Only Time escrita por TC Nagahama


Capítulo 14
Cap. 12 - P.3 - Tudo que você tem a fazer é rezar


Notas iniciais do capítulo

E com isso concluo o capítulo 12 :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/406682/chapter/14

-Nos encontramos novamente, Srta. Malfoy- disse o comensal com um sorriso maléfico estampado no rosto.

Os olhos frios do comensal encaravam-na sem piedade. Tão frios, e tão fortes. Um olhar que a fazia sentir-se a menor das criaturas. Que fazia suas mãos gelarem e tremerem. Um olhar como os que seu pai guardava para inimigos, ou como os que seu tio lhe lançava quando aprontava alguma travessura. E que apesar de ser até certo modo familiar, assim como os outros, era impossível de sustentar.

E então, derrotada, ela desviou o olhar e fechou os olhos, esperando o pior. E por um momento tudo pareceu parar.

Foi quando ela ouviu um tropeço no outro canto do quarto. E quando abriu os olhos, tudo que viu foi um borro de cabelos vermelhos como o fogo balançando na sua frente, puxando-a pelo braço.

-Corre, anda! – urgiu Gina em pânico, ainda com os olhos avermelhados, ao empurrar Bele quarto afora.

Bele não entendia nada. Num minuto tudo parecia perdido, e no outro essa figura que não conseguia reconhecer, já que sua vista estava totalmente embaçada pela pomada sob seus olhos, tentava tirá-la dali. Mas aquela não era hora para perguntas. Ela tinha de escapar. E com esse pensamento, Bele pulou sobre o corpo inconsciente do velho médi-bruxo, e correu em direção aos corredores, enquanto tentava limpar os olhos com o tecido da camisola.

-Seu cão! – praguejou Rony ao receber um forte chute, no estômago, do comensal o qual teve a brilhante idéia de desequilibrar usando seu corpo como obstáculo.

Mas esse foi o único golpe que o comensal conseguiu desferir. Pois quando conseguiu se recompor do ataque inesperado de Rony, duas varinhas estavam apontadas para o seu peito.

-Vocês não podem usar as varinhas – riu o comensal – E não teriam coragem – constatou enquanto dava passos ameaçadores na direção das duas garotas, que apontavam suas varinhas.

Ele então levantou sua varinha, ostentando um sorriso vitorioso, enquanto começava a murmurar um feitiço e uma luz vermelha começava a se formar na extremidade de sua varinha.

Rony, aproveitando-se que o comensal ignorou sua presença, alcançou um dos vistosos vasos de decoração e quebrou na cabeça do vilão, nocauteando-o.

-Você demorou! – ralhou Hermione para Rony que indignou-se – E apesar de não poder usar magia durante as férias – disse, voltando sua atenção para o comensal que jazia inerte no chão – Eu ainda posso fazer isso! – completou ao dar um forte chute nos países baixos do seguidor das trevas, fazendo Rony (que fechou os olhos com força, como se pudesse sentir a dor) e Gina se encolherem – Agora precisamos encontrar a Isabele – comunicou, já recomposta, aos amigos, enquanto fazia menção de sair do quarto.

-Por que diabos temos que ir atrás do Malfoy? – alterou-se Rony – Deve ter uma dúzia de comensais atrás dele agora! Digo...dela! – ponderou, tentando colocar um pouco de juízo na cabeça da amiga – Nós não somos guarda-costas dela! Isso é trabalho pro Crabbe e pro Goyle – indignou-se, fazendo Hermione fitá-lo seriamente, enquanto Gina ignorava os dois e saía corredor afora.

-Pelo menos aqueles dois não viram as costas pros amigos – retrucou Hermione.

-O Malfoy não é nem nunca foi meu amigo! – rebateu Rony.

-Mas ela é a namorada do seu melhor amigo! Será que por um segundo, você não poderia esquecer essa rivalidade idiota entre Malfoys e Weasleys e se concentrar em algo mais importante? – alterou-se Hermione – Por que não consegue fazer um esforço? Pelo Harry... – completou, esperando convencê-lo.

