A Ultima Fuga 2 escrita por DM


Capítulo 17
Uma Viagem Inesperada parte 3


Notas iniciais do capítulo

Estou sentindo falta dos comentarios



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No dia seguinte, enquanto navegavam por águas mais tranquilas, o barco foi consertado em Gibraltar, e tinham percorrido trinta e seis quilômetros em direção a Tânger.

Spencer Havia contado a Emily as razões por que Lorde Palmerston desejara que visitassem Tanger.

– Acha que poderemos descobrir a verdade? - perguntou Emily, horrorizada com a ideia de que mulheres brancas estavam sendo embarcadas como escravas para um país estrangeiro.

– Não há nada que possamos fazer só colher informações -respondeu Spencer- você vai ficar na embaixada, e levar uma agradável vida social. Eu me encarregarei de toda a espionagem que for necessária.

No entanto, quando encontraram Sir Jake Drummond Hay, este tinha planos muito diferentes.

– Estou satisfeito que tenha podido vir, Hastings- Sir Jake, cumprimentando Spencer- E Lady Emily, é mais que bem-vinda. Creio que achará a vida em Tânger muito aborrecida. Não podemos ter muita vida social nesta situação. O país está infestado de ladrões e bandidos.

Sir Jake era amigo da família Hastings desde a infância.

– É tão grave assim?- perguntou Spencer

– Grande número de jovens europeias foram mortas ultimamente. Isso causou um êxodo geral de esposas e filhas dos nossos oficiais. Elas não queriam se arriscar- diz Sir jake

– Também não vou permitir que minha esposa se arrisque- falou Spencer com firmeza.

Emily achou que Sir Jake pareceu desapontado. Então, perguntou, depressa- Deseja que eu faça alguma coisa?

– Não, se sua esposa não consentir-replicou Sir Jake

– Do que se trata?- indagou Emily

– Eu esperava - respondeu Sir Jake- que visitasse a Sultana, mãe do Sultão Natan Moulay el Zazat, em seu kasbah.

Sir Jake olhou para Spencer enquanto falava. E apressou-se em prosseguir- Sei que não existe perigo lá. E, na verdade, já informei à Sultana que Lady Emily gostaria de ser sua hóspede.

– Então, eu devo ir- concordou Emily. Vendo o Spencer enrugar a testa, ela acrescentou- Isto é, se minha esposa não proibir que eu vá. Mas, seria de grande interesse para o meu livro.

– Está escrevendo um livro?- interrogou Sir Jake

– Estou colecionando lendas, contos folclóricos e populares- explicou Emily- Gostaria muito de ter alguma coisa de Marrocos.

– Vai ouvir muitas histórias em Tânger e em todos os locais deste país - Sir Drummond sorriu- Em geral, são lendárias, mentirosas. Mas de qualquer maneira, muito interessantes... embora possam ser forte para uma dama inglesa.

Olhou significativamente para o Spencer.

–Fale-me sobre o Sultão Natan Moulay el Zazat - sugeriu Spencer

– Ele parece encantador. Sente-se prazer em conhecê-lo -disse Sir Jake- A maioria das européias é fascinada por ele. É extremamente bonito e educado. Mas os casos que contam sobre ele, embora não se possa acreditar totalmente neles, não são agradáveis.

Spencer não pediu mais detalhes- Onde fica seu território?

– Uma parte alcança as muralhas da cidade - explicou Sir Jake- Seu Kasbah é, na verdade, nos arredores de Tânger. De lá seu domínio se estende por centenas de quilômetros pela costa do Mediterrâneo. Ele sempre foi um rebelde. Agressivo, ambicioso, e provocador às claras do Sultão de Marrocos. Mas é muito poderoso para ser ignorado ou dominado com facilidade. Por

essa razão, é perigoso para aqueles que esperam reconstruir o país.

– Acredita que seja verdade ele estar comandando uma espécie de tráfico de escravas brancas, usando moças da Inglaterra?- interrogou Spencer

– Estou quase certo de que é verdade. Isso acontece há algum tempo, desde que cheguei a Marrocos. Mas, acreditar é uma coisa. Prová-la, é outra bem diferente. No caso do rapto da filha de Daventry, acho difícil acreditar. Mas, se a moça está viva, temos que fazer alguma coisa a respeito- diz Sir Jake

– Acha que pode estar morta?- diz Spencer

– No mês passado, um número bem grande de corpos de mulheres foi atirado ao mar- replicou Sir Jake- Seus rostos estavam mutilados ou comidos por tubarões. Não foi possível uma identificação. Também foram encontrados, no deserto, cadáveres de europeus. A explicação é, naturalmente, que foram raptados porque eram ricos. E assassinados pelos ladrões. Quem poderia atirar tais crimes sobre as costas do Sultão? Ninguém estaria preparado para jurar que ele estava envolvido nisso, de algum modo!

