Acordando com um cheiro familiar, de fumaça do escape de carros, poluição da cidade, mas não só o cheiro... Também escutava a horda de pessoas dialogando umas com as outras, carros buzinando, mesmo que o som parecesse um pouco abafado. Ao poucos, o garoto abria os olhos e observava um lugar com certeza mais pacífico que o que estava antes, era a sua cidade. Seu olho direito, aquele que tinha antes o poder de ver no escuro, não mais funcionava naquele mundo e o garoto agora levantava do chão, percebendo-se assim no mesmo beco sem saída onde tudo havia começado. Com as mesmas vestes de como se nada tivesse acontecido.

– Eu estou de volta? Não acredito... É mesmo! Ainda tenho de matar Gwyn! – O garoto caminhou sem forças por alguns minutos pela avenida, quase não aguentava o sol em seus olhos, mas logo se habituava.

Tudo estava igual antes, parecia que ninguém tinha percebido nada, parecia que nem tinha passado tempo algum desde que o garoto havia sumido. Mesmo o mundo exterior sem sofrer mudanças, Oberon tinha mudanças em todo o seu corpo. Seus músculos estavam mais definidos e fortes, seu olho direito cego e em seu peito, uma enorme cicatriz de cortes de batalhas que sofreu no outro mundo. Sentia até mesmo uma ligeira fraqueza na sua perna esquerda, talvez de todas as quedas que já havia dado, principalmente contra a cama do caos. Logo chegava a uma avenida mais sombria, tudo casas abandonadas e ao fim da rua, uma fábrica que parecia cair aos pedaços, mas não era bem isso. Era onde toda a máfia se escondia e Oberon sabia exatamente onde Gwyn se encontrava, era ali dentro. Mas o garoto não seria burro para ir pedindo para levar um tiro, este dava a volta ao edifício e entrava pela porta traseira daquela antiga fábrica. Observava bem o interior do local, estava lotado de pacotes enormes, cada caixa com tamanhos superiores a dois metros. Mas não era só de caixas que o local estava lotado, era também de seguranças que vigiavam cada setor do local, cada estreito corredor com todo o rigor contra qualquer tipo de invasores. A reação do moço foi fazer como fazia antes quando trabalhava para a máfia... Aguardou um dos seguranças com um grande bastão se aproximar da entrada traseira e o agarrou pelo pescoço, impedindo o mesmo de fazer qualquer som e praticamente lhe quebrar a traqueia com a força física que possuía agora. Agarrou o bastão como se fosse a sua espada no antigo mundo e saiu andando pelos corredores mais escondidos e sombrios, como um verdadeiro assassino nas trevas matou um a um dos guardas ali, todos asfixiados com um bastão ao pescoço, isto até ser descoberto pelos quatro guardas restantes naquele sector.

– É ele! Oberon está vivo e está aqui! Venham rápido! – Um dos guardas começava a gritar euforicamente, chamando reforços.

Oberon nada temeu, simplesmente correu na direção destes quatro que o tentaram atacar cegamente com bastões leves, os quais nem eram desafio para o garoto. Um destes ataques, o moço bateu diretamente com o próprio bastão no do inimigo, o fazendo ir de encontro com a cara do mesmo e o nocauteando. Os outros, ele simplesmente desviou e bateu com o bastão em partes sensíveis no corpo humano. Na nuca, desmaiando outro guarda e os outros dois, posicionou o bastão com ambas as mãos a frente do corpo, na horizontal e correu contra estes, acertando o pescoço de ambos ao mesmo tempo e os asfixiando com o pescoço agora quebrado. Toda esta ação não demorava mais que 6 segundos, suficiente para os outros seguranças, os quais carregavam armas de fogo chegassem. Um grupo de quatro seguranças com armas de fogo procuravam Oberon nos andares inferiores, onde o mesmo se escondia novamente na escuridão do local, enquanto que mais seis ficavam nos andares superiores, onde tinham visão para os inferiores, estes possuíam armas mais fortes, como M4A1 entre outras. Se focando na mesma estratégia, puxou um guarda que carregava uma Desert Eagle para a escuridão e o asfixiou, sem fazer barulho algum, mas claro... Os guardas estavam espertos e notavam a falta do colega, começando a procurar nos locais mais escuros em simultâneo, que por azar, iam todos prontos a disparar na direção de Oberon. Com uma pistola com sete balas, sem nenhuma munição extra, tinha o relógio contado. Os três vinham de posições diferentes, direita, esquerda e pela frente, já que Oberon se encontrava escorado na parede do local, no ponto mais escuro. Atirou no que estava na frente e correu na direção do mesmo, desviando dos tiros dos outros dois que acertavam um ao outro na perna de um e no peito de outro, o que o matava na hora. O garoto, como sempre ágil, voltou para o ponto onde estava e atirou na cabeça do que estava ferido na perna, coletando a arma do primeiro que havia morrido, sendo esta outra desert eagle. Com duas armas, uma em cada mão, o garoto saía de sua toca e começava a disparar contra os homens de semiautomática nos andares superiores, conseguindo atingir quatro destes seis guardas. Com este número de seguranças abatidos, os outros dois começavam a entrar em pânico, sem mesmo terem quase tempo para isso, eles tentavam fugir novamente pela porta, mas o moço já havia conseguido uma semiautomática de um dos corpos mortos que havia caído lá em baixo, assim disparava contra as pernas e braços de ambos os guardas ali em cima, matando somente um destes. Subia para este andar e continuava com a mira fixa na cabeça do pobre coitado no chão, que iria sangrar até a morte.

