém, ele pode correr perigo se... Se alguém souber. Entende?

– Os titãs e os caras maus... A Profecia ruim. Os Titãs tentariam usa-lo, não é?

Eu assenti, as vezes com a infantilidade de Tyler era fácil esquecer o quanto ele era inteligente. Eu já tinha até me esquecido que ele sabia sobre a grande profecia que falava sobre um filho dos três grandes - Zeus, Poseidon ou Hades. - Que iria decidir o destino do olimpo, todos conhecem os boatos, mas ninguém sabe as palavras corretas da profecia - Exceto Jake, os deuses e Quiron. - segundo a profecia eu era a próxima a fazer dezesseis, mas se eu morresse a profecia poderia igualmente se referir a Nico.

– Isso. - falei. - Então...

– Boca fechada. - disse ele. - Como a Rachadura no chão.

Eu tive medo de dormir a noite, virando de um lado para o outro na cama, temendo os pesadelos que poderiam vir. Entenda: Sonhos de um semideus, nunca são apenas sonhos. Podemos ter pistas do futuro e do passado. Lampejos de coisas significativas sobre nossos amigos ou inimigos. E no acampamento meus sonhos eram sempre mais frequentes e vívidos.

Então eu ainda estava acordada por volta da meia noite, olhando para o colchão do beliche acima de mim, quando percebi que havia uma luz estranha no quarto. A fonte de água salgada dada pelo meu pai estava brilhando.

Eu me Livrei das cobertas e busquei com os meus pés as minhas velhas pantufas de Nemo - presente de Percy.

Vapor emergia da água quente e salgada. Cores de arco-íris tremeluziam através do vapor, apesar de não haver nenhuma luz no quarto exceto pela lua lá fora. Então uma agradável voz feminina falou do vapor: Por favor, deposite um dracma...

Olhei para Tyler que ainda dormia como uma pedra em seu beliche.

Eu fiquei sem fala, nunca recebera uma mensagem de íris a cobrar antes... Mesmo assim, fui até a mesa de cabeceira, lá havia um Pote em formato de peixe e ao lado dele tinha uma moeda dourada com o rosto de Zeus.

Atirei a moeda para a névoa.

– Oh, íris, deusa do arco-íris... - falei. - Aceite minha oferenda.

A mensagem tremeluziu mais ainda.

– O que você tem para... Hum... Me mostrar.

A névoa tremulou. Eu vi a negra margem de um rio. Tufos de neblina flutuavam pela água escura. A costa cheia de pedras vulcânicas irregulares. Um jovem garoto se agachava no banco de areia, tratando uma fogueira. As chamas queimavam em uma cor azul não natural. Então eu vi o rosto do garoto.

Era Nico Di Angelo.

Ele jogava pedaços de papel no fogo – cartas de troca de Mitomagia, parte do jogo pelo qual ele tinha sido obcecado no inverno passado. Ele tinha apenas dez anos, ou onze agora, mas ele parecia verdadeiramente mais velho.

Seu cabelo estava mais comprido. Estava desgrenhado e quase tocava seus ombros. Seus olhos estavam negros. Sua pele azeitonada havia se tornado mais pálida. Ele vestia jeans preto rasgado e uma jaqueta de aviador, que era vários números maior, aberta sobre uma camiseta preta. Seu rosto estava sujo, seus olhos um pouco selvagens. Ele parecia um garoto que vivera nas ruas. Mas exatamente como eu pensaria em um filho do deus dos mortos.

Esperei que ele me notasse e tivesse um ataque de raiva e atacaria a mensagem de íris. Mas ele não pareceu me notar. Fiquei quieta, olhando para a mensagem de íris sem me atrever a respirar. Se não foi ele a enviar a mensagem de íris... Quem foi?

Nico jogou outra carta nas chamas azuis.

– Inútil... - resmungou ele. - Não consigo acreditar que já gostei disso.

