Teresa Lisbon

- Eu sonhei com... – E agora, o que eu faço? Não posso contar pra ele que eu sonhei com ele, mas se eu mentir, ele vai saber... Como é que eu fui entrar no jogo dele? Droga! – Sonhei com...

- Com...?

- Eu não posso te contar!

- Por quê?

- Por que você vai achar que eu sou louca – “se é que já não acha” completei mentalmente

- Ah, vamos Tess... Eu prometo que não vou achar que você é louca

- Promete que não vai rir?

- Prometo!

- Eu sonhei que era uma princesa – não era totalmente mentira, eu só não contei que ele era o meu príncipe e que me dizia que me amava...

- Não foi um sonho, querida... – ele se aproximou mais de mim e pôs suas mãos em meus ombros – Você é uma princesa! – ele se aproximava cada vez mais o rosto dele do meu, mas eu não podia deixar ele me beijar... Isso ia estragar todo o meu plano de fazer ele me reconquistar. Por outro lado ele também poderia se cansar e desistir de mim... Ai... O que eu faço agora?

Com os olhos praticamente fechados, aproximávamos mais os rosto, até que ouvimos um grito e nos afastamos abruptamente.

Eram os casais de adolescentes que começaram a correr na praia, brincando de “pega-pega”.

- Crianças... Aparecem sempre na hora errada – disse Patrick olhando de volta pra mim.

- Eu estou com fome... – eu disse trocando de assunto

- Tudo bem... Aonde você quer ir almoçar?

- Podemos comer frutos do mar, já que estamos aqui perto... O que acha?

- Leu minha mente! Você precisa parar de fazer essas coisas... – brincou – Eu odeio quando você faz isso! – ele me imitou eu apenas sorri

Caminhamos até o carro, mas antes de entrar Patrick fez sua última jogada:

- Se você era uma princesa, então quem era seu príncipe? – eu fiz de conta que não ouvi e entrei no carro. Droga! Ele provavelmente já sabia de tudo... Que coisa, não dá pra esconder nada desse homem?

Já no restaurante, fizemos nossos pedidos e Patrick sugeriu uma brincadeira.

- Brincadeira? – eu perguntei – Que tipo de brincadeira?

- É assim: você escolhe qualquer coisa que você possa ver, me diz que cor é e eu descubro o que você viu. Depois eu faço o mesmo com você, o que acha?

- Pode ser...

- Tudo bem, você começa!

- Eu vejo uma coisa... Hum... Azul!

- É o oceano? – eu fiz que não com a cabeça – O céu?

- Não...

- Teresa Lisbon, me paquerando... São os meus olhos?

- O que? Claro que não! – Da onde veio isso? Ele realmente acha que eu estou paquerando ele, ou ele só fez isso para me deixar vermelha? – era a placa do banheiro masculino...

- Ok então... Minha vez! Eu vejo uma coisa vermelha.

- É a placa do banheiro feminino?

- Não! Use a criatividade... Na verdade, nem precisa ir muito longe. A coisa vermelha a qual eu me referi está bem perto de você...

- Bem perto de mim? – comecei a olhar para a mesa, mas não havia nada de vermelho lá... Foi aí que eu me lembrei: eu estava vermelha por causa do comentário do Patrick – Ah... São minhas bochechas?

- Viu? É bem fácil! – ele riu, e, se é que era possível, eu fiquei vermelha de novo.

Nunca um garçom chegou em hora mais oportuna, entregando nossos pedidos e, para a minha felicidade e alívio, nos tirando do assunto e da brincadeira boba do Patrick.

Acho que além do garçom, Patrick percebeu que eu não tinha gostado da brincadeira, então não tentou entrar de novo nela. Ao invés disso, conversamos sobre os mais variados assuntos, e Patt sempre tentava me fazer responder aos flertes dele, mas eu conseguia não responder, na maioria das vezes. Quando o almoço acabou e fomos embora do restaurante, perguntei para Patrick aonde iríamos, mas ele fez de conta que não me ouviu, então eu perguntei de novo, só que mais alto desta vez, ele apenas olhou pra mim e disse:

- Surpresa!

Que raiva! Com isso ele me fez ficar ansiosa e animada pelo o que vinha a seguir. Como ele consegue tirar de mim as sensações que eu mais tento esconder? Primeiro foi eu me apaixonar por ele, o que eu sei que é loucura, depois querer ficar perto dele, e agora isso... Que raiva Patt!

- Não fique nervosa Tess... Você vai gostar! – E ainda tenho que aturar ele lendo meus pensamentos toda hora...

Ele me levou até uma sorveteria e me disse para esperar porque ele iria trazer meu sorvete, e eu ainda não sei o porquê de eu me espantar tanto, pois quando Patt voltou, trouxe meu sorvete favorito, e com os condimentos que eu mais gosto também! E não foi o mesmo sabor que eu tomei no parque quando eu ainda estava sem memória.

- Como você sabia?

- Tess, você só acha que eu não sei tudo sobre você! Mas eu sei...

Apenas sorri, não queria que ele entrasse em nenhum assunto delicado que ele tivesse que me provar que estava certo... Vai saber o que ele vai falar que sabe sobre mim.

Quando acabamos o sorvete, ele me levou até uma loja de grife famosa e também muito cara.

- Preciso que escolha um vestido para hoje à noite... – ele disse

- Aqui? Patt, eu não posso pagar! É quase meu salário inteiro em só uma carteira!

- Não se preocupe com isso, ok?! Escolha um vestido e vá provar! – o que ele estava pensando?

Não perguntei, apenas obedeci. Incrível, todos os vestidos que eu gostava eram os mais caros.

- Gostou desse, não é? – ele apontou para um dos vestidos que eu mais tinha gostado: preto e dourado como estampa de leopardo, um pouco acima do joelho.

- Sim, mas é muito caro!

- Já não disse para não se preocupar com isso? – ele pegou o vestido – Aqui, vai lá provar!

O que está acontecendo aqui? Patrick está querendo me dar um presente? Fiz uma cara de confusão pra ele, mas ele parecia nem se importar.

Entrei no provador, troquei as minha roupas pelo vestido e ficou simplesmente lindo! Perfeito! Fiquei paralisada...

- Tess? Tudo bem? – ele perguntou e eu saí do provador – Oh meu Deus – parecia que o queixo dele ia bater no chão – Ficou... Oh meu Deus!

- Não ficou bom? – eu sabia que tinha ficado e que ele tinha gostado, mas eu queria ouvi-lo falar.

- Ficou perfeito! Lindo... Você está... Maravilhosa!

- Obrigada, mas... Eu não vou levar...

- Por quê?

- É muito caro! Dá pelo menos uns 3 salários meus inteiros.

- Teresa Lisbon, eu já não disse pra senhorita não se preocupar com isso? Claro que vamos levar! Eu vou esperar aqui enquanto você se veste, ok?! – eu assenti com a cabeça e voltei para o provador.

Quando saí do provador, Patt já tinha pagado pelo vestido e estava me esperando para irmos embora. O que será que ele está aprontando?