Sonhos, o melhor amigo de uma garota cheia de sentimentos ou seu pior inimigo.

Pode ser seu melhor amigo por trazer alguém que ela gosta pra perto e talvez até alguma paixãozinha que não tem coragem de admitir. Mas, seu pior inimigo porque nem sempre os sonhos são bons, ele pode fantasiar que a pessoa que a garota mais odeia, esteja apaixonado (a) por ela.

Eu, por exemplo, tenho a sorte de ter sonhos muito doces...

Flashback ON

- Cadê a vaquinha da Tereza? – Esbravejei para uma amiga.

- Calma... Aliás, quem é Tereza? – Perguntou Milena.

- Ah, sabe a Odeio Amar Você? Aquela fanfiction que eu faço propaganda pra você all time? Aliás, acho que eu vou cobrar cachê da Sarah por isso... Mas então, Tereza é uma garota que eu conheci por culpa da fanfic e tipo ela é uma vaquinha e eu amo ela. OLHA O QUE VOCÊ VAI PENSAR MILENA!

- EU NÃO IA PENSAR ATÉ VOCÊ FALAR DESGRAÇA. – Como de costume, ela me ameaçou. – VOU ENFIAR TUA CABEÇA NUM BALDE, ISADORA!

- AH PEGA NO MEU PAU DIABÉTICO.

Olhamos-nos, bravas uma com a outra e um segundo depois, começamos a rir como duas idiotas, como se tivéssemos visto alguém caindo.

                - Mas então, o que você quer com a Tereza?

                - Nada, só encher o saco. Porque Tereza É Tereza, sacas?!

                Milena fez cara de “Aham, claro.” O típico “Sorria e acene”  de pessoas que não entenderam o que aconteceu mas, só pra não te deixar no vácuo, fazem uma careta.

                - Sério, se você morasse lá no Ceará ou ela aqui, certeza que vocês iam se pegar todos os dias. Vocês podiam até namorar.

                - Huum... Talvez... Quem sabe.

                O dia passou bem rápido até. Na hora do intervalo, eu estava conversando com uma amiga minha – também de outro estado – sobre a vaca da Tereza, que não me respondia e a garota simplesmente, surtou.

                “VOCÊ AMA MAIS ELA QUE EU.” “VAI FICAR COM ELA, VAI.” “TCHAU, VAI FICAR COM A TEREZA ENTÃO!” E simplesmente, parou de falar comigo. Eu nem falei nada, a garota dá um piti desse tamanho sem motivo e EU que vou correr atrás? Haha, não mesmo.

                O aniversário de Tereza estava chegando. Eu realmente, não fazia a menor ideia do que dar pra ela. E então, como boa cara de pau que sou, perguntei pelo whatsapp.

                Torres: “Hey, o que você quer de aniversário?”

Tereza: “Quem disse que é pra dar alguma coisa u.u?”

Torres: “Cala boca, o que você quer? Sério.”

Tereza: “Um beijo?!”

Um beijo? Sinceramente, às vezes eu tenho vontade de socar ela. Como ela quer um beijo se eu moro em São Paulo e ela no Ceará? Prefiro nem comentar sobre isso, porque né?!

Mas sabe que... Minha tia, sempre quis me levar pro Ceará, Pernambuco e etc... Ah, quem sabe...

Disquei rapidamente o número de minha tia.

- Alô?

- Oi Tia.

- Oi, Dó.

Sim, minha tia me chama de “Dó”, broxante não é mesmo?! Eu sei que é.

- Tia, lembra a viagem pro Nordeste que tu queria fazer?

- Aham. – Respondeu, e pude sentir uma certa empolgação em sua voz.

- Vamos faze-lá?

- CLARO! – Gritou de entusiasmo do outro lado.

- Mas hey, com uma condição. Dia 21 é aniversário de uma amiga minha e ela mora no Ceará e eu quero visita-lá.

- CLARO, CLARO. VOU LIGAR AGORA PRO AEROPORTO, TCHAU.

- Tch...

É, ela desligou na minha cara.

Bom, cinco minutos depois, ela retornou minha ligação. Avisou-me que já havia reservado as passagens e que pegaríamos o avião dia 20. Destino: Ceará.