– Pelo visto, estamos em uma posição bem difícil- comentou Spencer.

– Na minha opinião, nossa única esperança é que Lady Emily que é uma desconhecida encontre alguma pista que leve à verdade. Isso, se ela visitar a Sultana. A Sultana é idosa, e segundo me disseram, muito interessante de se conhecer. Ela é meio francesa- diz Sir jake

– Quer dizer que minha mulher poderá conversar com ela em francês?- indagou Spencer

– Fui informado de que seu francês é bastante compreensível- diz Sir Jake

Spencer lançou um olhar para Emily. Elas tinham concordado, antes de desembarcar em Tânger, que nenhuma das duas confessaria que falavam árabe.

Conversa antes do Desembarque on

– Seria um erro -dissera Spencer- Não devemos parecer mais que simples turistas ingleses. Falaremos bastante sobre o interesse que você tem em reunir histórias e conhecer os costumes locais, para o seu livro. Além disso, estamos aqui em lua-de-mel. Temos interesse em ver as belezas e curiosidades de um país muçulmano.

Conversa antes do Desembarque off

– Vou gostar muito de conhecer a Sultana- disse Emily ao Encarregado de Negócios- Mas, enquanto isso, nos mostrará Tânger.

– Naturalmente, Milady -respondeu Sir Jake

Entraram em uma carruagem aberta, com batedores. Assim que a bagagem delas foi desfeita, elas mudaram os vestidos. O Encarregado de Negócios contou-lhe a lenda que dizia que a cidade fora fundada por Antaneus, filho de Netuno e da Terra. Como Hércules, tinha dividido a terra em dois continentes, onde o Mediterrâneo e o Atlântico misturavam suas águas.

–Tânger- disse Sir Jake- é o portão para Marrocos. Foi dominada por bizantinos, vândalos e árabes. Foi parte do dote de Catarina de Bragança, quando ela se casou com Carlos II. Mas em 1684 os ingleses a abandonaram aos mouros.

Emily estava interessada em ver as ruínas de mármore da primitiva cidade romana, Tingis. Queria apreciar a cidade de casas brancas de telhados planos, construídas em quadrados, na subida de uma colina dominando o porto, em contraste marcante com a profundeza azul do mar e do céu. Mas, acima de tudo, estava fascinada pelas pessoas coloridas caminhando pelas ruas estreitas. Ela viu os homens com túnicas brancas e albornozes pretos. As mulheres com véus que cobriam os rostos, com exceção dos olhos. Havia mulheres do Rife, usando vestes listradas de vermelho e branco, com grandes chapéus de palha decorados com borlas. Havia berberes, judeus, mouros e negros, todos usando vestimentas diferentes.

Emily gostou também dos minaretes, pequenas torres das mesquitas, recortados contra o céu, e que pareciam muito frágeis para sustentar o Imã, que chamava os fiéis para rezar cinco vezes por dia. Era tudo novo e fascinante. Ela estava certa de que o Marquês também achava a cidade muito interessante.

Sir Jake guiou-os ao redor de Tânger. Passando pela Embaixada, levou-os em direção norte onde, junto às muralhas da cidade cercada por torres, ela pôde ver um grande prédio, semelhante a um castelo medieval, cercado por palmeiras e oliveiras. Nas suas muralhas com ameias, os espaços entre os dentes erguidos eram bastante largos para que um rifle fosse apontado para eles.

– Esse é o kasbah do Sultão Natan Moulay el Zazat -disse Sir Jake

– Uma bela fortaleza! -exclamou Spencer

– Garanto-lhe que o Sultão tem seu próprio exército -respondeu Sir Jake- Além de soldados, possui uma coleção de criados, numerosa escolta, cavaleiros e eunucos é claro. Seu kasbah é uma cidade dentro de outra. Uma cidade inexpugnável, no que diz respeito aos seus inimigos. Este é somente um dos seus kasbahs. Há muitos outros em várias partes do seu domínio.

Emily examinou o prédio com interesse. Sob os altos pinheiros e oliveiras, havia um abrigo para grandes bandos de cabras pretas e brancas. Burros de pernas compridas estavam a grama verde. Ali, fora da cidade, havia um cheiro do deserto. O vento soprando através das areias, tornava o local desolado e, de certa forma, assustador.

Sir Drummond ordenou que o cocheiro desse a volta.