– Um jogo infantil, mestre – outra voz concordou.

Não podia ver a quem pertencia. Parecia vir de perto do fogo. Direto do nada.

Nico olhou para o rio. Na margem mais distante havia uma praia de areia negra envolta em nevoeiro. Eu reconheci: o Mundo Inferior. Nico estava acampando na margem do Rio Estige.

– Eu fracassei. - disse ele. - Não existe nenhum jeito de traze-la de volta.

A outra voz continuou em silêncio.

Nico virou com uma expressão duvidosa.

– Existe? Vamos, diga-me!

Algo reluziu. Achei que fosse só o fogo. Então percebi que tinha a forma de um homem – um punhado de fumaça azul, uma sombra. Se você olhasse diretamente, ele não estava lá. Mas se olhasse pelo canto do olho, poderia perceber seu formato. Um fantasma.

– Isso nunca foi feito antes. - disse ele. - Uma troca, uma alma por outra.

– Eu já ofereci! - exclamou Nico.

– Não a sua. - disse o fantasma. - Você não pode oferecer a seu pai uma alma que eventualmente ele vai coletar de qualquer jeito. Nem ele estará ansioso pela morte de seu filho. Eu quero dizer a alma de alguém que já deveria ter morrido, alguém que enganara a morte.

O Rosto de Nico escureceu.

– Não. Isso é assassinato.

– Isso é Justiça... É Vingança. - corrigiu.

– Não são a mesma coisa! - exclamou Nico.

O Fantasma riu secamente.

– Pensará diferente ao passar dos anos, mestre. - disse ele.

Nico fixou-se no fogo.

– Por que eu não posso ao menos convocá-la? Quero falar com ela. Ela... ela me ajudaria.

– Eu lhe ajudarei, mestre. - fantasma puxa-saco...

– Eu não te salvei tantas vezes? Não te guiei pelo labirinto e te ensinei como usar seus poderes? Você quer vingança por sua irmã ou não?

Eu não gostei nem um pouco desse cara. Lembram de

Nico se virou para o fogo de forma que o fantasma não pudesse vê-lo, mas eu podia. Uma lágrima desceu pelo seu rosto.

– Certo então... - disse ele. - Você tem um plano?

– Ah sim – o fantasma disse, soando muito satisfeito. – Temos muitas estradas escuras para percorrer. Devemos começar...

A Mensagem tremeluziu. Nico desapareceu. E aquela voz agradável de comissaria de bordo voltou: Por favor, deposite mais um dracma para mais cinco minutos.

Eu revirei meus bolsos e as gavetas, encontrei um dracma com o rosto de Hefesto, mas a mensagem já tinha desaparecido. Eu fiquei paralisada no meio do chalé, ouvindo o gorgolejar da água na fonte salgada e as ondas do mar lá fora.

Nico estava vivo, e estava sendo controlado por um fantasma. Nico queria vingança. E eu tinha a sensação de que sabia que alma ele queria para a troca – alguém que tinha enganado a morte. Vingança.

Nico Di Angelo viria até a mim.


Quando finalmente consegui dormir tive o meu primeiro pesadelo. Não era a primeira vez que um sonho meu não teve sentido, mas... Lembram de Tântalo? Eu sonhei que ele estava vestido em uma fantasia de CupCake azul correndo atrás do Sr. D que tinha roubado sua cereja gigante.

Tá, mas depois disso foi verdadeiramente assustador. Ou não. Para mim, eu já estava acostumada...

Mentira.

Eu revivi em cores a cena na Montanha do Desespero. Eu lutava contra Luke, no momento seguinte sua lâmina - Morde Costas - vinha na minha direção, mas ela nunca chegara a mim. O Corpo de Percy servindo como um escudo. Ele olhou para mim, mas disse com uma voz que... Não era dele... Era de... De Kelly.

Seu acampamentozinho em chamas...

