Crônicas Do Olimpo - A Batalha Do Labirinto escrita por Laís Bohrer


Capítulo 28
Olhos Dourados


Notas iniciais do capítulo

Voltei, espero que gostem deste :D



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Os túneis de terra viraram pedra. Eles fizeram curva e se bifurcaram, basicamente tentando nos confundir, mas Daniel não tinha problema em nos guiar. Nós falamos pra ele que precisávamos voltar para Nova York, e ele sequer parou quando os túneis ofereceram escolha.

Eu me surpreendi de verdade quando Jake começou a puxar assunto com Daniel, eles começaram a falar de bandas - o que ambos tinham muito em comum. - acabou que eu e Nico ficamos para trás em um silêncio desconfortável até que eu disse:

- Obrigada por vir atrás de nós.

Os olhos de Nico se estreitaram. Ele não pareceu irritado como ele costumava – apenas desconfiado, cuidadoso. Talvez ainda não estivesse completamente acostumado comigo isso me deixou meio mal por ele não ter total confiança em mim. Mas ele relaxou os ombros e disse:

- Eu te devia essa. - disse ele. - Você deve ter me procurado por muito tempo, e também, eu te devia pelo rancho. Além do que... eu queria ver Dédalo por mim mesmo. Minos estava certo por um lado. Dédalo devia morrer. Ninguém deveria ser capaz de evitar a morte por tanto tempo. Não é natural.

- Sim. - concordei. - Era disso que você estava atrás o tempo todo, negociar a alma de Dédalo pela da sua irmã.

Nico andou mais uns cinquenta metros antes de responder. 

– Não tem sido fácil, sabe. Tendo apenas os mortos como companhia. Saber que eu nunca serei aceito pelos vivos. Apenas os mortos me respeitam, e eles só fazem isso por medo... Mas, de um jeito estranho você me aceita, e não tem medo de mim, tem?

Eu ri.

- Eu? Medo de Você? - questionei. - Nico, se enxerga. Já enfrentei muito na vida, e sei reconhecer um amigo.

Ele sorriu de volta.

- Mas, falando sério agora. - continuei. - Você poderia ter amigos no acampamento, poderia ser aceito lá.

Ele me fitou por um longo instante.

- Tem certeza, Megan? Mesmo?

Eu suspirei, na verdade, até eu  tinha minhas duvidas sobre isso. Antes de eu entrar para o acampamento, eu não era aceita por ninguém - exceto Silena, - mas, sobre o Nico é diferente. Talvez os campistas poderiam até ter medo dele, o isolando.

Nico sempre foi um pouco diferente, mas desde a morte de Bianca, ele se tornou quase... assustador. Ele tinha os olhos de seu pai – aquele intenso, maníaco fogo que fazia você suspeitar que ele ou era um gênio ou um louco. E o jeito como ele banira Minos, e chamara a si mesmo de rei dos fantasmas – foi meio que impressionante, mas me deixou desconfortável também.

- De qualquer jeito... - continuei. - Sabe que pode me procurar quando precisar não é? 

Ele assentiu.

- Sim, sei. Obrigado, mesmo.

Antes que eu pudesse responder, eu trombei em Daniel que havia parado de repente. Nós tínhamos chegado a uma encruzilhada. O túnel continuava a frente, mas tinha um túnel lateral virando para a direita – um eixo circular esculpido em rocha vulcânica.

- O que é isso? - perguntei.

Daniel olhou fixamente para o túnel escuro abaixo. No opaco feixe da lanterna, seu rosto parecia com o de um dos espectros de Nico.

- É nosso caminho? - perguntou Jake.

Daniel hesitou.

- Não, com certeza não é. - disse nervosamente.

- Então, por que paramos? - perguntei.

- Escutem! - exclamou Nico.

Eu ouvi o vento vindo pelo túnel, como se a saída estivesse próxima. E eu senti um cheiro de algo vagamente familiar – algo que me trouxe más lembranças.

-  Eucaliptos – falei. – Como na Califórnia.

No último inverno, quando enfrentamos Luke e o titã Atlas no topo do Monte Talmapais, o ar tinha esse cheiro... Será que...

- Tem alguma coisa errada nesse túnel. - disse Daniel. - E não é humana.