– Amanhã, enviarei Milady Emily ao kasbah. Pode ver que a muralha que o cerca abrange muitos acres. Disseram-me que os jardins são bonitos. Mas eu nunca os vi- diz Sir Jake

– Por que não? -perguntou Spencer

– Eles são privativos das mulheres do harém do Sultão -explicou Sir Jake- Estou interessado em ouvir a descrição de sua esposa, depois que ela visitá-los.

– Quantos espiões- perguntou Spencer- terá ele dentro do kasbah?

– Possuo algumas fontes de informação- replicou Sir Jake com frieza, como se estivesse ressentido por ser interrogado- Mas, não é fácil! Acontece, Hastings, que os homens sabem que serão decapitados por falar. Então, decidem que é muito mais simples e prudente guardar silêncio. O dinheiro, embora muito, torna-se inútil em uma sepultura!

– Compreendo- disse Spencer- Mas, sabemos que cada homem tem seu preço.

– É verdade- concordou Sir Jake

Enquanto Spencer e Jake discutiam o assunto, Emily pensava com ansiedade em sua visita do dia seguinte. Uma visita a um harém, tornaria seu livro único no gênero. Pararam no caminho de volta à Embaixada. Emily pôde visitar uma das lojas nativas.

O caminho era muito estreito. Tiveram que deixar a carruagem a alguma distância da loja. Dois criados de Sir Jake foram à frente abrindo passagem.

Os vendedores se curvavam em reverências, subservientes, ansiosos por vender. Mas bastante bem educados para não revelar uma pressa inconveniente. Entraram na loja que não era nada mais, pensou Emily, do que uma caverna aberta na muralha, e coberta por uma cortina de tecido brilhante e colorido. Então, depois que o café fora servido e tinham trocado cumprimentos, a vendedora exibiu suas mercadorias. Havia brocado bordado com ouro verdadeiro, sapatos habilidosamente feitos de couro, em bonitas cores. Havia pulseiras de prata ornamentadas com pedras preciosas, e colares de âmbar. E, ainda, o kholkal, um cinto de metal dourado usado ao redor dos quadris.

Emily ficou encantada com tudo. Spencer comprou o que ela desejava e ainda lembrou que tinha que comprar os presentes para a família o que Emily atendeu na hora.

–Só espero que o iate seja suficientemente grande para carregar todas as suas compras, quando voltarmos para casa- diz Spencer rindo

– Obrigada, muito obrigada!- agradeceu Emily empolgada- Nunca achei tão fascinante fazer compras! Amanhã vou explorar o principal bazar, que dizem ser ainda mais pitoresco.

– Vou providenciar para que vá até lá, Milady -falou Sir Jake- Mas, peço-lhe que não se aproxime das lojas ou tendas que não forem recomendadas por meus homens. Posso-lhe assegurar que o povo é muito astuto e perito em ludibriar estrangeiros. Às vezes, afirmam que uma mercadoria é genuína, antiga e decorada com pedras verdadeiras, quando não passa de bugiganga.

–Não me desiluda! -exclamou Emily- Estou fascinada por tudo

Spencer e Sir Jake riram.

Emily chegou ao seu quarto na embaixada. Olhou para fora, apreciando a praia dourada descendo para o azul anil do estreito de Gibraltar. Parecia-lhe que todo o Marrocos estava imerso em uma atmosfera que a fazia se sentir mais viva.

Emily ia dar as costas à janela, quando viu um movimento embaixo, no jardim da embaixada, banhado pelo sol. Um árabe estava de pé entre os arbustos. Quase fora do alcance de sua vista, mas ela podia ver a cabeça e o rosto dele voltados em sua direção. Tudo à volta do homem estava coberto Pelas flores vermelhas dos hibiscos. A pele dele parecia estranhamente escura, em contraste com o ambiente.

Vestia um albornoz preto. Era como uma sombra. No entanto, Emily pôde ver seus olho?

fixos nela. Um pouco embaraçada, Emily retirou-se da janela.

–O que aconteceu meu amor?- diz pergunta Spencer

–Um homem estava me olhando- diz Emily

Spencer foi para a janela e olhou para fora. Esperava ver o homem trabalhando no jardim. Mas ele tinha desaparecido e não havia ninguém no local.

–Emily querida vamos tomar mas cuidado- diz Spencer

–Eu sei- diz Emily

–Vou pedir para Caleb ficar de olho- diz Spencer

–Tudo bem meu amor- diz Emily

–Você tem certeza que deseja visitar a mãe do Sultão?- pergunta Spencer demonstrando preocupação

–Sim querida- diz Emily -Prometo que vou ter cuidado

–Não se esqueça você é minha vida- diz Spencer

–E você a minha- diz Emily

As duas se abraçam. Algo dentro do coração de Spencer dizia que este homem ainda causaria problemas.