-Sei que vou me arrepender de dizer isso – resmungou Rony, balançando a cabeça – Tá. Você venceu – concordou – Mas isso não quer dizer que você estava certa, e que eu sempre vou ficar correndo sempre atrás do traveco pra ver se ela tá bem ou algo assim – avisou, já impondo seus limites e condições.

-Só uma trégua temporária – falou Hermione sorrindo – Então, vamos. Gina... – disse ao virar-se na direção que a amiga estava – Gina? – chamou, fechando o rosto ao perceber que tinha sido deixada pra trás de novo – Tudo culpa sua, Ronald Weasley! – vociferou ao arrastar o rapaz de cabelos cor de fogo pelo braço hospital afora.

Ela sabia que não estava correndo há muito tempo. De fato, tinha plena consciência que corria há no máximo dois minutos. Mas o cansaço que sentia em seu corpo dizia o contrário. Seus passos já não estavam mais firmes, e a perda de sangue fazia sua cabeça girar. Sabia que era questão de minutos para perder a consciência. Mas mesmo assim continuava. Não poderia desistir agora. Tinha de achar seus pais.

Sua vista ainda continuava embaçada, e conseqüentemente não conseguia ver muito do caminho que percorria. Corria seguindo seus instintos, procurando a essência dos membros de sua família. E por estar concentrada em correr e em farejar o ar, não percebeu quando duas figuras altas surgiram em seu caminho. A colisão foi inevitável.

-Por Merlin, Draco! – espantou-se Snape ao levantar a afilhada, que estava estatelada em cima do Sr. Weasley.

Estava assustada. Só percebeu a presença das duas figuras em seu caminho pouco antes da colisão. Mas já era tarde demais. Não conseguiu parar. Uma das figuras, que agora ela reconhecia a voz como sendo de seu padrinho Tio Sev, tentava levantá-la. Mas o que lhe chamou atenção não foi isso, afinal de contas era de esperar que seu tio estivesse pelo hospital numa situação dessas, foi a outra presença: Sr. Weasley, o pai do Fuinha, e a pessoa que a tirou daquela cena de batalha que se transformou o Beco Diagonal.

-O que faz em pé? Olhe seu estado! – dizia Snape ao verificar o estado ensangüentado de Draco.

-De quem estava correndo? – perguntou Artur, ao virar-se na direção que Draco viera, com o olhar preocupado, instintivamente protegendo Bele com seu corpo.

Lúcio estava com os nervos à flor da pele. Já havia descido os quatro andares do maldito hospital e nem sinal de sua filha ou esposa. Foi quando sentiu sua marca queimando.

-Sai da frente, inútil – disse ao mancar apressadamente pelo hospital farejando o ar, empurrando um funcionário do hospital que infelizmente encontrava-se em seu caminho.

Mas não demorou muito para achar o que procurava. Logo ali, parada no meio do corredor estava sua filha, cercada pelos dois seres que mais detestava: Weasley Sênior e Severo! Desnecessário dizer que essa constatação somada com a irritação em sua pele, que ainda teimava em coçar, fez os olhos de Lúcio faiscarem de ódio. Por um minuto, Lúcio esqueceu-se de sua família, e perdeu-se em pensamentos felizes (ao menos para ele) nos quais imaginava mil e uma mortes possíveis e criativas para os dois. Porém, a voz de sua filha o trouxe de volta à realidade.

-Papa! – reconheceu Bele antes de correr e se jogar em sua direção, mal lhe dando tempo para reagir e recebê-la em seus braços.

Antes mesmo de verificar o estado em que sua filha se encontrava, Lúcio sabia que tinha algo estava errado. Isabele nunca demonstraria tão abertamente tanta vulnerabilidade assim. Há meses atrás, ela não faria isso nem na sua frente, mas até isso mudou com a chegada das férias e com o tal namorado secreto. Mas uma coisa era certa. Isabele ainda era uma Malfoy. E um Malfoy nunca demonstraria fraqueza perante o inimigo. Além do quê, ela o tinha chamado de papai (em francês ainda), coisa que ela nunca fazia, a não ser que estivesse tão assustada ou nervosa que esquecesse a língua do país onde estava.

-Eles estão aqui – disse tremendo enquanto se agarrava no pescoço do pai – Vieram me pegar – choramingou antes de esconder o rosto na curva do pescoço de Lúcio.

