Wake Me Up escrita por Rhyenx Seiryu


Capítulo 38
Assumindo Os Riscos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas,
Depois de três longos dias tentando escrever esse capítulo eu finalmente consegui terminá-lo. Ele está bem grandinho, inclusive, então, acho que isso serve de compensação pela demora em atualizar ^^'
Espero que gostem do capítulo. Boa leitura.



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Rebecca ainda estava com um sorriso no rosto quando Cadence saiu do banho e a encontrou, em frente ao guarda roupa, tentando escolher algo adequado para vestir em uma tarde de caminhada pela universidade.

– Ora, ora. – Cadence comentou estendendo sua toalha em um gancho perto de sua cama – Mas quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? Posso saber onde é que a senhorita estava, já que não passou a noite nesse dormitório e sequer me ligou para avisar que eu teria de dormir aqui sozinha? Aliás, quanta consideração, viu? Achei que você me amasse mais, Becca.

Rebecca pausou a pesquisa que estava fazendo em seu guarda roupa e se virou para ela, tentando decifrar seu estado de humor. Não achava que Cadence já soubesse que ela tinha passado a noite no apartamento de Aaron, mas também não podia descartar a possibilidade de a amiga tê-los visto juntos no estacionamento e juntado todas as peças e, se isso realmente tivesse acontecido, Rebecca não sabia bem que tipo de reação esperar por parte dela. Para a sua surpresa, porém, Cadence parecia descontraída. Seus olhos não revelavam qualquer sinal de fúria e o sorriso em seu rosto parecia genuíno também, então, ela só podia deduzir que ou a amiga ainda não estava a par de seu envolvimento com Aaron ou realmente não se importava mais com isso, como havia alegado no dia em que finalmente fizeram as pazes.

– Você estava com um garoto? – Cadence insistiu quando Rebecca permaneceu em silêncio – Quem é o cara? Ele é bonito? Eu o conheço? Ah. Não. Espera. Por acaso você estava com o Vlad?! Não! Você não estava com Vlad, estava?! Becca, pelo amor de Deus, me diz que você não voltou com ele. Se você tiver voltado com aquele canalha eu vou te matar, ouviu? Você não passou a noite com ele, passou?

A enxurrada de perguntas chegou tão rápido à Rebecca que ela quase nem conseguiu processá-las direito, porém, antes que Cadence começasse a pensar mais besteira ela conseguiu gaguejar um “não”, apressadamente, seguido de um “você está maluca?!” que fez Cadence diminuir um pouco o ritmo e soltar um suspiro aliviado.

– Ah, graças a Deus, amiga! Por um instante achei que você tivesse cometido o maior erro da sua vida! – Cadence exclamou com um sorriso – Nada contra o Vlad, coitado. Ele parece ser um garoto legal e, provavelmente, deve ser um ótimo amigo também, mas vocês dois como um casal não funcionam. Você sabe, não é? Melhor manter os sentimentos à distância. Mas e aí, onde foi que você passou a noite mesmo, hein?

Rebecca olhou para ela sem saber o que responder. Por um instante pensou em mentir e dizer que tinha passado a noite no apartamento de Margareth, mas, então, se lembrou de que os garotos ainda a estavam esperando no estacionamento e de que, muito em breve, as pessoas começariam a comentar sobre ela e Aaron por aí e decidiu que mentir não a levaria a nada. Aliás, além de ser uma atitude horrível, ainda acabaria lhe causando problemas futuros, então, achou que seria melhor contar toda a verdade à Cadence, ainda que isso a fizesse surtar e brigar com ela de novo.

– Eu estava com o Aaron. – Rebecca despejou de uma vez – Passei a noite no apartamento dele. – ela se retesou em seu canto, perto do guarda roupa, e esperou pelos gritos e palavrões que geralmente sucediam as conversas que ela e Cadence tinham sobre Aaron, mas os gritos não vieram. Nem mesmo um ofegar de surpresa ou um palavrão inofensivo escapou pelos lábios de Cadence. Tudo o que ela fez foi ficar olhando para Rebecca, completamente boquiaberta, enquanto lentamente se sentava na cama.

– Você passou a noite com o Aaron? – Cadence repetiu.

– Sim...

– Vocês transaram?