A Cena mudou e eu vi exatamente e literalmente aquilo. Eu estava parada olhando para a cena, fogo... Trovões... Monstros... Corpos. Corpos mortos caídos no chão. Haley, Benjamin, Tyler com uma espada cravada em seu peito... Jake. Cambaleando, ele estava exausto. Luke tinha uma lâmina presa nas costelas do meu amigo.

Eu só senti meus membros pesarem sobre mim quando eu vi Anaklusmos em suas mãos. A Imagem de Jake tremeluzia. Uma hora era Percy, outra hora era Jake.

Você vai perder... Era a voz de Luke.

Não deveria ter esse tipo de pensamento em batalha... Silena...

Você é fraca... Fraca...

Como a rachadura no chão...

A Profecia ruim...

MORRA!

A última voz era o grito de Silena, eu desmoronei ao ver sua imagem vindo até a mim com sua foice mágica e foi quando sua lâmina atravessou meu corpo, eu acordei e duas mãos seguravam meus pulsos.

Tyler e Jake olhavam para mim. Meu rosto estava molhado por suor frio e lagrimas secas.

– Gritos. Com medo... - disse Tyler sentado em seu beliche. Ele estava abraçando a um travesseiro no qual ele mordia o babado da fronha, parecia perturbado. - Chamei Jake.

Olhei para Jake que segurava meus pulsos.

– Você assustou Tyler. - disse Jake. - O que foi dessa vez?

– Tântalo vestido de Cupcake azul. - falei.

– Megan... É Sério.

Mas eu não ouvia ele, eu olhei para minhas próprias mãos a procura de sangue. Olhei para minha barriga a procura de uma lâmina.

– Ela ia me matar... - eu falei. - Ela ia me matar...

– Quem? - perguntou Jake se sentando na minha cama ao meu lado.

– Ela... - falei. - Eles estavam aqui... Eles mataram...

– Quem? Quem matou? Quem estava morto? - perguntou Jake.

– Todos... - eu murmurei, meu olhar foi de Jake para Tyler que ainda mordia a fronha. Eu não acredito que meus gritos foram tantos a ponto de assustar Tyler. - Todos mortos...

Eu solucei.

– Todos mortos...

Jake me olhava com... pena? Não sei, ele me abraçou de lado e disse:

– Foi um pesadelo.

Ele tentava me acalmar, mas repentinamente eu tenho estado assim, não era a primeira vez que isso acontecia. Muitas vezes meus gritos acordavam alguém. Na Maioria das vezes era Jake que perambulava fora do chalé as vezes, eu não sei porque, ele dá um jeito nas Hárpias e para ele não tem perigo.

Eu chorei, quis segurar, mas não podia. Tyler chorou comigo, não sei porque acho que eu realmente o assustei.

– Nunca... Nunca é. - eu falei.

Ele não contradisse o que eu falei. Ele sabia no fundo que era nada mais que a verdade.

No café da manhã todos estavam bem agitados. Aparentemente por volta das três horas da manhã um dragão etíope fora visto nas fronteiras do acampamento.

– É provável que ele ainda esteja lá fora. - disse Lee durante os anúncios da manhã. – Vinte flechas em seu couro, e nós apenas o deixamos furioso. A coisa tinha mais de nove metros de comprimento e era verde brilhante. Seus olhos... – ele estremeceu.

– Você fez bem, Lee – Quíron deu uma palmada em seu ombro. – Todos fiquem em alerta, mas calmos. Isso já aconteceu antes.

– E irá acontecer novamente. - disse Quintus. - Com mais e mais frequência.

Os campistas murmuraram entre si.

Todos sabiam dos rumores: Luke e seu exército de monstros estavam planejando uma invasão ao acampamento. A maioria de nós esperava que isso acontecesse neste verão, mas ninguém sabia como ou quando. Não ajudava em nada nossa frequência estar baixa. Nós só tínhamos cerca de oitenta campistas. Três anos atrás, quando eu comecei, havia bem mais de uma centena. Alguns morreram. Outros se juntaram a Luke - como Silena. - E alguns simplesmente desapareceram.

