Dream On escrita por Kori Hime


Capítulo 2
Percy - Reencontro uma velha amiga


Notas iniciais do capítulo

Título completo: Eu reencontro minha velha amiga.
Narração: Percy Jackson
Idade: 29 anos
Status atual: Estudando para prova



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Uma sala onde todos tem um certo problema de atenção (fui gentil) o professor precisa ser muito paciente e desenvolver técnicas para capturar o nosso interesse. Então o professor Ezequiel, depois de muito tentar, finalmente achou a forma perfeita para nos atrair. No começo era um pouco extravagante ter um leão faminto no meio da sala. Mas ele nos mantinha em alerta. Um rugido mais alto e as palavras no quadro (escritas bem grande) fazia mais sentido. Também usava áudios e vídeos. Esses eram bem bizarros. Alguns vídeos de julgamentos feitos no próprio acampamento. A pior parte era a execução de algumas penas. A maioria era a morte. Algumas pessoas eram acusadas de roubo até traição. Dependendo do caso a morte era a única punição, mas haviam outras também. Prisões e tarefas sociais.

As vezes eu passava noites acordado lendo livros. Precisei me esforçar muito para isso acontecer. Geralmente eu estudava próximo ao mar, a água me acalmava e eu conseguia pensar melhor.

Levei bomba em algumas matérias, e se não fosse a ajuda de Lavínea, talvez eu tivesse desistido.

Ela nasceu aqui. Seus antepassados estão no acampamento desde... sempre.

Lavínea é descendente de, adivinha? Vênus.

Foi uma surpresa e tanto quando me contou. Não levem a mal, ser a tataraneta de uma filha de Vênus não é tão ruim assim. Lavínea também não era como Piper, Silena ou Drew. Quero dizer, ela é linda, todas são (digo, Silena não mais). Espera, estou confuso.

— Está tudo bem? — Lavínea me olhou com curiosidade, falando baixinho para o leão não rugir.

— Sim, sim. Eu estou um pouco pensativo. — ela sorriu e voltou a escrever.

Lavínea iria completar vinte e três anos. Ela serviu os dez anos e agora esta realizando seu sonho, estudar advocacia. Engraçado, eu nunca tive um sonho desse. Desde os doze anos meu sonho foi viver mais um ano.

Quando contei isso para Lavínea, ela tombou a cabeça para o lado e me deu um beijo. Eu fiquei um pouco perplexo, porque não esperava essa atitude, mas decidimos manter o beijo guardado na gaveta dos assuntos sigilosos.

Nossa, você deve está pensando que o famoso Percy Jackson, filho de Poseidon, virou um saudosista, chato e repetitivo. Mas eu já disse, as coisas mudam quando você cresce.

— Senhor Jackson, se deseja passar para o próximo ano dessa faculdade, eu sugiro que preste atenção nesse quadro.

Como eu ia dizendo, algumas coisas mudam. O professor estava falando algo sobre uma lei. Certo. Concentração. Vamos lá, você vai ser um advogado e tanto. Salvar as baleias, tirar caramujos da prisão, proteger a vida marinha de grandes companhias de petróleo...

Não deu certo, o leão rugiu umas cinquenta vezes para me fazer acordar. No final da aula, Lavínea me chamou para ir estudar na biblioteca. Ah fala sério. Não tem outro lugar que me faça sentir mais sono que um enorme lugar cheio de livros e silencioso.

— Vamos. — O que eu posso fazer? Ela me ajudou a estudar para a última prova.

No final da tarde, cansado e com fome eu fui para casa. Um pequeno prédio de três andares, colunas cumpridas e bem adornadas, com desenhos mitológicos e toda a classe e elegância que um prédio greco-romano, construído recentemente poderia oferecer.

É, olhar para a arquitetura em geral me fazia recordar, sabe. Foi um pouco chato no começo quando me mudei. Passei algumas noites deprimido tomando sorvete de pistache e assistindo Sabrina, aprendiz de feiticeira.

Sinto muito por estragar a imagem que você tem de mim. Aquele garoto leal aos amigos, apaixonado por uma garota e louco para viver aventuras virou um homem resmungão fã de seriados antigos.