– Não! – Rebecca respondeu prontamente – Não. Nós não transamos. Nós só... dormimos juntos. Na mesma cama, sabe? Como da última vez. Mas não aconteceu nada, além disso. Eu juro. – então, ela pensou nos beijos que tinha trocado com Aaron na noite anterior e achou que não estava sendo totalmente sincera – Na verdade, nós também nos beijamos. – acrescentou – E acho que estamos meio que juntos agora, mas é só isso. Sério.

– Vocês estão juntos?! – Cadence a encarou ainda mais perplexa – Juntos, tipo um casal de namorados? Estão juntos assim?

– É... – Rebecca disse sem muita convicção – Acho que é mais ou menos assim, mas, ao mesmo tempo, também não é.

– Como assim não é?

– Bem – ela remexeu em alguns vestidos de seu guarda roupa, olhando para as peças sem realmente notá-las –, o Aaron e eu não conversamos muito sobre isso, entende? Eu acho que nós estamos juntos, porque é o que parece que está acontecendo, mas nenhum de nós dois chegou a dizer isso em voz alta. Então, não tenho muita certeza se é isso mesmo.

– Você não tem certeza? – Cadence pensou um pouco a respeito – Então, isso quer dizer que você e o Aaron estão juntos, mas é um “juntos” mais como um acordo tácito que como um namoro realmente?

– É. – Rebecca confirmou com um breve aceno de cabeça – É mais ou menos por aí mesmo.

– Uau. – Cadence fez careta – Isso tudo é muito... Muito estranho. Quero dizer, você e o Aaron? Juntos? Eu achei que você o odiasse.

– E eu odiava. – Rebecca respondeu com sinceridade – Odiava muito, mas isso foi antes.

– Antes de quê?

– Antes de eu conhecê-lo melhor. – ela se afastou do guarda roupa e se aproximou da colega de quarto – O Aaron não é tão ruim quanto eu imaginei que ele fosse, Cadence. Na verdade... Ele é uma pessoa incrível.

Cadence a encarou como se ela fosse louca.

– Nós estamos realmente falando do mesmo Aaron? Porque o Aaron Greed que eu conheço é um crápula.

– Eu sei. Eu sei. – Rebecca suspirou – Ele fez muita coisa errada mesmo. Não estou dizendo que não. E, sim, antes ele realmente era um crápula, mas ele mudou, Cadence. Acredite em mim. Ele não é mais aquele cara.

Cadence continuou olhando para ela, mas não disse uma palavra e Rebecca se empertigou em sua cama.

– Você está brava comigo, não está? – ela perguntou ainda temendo a possibilidade de uma briga – Eu sei que você disse que, apesar de tudo, você ainda gosta do Aaron e também sei que eu mesma disse que jamais ficaria com ele, então... talvez isso possa parecer uma espécie de traição aos seus olhos agora. Sei lá... Olha, eu vou entender se você me disser que está com raiva, tá? Acho que eu também me sentiria meio traída se estivesse no seu lugar agora. Quero dizer, eu praticamente jurei que nunca ficaria com o Aaron e aí...

– Becca! – Cadence a interrompeu com uma expressão alarmada no rosto e um sorriso nervoso nos lábios – Só... desacelera um pouquinho, tá? Tudo isso está indo rápido demais e de uma maneira intensa demais e, caramba, como você fala rápido quando fica nervosa. Parece até o Eminem.

Rebecca permitiu que um sorriso constrangido se instalasse em sua boca por causa do comentário.

– Desculpe. – ela respondeu envergonhada – Eu tenho esse pequeno defeito mesmo. Sempre banco a rapper quando fico muito nervosa. Enfim, eu só queria te dizer que...

– Tudo bem. – Cadence engoliu em seco e repirou fundo, passando as mãos pelos longos cabelos ruivos ainda molhados – Tudo bem, Becca. De verdade. Você não precisa me explicar nada.

– Sério? – Rebecca a encarou, completamente surpresa – Você não está com raiva, nem nada? Não vai querer me jogar no chão e me socar como da última vez?

– Sim. Quero dizer, não. Eu não vou te jogar no chão e te socar. – Cadence se corrigiu quando Rebecca arregalou os olhos para ela – Estou falando que sim para o fato de que, por mim, está tudo bem você e o Aaron ficarem juntos ou seja lá o que for que esteja acontecendo entre vocês, já que nem você sabe direito. – ela respondeu rapidamente – Eu e o Aaron não temos nada um com o outro, afinal de contas, né? Você está solteira, ele está solteiro. Então, acho que eu não tenho que me intrometer nisso e dar uma opinião a respeito ou exigir algo.

