O Conto da Holy Serenity escrita por Marjyh


Capítulo 25
Arquimídia - Parte 5


Notas iniciais do capítulo

Prontinho gente x3
Amanhã terá um especial de Hallooween 8D
vouterquemeapressarparadertempo
Caham, demorei bastante, admito, e ainda postei fora do jeito normal que eu posto, maaaas... Desejo uma boa leitura para todos. x3



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Parte 5 – Sangue por Sangue

Eu estava vagando por Ellias na noite em que a encontrei... O anjo da perdição que veio alimentar-se da minha desilusão.

Já faziam meses que meu mestre havia partido desse mundo, desde então vaguei tentando encontrar aquele que meu mestre tanto chamou seu pupilo mais devoto, Jin. Eu queria provar para ele que eu era mais poderoso, que eu era o Iluminado. Mas, desde que parti da minha terra natal e abandonei meu passado, eu não conseguia nenhuma pista de seu paradeiro.

Sentado frente á fogueira numa clareira em meio a uma floresta perto do antigo lar de Cazeaje, senti uma presença se aproximando. Permaneci calado, em silêncio, até que o quer que fosse estivesse próximo o suficiente para que eu pudesse ter seu pescoço em minhas mãos. Mas, para minha surpresa, eu não consegui me mexer, meu corpo parecia estar pregado no lugar, endurecido.

Uma pena negra caiu aos meus pés e escutei um risinho as minhas costas. Uma mão tocou meu ombro, ao olhar de canto, vi que era uma mão feminina, mas sua pele estava escurecida, acinzentada.

– Um andarilho perdido? – Escutei sussurrar em meu ouvido, sua voz estava completamente distorcida. – Ora, ora...

– O que quer?

– Shh... – Outra mão colocou o dedo indicador sobre meus lábios, impedindo-me de falar. – Eu quero a mesma coisa que você quer, Azin.

– Como sabe meu nome?

– Eu sei tudo sobre você... – A voz deu um risinho, passando o dedo pelo meu rosto. – Seus medos, seus gostos... Sua busca pelo poder.

Senti a mão que havia pousado em meu ombro deslizar até meu pescoço, acariciando-me. Um arrepio passou pelo meu corpo com a respiração em minha nuca. Pressionei meus lábios. Que tipo de demónio era aquele? Uma succubus?

– O que você quer exatamente?

– Quero você. – A voz sussurrou. – Em troca, eu lhe dou o poder que tanto deseja e... Jin.

Só de escutar aquele nome pude sentir meu coração bater mais forte em meu peito, apertando meus punhos. Não pude conter um sorriso. Será que aquele demônio estava mais para um anjo do que eu imaginei? Dando o que eu mais desejava pedindo tão pouco em troca...

– Fechado.

–x-

Grandark pulou na minha frente de maneira impetuosa, seus ferimentos ainda estavam cicatrizando ainda com o efeito da minha magia. Arregalei meus olhos ao ver aquilo. Ele não podia ir agora!

– Grandark, não!

– Vem cá seu pivete!

Azin sorriu daquela maneira assustadora mais uma vez, voltando a sua posição de ataque. Ao se aproximar, Grandark moveu a espada gigante na direção do jovem guerreiro, numa diagonal de cima para baixo, mas Azin simplesmente recuou, evitando o golpe. Aquilo era mal... Grandark estava muito lento, era perigoso para ele! Juntei minhas mãos, pedindo auxilio das deusas para que pudessem me ajudar a recupera-lo mesmo em batalha. Estendi minhas mãos, projetando uma aura azulada ao meu redor, sorri um pouco aliviada e corri para me aproximar do meu protetor.

O guerreiro recuava a cada investida violenta que Grandark realizava, esquivando dos seus golpes. Pude notar que meu companheiro estava ficando cada vez mais irritado com aquele sorriso nos lábios de Azin, foi então que ele recuou o braço e estendeu a arma para frente, numa estocada direta. Novamente o guerreiro pulou para trás, mas, repentinamente a espada se esticou para frente, atingindo o peito do guerreiro. O corte foi profundo o suficiente para um dos espinhos se encaixar dentro da carne do Azin. Grandark sorriu e puxou sua espada para o lado, arrancando um pedaço da pele junto com aquele movimento.

