Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 40
Capítulo 40: A fada vermelha




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-Só tenha cuidado com as pessoas a sua volta. –Sussurrou Hermes ao meu ouvido.

-Diga-me com quais exatamente. –O respondi no mesmo tom neutro.

O lado de dentro do baile era completamente diferente do lado de dentro. Um gigantesco lustre de ouro flutuava no alto de teto, ficava suspenso a mais de 20 metros do chão. A sala era oval, cheia de níveis subindo imensas escadas ovais feitas de rubis vermelhos manchados por uma escuridão reluzente e sombria. Candelabros carregados de fileiras de velas vermelhas bruxuleavam ao ritmo da intensa música de valsa. As únicas janelas começavam a partir do quinto andar. As cortinas que cobriam absolutamente todas as janelas eram longas e robustas, seus longos babados dourados e negros possuíam imagens bordadas do que se parecia um emblema, alguma espécie de fada com asas de borboleta que carregava na mão direita uma cabeça decapitada, na mão esquerda segurava uma espécie de punhal.

Mulheres e homens, todos trajando roupas dignas de reis e rainhas. Todos bailavam lentamente deslizando suavemente pelo grande salão oval. Percebi que as tais pessoas pareciam se dividir em grupos. Notei isso pelo estilo de roupa que usavam, grupos de 5 a 14 pessoas no mínimo, todas se vestindo com roupas combinadas. Era como se homens e mulheres de cada “grupo” estivessem com um estilo diferente, roupas mais góticas para um grupo, roupas mais coloridas para outro grupo; todos se dividiam desse jeito.

-Aqueles de preto ali, são vampiros. –Sussurrou Hermes ao meu ouvido em quanto me manuseava suavemente pelo salão. –São muito rápidos para se acompanhar com os olhos mortais que você tem. Não chegue perto, de maneira alguma.

-Isso deve explicar a pele extremamente pálida e os dentes bizarros. –Sussurrei tentando alcançar o ouvido do deus.

Realmente, a pele deles era excessivamente pálida, tão pálida que quase era transparente. Quando sorriam dava para perceber os milhares de dentes finos e pontudos como agulhas que podiam dilacerar como vidro. Suas roupas pretas e roxas magenta lhes deixavam um visual gótico e realçava a claridade absoluta daquela pele mais branca que papel oficio.

Hermes curvou um pouco a cabeça para conseguir alcançar meu ouvido mais uma vez. Podia sentir seu hálito frio e doce, igual a chicletes de menta.

-Os que estão a nossa direita são da corte infernal. –Hermes conduziu-me junto a ele nos afastando lentamente em meio a dança. –Conhecidos também como Os Príncipes, são os anjos logo a baixo de Lúcifer na hierarquia do submundo, literalmente príncipes do submundo.

Os tais Príncipes eram apenas homens charmosos e altos. Total de cinco demônios que caçavam mulheres por todo o baile. Realmente atraentes, porém, um par de asas de couro saiam das suas costas, asas negras avermelhadas iguais as de um morcego, contudo, muito maiores; elas abraçavam a lateral do corpo. Em sua vestimenta usavam apenas os ternos abertos sem a camisa, deixando a mostra seus abdomens tatuados com marcas estranhas e negras que eu desconhecia. Todos eram muito belos, mas a julgar por seus cabelos de coloração estranha, alguns com cabelos roxos, vermelhos, brancos, até mesmo esverdeados.

-Eles são os mais importantes deste baile. –Prosseguiu Hermes. -Belzebu. –Ele apontou para um demônio que dançava com duas mulheres cinza com asas de morcego.

O demônio possuía cabeça de bode, seus chifres eram grandes e estreitos apontando para o gigantesco lustre muitos andares a cima do chão. Seus seios eram acentuados e femininos, possuía abdômen excessivamente musculoso. Da sua cintura para baixo era puro pelo negro, seguido por duas pernas de bode que saltitavam no ritmo da música.

–Mammon. Avareza. –Hermes direcionou meu olhar para outro demônio menos medonho que o anterior.

Mammon era apenas um velho grisalho e corcunda sentado numa das mesas de banquete. Vestia um terno cinza e apoiava um saco de trapos velho nas costas. Toda vez que alguém se aproximava ele abraçava o grande saco maior do que ele próprio.