– Esse é um bom motivo para novos jogos de guerra – Quintus continuou, um brilho em seus olhos. – Nós veremos como vocês se sairão hoje à noite.

– Sim... - concordou Quiron. – Bem, chega de anúncios. Vamos abençoar essa refeição e comer. – Ele ergueu sua taça. – Aos deuses.

Todos repetimos a benção. Tyler e eu fomos até a fogueira jogar uma porção da nossa comida na fogueira. Eu espero que os deuses gostem de torradas com passas e Froot Loops.

– Poseidon. - falei e em seguida sussurrei. - Me ajude com Nico, com Silena, com Luke, com o problema de Hansel...

Eram tantas coisas que eu poderia ficar ali o dia inteiro.

Uma vez em que todos estavam comendo, Quiron e Hansel se dirigiram para a nossa mesa. Hansel estava com os olhos turvos. Sua camisa estava do avesso. Ele deslizou seu prato para a mesa e afundou próximo a mim.

Tyler se inquietou de modo desconfortado.

– Eu... Hum... Vou polir meus peixes-pôneis

Então ele se foi deixando seu café da manhã pela metade.

– Tá... - falei, mas ele já tinha ido embora.

Quíron tentou dar um sorriso. Ele provavelmente quis parecer tranquilizador, mas na sua forma de centauro ele se elevou sobre mim, lançando uma sombra sobre a mesa.

– Então, Megan, passou bem a noite?

Eu estremeci, minha noite havia sido horrível. Seria possível que ele soubesse algo sobre a estranha mensagem de Íris que eu recebera? Ou os meus pesadelos?

– Hã... Sim, eu acho. - falei.

– Ótimo! - Quiron disse. - Eu trouxe Hansel aqui, pensei que vocês dois poderiam querer, ah, discutir assuntos. Agora se me derem licença, eu tenho algumas mensagens de Íris para enviar. Verei vocês mais tarde.

Ele deu um olhar significativo para Hansel, e trotou para fora do pavilhão.

– O que ele quis dizer? - perguntei.

Hansel suspirou.

– Ele quer que você me convença.

Alguém mais deslizou para perto de mim no banco: Jake.

– Você esta bem, agora? - perguntou ele. - Precisamos conversar.

– Eu... - eu fiquei meio sem fala, ele não deveria estar aqui. - Mas... O que você esta fazendo aqui? E as regras?

– Dane-se, é importante! - ele exclamou.

Ele sabia muito bem que os campistas não estavam autorizados a mudar de mesa. Sátiros eram diferentes. Eles não eram realmente semideuses. Mas os meio-sangues tinham que se sentar à mesa de seus chalés. Eu sequer sabia qual era a punição por trocar de mesas. Eu nunca vira isso acontecer. Se o Sr. D estivesse aqui, ele provavelmente já teria estrangulado Jake com videiras mágicas ou algo assim, mas Sr. D não estava aqui. Quíron já havia deixado o pavilhão. Quintus nos olhou e ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada.

– O Labirinto. - disse Jake. - Hansel esta com problemas sérios. Há apenas uma maneira que conseguimos pensar para ajudá-lo. É o Labirinto. Eu e Clarisse andamos investigando. Benjamin também esta envolvido, é um dos temas preferidos dele, essas coisa de arquitetura e bla, bla, bla... - ele suspirou. - Eu ouvi alguma coisa, Fiz Clarisse falar tudo, então agora já estou por dentro disso.

Eu mudei meu apoio, tentando pensar claramente.

– Você quer dizer o labirinto onde mantinham o Minotauro, nos velhos tempos?

– Isso ai.

– Então... ele não está mais debaixo do palácio do rei de Creta – eu supus. – O Labirinto está debaixo de algum edifício dos Estados Unidos.