Um esguicho de sangue partiu daquele corte profundo e o guerreiro cambaleou para o lado e antes que ele pudesse reagir novamente, meu protetor avançou para cima dele, erguendo seu montante para cima e desceu diretamente para suas costas, cortando o tecido fino que protegia as costas do Azin junto com a pele. Pude escutar o som de algo quebrando com o peso da arma. O guerreiro foi ao chão, sem conseguir resistir ao golpe, fechando os olhos.

Grandark sorriu e eu mesma sorri, me aproximando. O sangue do Azin começava a sair do peito dele, enchendo sua roupa de sangue. Senti meu coração apertar novamente de ver um amigo naquele estado. Não... Ele não era um amigo. Era um traidor vil.

– Pronto... – Grandark me olhou, se virando de costas para o corpo caído. – Vamos para a torre.

Suspirei e me aproximei, queria abraça-lo verdadeiramente... Sentia que a qualquer momento cairia, que minhas pernas perderiam a força de uma hora para outra e queria tê-lo por perto para que eu não impactasse no chão. Uma sombra se ergueu atrás de Grandark, e para meu terror reconheci os olhos vermelhos e aquele cabelo branco.

– Cuidado!

Meu protetor foi se virar, mas, antes que pudesse fazer algo, o guerreiro pulou em sua direção, atingindo sua barriga com um chute forte. Pude reconhecer aquela energia acumulada em seus pés. Azin desapareceu de onde estava, mas aquela linha magica azulada continuou mostrando sua posição mesmo que eu nem pudesse vê-lo. Grandark foi atingido mais três vezes, por aquelas linhas, sempre na altura da parte superior do seu corpo. Azin reapareceu, atrás do seu alvo e pude ouvi-lo falar:

– Dança das Andorinhas.

Ao ter dito aquilo, Grandark pareceu se engasgar, caindo no chão. Ao tossir o que quer que estivesse na sua garganta, vi sair um liquido vermelho. Corri na direção dele. Não pode ser, por favor, não.

Meu protetor parecia perder as forças rapidamente, me joguei na frente dele antes que ele caísse no chão, e o puxei para meu colo, ajeitando sua cabeça sobre minhas pernas. Olhei-o, sentindo minha visão começando a embaçar com lágrimas. Não podia ser verdade aquilo... Grandark sorriu para mim, aquele mesmo sorriso presunçoso que tantas vezes ele deu para mim.

– Não... Você precisa resistir.

– Tsc... Relaxe... Uma coisinha dessas... Não vai me derrubar...

Ele tentou rir, mas acabou tossindo um pouco mais. Sua respiração foi se tornando lenta. Senti meu coração apertando com aquela melancolia crescente dentro do meu peito. Passei minha mão naqueles cabelos cinzentos mais uma vez. Zero e Grandark estavam morrendo e eu não queria perde-los. Não de novo...

– Não se vá. – Murmurei, com minha voz já saindo incerta com o aperto na minha garganta.

– Eu já volto... Holy... – Ele respondeu, sorrindo e fechando os olhos.

– Não... Não! – Desci minha mão para seu rosto, apertando-o com a ponta dos meus dedos, as lágrimas já banhavam meu rosto. – Por favor, não me deixe...

Escutei uma risada. Tentei ignorá-la, já sabendo de quem era. Mas, ao escutar seus passos se aproximando, levantei meu olhar. Azin sorria de um modo cruel, com os braços abertos.

– Que tragédia! Hahahah... Bem, não precisa se preocupar, em breve vai se juntar a ele.

– Seu...

Senti meu coração arder de raiva naquele momento, cerrei meus dentes, apertando o corpo do Grandark em meus braços. Eu não iria deixa-lo sair impune... Eu iria fazê-lo pagar por ter tirado tanto Jin como a pessoa mais importante do meu alcance mais uma vez, assim como outra pessoa que, antes que eu pudesse perceber, também havia se tornado importante. Olhei para o rosto do Zero mais uma vez e deixei-o no chão o mais gentil que pude e me levantei, pegando minha arma novamente.