– Sério? – Rebecca ainda não parecia convencida – Você realmente não está com raiva? Não está querendo me matar, nem achando que eu sou uma traidora, nem nada?

– Não. Não estou achando nada disso. Além do mais, eu já disse que o que acontece entre você e o Aaron não é algo em que eu posso me intrometer. Você sabe. O Aaron e eu... A gente só passou uma noite juntos, Becca. – Cadence explicou, ajeitando-se melhor na cama e sentando-se em cima dos joelhos – Eu podia até gostar dele, mas até eu já percebi que ele não estava dando a mínima para mim naquele dia e, se você quer mesmo saber, eu fiquei, sim, um pouco surpresa com essa revelação e, cá entre nós, eu ainda estou tentando digeri-la, mas eu falei sério quando disse que não ia mais criar confusão com você por causa do Aaron. Só te peço que, próxima vez, você me prepare um pouco para receber esse tipo de notícia. Não chega atirando em mim desse jeito, tá? – ela abriu um sorriso amarelo – Rebecca, eu quase enfartei. Sério.

– Desculpa. – Rebecca sorriu e, ainda um tanto constrangida, saiu de sua cama e foi até a de Cadence lhe dar um abraço – Eu estava com medo de você surtar e a gente acabar brigando de novo. – ela confessou – Não sou muita boa para dar essas notícias complicadas, então, reze para que eu nunca precise te dizer algo que ninguém mais pode dizer, tá? – ela riu – No entanto, obrigada por ser compreensiva e por não ficar brava comigo. Isso foi muito importante para mim.

– De nada. – Cadence retribuiu ao seu abraço, brevemente, e depois se afastou, correndo as mãos por seus longos fios ruivos e molhados – Agora, me explica: como foi que isso aconteceu, hein? Eu quero dizer, você e o Aaron estarem meio que namorando agora. Há uma semana vocês não estavam nem se falando e, com todo respeito, ele era um galinha. Como é que agora ele tem uma namorada e, principalmente, como é que essa namorada é você?

– Pois é. – Rebecca se recostou um pouco na cabeceira da cama e fitou os porta-retratos que Cadence mantinha sobre seu criado mudo, corando – Eu nunca sei exatamente como as coisas entre o Aaron e eu acontecem. Não dá para explicar muito bem, mas o fato é que elas acontecem, sabe? Eu só... o encontrei na universidade ontem e aí a gente conversou um pouco. Então, eu pedi desculpas por ter brigado com ele, aí ele pediu desculpas por ter brigado comigo e gente fez as pazes. Fomos comer uma pizza, depois, começou a chover... Bem... Foi basicamente isso.

– Uau. Uma história de amor fantástica. – Cadence zombou, mas havia um tom sincero de humor em sua voz – Olha, eu não sei nem o que dizer. Vou gastar mais uns minutinhos aqui me recuperando e você pode continuar a fazer seja lá o que estava fazendo antes de eu entrar nesse quarto e você me causar um enfarto, tá? Não se acanhe, não. E também não precisa chamar um cardiologista. Fora o fato de eu estar morta, eu estou completamente bem. – ela riu e Rebecca lhe deu um leve tapinha no braço.

– Você é muito dramática. – ela disse com um sorriso radiante por saber que a briga que tanto havia temido, na verdade, não iria acontecer e que ainda teria sua colega de quarto para dividir seus segredos e as alegrias e frustrações do dia a dia – E antes eu estava aqui tentando escolher uma roupa legal para dar uma volta pela universidade. – Rebecca comentou, colocando-se de pé e voltando para junto do guarda roupa – Você sabe. Uma roupa que seja bonita e, ao mesmo tempo, confortável para fazer tipo um tour pelos lugares mais legais de Oxford.

– Você vai fazer um tour pela universidade? – Cadence franziu o cenho para ela – Porque você gosta de se torturar desse jeito? Faz mais de dois meses que você está aqui. Acho que já sabe muito bem que não tem lugares legais nessa universidade, principalmente, quando se trata dos laboratórios de ciências e das bibliotecas.

– Eu gosto das bibliotecas. – Rebecca voltou a estudar seu closet, analisando as peças ali dentro.

