the reason I hold on
(...)is cause I need this hole gone.
funny you're the broken one but I'm the only one who needed saving
'cause when you never see the light it's hard to know which one of us is caving 

not really sure how to feel about it
something in the way you move makes me feel like I can't live without you
it takes me all the way, 
I want you to stay 

A guerra acontecia lá fora mais forte do que nunca. Da janela do segundo andar, Hermione via os feitiços protetores em volta da escola, serem rompidos. Muitas pessoas passavam por ela às pressas, assustadas, apavoradas.

Ela tinha que ajudar, ela tinha que fazer alguma coisa. Guardando qualquer sentimento de medo dentro de si, ela levou um grupo de alunos mais novos até a sala de Transfiguração, onde a professora Minerva McGonagall estaria mandando-os pra casa. Os demais, se assim quisessem, poderiam ficar e lutar. E Hermione ficaria e lutaria até o fim. Era tudo o que ela podia fazer. Hoje era a noite em que tudo chegaria ao fim. Seja para o bem, seja para o mal.

Ela correu de volta pra onde estivera antes, no corredor do segundo andar. Ela não sabia porque sempre voltava ali quando precisava de forças. Ou talvez ela soubesse. Aquele corredor trazia à tona sua melhor lembrança. Ela se obrigou a sair dali e limpar as lágrimas inúteis. Ele não estava ali, ela sabia que ele não estaria, ele era um maldito covarde. Com força renovada ela seguiu ao longo do corredor, até as escadas. Antes de chegar lá ela deu uma última olhada no corredor.

Então ela o viu. A cabeça encostada na parede, as mãos pendendo ao lado de seu corpo e a varinha caída no chão. Suas roupas negras estavam cobertas de poeira e seu cabelo loiro estava bagunçado da forma que ela mais gostava.

Ela permaneceu estática, observando, incapaz de sair dali. Foi quando ele virou o rosto e seus olhares se cruzaram, que ela despertou. Ela fez menção de sair dali mas ela demorou demais. Ela mal fez qualquer movimento e seu braço estava sendo puxado.

Ela abaixou o olhar, se recusando a olhá-lo diretamente.

"Hermione", a voz dele saiu tão quebrada que seu coração doeu.

Ela não poderia evitar as lágrimas que já estavam escorrendo por suas bochechas. Ele tentou abraçá-la mas ela se afastou. Ele não tinha o direito de fazer isso.

"O que você faz aqui?", ela perguntou com a voz estrangulada.

"Eu vim procurar você"

Ela balançou a cabeça freneticamente, negando. Ele estava fazendo aquilo de novo. Ele estava tentando fazê-la se sentir mal, como se ela fosse capaz de se sentir pior. Ele a estava quebrando mais uma vez.

"Não devia ter feito isso", ela respondeu.

Ele se aproximou de novo, segurando seu rosto com as duas mãos e obrigando-a a olhar em seus olhos.

"Essa era a única coisa que eu deveria ter feito"

Ela se perdeu nas suas palavras, nos seus olhos, no seu toque suave, no seu cheiro misturado com cinzas. Era isso que ela temia. Não tinha como voltar atrás, ela estava presa à ele.

Ela se deixou ser abraçada mas não correspondeu.

"Me desculpe", ele sussurrou em seu ouvido.

"É um pouco tarde para desculpas", ela sussurrou de volta.

"Você sabe que não", ele se afastou alguns centímetros pra olhar em seus olhos e ver o que ele tinha acabado de afirmar.

"É muito fácil pedir desculpas depois de tudo", ela acusou, tomada por um acesso de raiva.

Ela se afastou de novo e desviou o olhar. Ela não cederia tão fácil, não dessa vez. Ela ainda via a cena dele partindo, depois de afirmar que eles não tinham futuro.

"Não pra mim", ele retrucou amargo.

"Você disse que não tínhamos futuro", ela respondeu cansada.

"Não temos", ele também parecia cansado.

"Então o que você faz aqui? Por que está aqui me dizendo essas coisas se sua opinião ainda é a mesma? Se a sua covardia é maior do que seus sentimentos?", ela gritou e avançou pra ele, socando seu peito com ódio e rancor.

Ele segurou seus braços e sentiu a força de seus socos diminuírem drasticamente quando ela começou a chorar e soluçar. Ele soltou seus pulsos e a abraçou. Ela agarrou sua camisa com força e se deixou ser abraçada por ele pela segunda vez em um curto espaço de tempo.

"Eu preciso de você. Eu só fui burro o suficiente pra acreditar que não."

Ela continuou em silêncio.

"E o que você quer de mim?", ela perguntou por fim.

"Eu quero que você me deixe ficar", ele pediu em tom de súplica.

Ela tirou o rosto que estava escondido em seu peito e o olhou. Seus olhos estavam tão transparentes. Ela podia ver, todos os sentimentos passando através dele. Desespero, culpa, dor, amor. Ela tinha tomado sua decisão.

"Eu quero que você fique", ela falou em meio a um suspiro pesado.

Ela fechou os olhos, incapaz de suportar a intensidade do olhar dele. Quando voltou a abrir, ela viu o reflexo de um sorriso mas ele logo sumiu. Ela entendia a felicidade incompleta dele. Eles não tinham certeza de que estariam vivos daqui a algumas horas.

Ela deixou uma última lágrima cair e ele a secou. Por fim, ela o abraçou antes que ele o fizesse. Ela o amava de uma forma doentia. Eles se amavam de uma forma doentia.

"Como sabia que eu estaria aqui?", ela perguntou.

"Um palpite"

Ela sorriu em compreensão. O primeiro sorriso verdadeiro desde que ele tinha ido. Agora ele estava de volta e não estava partindo. Nunca mais.

Eles se beijaram, firmando uma espécie de voto perpétuo em seus corações.