Chegando no dia, minha tia fez questão de chegarmos duas horas antes do EMBARQUE só pra garantir. E Deus, foram duas horas extremamente entediantes.

Quando finalmente entramos no avião, minha tia começou a falar tanto, mais tanto que eu até cheguei a pensar em colocar meus fones e deixa lá falando sozinha mas também pensei que seria MUITA falta de educação, ainda mais por ela estar me levando pra conhecer Tereza.

“SENHORES PASSAGEIROS, COLOQUEM O CINTO. A AERONAVE VAI DECOLAR.”

No momento em que essa maldita mulher anunciou que a aeronave ia decolar, eu realmente desejei que ela morresse.

Coloquei meu cinto, e agarrei a poltrona.

- Dó? Você tá bem? – Perguntou minha tia, não à respondi. – Dó? Você me escutou? Você está bem?

- Daqui a pouco eu respondo.

O nariz da aeronave embicou para o alto e decolamos Olhei pela janela, vendo o planeta encolher abaixo de nós, e foi então, que finalmente, relaxei minhas mãos e deixei de apertar a poltrona.

- Nós. Estamos. Voando. – Falei pausadamente, tentando me recuperar de meu quase surto psicótico.

- Você nunca andou de avião antes?

- TIA, EU TENHO MEDO DE ALTURA! QUE DIABOS EU IRIA FAZER NUM AVIÃO, MULHER?

Eu juro que achei que ela fosse virar um tapa monstro na minha boca mas, não. Tudo o que ela fez foi rir. Talvez pelo motivo de que quando eu grito, minha voz sai fina. Tão fina, quanto a voz de uma pessoa que nasce com a Síndrome do Gato Miado.

(Nota: Síndrome do Gato Miado: Número errado de cromossomos nas células das pregas vocais, onde são pressionadas e  quando o ar passa por elas, produz um som como o de um apito, deixando a voz extremamente fina.)

A viagem foi longa e cansativa, minha tia não parou de falar um segundo, nem mesmo para tomar um copo d’água.

Chegamos no hotel, tomamos banho e fomos dormir.

No dia seguinte, pedi o endereço de Tereza para “mandar seu presente”, assim que ela me passou ajustei no GPS e parti para sua casa.

Chegando lá, toquei a campainha e esperei. Dona Katia apareceu. (Mãe de Tereza, a reconheci por causa de fotos.)

- Pois não?

- Oi, a Tereza está?

- Talvez, quem é você?

- Uma amiga da escola, vim falar com ela sobre um trabalho de Literatura.

- Claro, vou chamá-la.

A mulher entrou em casa e pude escutar gritos abafados dizendo: “TEREZA, TEM UMA AMIGA TUA AQUI.” “TÁ, MÃE.” Ela voltou para o portão e disse que Tereza já estava vindo e deixou que eu entrasse no quintal.

E então, segundos depois, Tereza apareceu.

- ISA! – Ficou chocada ao me ver, ali parada.

- SURPRESA!

Andou até mim e abraçou-me.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH VEM CÁ QUE VOCÊ VAI ME CONTAR T-U-D-O! – Disse apressadamente, logo em seguida me puxando pela mão escada a cima.

Sempre achei que Tereza fosse tarada mas não a ponto de eu chegar na casa dela e ela já ir me puxando para o quarto mas, melhor assim.

Entramos em seu quarto, ela me “deixou” logo na porta dele, e foi até perto de sua cama. Enquanto ela concluía seu percurso, fechei a porta lentamente atrás de mim.

Andei até ela – que ainda estava de costas - peguei em sua cintura, a “girei”, virando-a de frente para mim, a encostando no guarda-roupa e selando nossos lábios. Um beijo intenso, cheio de vontade, o tipo de beijo que realmente vale a pena, o qual ela respondeu a altura.

Separamos-nos por falta de ar. (Porque esse maldito resolve faltar nas horas mais impróprias.)

Ambas com os lábios vermelhos.

- Meu Deus... O que foi isso? – Perguntou “atordoada”.

- Você disse que queria um beijo de aniversário, não é mesmo?

Flashback OFF

Ai ai, foi tudo tão bom. Pena que tenha sido apenas um sonho.