– Isso é porque você é uma nerd. Só nerds gostam de bibliotecas.

– Isso não é verdade. Eu conheço muita gente que gosta de bibliotecas e não é nerd.

– Rá! Duvido.

– É sério. – Rebecca relanceou os olhos para ela – Posso te fazer uma lista, mas, na verdade, esse tour não foi ideia minha. – ela retirou de dentro do guarda roupa um short jeans preto com barras desfiadas e uma blusa com estampa da bandeira da Inglaterra e os ergueu diante do corpo – Acha que essa roupa ficaria legal?

– Para se torturar em uma caminhada por Oxford? Ficaria perfeita. – Cadence aprovou a roupa com um aceno – Mas se o tour não foi ideia sua, então, de quem foi? E não me diga que foi do Aaron. – Cadence riu – Eu consigo imaginá-lo fazendo um tour por todos os bares e boates da cidade, mas não por bibliotecas, laboratórios e anfiteatros.

– Acho que nem ele consegue se imaginar nesses lugares. – Rebecca respondeu com uma nota de humor – E, não, o tour também não foi ideia dele. Foi ideia do irmão mais novo dele, que está passando um tempo aqui em Oxford e quer conhecer a universidade.

Cadence se colocou de pé no mesmo instante.

– O Aaron tem um irmão mais novo?! – ela perguntou parecendo tão chocada com aquela informação quanto havia ficado ao saber que Aaron e Rebecca estavam juntos – Como assim ele tem um irmão?

– É um meio irmão, na verdade, mas eles se dão tão bem juntos que ninguém se importa com esse “meio” aí. O irmão dele se chama Christopher, aliás. Tem quatorze anos, quase quinze pelo que eu soube, e é uma gracinha. – Rebecca fechou a porta do guarda roupa e se voltou para ela – Surpreendente, não é? Eu fiquei meio pasma quando descobri que ele tinha um irmão mais novo.

– Entendo bem como você se sentiu. – Cadence confessou e voltou a se sentar na cama – Eu nunca teria imaginado que o Aaron tem um irmão. Muito menos um irmão caçula.

– Sabe, eu pensei a mesma coisa. – Rebecca deu uma última olhada na roupa que havia escolhido e, então, rumou para o banheiro.

Ela se vestiu rapidamente e passou um pouco de delineador e de blush, apenas para não dizer que não tinha se arrumado, então, fez um rabo de cavalo simples no cabelo e voltou para o quarto. Calçou o primeiro par de sapatilhas pretas que encontrou, pegou um casaco leve no guarda roupa e já estava quase pegando sua bolsa para sair do quarto, quando teve uma ideia brilhante.

– Quer fazer um tour pela universidade com a gente? – ela perguntou à Cadence que não havia se mexido um milímetro sequer na cama desde que Rebecca havia entrado no banheiro para se trocar.

– Eu? – Cadence olhou para ela como se não tivesse certeza de que realmente tinha escutado direito – Você quer que eu vá fazer um tour pela universidade com você e o Aaron?

– Na verdade, eu quero que você venha fazer um tour pela universidade comigo, com o Aaron e com o irmão dele. – Rebecca a corrigiu – Vamos lá, Cadence. Hoje é sábado. Você não tem nada para fazer aqui mesmo, além de ficar na internet o dia todo. Venha dar uma volta com a gente, vai? Quem sabe você e o Aaron até não fazem as pazes também.

– Está brincando? – Cadence riu – Eu e o Aaron fazendo as pazes é o mesmo que Rússia e Estados Unidos se unindo em prol da inovação tecnológica. Nunca vai rolar.

– Vai, sim, porque você e o Aaron não são como Estados Unidos e Rússia. Rússia e Estados Unidos se unindo seria uma descrição do Aaron fazendo as pazes com o meu irmão ou com Vlad, já que ele é realmente russo, mas eu acho que ainda vamos demorar um pouco para conseguir assinar esse tratado de paz. Pelo menos no que diz respeito ao Vlad. – Rebecca acrescentou – Quanto ao acordo de paz entre o Aaron e o meu irmão eu já consegui algum avanço.

– Está falando sério?