Viu? Só me levou alguns anos para perceber as coisas. Eu sabia que locais importantes se mudavam com a Civilização Ocidental, como o Monte Olimpo estar sobre o Empire State, e a entrada do Mundo Inferior estar em Los Angeles. Eu estava me sentindo bem orgulhosa de mim mesmo.

– O que? - Jake franziu as sobrancelhas. - Não! Pelo amor dos deuses, Megan. O Labirinto é enorme. Não iria caber debaixo de uma única cidade, muito menos de um único prédio.

Eu pensei sobre meu sonho de Nico no rio Estige.

– Então ele faz parte do Mundo Inferior?

– Também não. Talvez haja entradas para o mundo inferior no labirinto, mas não. O Mundo Inferior fica bem mais embaixo. - disse ele. - O labirinto está logo sob a superfície do mundo mortal, como se fosse uma segunda pele. Ele tem crescido por milhares de anos, atando sua forma debaixo das cidades ocidentais, conectando tudo pelo subterrâneo. Você pode ir pra qualquer lugar pelo labirinto.

– Se não se perder. - gemeu Hansel. - Ou morrer e virar jantar de algum monstro.

– Talvez tenha um jeito! - insistiu Jake, minha impressão é que eles já tinham falado sobre isso. - Clarisse sobreviveu.

– Por muito pouco! - disse Hansel. - E o outro cara...

– Ele pirou o cabeção, mas não esta morto.

– Ah, sim... - suspirou Hansel, seu lábio inferior tremeu. - Muito Obrigado, me sinto bem melhor.

– Espere... Voltem. - falei. - Que história é essa sobre Clarisse e o cara pirado?

Jake olhou de relance para a mesa de Ares. Clarisse estava nos observando como se ela soubesse do que estávamos falando, mas ela fixou os olhos em seu prato de café da manhã.

– Ano passado, Clarisse havia saído em uma missão. - disse ele.

– Lembro disso. - falei. - Era secreta.

Jake assentiu. Eu tenho que admitir, eu estava contente com o fato dele ter quebrado as regras para se sentar comigo.

– Era secreta pois foi lá que ela encontrou Chris Rodriguez. - disse ele.

– O Cara do chalé de Hermes? O Que a gente viu a bordo do navio de Luke?

– Esse mesmo. - disse Jake. - No verão passado ele simplesmente apareceu em Phoenix, Arizona, perto da casa da mãe de Clarisse.

– Defina "Simplesmente apareceu". - eu pedi.

– Ele estava vadiando pelo deserto, de armadura tagarelando sobre um fio.

– Fio. - repeti.

– Isso. Ele estava completamente louco. Clarisse o levou para a casa da mãe dela para que os mortais não o internassem. Ela tentou cuidar dele. Quíron foi até lá e o entrevistou, mas não foi muito bom. A única coisa que tiraram dele foi: os homens de Luke estavam explorando o Labirinto.

Eu mordi o lábio.

Eu tremi, embora não soubesse exatamente por quê. Pobre Chris... ele não tinha sido uma má pessoa. O que poderia tê-lo deixado louco? Olhei para Hansel, que estava mastigando o resto do seu garfo.

– Certo. - falei. - Por que eles estariam explorando o labirinto?

– Não temos certeza. - disse ele. - Eu sugeri que talvez ele tentasse transportar seu exercito para o acampamento, mas segundo Clarisse isso era impossível. As entrada que ela encontrou ficavam em Manhattan. Quíron manteve as coisas em segredo porque ele não queria ninguém em pânico. Se Luke puder descobrir como navegar pelo labirinto, ele poderia mover seu exército com uma velocidade incrível!

– Contanto que ele se lembre de que é um Labirinto... - falei.

– Com armadilhas, Ilusões... - disse Hansel. - Monstros assassinos devoradores de Bodes...