- Não sei porque não estou surpresa. - comentei. - A única coisa totalmente humana aqui, é você Daniel e nem isso você é!

- O que quer dizer? - perguntou ele.

- Bem... Você enxerga através da névoa. - eu disse. - Isso te torna um pouco diferente.

Ele deu de ombros.

- É... Tem razão.

- Daniel esta certo. - disse Nico. - Esse túnel... Consigo sentir o cheiro da morte nele.

- Ah, sim. - disse Jake. - Isso me deixa muito tranquilo.

Eu troquei olhares com Jake. 

- O monte Ótris, o palácio dos titãs. - eu adivinhei. 

Jake me olhou surpreso, mas disse:

- Temos que dar um fora daqui... Logo.

- Não! - exclamei. - Preciso verificar.

- O que!? - exclamou ele. - Esta louca? Quer morrer?

- Silena pode estar lá! - insistir.

Jake me segurou pelos ombros.

- Megan, entendo que você ainda não desistiu dela.  - disse. - Mas ela é um deles agora, ela não vai mudar de ideia tão fácil.

- Não é só ela! Cronos pode estar lá também! - exclamei. - Preciso saber o que esta acontecendo.

Ele me soltou hesitando.

- Então vamos todos.

- Nem pensar, É muito perigoso. Se eles descobrirem sobre Nico, ou Daniel, seria um problema. Cronos poderia usá-los. Você fica aqui e cuida deles.

Eu sabia que ele não queria mesmo que eu fosse, mais por causa de Silena do que por causa de Cronos, mas eu estava ciente de que talvez eu não conseguisse entrar em uma luta com Silena de novo. Ela é meu ponto fraco, o fato de que um dia ela fora minha amiga. O mesmo que aconteceu com Ethan, ele era um colega de acampamento. E eu não pude mata-lo.

- Megan. - disse Daniel. - Você não pode ir lá sozinha, é muito perigoso.

– Não farei nada estúpido, eu vou rápido. - eu prometi.

Jake tirou sua jaqueta da invisibilidade.

- Leve isso pelo menos. Tome cuidado, por favor... Você sabe... - ele falou mais baixo agora. - Foi difícil suportar a morte de Percy, eu não iria aguentar se você...

- Eu vou ficar bem. - eu disse. - Eu juro pelo rio Estige.

Eu coloquei a jaqueta, subi o capuz sobre minha cabeça.

- Aqui vai ninguém... - eu suspirei lembrando da minha pequena aventura no mar de monstros, foi aterrorizador para mim, mas como semideusa, eu sempre poderia me surpreender mais.

Então no momento seguinte eu só ouvia meus passos ecoando para dentro da escuridão sem fim daquele túnel.

Antes mesmo de chegar à saída escutei vozes: o rosnado, o som de latidos dos demônios aquáticos, os telquines.

– Pelo menos nós recuperamos a lâmina – um disse. – O mestre ainda irá nos recompensar.

– Sim! Sim! – o segundo guinchou. – Recompensas sem limites!

Outra voz, esta mais humana:

– Hum, sim, bem, isso é ótimo. Agora se vocês já terminaram comigo...

– Não, meio-sangue! – o telquine disse. – Você deve nos ajudar a fazer a apresentação. É uma grande honra!

– Nossa, obrigado – o meio-sangue disse, e eu percebi que era Ethan Nakamura, o garoto que fugira depois de eu ter salvado sua vida infeliz na arena.

Eu penetrei na direção do fim do túnel. Eu tinha que lembrar a mim mesmo que estava invisível. Eles não deviam ser capazes de me ver.

Uma corrente de ar frio me atingiu quando emergi. Eu estava parado próximo ao topo do monte Tam. O oceano pacífico se espalhava abaixo, cinza sob um céu nebuloso. Aproximadamente seis metros colina abaixo, dois telquines estavam colocando algo sobre uma grande rocha – algo longo e fino embrulhado em um pano preto. Ethan os ajudava a abrir.

– Cuidado, tolo – o telquine censurou. – Um toque, e a lâmina vai separar sua alma do seu corpo.

Ethan engoliu em seco nervosamente.

– Talvez eu deixe você desembrulhar isso então.