Isabele lutava para manter seus sentidos. Mas era uma tarefa árdua, pois seu corpo não respondia corretamente aos seus pensamentos. Lucio, sentindo isso, abraçou fortemente Isabele, que não conseguindo mais se manter acordada, desmaiou.

Seus pensamentos estavam a mil, antes, ansiava por noticias de sua filha e de sua esposa, pois temia por suas vidas. E agora, tendo encontrado Isabele descobriu o estado lamentável em que sua filha se encontrava. E com isso, não conseguia parar de tentar imaginar o estado em que Narcisa se encontrava. E se ela estivesse pior? Ou até mesmo morta? Só este pensamento fazia com que o sangue sumisse de seu rosto.

E perdido em meio a esses pensamentos, não notou que sua esposa, Narcisa, aproximava-se.

-Graças ao bom Merlin, Lúcio! – exclamou Narcisa, fazendo Lúcio pular uns três metros – Não quis assustá-lo – desculpou-se, ao mesmo tempo em que olhava Bele – Não percebeu que eu estava chegando?

Apesar de toda a situação dramática que presenciavam, Lúcio não pensava em outra coisa a não ser cavar um buraco e se esconder até todos que presenciaram a cena ridícula de susto morressem de velhice. Antes de responder algo para Narcisa, ele arriscou uma olhada na direção das pessoas presentes. E não pode deixar de notar que Severo travava uma tremenda luta ao tentar impedir uma gargalhada, o que fazia seus lábios tremerem lhe dando uma aparência patética. Seu sangue ferveu, e seus nervos que já estavam à flor da pele, desejavam nada mais que uma válvula de escape. E então, como que por intervenção divina ele viu sua chance. Perto do Weasley Sênior estavam duas figuras recém-chegadas: Molly e Carlinhos Weasley.

-Como eu poderia ter percebido? Qualquer barulho que você possa ter feito certamente foi camuflado pela Mulher Elefante – resmungou alto o suficiente para Molly ouvisse e bufasse de raiva.

Antes que Molly pudesse tomar qualquer atitude, Gina finalmente chegou correndo da direção em que Bele antes – comunicou, apontando na direção de onde viera, totalmente sem fôlego, colocando as mãos no joelho como apoio.

Severo, sem esperar mais nenhuma coordenada, dirigiu-se ao caminho indicado num passo apressado.

-Está ferida, querida? – perguntou Molly, examinando a filha atentamente antes mesmo que a mesma pudesse falar qualquer coisa.

-Só um pouco sem ar. Ela corre bastante pra alguém que quase empacotou – respondeu Gina, e percebendo que falara demais ao ver os olhos de Narcisa encherem de lágrimas, tapou a boca, numa tentativa vã de impedir que mais algum comentário infeliz saísse de sua boca.

-Tanta sensibilidade quanto um saco de batatas – resmungou mais uma vez Lúcio, voltando sua atenção para a filha ao mesmo tempo em que ganhava um olhar raivoso de Molly e Carlinhos.

-É realmente patético ver alguém você falando em sensibilidade! – ralhou Molly, arregaçando as mangas, pronta para um clássico confronto entre Malfoys e Weasleys.

O que ela não esperava, no entanto, era ser totalmente ignorada por Lúcio, que com uma expressão séria e sã virou-se levando a filha. E ela não pôde deixar de sentir um pouco de remorso por remoer diferenças numa hora tão séria. Ela até poderia dar um desconto ao Lúcio. Afinal, ela também não estaria com a cabeça no lugar se um de seus filhos estivesse no lugar da pobre garota. Porém, pensando melhor ela não poderia dar um desconto sequer a ele. A instabilidade mental de Lúcio não era momentânea, era rotineira. Ele era um louco varrido e ponto final.

-Vocês aqui também??? – perguntou Carlinhos assombrado de ver Hermione e Rony voltando junto com Artur e Severo, que ostentava uma expressão menos amistosa do que de costume – Não me diga que veio espiar o futuropresunto, Roniquinho! – disse Carlinhos pesaroso ao ver o irmão, o que fez Severo soltar um muxoxo descontente.