Com um rápido movimento de mãos de Hermes, deslizei fazendo dois giros nos braços musculosos do deus. Hermes apanhou-me descendo-me levemente, me segurou fortemente pela cintura sem deixar-me cair, seu rosto de frente para o meu, meus olhos e os dele afundando um no outro. De milímetro em milímetro, ele aproximou-se mais e mais, até que por fim, deu-me um leve selinho ao qual retribui. Subitamente ele levantou-nos seguindo o ritmo mais intenso da nova música. Agora um sensual tango.

Prensando-me contra seu tórax, Hermes se aproximou novamente e abaixou a cabeça alcançando meu ouvido mais uma vez.

-Belfegor. A preguiça. –Hermes olhou discretamente para um ser que passava lentamente por nós, tão rápido quanto chegou foi o mesmo tempo para sumir por entre os rabos de saia das mulheres do submundo.

A criatura corcunda e medonha possuía o maior nariz que eu já havia visto, fumaça saia pelas narinas e pela boca barbuda saia leves chamas quando ele a abria. Seu corpo estava nu, porém, a grande quantidade de pelos negros e toscos que cobria toda a sua pele asquerosa dava conta do recado. Suas mãos eram calejadas e garras grandes cresciam no lugar das unhas.

-Azazel. A ira. –Hermes e eu caminhamos levemente para fora da multidão do submundo em quanto o deus acenou com a cabeça para o demônio sem fazer alarme.

Um homenzinho cerca de um metro e trinta. Corpo musculoso e ossudo. Sua pele era cinza e se podia ver os ossos impregnados e estragados mesmo por cima da pele. Pés com unhas horríveis e podres, cheias de vermes. Sua orelha era pontuda igual a dos elfos em alguns filmes de fantasia. O pequeno demônio nojento era calvo. Em sua mão esquerda segurava uma coleira de palha que guiava uma cabra. Na mão direita uma bandeira com um sapo cinza pintado no próprio tecido.

-E um dos mais importantes, Leviatã. A inveja. –Ele apontou levemente para o teto.

Não vi nada no começo, mas observando de pouco em pouco consegui observar uma gigantesca serpente azul flutuando pelos andares gigantes daquele enorme castelo. A gigantesca serpente possuía quatro membros ao correr do seu grande corpo escamoso. Os dedos de suas patas eram ligados por membranas azuladas quase transparentes. Sua cabeça parecia a de um réptil. Uma espécie de água flutuava junto ao corpo da gigantesca serpente marinha.

-Não gostei, todos eles são muito asquerosos. –Fiz um bico tentando desviar o olhar da multidão que nos cercava.

-Todos esses demônios compõem a corte do inferno, você ainda não conheceu toda a corte, afinal, alguns possuem filhos. –Hermes sentou-se a uma mesa de bufê junto a mim. –Não coma nada, coisas desse mundo não podem ser apreciadas por humanos.

-Já viu o menu? Acha que comeria essa coisa? –Apontei para uma fatia de alguma espécie de carne cinza.

-É, você tem razão...

A música parou repentinamente, passos de salto foram ouvidos das escadarias vermelhas.

Uma jovem era a dona dos longos passos pelas escadas. Seus olhos azuis que logo mudavam para um tom avermelhado igual a rubi eram fundos e tinham um tom natural de sombra em volta. Longos cabelos negros ondulados que caiam até a coxa. Seus lábios possuíam corcovas elegantes e estavam cobertos pelo batom carmesim. Trajava um longo vestido escarlate reluzente, elegante, robusto e com babados da cintura para baixo; o vestido era muito detalhado, exibia boa parte de seus seios fartos pela gola V. Suas orelhas pesavam com brincos de puro rubi pulsante. Seu pescoço era “castigado” por um pesado colar de ouro com rubis encrustados ao seu decorrer. Ela era pálida como a lua, mas não excessivamente. Podia sentir sua forte presença apenas pelo seu olhar, que agora estava estreito como se procurasse por alguém naquela multidão, verdadeiros olhos de águia procurando por sua presa. Suas unhas estavam pintadas de vermelho escarlate.

-E esta é a filha de Asmodeus. A fada vermelha, Marriy Champoudry.


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