– Não se você tivesse o fio de Ariadne. - disse ele. - Eu e Benjamin pesquisamos sobre o Labirinto, mas não ajudou muito, segundo ele, o fio de Ariadne guiou Teseu para fora do labirinto. Era um tipo de instrumento de navegação, inventado por Dédalo, o gênio criador do labirinto. E Chris Rodriguez estava balbuciando sobre fio.

– Então Luke está tentando achar o fio de Ariadne – falei. – Por quê? O que ele está planejando?

– Não temos certeza. - falou. - Mas eu ainda penso que ele quer invadir o acampamento desse jeito. Eu não entendo o que exatamente Luke está planejando, mas de uma coisa eu sei: o Labirinto pode ser a chave para o problema de Hansel.

Eu pisquei.

– Acha que Pã esta no subterrâneo?

– Isso explicaria tudo! - disse Jake. - Como é tão difícil encontra-lo!

Hansel estremeceu.

Sátiros odeiam ir para o subterrâneo. Nenhum buscador sequer tentaria ir naquele lugar. Sem flores. Sem o brilho do sol. Sem cafeteria!

– O Labirinto pode leva-lo a qualquer lugar que queira. - disse o filho de Ares. - Ele lê seus pensamentos e desejos, ele foi projetado para Confundi-lo, Iludi-lo e mata-lo, mas você pode fazer o Labirinto trabalhar para você...

– E leva-lo até o deus da natureza. - acrescentei.

– Isso mesmo.

Hansel abraçou seu estômago.

– Só tenho vontade de vomitar só de pensar nisso... - disse ele. - Não posso, gente!

– Essa pode ser sua última chance! - insistiu Jake. - O conselho é inflexível.Uma semana ou você aprende a sapatear! E eu imagino o quão difícil deve ser sapatear com cascos!

– Não posso... - gemeu o menino-jegue.

Na mesa principal, Quintus limpou sua garganta. Tive a sensação que ele não queria fazer uma cena, mas Jake estava realmente forçando, sentando em minha mesa por tanto tempo.

– Nos vemos depois. - ele se levantou e tocou meu ombro e sussurrou no meu ouvido. - Tente convence-lo.

Ele voltou para a mesa de Ares ignorando todos que o olhavam. Hansel enterrou as mãos na cabeça desviando dos seus chifres de bode.

– Não posso fazer isso, Megan! - exclamou ele. - Você é minha melhor amiga! Você me viu no subterrâneo. Naquela caverna do Ciclope. Você realmente acha que eu poderia...

Sua voz vacilou então. Eu me lembrei do Mar de Monstros, onde ele estivera preso na caverna do Ciclope. Ele nunca gostou de lugares subterrâneos para começar, mas agora Hansel realmente os odiava. Ciclopes o deixavam arrepiado, também. Até mesmo Tyler...

Ele até tentava disfarçar, mas eu e ele sabíamos o que cada um de nos sentia sempre. E Hansel tive pavor do grandão.

– Hansel. - falei. - Você não esta sozinho.

– Obrigado, Megan... Mas eu realmente não acho que eu consigo. - disse ele se erguendo. - Emily esta me esperando, é legal isso de achar os medrosos atraentes...

– Hansel... - suspirei.

– Valeu, mesmo. - disse ele escabichado.

Depois que fora embora, eu olhei para Quintus. Ele assentiu solenemente, como se nós estivéssemos compartilhando algum segredo obscuro. Então ele voltou a cortar sua salsicha com uma faca. Eu me sentia péssima, por tudo... Eu vi de relance, Haley, o garotinho de doze anos me olhando direto da mesa de Hermes, era triste, mas ele estava há muito tempo no acampamento e não fora reclamado, mesmo assim não se juntara a causa estúpida de Luke. Suspirei.

Sabia o que tinha que fazer, fui falar com a pessoa que mais me entenderia nesse momento. Eu me levantei e caminhei na direção do meu chalé, para a lateral, aonde estaria lá me esperando a lápide de Percy.


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