-Sinto não poder presenciar mais um pouco dessa maravilhosa reunião de família – declarou com palavras doces, porém com um tom ácido que indicava que ele pensava totalmente o oposto do que dizia – Mas tenho alguns assuntos a tratar com o Diretor – completou – Molly. Artur – cumprimentou antes de desaparatar.

-Sujeitinho simpático – comentou Rony, fazendo careta.

-Que coisa feia você vir aqui, Rony! Vir tripudiar em cima de alguém que não pode se defender é muito feio – ralhou Molly.

-Vocês só pensam desgraças! Por que acham que eu faria algo horrível pro Traveco? – indignou-se, fazendo Hermione , Gina e Carlinhos o olharem com reprovação – Tá, tá... eu peguei a dica, ok? Eu faria algo assim, confesso. Mas eu vim remediar as coisas e... – continuou Rony, balbuciando desculpas incoerentemente.

-Onde estão eles? –perguntou Artur, procurando em volta preocupado – Alguma novidade?

-Foram naquela direção – comunicou a senhora Weasley, o que fez Artur desanimar-se – Acho que podemos dar um pulinho na Sala de Chá enquanto esperamos por alguma novidade – completou tentando animá-lo – E ouvimos a história do Roniquinho - disse enquanto arrastava um Rony infeliz que era acompanhado pela irmã que dizia algo como "Retiro o que disse, Mione. A minha conclusão estava certa. O Rony já era".

Após uma breve estadia na Sala de Chá, onde Rony pôde finalmente tomar seu desjejum e confessar seus pecados perante sua família inteira (os gêmeos e Gui haviam chegado a pouco) com a exceção de Percy, os Weasleys (e Hermione) decidiram retornar à Toca.

-Acho que é melhor irmos – comentou Molly, levantando-se ao mesmo tempo que Narcisa se aproximava.

-Com licença – anunciou-se Narcisa ao aproximar-se dos Weasley – Desculpe-me se interrompo, mas eu só queria agradecer por tudo – disse com um sorriso no rosto dirigindo-se primeiramente a Carlinhos e depois ao restante da família Weasley, fazendo Lúcio (que estava alguns metros longe com Bele no colo) e Rony torcerem o nariz, fazendo caretas, indo, em seguida, em direção ao marido.

-Vai chover amanhã – resmungou Rony para Gina, que balançou a cabeça concordando – Ouch! Isso dói, Mione! – reclamou ao receber uma cotovelada.

-Idiota – constatou a garota de cabelos cheios ao olhar o amigo com reprovação.

Artur, um tanto quanto distraído com a discussão que começara entre Rony e Hermione, percebeu, ao colocar a mão em um de seus bolsos, um objeto estranho: o crucifixo que Draco segurava durante o ataque, o crucifixo de Lúcio.

-Ei, Lúcio! – chamou, sem pensar, o que fez com que o loiro parasse seu trajeto e o fitasse curioso.

Artur, um tanto quanto sem graça, uma vez que além do olhar inquisidor de Lúcio, todos os Weasley o olhavam como se estivesse louco, continuou com passos hesitantes na direção de loiro, que se encontrava há uns bons quinze metros dele. Porém, seus passos tornaram-se cada vez mais confiantes ao passo que não detectou nenhuma menção de Lúcio de ir embora.

-Aqui – disse, ao oferecer o crucifixo para o loiro – Acabei ficando com ele, depois dessa... confusão – explicou sem graça – E bom, era da sua mãe, não era? Achei que eira querê-lo de volta – completou, sorrindo hesitante.

O crucifixo que sua mãe lhe dera, pouco antes de morrer, e que já estava em sua família há séculos. Um tesouro sem igual, que de um jeito ou de outro, permitiu que outro tesouro inestimável, sua filha caçula, fosse salva, estava sendo oferecido de bom grado por aquele que tornou isso possível. Aquele a quem um dia ele chamou de irmão, de amigo. Aquele por quem morreria e mataria. Aquele que quando ele mais precisou, o traiu. Aquele que o jogou no inferno e o fez perder a alma e a razão, porém que por um motivo desconhecido a ele, decidiu fazer algo útil de sua estúpida vida e lhe ajudar. E toda ajuda, oferecida de bom grado, era digna de agradecimentos. Sim, ele era a pessoa a quem Lúcio mais odiava, até mesmo mais que Tio Voldie, e bem mais que Severo. Mas Lúcio era educado. E diante dessa necessidade de etiqueta, e sabendo que nenhum agradecimento seria emitido por suas cordas vocais, Lúcio fez a única coisa que lhe cabia no momento.