Meu apartamento não é o mais organizado... preciso dizer que viver ali me fez ser organizado de qualquer jeito. Eu não tinha opção. Ou tomava jeito ou passaria algumas horas numa arena que faria até mesmo Clarisse de La Rue torcer o nariz.

Uma coisa de morar sozinho é que se algo acontece, a culpa é sua, somente sua. Então eu deveria ter lavado a roupa, mas estava ocupado – dormindo –, e também a geladeira está fazia. Que droga. Acho que vou procurar algo para comer depois de um banho.

Então é isso, durante o banho eu fiquei pensando em possibilidades. Foram muitos Se em jogo, até eu chegar onde cheguei.

Mas porque isso me incomoda mais agora? Não sei.

A única certeza que tenho é a fome que estou sentindo.

No caminho até o restaurante eu encontrei algumas pessoas conhecidas, uma delas foi Hazel. Ela estava de volta ao acampamento Júpiter com Léo Valdez. Eles haviam acabado de retornar de uma viagem a América do Sul. Engraçado que eu também encontrei Frank.

Ele ficou super constrangido porque estava acompanhado de uma mulher bem gata. Eu achei melhor deixá-los sozinho. Não queria bancar o amigo chato.

Não posso deixar de dizer que senti um certo saudosismo. Minha última missão foi há uns dois anos. E nem foi lá grande coisa. Fui designado a carregar um caminhão de armas e suprimento a outra base romana. É, nada muito emocionante para o grande Percy Jackson.

Cheguei no restaurante e fui bem recebido, as pessoas me tratavam bem em todo lugar. Me fazia contar sempre as mesmas histórias e no final batiam no meu ombro dizendo que eu fui um herói.

Fui, no passado.

Não preciso dizer que esse tipo de coisa me desanima. Afinal, eu só tenho vinte e nove anos. Não é como se eu fosse morrer daqui dez anos. Eu espero.

Só que aquela noite estava tudo muito estranho e eu não achei menos estranho quando reconheci aqueles cabelos vermelhos.

Ela estava sentada no banco alto do balcão do bar, provavelmente aguardando alguém. Quem mais poderia ser, senão um charmoso herói pseudo aposentado?

Rachel estava usando um vestido preto e sandálias douradas. Nesse momento eu me peguei pensando no porque ter saído de casa usando minha pior calça jeans e camiseta roxa velha de gola esticada.

Ah! É mesmo, eu não lavei a roupa.

É normal sentir as mãos suarem e uma inquietação na barriga? Ou era somente um sinal de que eu estava com calor e fome? Certo, me aproximei dela, olhando em volta, imaginando que mais alguém poderia estar ali. Mas, para alegria ou tristeza, ela estava sozinha.

Então eu fiz o que qualquer pessoa faria: Fingi que não a vi.

Sentei em um banco mais afastado, olhando atentamente para o cardápio, interessado na sopa de mariscos, quando ouvi meu nome ser chamado. Eu girei a cabeça, parecendo distraído, então ela sorriu para mim e eu retribuí o sorriso, tentando não parecer muito teatral.

— Rachel! Que surpresa. O que faz aqui? — Me levantei e sentei mais perto dela. Trocamos um abraço apertado e depois de aguardar alguns minutinhos, fomos levados até uma mesa disponível para dois, perto do aquário.

— Me conta o que você anda fazendo. — ela segurou o cardápio, deu uma olhada rápida e fez o pedido como se já soubesse o que iria querer. Eu pedi a sopa de mariscos. Foi a primeira coisa que me veio a cabeça. Fiquei nervoso, acontece.

— Estou estudando Direito. E trabalho meio período em um escritório.

— Uau. — ela jogou os cabelos para o lado e segurou o queixo com as mãos, apoiada na mesa. Não sei se é o tempo ou a minha semana de recordações do passado, mas Rachel parecia mais bonita do que nunca. — Quem diria que Percy Jackson iria estudar direito. Estou contente.

— Mas e você? Não nos vemos há um bom tempo.

— Três anos. — É, três anos. Vou confessar de uma vez para vocês. Minha relação com meus amigos não está mais como antes. Imagino se não éramos unidos por uma aura de perigo constante. E quando essa aura se desfez, cada um seguiu seu caminho.

