O Beijo escrita por SamMCR


Capítulo 1
Begin Again


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma história sobre problemas psicológicos e o processo de como superá-los.

Espero que leiam e comentem ^^



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Fazia muito tempo que eu não me sentia uma pessoa normal. Na verdade nunca pude apreciar o fato de ter normalidade, pois quando você vive na normalidade você não a reconhece ou não a aprecia. Agora quando olho pra trás e relembro é como se eu visse a vida de outra pessoa e não a minha.

Não há nada tão traumático na minha vida que poderia classificara minha insanidade mental e a minha inabilidade de interagir socialmente como uma pessoa normal faz. Mas ainda assim, as pequenas coisas que me aconteceram me afetaram profundamente, me fazendo criar uma barreira para qualquer pessoa que quisesse se aproximar.

Quando um garoto tentava se aproximar automaticamente eu o repelia, por mais que eu gostasse dele, pois eu tinha uma tendência a ficar obcecada. Mesmo que eles nunca tivessem me prometido nada eu me sentia usada, traída e tão atrasada na vida,.

Descobri então que o amor platônico era uma maneira de me apaixonar que não era tão dolorosa. Era perfeito, idealizado e nunca poderia acontecer e por isso nunca iria me decepcionar.


A vida rapidamente se tornou vazia. E fazer as coisas mais normais do mundo se tornaram impossíveis. Procurei ajuda, tomei remédios e conversei com uma psicóloga, mas nada poderia mudar. Afinal a única coisa que tinha que ser mudada era eu.


Mesmo depois que deixei os tratamentos a cada oportunidade eu me perguntava “o que a minha psicóloga diria?” e eu sei que ela diria para eu tentar, e foi o que eu fiz.

Conheci uma diversidade de pessoas, de lugares e de modos de vida. Mas sem nunca ter visto uma grande mudança em mim até aquele dia


Ele era um tipo de cara que eu não costumava idealizar. Eu costumava gostar de garotos muito inteligentes e bonzinhos, do tipo que não te machucaria a não se que você implorasse por isso. Ele era o oposto disso.

Ele era do tipo que tinha uma aparência intimidante, mas com um jeito tímido e gentil que te enganam facilmente. Ele tinha cabelos negros e compridos apontando para todos os lados em contraste com a pele pálida, usava um piercing na boca e tocava em uma banda de rock.


Ele disse que achava a minha voz bonita, mas nunca achei que ele estava tentando dar em cima de mim. Pela expressão dele ao me ver conclui que ele não havia me achado bonita, tínhamos uma diferença de idade significativa e eu sabia que ele era comprometido.


Ele havia sido muito gentil o tempo todo, muito fácil de se conversar e me acompanhou durante todo o caminho da volta. Eu disse tchau e me aproximei para dar um beijo no rosto. Por um momento achei que ele estava tentando desviar o beijo para a boca, mas quando o abracei brevemente pensei o quanto nada a ver aquele pensamento era.


Mas quando me afastei ele segurou o meu braço, e eu fiquei sem entender. Até que eu finalmente percebi que ele realmente estava tentando aproximar os lábios dele dos meus. Como um reflexo pretendi afasta-lo, impedi-lo e dizer-lhe que eu não era esse tipo de garota. Mas depois eu pensei “what the hell?” não é como se isso significasse alguma coisa, não é como se ele ser comprometido fosse problema meu. E eu percebi que queria que ele me beijasse.


Controlei a minha ansiedade e deixei que ele me guiasse naquele beijo, deixei que ele se aproximasse. O beijo dele era calmo e envolvente, uma das minhas mãos estava no ombro dele e achei estranho quando meu dedos encontraram seu cabelo, assim como também era novo ter um piercing entre as nossas bocas. Ele se afastou para se movimentar durante o beijo, e nesse ponto uma vez eu já havia mudado de idéia, mas dessa vez me mantive firme. Eu o deixei me beijar novamente e eu correspondi. Quando ele se afastou eu me afastei também e apenas disse “tchau”.


Aquele beijo não significava nada. Eu mal o conhecia, não tinha qualquer tipo de sentimento em relação a ele. Ele tinha uma namorada e mesmo assim estava me beijando. Bebia, usava drogas e não trabalhava. Ele era totalmente errado para mim. E estranhamente isso foi o que o fez ser o certo para aquele momento.


Aquele beijo não significava nada. E por isso mesmo significava tudo.


Significava que eu poderia deixar as pessoas se aproximarem, sem medo de me obcecar, sem medo de vê-las ir embora, sem medo que elas me decepcionassem. Significava que nem tudo tinha que significar alguma coisa. Que isso não significava que ele ou eu fossemos pessoas ruins. Significava seguir em frente, uma evolução da minha parte, a carta de alta que minha psicóloga nunca havia podido me dar.


Eu estava começando a viver de novo.


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Notas finais do capítulo

comentem o/



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