-Pode ficar (já que isso está infectado com seus germes) – pensou Lúcio, fazendo Artur fitá-lo confuso – Venda-o e faça algum dinheiro já que não deve nem ao menos se lembrar como rezar – sugeriu fazendo Artur espumar de raiva - Merlin sabe como você precisa – completou, saindo fora de alcance antes que Artur se desse conta do foi dito.

Artur ficou estático, com uma expressão de ira tão grande, que até seus familiares, que foram ver por qual motivo ele estava catatônico, assustaram-se.

-Artur? Querido? – perguntou Molly, acenando com a mão na frete do rosto do marido.

-Aquele....verme! Até numa hora como essa!- vociferou, tremendo e com o rosto pegando fogo, fazendo a família se encolher – Vocês não tem a ver com isso – relaxou, com um sorriso amarelo – O que acham de irmos para casa? – sugeriu, com um sorriso bondoso – Nada como um lugar calmo para relaxar, não é mesmo? – disse, guiando a família em direção das lareiras conectadas à rede de Flu.

Harry não sabia mais o que fazer. Fazia horas que estava andando de um lado para outro na Toca e nem sinal dos Weasleys. Se antes já estava ansioso por causa de Bele, agora, sem sinal dos Weasleys, estava à beira de um total ataque de nervos. Sua instabilidade emocional era tanta, que já não tinha o menor controle da energia ao seu redor.

-O que foi que eu fiz? – pensou Harry, em voz alta, abismado ao ver a zona que fizera na Toca com seu descontrole.

Porém, não tivera muito tempo para se arrepender, pois nesse exato momento os Weasleys retornavam para sua amada, e agora destruída, Toca.

-Harry, querido! O que faz por aqui? Seus tios sabem que você está aqui? – perguntou a senhora Weasley, não dando tempo para Harry responder – Mas o que aconteceu aqui? Alguém atacou a casa enquanto estava aqui, querido? – inquiriu Molly, aflita, examinando o garoto de cabelos revoltos e óculos quebrados a fim de checar se haviam ferimentos.

Harry realmente estava sem graça. Não só pela senhora Weasley estar paparicando-o como a uma criança de cinco anos, mas pelo fato de ela ainda se preocupar achando que ele fora atacado.

-Sabe o que é...é até engraçado lembrando agora – disse Harry, hesitante, enquanto arrumava os óculos e dava uma risada nervosa – Eu estava lá com os Dursleys, quando chegou o jornal falando da Bele...e o tio Valter falou um monte de asneira, o que é bem natural, já que ele é um asno – continuou Harry, sem respirar, o que prendeu a atenção dos Weasleys (e Hermione) - E bom, eu me irritei, e a cozinha fez BUM... hehehe – completou Harry, rindo maniacamente – Aí eu tentei ir sozinho pro St. Mungus.

-Como? – perguntou Hermione, não se contendo.

-De Nôitibus – murmurou Harry, em resposta, esperando que ninguém mais escutasse.

-De dia? – inquiriu Mione, olhando-o estranho.

-É! Ridículo, não? Os vizinhos dos meus tios também acharam. Principalmente a Sra. Figg. Ela até me deu um saco com pó de Flu, depois da minha gafe, não sem antes me espancar com o saquinho com pó – disse, mostrando o galo na cabeça, como prova.

-Por Merlin! – exclamou Molly, horrorizada com a história – Você deve estar estressado, querido. Tente relaxar um pouco, sim? – pediu Molly, enquanto os Weasleys mais novos afastavam-se da cena. Afinal, todos sabiam como Harry podia ser temperamental quando queria.

-Como eu posso relaxar seu eu nem sei se ela está viva? – vociferou Harry, fazendo o vidro da cristaleira estourar.

-Ela está melhor agora, Harry – tranqüilizou Hermione, ao tomar coragem e dar alguns passos na direção do amigo.

