Gohan continua em busca da pessoa que tanto havia chamado sua atenção. Ele sobrevoa o local confuso, sem entender muito bem como ela havia sumido tão rapidamente. Ele vasculhava com os olhos sentindo o Ki dela.

– Como é rápida! Não é possível... Já até saímos da cidade! Ei... – ele a vê embaixo de uma árvore em um campo próximo a cidade.

O lugar havia muitas árvores, onde o vento soprava fazendo com que as folhagens batessem uma nas outras. Então ele pousa atrás da árvore em que ela estava.

– Por que está chorando? – pergunta Gohan saindo de trás da árvore.

– Ã??? G-Gohan? É você? Eu já disse que não quero te ver! - reconhecendo a voz, Videl se vira assustada. Ela estava irritada retrucando, e por conta disso não pôde reparar na presença dele.

– Hã... Sim e não. Ei, por favor, acalme-se. – diz ele em um tom gentil se aproximando dela fazendo um sinal com a mão “para parar”.

– Quem afinal é você?! - Videl estranha a aparência e a forma de falar dele, então se afasta um pouco.

Gohan fica perdido em seus pensamentos durante um tempo. Olhando para ela, ele relembrava da catástrofe em que havia visto a Videl de seu tempo.

– Senhorita Videl, certo? – fala sentando-se na grama de frente para ela.

– O que quer de mim? Você não respondeu minha pergunta.

– Aaah... Nada... – ele desvia o olhar sem jeito – Apenas a vi chorando e fiquei preocupado.

Videl fica sem palavras.

– Ah, desculpe, permita-me apresentar. Eu me chamo Son Gohan e venho de uma realidade alternativa.

– Realidade alternativa?

– Sim... Nunca ouviu falar?

– Aaam... Tecnicamente não.

– O que aconteceu, senhorita Videl?

– Ah, não é nada demais, é apenas o idiota do Gohan...

– Idiota do Gohan...? – ele arqueia uma sobrancelha ficando sério.

– Ah! M-Me desculpe, você é ele! Não, quero dizer, tem o mesmo nome e pai e... Ah, esquece.

– Entendi.

– É que me separei dele ontem... – ela suspira entristecida, desviando o olhar enquanto vira o rosto.

– Mas... Vocês não eram casados?

– Noivos, pra falar a verdade. Não chegamos a nos casar.

– Ah sim... Entendo.

– Desculpe se serei grossa, mas... O que aconteceu com o seu braço?

– Aaah... – ele olha aonde deveria estar o braço esquerdo. – Eu o perdi em uma batalha contra os androides, protegendo Trunks usando meu corpo como escudo.

– N-Nossa! Quanta coragem! Então é por isso que está todo ferido? Você luta com esses tais androides sempre?

– Infelizmente sim...

Os dois iniciam uma longa conversa, onde ele conta à Videl toda sua história, deixando-a chocada, com pena e até mesmo com raiva.

– Isso é tão injusto! Como pode haver realidades tão diferentes?!

– Tive a mesma reação que a senhorita.

– Ei. – ela coloca a mão sobre a dele, o fazendo olhar em seus olhos. – Pode me chamar apenas de Videl.

– T-Tudo bem... Videl. – ele fica corado e com um leve sorriso bobo. – Bom... Hã... Eu fiquei sabendo que aqui na sua realidade, o seu pai salvou a Terra de uma espécie de androide supremo... Bell, Mell, Cell... Algo assim. Você poderia me dizer como ele é? Se eu o encontrar em minha realidade, talvez ele possa derrotar os androides que assolam o meu tempo!

– Err... Meu pai?! Aaaam... O-o-o-o meu pai é... Um homem parrudo, não muito alto, tem o cabelo preto e armado, um bigode exagerado... Aaaam... Que mais? Ah! Ele gosta de usar sempre uma capa branca e desfila e se gaba com o seu cinturão de campeão... Sim, ele adora aparecer! Mas... Sinceramente acho que ele não ajudaria em nada, vai por mim.

– Sobrevoei um dos maiores campo de refugiados e ainda não encontrei o seu pai. Acho que... Em meu tempo, ele já foi derrotado... – Gohan fica pensativo e acaba se lembrando da Videl de seu tempo ter lhe dito algo do tipo.