Na manhã seguinte, Emily foi escoltada ao bazar por Caleb e por vários empregados da embaixada, que usavam uniformes com turbantes vermelhos e levavam ao peito o brasão inglês.

Gastou uma hora indo de loja a loja. Comprou tecidos e jóias, objetos de couro, e pequenos chinelos coloridos, ornamentados com pedraria e minúsculos pedaços de vidro.

Na última loja que visitaram, maior que as outras, Emily aceitou a inevitável xícara de café forte e doce. Bebeu, por educação.

Quando as mercadorias foram colocadas à sua frente e o vendedor se encontrava sentado com as pernas cruzadas, para arrumá-las, o dono da loja falou com polidez:

– A ilustre dama me daria a honra de visitar minha pobre casa, situada aos fundos desta loja? Há um pátio antigo e belo, que tenho certeza, merecerá a aprovação de seus ilustres olhos.

O Caleb replicou imediatamente- Eu não acho que...

– Oh, por favor! -interrompeu Emily- Deixe-me ver o pátio! Vai valorizar o meu livro. Deve ser muito bonito.

– Se é esse o seu desejo Lady Hastings- concordou Caleb sabendo que não adiantava discutir

Mas Perdita notou que ele estava inquieto, e que não era comum um dono de loja ser tão presunçoso.Todo sorrisos e reverências, o homem afastou para um lado as pesadas cortinas ao fundo da loja. Emily desceu uma curta alameda em direção ao pátio.

Era realmente tão bonito quanto ele dissera. Havia uma fonte que datava de muitos séculos, com lírios crescendo na bacia, e uma profusão de flores ao redor. Orquídeas, jasmins, trepadeiras de gerânios, todos coloridos, perfumando o ar com uma exótica fragrância.

Além das flores e da fonte cercando o pátio, havia pequenas janelas de grades, com pesadas cortinas. Emily teve a sensação de que estava sendo vigiada. Concluiu que o homem a trouxera até ali, para que as mulheres de sua casa a vissem.

Estava tão certa de que isso era verdade, que ergueu os olhos para as janelas e sorriu. Imaginou ver uma sombra atrás das cortinas. Contudo, podia ter sido apenas impressão. Era difícil ter certeza disso. Sentiu somente a sensação estranha de que podia ser vista por olhos invisíveis.

– É adorável. É mesmo adorável! – disse Emily ao dono da loja.

Ele se inclinou. Ao mesmo tempo, olhou para a janela que ficava acima de Emily.

– Sua esposa está nos vendo?- perguntou Emily. Eu gostaria de conhecê-la.

– A dama é muito amável- disse o homem.

Caleb, visivelmente aborrecido com o que acontecia, falou com insistência- Acho, Lady Emily, que devemos ir. Ou então nos atrasaremos para o almoço.

– Não devo me atrasar!- murmurou Emily- Sir Jake me avisou que teríamos convidados ao almoço.

– Nesse caso, devemos ir agora -falou Caleb, consultando o relógio- Acho também que Milady está cansada. E Milady tem um convite para o chá, esta tarde.

– Não vou esquecer- Emily sorriu.

Ela caminhou à frente, de volta à loja. As compras que tinha feito estavam prontas para serem colocadas na carruagem. Ela agradeceu novamente ao proprietário.

– Estou muito honrado por sua graciosa benevolência- diz Emily

O homem se inclinou- Que Alá esteja com Milady.

–Obrigada- respondeu Emily. Regressou através das passagens sinuosas do bazar, até onde se encontrava a carruagem da Embaixada, em uma pequena praça.

Nesse momento, viu um grupo de cavalos se afastando. Os cavaleiros estavam vestidos de branco. Mas usavam botas de couro cor de laranja, e um colete púrpura bordado.

Os cavalos eram magníficos, com a alta sela nativa e mantas bordadas.

– Quem são eles?- perguntou Emily, permanecendo de pé, imóvel, para olhá-los desaparecer.

Quando falou, o homem que cavalgava no centro do grupo, vestindo uma capa branca, virou o rosto para ela. Ela viu de relance as feições finas, uma pequena barba, olhos escuros, e uma presença autocrática. Depois, ele esporeou seu cavalo e se afastou rapidamente.

– Quem era ele?- perguntou Emily ao escudeiro.

– Tenho quase certeza -replicou o jovem- que era o Sultão Natan Moulay el Zazat.


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