A frase teve efeito instantâneo. Harry se acalmou de imediato. E com um olhar desesperado, ele tomou as mãos da amiga nas suas.

-Você a viu? Como ela está? Ela perguntou de mim? – inquiriu Harry, ansioso.

-Sim, eu a vi. Bom, acho que todos aqui a vimos hoje. Não diria que ela está bem...

-Argh! – gritou Harry, angustiado.

-Mas também não está mal, Harry. Ela passou por muita coisa nesses últimos dias e... – começou Mione, meio sem saber o que dizer.

-Olha, Harry! Não sei como ela era antes. Mas eu estava lá no Beco no dia do...incidente. E a única coisa que posso dizer, é que a sua garota... – disse Gui, sendo interrompido pelo Garoto-que-sobreviveu.

-Como você sabe? – perguntou Harry, sem entender nada.

-Rony. Mas então, a sua garota é bem forte. As coisas que a vi fazendo naquele dia, muitos adultos não conseguiriam – concluiu Gui, com um sorriso no rosto.

-Mas por que todos vocês foram lá? Achei que vocês não gostassem dos Malfoy – pensou Harry em voz alta.

-Por que você não conta pro Harry o que fomos fazer lá, Rony? – sugeriu Hermione, dando uma cotovelada no amigo, que por reflexo deu um pulo para frente, dando a impressão que aceitara a sugestão.

-Maldita hora em que decidi ter crise de consciência. Eu e minha enorme boca – resmungou Rony ao abraçar Harry pelos ombros, levando-o em direção às escadas –vamos lá pro quarto que a história é grande.

-Tão grande assim? – perguntou Harry.

-É uma daquelas "Senta, que lá vem história" – respondeu.

-Eu vou querer escutar? – inquiriu Harry, temeroso.

-Isso eu não sei, só sei que passaria a vida inteira sem contar – resmungou, balançando a cabeça de um lado para o outro e caminhando com passos bem lentos.

Molly Weasley levou um bom tempo até conseguir reconstruir alguns dos vasos quebrados durante a última estada de Harry na sala. Alguns somente, já que a maioria nem mesmo o mais forte dos feitiços conseguiria reconstruir.

Ela estava compenetrada, e quase deixou cair um de seus recém-reconstruídos vasos quando ouviu uns fortes barulhos de tropeços nos andares superiores. E como que por hábito, ela gritou:

-Fred! George! Parem já com essas peripécias aí em cima!

-Realmente a idade deve estar chegando – disse Fred.

-Mais rápido do que deveria – emendou George.

-Ela nem reparou que...- continuou Fred.

-Estamos bem aqui – completou George.

-Sinceramente, mulher! Você vai de mal à pior – brincou Fred, dando uma piscadela para a mãe, fazendo o irmão rir.

-Mas se vocês estão aqui? – ponderou em voz alta, olhando para o teto.

-Não acredito que você escondeu isso, Rony! – gritou Harry, enchendo o amigo de sopapos, fazendo os sons dos tropeços dos dois soarem pela casa inteira.

Molly largou mais do rapidamente seu vaso e correu para o quarto do filho mais novo com os gêmeos em seu encalço. Porém, não fora rápida suficiente. Gui e Carlinhos já estavam no quarto, tentando separar os dois. Mas estavam tendo grandes dificuldades. Harry era bem forte para alguém tão pequeno.

-Parem já com isso, você dois! Estão de castigo até segunda ordem. Fui clara? – vociferou Molly, fazendo todos no quarto tremerem. Fazia tempos que não a viam tão nervosa.

Harry e Rony seguiram para a cozinha, onde iriam cumprir o castigo, escoltados pelos membros da família. Harry estava tão absorto em pensamentos que não deu a mínima. Porém, Rony ficou extremamente feliz com o local. Afinal, seu pão do café-da-manhã ainda estava jogado em cima da mesa.

-Nos encontramos de novo, Sr. Pão – disse Rony, com uma voz sinistra para o sanduíche, antes de abocanhá-lo, arrancando risadinhas de Gina.

- Seu senso de humor é doentio – constatou Hermione, enojada. Afinal, aquele pão já estava ali fazia horas.