– S-Sério?

– Droga! Trunks e eu teremos que continuar essa luta sozinhos pelo visto. Agradeço pela sua informação, Videl.

– E eu? Você nunca me viu por lá?

Gohan desvia o olhar coçando a nuca lentamente.

– Houve uma vez... Quando eu consegui escapar dos ataques dos androides logo após eles destruírem uma cidade inteira... Encontrei uma garota chorando ao lado do corpo da mãe. Aaam... – ele fica em dúvida se conta ou não que era mesmo ela - Pensando melhor... Aquela garota se parecia bastante com você...

– M-Mamãe? Então no seu tempo ela não morreu quando... – ela fica um pouco confusa -... Eu era apenas uma menininha? N-Nossa... De certa forma fiquei com um misto de felicidade e tristeza... Gostaria de lhe ajudar em algo.

– Me ajude aproveitando a sua vida. Viva na felicidade!

– Infelizmente não está sendo tão fácil aproveitar a vida na mais pura felicidade... Mas meus problemas comparados aos seus, não são nada. – Videl cruza os braços, abaixando a cabeça emburrada.

– Espero que o Trunks do seu tempo não tenha que lutar por desespero, e sim por esporte! Inclusive, espero isso para todos vocês. Acho que... É melhor eu ir...

– M-Mas... – Videl descruza os braços olhando um pouco surpresa para ele - Já está de partida?

– Está ficando tarde, devo voltar... O Trunks já deve estar preocupado. – ele se levanta e limpa a roupa batendo a mão sobre ela.

– Você... Voltará?

– Partirei por hora, Videl. Talvez, quando a máquina do tempo recarregar daqui uns dias ou meses... Não sei... E se as coisas estiverem calmas como hoje... E... Se eu estiver vivo até lá... Eu... Eu possa visita-los novamente!

Videl fica séria, visivelmente preocupada.

– Não diga uma coisa dessas... Você estará vivo sim, sei que conseguirá derrota-los um dia! Eu... Ficarei torcendo por ti...

– Cuide-se Videl, prometo que irei vingar sua família na minha realidade! – Gohan sorri confiante.

Videl assinta com a cabeça voltando a ficar com o semblante entristecido, porém com um leve sorriso.

– Ficaria feliz se os vingasse. Obrigada Gohan.

– Mas por favor, aproveite a paz e a felicidade que tem, está bem?

– Está bem... Esperarei por sua volta ansiosamente... – ela se cora levemente enquanto fala.

– Fiquei sem visitar algumas pessoas que gostaria, mas valeu a pena... – Gohan diz tirando do Gi a cápsula e logo a armando.

– Tentarei fazer o que pede... Gohan. – ela fica corada com o que ele diz.

A máquina aparece e Gohan voa para dentro dela.

– Bom... Viva na felicidade... E... Até algum dia!

– Boa sorte! – Videl acena observando a máquina começando a voar e logo sumindo no céu.

Ela fica um tempo observando o céu, na direção em que Gohan havia desaparecido.

– O que... Está acontecendo comigo? – Videl fica confusa levando uma mão na lateral do rosto. – O que foi que aconteceu aqui? P-Por que... Eu fiquei assim perto dele? Ele é o Gohan! Mas... Diferente. Arrrg! Ora Videl, o que está acontecendo com você?! Por que ele me deixou sem jeito com tanta facilidade? I-Isso não faz sentido!

Ao começar a se levantar, Videl repara em um objeto caído no gramado.

– Huh? Uma cápsula? Mas é do que? – diz ela estranhando enquanto pega.

Videl arma a cápsula jogando ela pra longe. Em seguida aparece uma nave.

– M-mas isso é... Isso é idêntico à máquina do tempo do Gohan! – ela fica abismada. - Ele deve ter deixado cair e não percebeu! E-E agora? – Depois de alguns segundos preocupada, aparece um leve sorriso em seu rosto. - Vou guarda-la... – ela faz a máquina virar cápsula novamente, com o pensamento longe. Ela ficaria muito feliz em “vê-lo” mais uma vez...

Será que Gohan irá perceber que deixou uma cápsula cair do Gi, enquanto pegava uma delas?