Eu olhei de relance para o pico de montanha, onde uma fortaleza de mármore preto assomava, justamente como eu vira em meus sonhos. Ela me lembrava um mausoléu desproporcional, com paredes com mais de quinze metros de altura. Eu não tinha ideia de como os mortais não percebiam que ela estava aqui. Mas então, tudo abaixo do cume parecia distorcido pra mim, como se houvesse um véu grosso entre mim e a metade de baixo da montanha. Havia mágica acontecendo aqui Névoa realmente poderosa.

Acima de mim, o céu rodopiava em uma nuvem enorme em forma de funil. Eu não podia ver Atlas, mas eu podia ouvi-lo gemer na distância, ainda lutando sob o peso do céu, pouco além da fortaleza e xingando a mim e meus amigos eternamente. 

– Lá! – o telquine disse.

Reverentemente, ele ergueu a arma, e meu sangue virou gelo. Era uma foice – uma lâmina de dois metros de comprimento curva como uma lua crescente, com um punho de madeira envolvido em couro. A lâmina tremeluzia em duas cores diferentes – aço e bronze. Era a arma de Cronos, a que ele usara para fatiar seu pai, Urano, antes dos deuses a tirarem dele e cortarem Cronos em pedaços, atirando-o no Tártaro. Agora a arma foi forjada novamente.

– Nós devemos consagrá-la em sangue – o telquine disse. – Então você, meio-sangue, ajudará a apresentá-la quando o lorde acordar.

Eu corri para a fortaleza, minha pulsação martelando nas minhas orelhas. Eu não queria chegar em qualquer lugar perto daquele mausoléu preto horrível, mas eu sabia o que eu tinha que fazer. Eu tinha que impedir Cronos de se erguer. Essa poderia ser minha única chance. Eu me precipitei através de um pátio escuro e para dentro do salão principal. O assoalho brilhava como um mogno suave – preto puro e mesmo assim cheio de luz.

Estátuas de mármore pretas se alinhavam na parede. Eu não reconheci os rostos, mas eu sabia que estava olhando para as imagens dos titãs que comandaram antes dos deuses. No final da sala, entre dois braseiros de bronze, havia um estrado. E sobre o estrado, o terrivelmente familiar sarcófago dourado.

O cômodo estava silencioso exceto pelo crepitar do fogo. Nem Luke e nem Silena estavam aqui, nenhum guarda, nada.

Estava fácil demais, e claro que eu achei isso estranho. O sarcófago era justamente como eu me lembrava – com mais ou menos três metros de comprimento, muito grande para um humano.

Fora esculpido com cenas elaboradas de morte e destruição, retratos dos deuses sendo atropelados por bigas, templos e os famosos pontos de referência do mundo sendo esmagados e queimados. O caixão inteiro emanava uma áurea extremamente fria, como se eu estivesse andando dentro de um freezer. Minha respiração começou a fumegar.

Eu saquei minha espada, Anaklusmos, e senti conforto com o peso familiar da espada em minha mão.

Todas as vezes em que eu me aproximara de Cronos antes, sua voz maligna havia falado em minha mente. Por que ele estava silencioso agora? Ele tinha sido retalhado em mil pedaços, cortado com sua própria foice. O que eu encontraria se abrisse essa tampa? Como eles podiam fazer um corpo novo para ele?

Eu não sabia, mas passei muito tempo pensando nisso, e cheguei a dedução de que minha fértil imaginação não chegaria nem perto do - o que quer que fosse. - me esperava ali, dentro daquele sarcófago.

Eu parei ao lado do caixão. A tampa era decorada mais intricadamente do que as laterais – com cenas de carnificina e poder. No meio estava uma inscrição entalhada em letras mais antigas que o grego, uma língua de magia. Eu não pude ler, exatamente, mas eu sabia o que estava escrito:

CRONOS, SENHOR DO TEMPO.

Minha mão tocou a tampa. As pontas dos meus dedos ficaram azuis. Gelo envolveu a minha espada.

Então minha respiração parou quando eu ouvi ruídos. Vozes se aproximando. Eu não tinha mais tempo a perder.

Eu empurrei a tampa dourada e ela caiu no chão com um enorme barulho. 