Algumas horas se passaram e a noite chegou. Harry e Rony ainda estavam de castigo, mas fora isso, os ânimos na Toca estavam pouco a pouco voltando ao normal. Até que... BUM

- Harry! Rony! Parem com isso ou vocês vão ficar o resto das férias de castigo – ameaçou Molly, da sala.

-Não fomos nós – disse Harry apressado, ao entrar na sala com o rosto pálido e a varinha em riste -Acho que está vindo lá de fora – comentou, indicando a porta.

Foi quando uma pedra em chamas entrou pela janela, estilhaçando o vidro, quase acertando Gina, que entrava na sala.

Tão logo a primeira pedra foi atirada e mais umas vinte foram lançadas. Quadros, tapetes, sofás. Tudo estava chamuscado ou começando a pegar fogo.

-Estamos sob ataque! – gritou Gui, que vinha correndo escadas abaixo, com a varinha em riste, totalmente em alerta.

-Onde estão Hermione e Rony? – perguntou Carlinhos, indo procurá-los.

-Gina, fique perto do seu irmão – ordenou Artur, que chegava na sala também – Todos aqui? – perguntou?

-Todos aqui – respondeu Carlinhos, trazendo Mione e Rony.

-São comensais. Estão por toda parte – alertou Fred ao olhar pela janela.

-Vamos fazer um círculo. Harry, Mione e Rony, vocês ficam no centro. Você também, Gina. O resto escolhe um lado e protege – ordenou Gui – Eles vão invadir – sussurrou, enquanto uma gota de suor escorria de sua testa.

Artur, inconscientemente, segurava, com uma das mãos, o crucifixo de Lúcio. E mesmo sem querer, lembrou-se de uma oração que ele e Lúcio faziam quando eram pequenos, a mesma oração que Draco dizia depois de ser atacada no Beco.

-"Agora eu me deito para descansar.

Peço para o Senhor minha alma guardar..." – rezava Artur.

-Precisamos sair daqui – disse Fred, quando um comensal invadia a casa.

-Não temos como desaparatar todos, é perigoso – emendou George – Estupefaça! – gritou quando um comensal aproximava-se deles pelo seu lado.

-A lareira está bloqueada por comensais. Mesmo que conseguíssemos passar, nunca conseguiríamos sair com todos – constatou Carlinhos ao jogar uma azaração em um dos comensais e nocauteá-lo com um chute no rosto.

-Precisamos é de um milagre – murmurou Gui, aflito, enquanto segurava na mãe e irmã instintivamente, como se para tranqüilizá-las.

Os Wealeys, Hermione e Harry, não vendo escapatória, foram sendo acuados cada vez mais, e logo estavam tão espremidos que seria impossível contra-ataques diversos, pela falta de espaço. Estavam tão juntos, que todos se esbarravam de um jeito ou de outro.

-"...E se eu morrer antes de acordar.

Peço para o Senhor minha alma levar." – completou Artur.

Assim que Artur terminara sua prece, sentiu uma forte puxada no estômago. Não só ele, como todos os Weasley, juntamente com Hermione e Harry.

Harry conhecia aquela sensação. Eles usaram uma chave de portal. Ele só não sabia como nem quando, muito menos para onde. Porém, antes que pudesse raciocinar algo mais, uma de suas dúvidas fora respondida.

-Estávamos esperando por vocês – disse uma voz doce e aparentemente amigável – Bem vindos à Mansão Malfoy – recebeu Narcisa Malfoy, com um sorriso caloroso, enquanto acariciava os cabelos da filha, que estava deitada em seu colo, dormindo.

Os Weasley, ou a maioria deles, estavam tão atônitos que não tinham nenhuma reação. Hermione estava maravilhada com o local, a biblioteca principal da casa. Harry tentava espiar, por cima dos ombros de Rony, sua amada. Porém, sua atenção foi distraída quando Rony exclamou "Mas que merda!", e desmaiou, caindo aos seus pés.

-Profundo isso – resmungou Lúcio, enquanto virava uma das páginas de um dos livros que lia, sentado no chão, com uma cara de desgosto.

Fim do cap. 12-3


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora estão quites :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Only Time" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.