— O que você anda fazendo? Ainda trabalhando como vidente nas horas vagas?

Ela gargalhou, enquanto o garçom servia nossa bebida.

— Acontece que eu estou aqui justamente por isso. — ela bebeu um gole do vinho, olhando distraída para o aquário. Eu fiz uma graça, coisa de filho do mar, e fiz os peixes darem um showzinho para ela.

Deu certo, Rachel riu bastante.

— O que quer dizer estar aqui justamente por isso? Aconteceu algo?

— Sim, mas nada muito sério. Não se preocupe, nenhuma profecia com demônios, morte ou meio-sangue com escolhas temíveis. — ela segurou o guardanapo sobre a mesa, parecia que estava enrolando para dar a notícia. Mas se não era nada grave, então... — Annabeth se casou esse final de semana.

— Uau.

Espera, o que? Definitivamente eu não sabia o que dizer ou o que fazer. Rachel estava sentada na minha frente, fazendo uma cara de piedade, como se estivesse assistindo um cachorro ser capturado pela carrocinha.

— Você não vai me perguntar com quem ela se casou?

— Eu deveria? — Resolvi experimentar minha taça de vinho. Parecia ótimo, mas fraco. Pedi para o garçom trazer algo melhor. Tomei um gole da bebida, respirei fundo e falei. — Vejamos... eu não vejo Annabeth há seis anos. A última conversa que tivemos foi sobre uma caneta. Isso mesmo, eu peguei a caneta dela que caiu no chão, ela agradeceu e foi embora. Então eu te pergunto... porque você veio aqui me contar que Annabeth se casou?

— Percy, me desculpe. — Que ótimo, Rachel estava tão vermelha que parecia ter exagerado na maquiagem. Todos estavam nos olhando, e eu percebi que estava falando mais alto que o necessário.

— Desculpe. Só não entendo o que está acontecendo aqui.

— Ela quem me pediu para te contar.

— Poderia ter me mandado uma mensagem de Íris. Acho que não precisava cruzar o país para me contar algo do tipo.

Ela crispou os lábios, e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. Rachel usava brincos de diamantes. Eu sabia disso porque Hazel era boa em fazer essas belezinhas saltarem da terra. Após dominar seu poder, felizmente as pessoas não morrem mais. Embora a ideia de fazer uma joalheria tenha sido vetada.

— Eu decidi vir aqui porque queria ver como você estava. Conversar. Mas acho que me enganei. — ela se mexeu na cadeira. — Sinto muito por isso.

— Não! Espera. Não vai embora. Me desculpe, eu fui um idiota. Assumo a responsabilidade. Mas fica.

Rachel pensou alguns instantes, e enquanto todo mundo voltava a prestar atenção em seus pratos, ela sentou-se novamente.

Nós jantamos e ficamos conversando. Recordando histórias do passado, algumas que compartilhamos. Ela me contou por exemplo que se formou em Artes e fez até doutorado.

— Então estou falando com a Doutora Rachel Elizabeth Dare?

— Exatamente. Enquanto isso vou assistindo o futuro algumas vezes. — ela suspirou.

— Posso perguntar algo íntimo? — Rachel se ajeitou na cadeira, aproximando-a mais perto da mesa. Pedindo para eu perguntar. — Você se sente só? Essa coisa de oráculo, ver o futuro, essas coisas.

— Eu... — Rachel milagrosamente ficou sem palavras. Eu fico na dúvida, mas quando uma mulher como ela não sabe o que dizer, talvez a coisa não seja assim muito boa. — Uma parte de mim é muito feliz, mas ultimamente eu tenho pensado em algumas coisas.

— O que por exemplo?

— No casamento de Annabeth... — ela tampou a boca com o guardanapo. — Me desculpe, sei que prometi não falar mais nisso.

— Tudo bem, pode falar, eu supero. — Movi as mãos, pedindo para ela prosseguir, mas foi aí que gentilmente o gerente do restaurante nos expulsaram de lá porque já iriam fechar. — Que tal conhecer o apartamento de um futuro advogado?

— Acho uma boa ideia.

Ok! Vamos lá.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que muita gente gosta de Percabeth, mas eu não gosto e nunca vou gostar heheheMas eu adoro as outras possibilidades e os e se do Percy :D;*



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