– Vamos acabar com isso, “limãozinho”?

Fechei os meus olhos. Podia escutar aquela voz irritantemente convencida falando comigo, dizendo que sou baixinha, que não existem príncipes encantados... Não pude conter um sorriso. Agora consigo entender por que Zero gostava do Grandark...

– Eu vou acabar com você.

Avancei, desenhando um arco no ar com meu martelo em direção do rosto do Azin, mas ele simplesmente se posicionou com os braços frente ao corpo. Quando achei que iria acerta-lo, meu oponente simplesmente desapareceu da minha frente como se fosse uma espécie de mágica. Senti sua presença ressurgir logo atrás de mim, mas quando fui me virar, senti minhas costas sendo atingidas por uma força bruta gigantesca, que seguiu por mais duas vezes.

Perdi meu equilíbrio, caindo para frente. Sentia meus pulmões doendo, minhas costas pareciam que iriam quebrar... Olhei de canto para verificar meu agressor, vendo que ele sorria enquanto se aproximava de mim.

– Fácil, uma presa muito fácil.

Senti meu coração arder mais uma vez com aquelas palavras. Eu iria fazê-lo pagar.

– Cale... A boca...

Segurei meu martelo com força após dizer aquilo, puxando-o em direção ao Azin enquanto colocava o pé no chão para me firmar e levantar rapidamente. Meu oponente pareceu ficar surpreso com a velocidade que me recuperei, e não conseguiu escapar quando levantei meu martelo girando-o ao meu redor. Azin foi atingido pelo peso da arma, soltando um gemido dolorido enquanto voava para trás com o golpe.

Parei de rodopiar, ofegante, encarando o corpo da raposa azul. Assassino... Sujo... Mentiroso... Apertei o cabo em minhas mãos enquanto as lágrimas pareciam insistir em surgir em meus olhos. Eu não conheci o Azin desse mundo, mas não precisava ser daquele jeito. Poderíamos ter nos entendido! Eu tenho certeza!

Escutei Azin rir enquanto se levantava, se apoiando na árvore enquanto erguia o olhar para mim.

– Arrependida, Holy? Não consegue lutar contra mim? Ou acha que não é capaz mesmo?

Fechei meus olhos, respirando fundo. Aquela era a chance em que eu podia fazer algo... Então, deusas de Ernas, eu sei que, apesar de toda a descrença do Grandark, eu lhes peço... Me deem uma chance de fazer a justiça mais uma vez. Abro meus olhos, fitando Azin, que estava parado na minha frente, de braços cruzados.

Corri na sua direção. Meu corpo parecia leve... Eu me sentia como o vento naquele momento, e meu oponente pareceu ficar surpreso, mas quando estava descruzando os braços, ele já estava dentro do meu alcance. Sem estar pensando mais, sentia que meu corpo estava se movendo sozinho naquele momento. Ergui meu martelo do chão, acertando a cabeça do Azin antes que ele pudesse fazer qualquer coisa. Pude escutar os ossos do seu rosto dele se quebrando com o peso do meu golpe, assim como vi a pele do guerreiro sendo rasgada pelo próprio osso. O sangue encheu meu martelo.

O corpo desfalecido do meu inimigo caiu no chão, sem nem mesmo fazer qualquer movimento. Abaixei meu martelo, e somente quando senti algo escorrendo pelo meu rosto voltei a mim. Azin estava desfigurado no chão, morto. Eu estava manchada por aquele tom vermelho na minha alma, não haveria nada que eu pudesse limpar aquilo...

Perdi a força nas minhas pernas e cai de joelhos no chão. Sentia meu estomago revirar enquanto minha visão ficava embaçada. Eu não era melhor do que aquele que acabei de vencer...

Eu era uma assassina.

Tudo ficou escuro e senti meu corpo cai no chão. A última coisa que vi... Foi uma mulher de cabelos rosados correndo na minha direção junto com Grandiel.


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