– Eu não brinco com esse tipo de coisa. – ela sorriu – A paz mundial é algo muito importante para mim. Agora, venha. – ela caminhou até a cama de Cadence e segurou suas mãos forçando-a a se levantar – Vista alguma coisa legal e venha dar uma volta com a gente. Eu vou te esperar lá embaixo e, se você não descer em cinco minutos, eu volto aqui e te arrasto pelas orelhas.

– Mandona você, hein?

– É outro dos meus defeitos. – Rebecca pegou sua bolsa e deu uma última olhada no espelho – Estarei te esperando lá embaixo. Não demore muito.

– Só quero ver o que o Sr. Greed vai achar dessa sua ideia.

– Ele não tem que achar nada. Se ele fez mal a você, ele precisa se desculpar e esse é um ótimo momento. Além do mais, você é minha amiga, então, se eu e ele vamos realmente ficar juntos ele precisa se acostumar a te ter por perto.

– E quanto ao fato de eu me acostumar a tê-lo por perto? Ninguém liga? – Cadence a encarou enquanto retirava uma saia xadrez vermelha do guarda roupa e a vestia.

– Você é forte e superior. Vai conseguir lidar com isso e ainda vai dar uma aula para ele. Acredite em mim. – Rebecca se encaminhou para a porta – E eu amei a saia. – ela acrescentou e, então, saiu do quarto e voltou para o estacionamento.

Aaron e Christopher estavam ambos encostados ao capô do carro, no que parecia ser uma discussão bastante acalorada sobre jogos e consoles, algo sobre o qual Rebecca nada entendia, mas que sempre deixava os garotos entusiasmados. Christopher era o que mais falava, gesticulando como se para demonstrar os prós e os contras de determinado game, enquanto o que Aaron parecia fazer era sempre discordar dele o que o deixava em polvorosa. Rebecca não tinha certeza se Aaron fazia aquelas coisas apenas para irritar Christopher, mas achou que esse era exatamente o objetivo.

– O gráfico de Skyrin não supera o gráfico de Diablo III, mesmo o jogo sendo em primeira pessoa. – disse Christopher assim que Rebecca se aproximou deles – Às vezes, nem dá para diferenciar um minério de uma carcaça de animal e as armaduras parecem todas iguais.

– Não parecem, não. E se você não consegue diferenciar um minério de uma carcaça de animal, então, trate de começar a usar óculos.

– Eu não preciso usa óculos. Eu estou dizendo que...

– Oi de novo. – Rebecca os interrompeu colocando-se entre os dois, sem a menor cerimônia – Voltei. Cheguei. Regressei. Deu tempo de sentir a minha falta ou vocês dois estavam muito ocupados discutindo sobre minério e carcaças de animais.

– Não estávamos discutindo sobre minérios e carcaças de animais. Estávamos discutindo sobre gráficos e sobre o quanto o meu irmão não entende absolutamente nada sobre isso.

– Eu jogo videogames desde que você ainda nem sonhava em ser um embrião, meu irmãozinho. Se tem alguma coisa sobre a qual eu entendo é sobre evolução de gráficos. – Aaron respondeu, com orgulho e Christopher bufou em oposição.

– Entende nada! Você acha que Skyrin...

– Okay! – Rebecca os interrompeu novamente – Essa discussão está maravilhosa. Sério mesmo. Mas ela vai ter que ficar para depois. A gente tem um tour para fazer, lembram-se?

– Tão bem quanto me lembro do primeiro gráfico de Mortal Kombat. – Aaron respondeu fazendo graça – O Christopher já não pode dizer o mesmo.

– Cala a boca! – Christopher lhe deu um leve empurrão em protesto – E aí, a gente vai conhecer a universidade agora ou não?

– A gente vai, sim. Porém – Rebecca olhou para Aaron –, eu convidei uma pessoa para ir com a gente.

– Uma garota? – Christopher questionou interessado – Espero que seja uma garota. Se for um cara eu vou ficar muito chateado com você.

Rebecca não conseguiu reprimir o riso.

– Oh, meu Deus. Você não tem jeito mesmo, tem? E, sim, é uma garota.

– Beleza! – Christopher comemorou.

– Que garota? – Aaron finalmente se pronunciou e havia um quê de preocupação em sua voz – Você não está falando da Cadence, está? Foi ela que você convidou?

– Sim. Fui eu. – Cadence respondeu aproximando-se deles no estacionamento, enquanto vestia seu casaco – A propósito: olá, Aaron. Como tem passado?