– Onde está vosso Líder? Responda agora, qualquer movimento brusco e eu te mato. – Oberon estava sério, sua expressão era de um assassino em massa ou algo do tipo.

– Se sair por esta porta atrás de mim... Vai atravessar uma ponte para a outra fábrica, ali somente ele se encontra, acho que com dois seguranças... – O moço após falar, morria com o pouco sangue que já restava no corpo.

Oberon seguia como o moço lhe explicava, saía daquela porta por andar superior e caminhava por uma ponte. O dia estava insuportavelmente escaldante, com o sol no ponto de meio dia, parecia que o tempo nunca mais passava ali. Na metade da ponte com pouco mais de 25 metros, um tiro quase lhe acertava, raspando bem por seus cabelos e talvez arrancando alguns. Era o tiro de uma Sniper, talvez de uma KSVK pelo som. Isto fazia o moço disparar diretamente para uma única janela aberta, ouvindo os gritos de alguém ali dentro após os tiros chegarem no local, havia acertado ou até mesmo matado alguém ali dentro, o que o fazia correr mais rápido para dentro local inimigo, sem saber quantos inimigos teriam lá dentro. Ao chegar, se encontrava numa espécie de escritório único, onde um homem de barba branca comprida se encontrava sentado em sua secretária, rosto cheio de rugas e sua barba não lhe deixava quase nem ver a sua boca. Ao lado direito deste um homem empunhando uma lâmina de verdade aguardava assim como um cavaleiro.

– Eu realmente pensei que estaria morto, Oberon... Vamos, aceita uma luta com este meu segurança como um cavaleiro? Ou será cobarde e ira atirar em nós dois e terminar logo com tudo isto? Haha! – Gwyn parecia estar se divertindo com toda esta brincadeira, talvez este tivesse mesmo um segundo plano.

– Eu irei aceitar o duelo... – Logo após falar, o moço de lâmina saía correndo para cima de Oberon, atacando freneticamente sem nem mesmo olhar.

Oberon estava sem arma alguma, o garoto havia destruído sua semiautomática, deixando o moço desarmado. Este somente desviava golpes, sendo estas esquivas com o próprio corpo e algumas auxiliando o braço do inimigo a prosseguir caminho para um lado errado. Agachando o corpo e aplicando uma rasteira nas pernas do inimigo, mas este parecia mais ágil do que aparentava ser. Ele pulava por cima das pernas, mas o garoto como sempre forte e rápido, rodava mais uma vez o corpo, embatendo com força com a perna destra nas pernas do inimigo enquanto este ainda pulava. Parecia que a sua liberdade como cavaleiro também se aplicava um pouco naquele mundo, apesar de suas restrições estarem bem mais altas. Com o “cavaleiro” no chão, Oberon agarrava naquela lâmina com a destra e fincava na cabeça do mesmo. Voltava a levantar-se e apontava a lâmina na direção de Gwyn, sorrindo como se tivesse chegado ao fim da jornada.

– Agora é sua vez, velhote. Eu vou te matar! – Oberon estava decidido.

– Não se exalte garoto... Acha mesmo que eu iria lutar neste mundo? Agora escolha... Lutar comigo e me derrotar de vez no meu mundo, ou começar a viver livremente neste mundo aqui, onde você nasceu! – Gwyn parecia brincar com os sentimentos dos demais.

Após terminar de falar, Gwyn desaparecia para dentro de um portal em cor roxa, rindo maleficamente, um riso que ecoava quase por toda cidade. “Eu não posso viver num mundo pacífico enquanto ele destrói outro mundo que também é lindo!”, o garoto gritava para ele mesmo, correndo para o mesmo beco de antes e adentrando o portal novamente. Abria novamente os olhos e conseguia enxergar com o olho destro na escuridão do local, vendo aquela mesma cobra em sua frente. O garoto havia voltado para aquele mundo das trevas, com a mesma armadura equipada, com a sua força e poder de volta, agarrava em sua espada com a destra e olhava em frente, observando a vasilha do lorde com uma ardente chama dentro e um portão ainda fechado.

– Vamos, meu Lorde. Abra o portão e derrote A primeira chama em seu átrio. – Novamente a cobra falava e desaparecia pela escuridão do local, sumindo completamente, pois nem mesmo o olho de Oberon o via.

Este caminhava até aquele enorme portão e o abria, descendo umas escadas onde espíritos de cavaleiros atravessavam todos em conjunto, todos pareciam tristes como se tivesse sido parte de um ritual de sacrifício que foi em vão. Chegando ao fim das escadas, se encontrava num lugar cheio de cinzas, parecendo até mesmo areia. Este solo de cinzas se prolongava até um coliseu que seria onde se encontrava Gwyn.

– Gwyn, eu vim te matar! – Oberon gritava e começava a correr na direção do Coliseu.