Ergui minha espada, pronto para golpear. Mas quando eu olhei para dentro, não compreendi o que eu estava vendo. Pernas mortais, vestidas em calças cinza. Uma camiseta branca, mãos dobradas sobre seu estômago. Faltava um pedaço do seu peito – um limpo buraco negro do tamanho de uma ferida de bala, bem onde seu coração devia estar. Seus olhos estavam fechados. Sua pele estava pálida. Cabelo louro… e uma cicatriz que atravessava o lado esquerdo de seu rosto.

O corpo no caixão era Luke.

Eu devia tê-lo apunhalado bem ali. Eu devia ter baixado a ponta de Anaklusmos com toda a minha fúria. Mas eu estava confusa e chocada demais para isso. O que Hades estava acontecendo ali? 

Por mais que eu odiasse Luke, por mais que ele tivesse me traído, eu apenas não entendia porque ele estava no sarcófago, e porque ele parecia muito, muito morto.

Então as vozes dos telquines estavam bem atrás de mim.

- O que esta acontecendo aqui?! - disse um deles.

Eu tropecei para longe do estrado, esquecendo que estava invisível, e me escondi atrás de uma coluna quando eles se aproximaram.

- Cuidado! - era a Voz de Silena. -  Talvez ele se mexa. Nós devemos apresentar os presentes agora. Imediatamente!

Os dois telquines se arrastaram para frente e se ajoelharam, levantando a foice em seu embrulho.

– Meu senhor – um disse. – Seu símbolo de poder foi refeito.
Silêncio. Nada aconteceu no caixão.

– Seu idiota – o outro telquine murmurou. – Ele exige o meio-sangue primeiro.

- Nakamura. - chamou Silena severamente. - Faça as honras. 

Ethan deu um passo pra trás.

Prometa a ele o seu serviço. Renuncie aos deuses. - começou Silena. - O retorno do senhor do tempo depende de você agora.

– Não! – gritei. Isso era uma coisa estúpida de se fazer, mas eu entrei pelo cômodo e tirei o boné. – Ethan, não faça isso!

- Você de novo... - suspirou Silena.

- Ethan, por favor... - eu a ignorei.

– Invasor! – Os telquines revelaram seus dentes de foca. – O mestre irá lidar com você logo. Depressa, menino!

- Ethan! Me escute! - eu estava gritando em desespero agora. - Me ajude a destruí-lo...

Ethan se virou para mim, seu tapa-olho se misturando com as sombras em seu rosto. Sua expressão era algo como piedade.

- Eu lhe disse que não me poupa-se, Jackson. - disse-me ele. -  ‘Olho por olho’, você já ouviu esse ditado? Eu aprendi o que isso quer dizer do jeito difícil, quando eu descobri meu parente divino.

Ele hesitou.

- Ethan... Por favor, não seja idiota! - eu gritei.

- Eu sou filho de Nêmesis, deusa da vingança. E foi para isso que eu fui feito!

Ele se virou para o caixão e se ajoelhou diante do mesmo.

- Eu renuncio aos deuses! O que eles já fizeram por mim? Eu os verei serem destruídos. Eu servirei á Cronos!

- NÃO! - gritei, mas era tarde demais.

O prédio ribombou. Uma faixa de luz azul surgiu do assoalho aos pés de Ethan Nakamura. Ela vagou para o caixão e começou a tremeluzir, como uma nuvem de energia pura. Então ele desceu até o sarcófago.

Luke se sentou ereto. Seus olhos se abriram, e eles não eram mais azuis. Eram dourados, da mesma cor que o caixão. O furo em seu peito não estava mais lá. Ele estava completo. Ele pulou para fora do caixão facilmente, e onde seus pés tocaram o chão, o mármore congelou como crateras de gelo.

Ele olhou Ethan e os telquines com aqueles horríveis olhos dourados, como se ele fosse um bebê recém-nascido, incerto sobre o que via. Então olhou para mim, e um sorriso de reconhecimento se alastrou pela sua boca.

Não... Isso não pode estar acontecendo. Eu pensei.

– Esse corpo foi bem preparado. – Sua voz era como uma navalha passando sobre minha pele.

Era Luke, mas não Luke. Debaixo de sua voz estava um outro som mais horrível - um antigo, frio som como metal raspando contra rocha.

- Não concorda comigo, Megan Jackson. - ele se dirigiu a mim.

Eu não podia me mover. Eu não podia responder. Minhas mãos tremiam, não de "ansiedade", mas de medo, realmente o medo. Me disseram que eu poderia ser a filha dos três grandes que salvaria o Olimpo e o mundo da ira de Cronos. Mas isso não me preparava para a situação de estar cara a cara com o titã.

Cronos jogou sua cabeça para trás e gargalhou. A cicatriz em seu rosto ondulou. 

No canto do palácio, SIlena se encolhia. Mas eu não prestava muita atenção nela, eu não conseguia parar de encarar aqueles dois olhos dourados.

- Luke tinha medo de você. - disse Cronos. -  Seu orgulho e ódio foram ferramentas poderosas. Mantiveram-no obediente. Por isso eu te agradeço.

Ethan desmoronou aterrorizado. Ele cobriu seu rosto com as mãos. Os telquines tremeram, levantando a foice.

Eu soltei a respiração, eu ainda estava com medo, mas isso nunca foi motivação para eu não fazer o que era certo.

Eu investi contra a coisa que costumava ser Luke, mirando minha lâmina direto em seu peito, mas sua pele desviou o golpe como se fosse feita de aço puro. Ele me olhou com divertimento. Então ele agitou sua mão, e eu voei através do cômodo, batendo de encontro a uma coluna. Eu me esforcei para ficar em pé, piscando as estrelas para fora dos meus olhos, mas Cronos já tinha agarrado o punho da sua foice.

- Ah, muito melhor. - suspirou o titã. - Mordecostas, foi como Luke a chamou. Um nome apropriado. Agora que ela foi forjada novamente, ela de fato irá morder de novo.

- O que fez com ele... - minha voz saiu um sussurro, mas em seguida, eu gritei. - O que fez com Luke?!

Cronos ergueu sua foice.

– Ele me serve com todo o seu ser, como eu exigi. A diferença é, ele temia você, Megan Jackson. Eu não.

Então foi quando eu corri. Não houve nenhum pensamento sobre isso. Nenhum debate em minha mente sobre – nossa, será que eu devo ficar e lutar de novo?

Não, eu simplesmente corri.

Mas meus pés pareciam chumbo. O tempo desacelerou em torno de mim, como se o mundo estivesse virando gelatina. Eu tinha sentido isso uma vez antes, e eu sabia que era o poder de Cronos. Sua presença era tão forte que podia dobrar o próprio tempo. 

- Fuja, pequena guerreira! - ouvi ele gritar atrás de mim. - Fuja!

Eu olhei de relance para trás e o vi se aproximar bem devagar, balançando sua foice como se estivesse adorando senti-la em suas mãos novamente. Nenhuma arma no mundo poderia pará-lo. Nenhuma quantidade de bronze celestial. Ele não seria como os monstros que enfrentei até agora. Cronos fazia Anteu, Polifemo, Caribdis, Ares, a hidra, os guerreiros-esqueleto... Todos eles perto de Cronos, seriam formigas que as mesmas eu esmaguei com o pé.

Ele estava a três metros de distância quando ouvi.

- MEGAN! 

Então algo voou sobre mim... Um Mp4 player azul da sony, atingira o titã bem no olho. Isso o deixou furioso, mas me deu um tempo para correr.

Corri direto para Jake, Daniel e Nico que estavam parados no salão de entrada, seus olhos cheios de receio.

- Aquele é Luke? - perguntou Jake.

Eu segurei sua mão bem forte e o puxei com toda a força.

Eu corri como eu nunca havia corrido antes, direto para fora da fortaleza. Nós estávamos quase de volta à entrada do labirinto quando ouvi o berro da mais alta voz do mundo – a voz de Cronos, voltando ao controle.

- MATEM-OS!

- NÃO! - Nico gritou.

Ele juntou suas mãos com força, e um pedaço denteado de rocha do tamanho de um caminhão de oito rodas irrompeu do chão bem na frente da fortaleza. O tremor que isso causou foi tão poderoso que as colunas dianteiras do edifício vieram abaixo. Eu ouvi gritos abafados dos telquines lá dentro. Poeira ondeava por toda parte. Nós mergulhamos no labirinto e continuamos correndo, o uivo do senhor titã sacudindo o mundo inteiro atrás de nós.

Eu corri, e em nenhum momento eu olhei para trás.


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