Houve um instante de silêncio constrangedor, enquanto Cadence e Aaron se encaravam e Rebecca olhava de um para o outro, torcendo para que eles não começassem a brigar. Estava bastante segura de que os dois poderiam conviver em paz, mesmo depois de tudo o que havia acontecido, mas eles também eram cabeça dura o suficiente para colocar toda a sua esperança a perder.

– Ele está bem. – Christopher respondeu pelo irmão – Bobo como sempre, já que tem essa mania de não responder as perguntas que as garotas bonitas fazem para ele, mas está bem. A propósito, eu sou o Christopher.

Cadence desviou seu olhar de Aaron e se concentrou em Christopher, atrás dele, abrindo um pequeno sorriso em cumprimento.

– Ah. Então, você que é o irmão do Aaron.

– Sim. Irmão do Aaron. Seu escravo. Seu futuro marido. Pai dos seus filhos. Você é quem decide. – Christopher respondeu desavergonhado e Cadence fez uma careta para ele.

– Como é? – ela questionou alarmada e Aaron logo se apressou a se postar na frente do irmão caçula.

– Puberdade. – ele explicou constrangido – Hormônios. Sabe como é, né? Releva.

– Ela é linda. – Christopher cochichou para Rebecca que ergueu os polegares para ele, concordando.

– Então – Cadence perguntou voltando-se para Rebecca –, a gente vai passear ou eu me vesti tão bem assim a toa?

– Não. A gente vai, sim. – Rebecca sorriu – Vamos agora mesmo. – ela olhou significativamente para Aaron, que ainda não parecia muito confortável com aquela situação e, dando-se por vencido, ele suspirou.

– Todo mundo para o carro. – disse – Oxford é grande demais para se conhecer tudo a pé.

A primeira parada do grupo foi na Magdalen College, que era a faculdade mais próxima da St. Hilda’s e possuía uma bela capela e um jardim botânico logo em frente. Christopher ficou todo entusiasmado com a arquitetura do lugar e com a bela fonte no centro do jardim botânico, tanto que começou a fotografar tudo e até puxou Rebecca, Cadence e Aaron para algumas fotos, o que fez todos, inclusive Cadence – que achava que fazer um tour pela universidade era uma grande perda de tempo – se animarem com o passeio.

De lá, eles seguiram para a Merton College, que também possuía uma capela e para Christ Church College, que possuía uma catedral belíssima que deixou a todos encantados, até mesmo Aaron que, duas capelas mais tarde, nos arredores da Pembroke College, se irritou com o passeio e disse que não ia mais entrar em nenhuma igreja naquele dia porque aquilo não era turismo religioso. Então, eles passaram a visitar as galerias de arte e de fotografia, as faculdades de música, as bibliotecas – algo que Cadence detestou logo de cara –, os teatros e conservatórios, os institutos de engenharia, bioquímica e ciências da terra, o observatório e, o favorito de Aaron, o museu de história natural.

Mesmo tendo passado dois meses ali e sabendo que a Universidade de Oxford abrangia 38 faculdades e uma grande variedade de departamentos acadêmicos, Rebecca ficou surpresa e encantada com a quantidade de lugares legais que Oxford oferecia para visitação. Até mesmo Cadence, que tinha começado o passeio com grande resistência, teve de admitir que fazer um tour pela universidade havia sido ótima ideia e ninguém ficou mais contente com tal declaração do que Christopher que, além de estar orgulhoso de si mesmo por ter sido o dono da ideia, ainda estava se divertindo horrores fotografando tudo e flertando com Cadence a cada trinta segundos.

– Quero conhecer a sua faculdade. – Christopher disse a Aaron assim que eles saíram do Castelo de Oxford, na Paradise Street – Depois quero conhecer a Brasenose College e a Radcliffe Camera. Aí a gente pode encerrar o passeio e ir comer em algum lugar.

– A Trinity College não tem nada de interessante e eu não sei se aguento passar em outra biblioteca hoje. – disse Aaron, nem um pouco entusiasmado com a ideia – Podemos pular para a parte da comida?

– Não. Eu quero conhecer a sua faculdade. – Christopher insistiu – E a gente nem precisa entrar na Radcliffe Camera. Eu só quero fotografar o prédio por fora, Aaron. Por favor. Não vai levar nem cinco minutos.

– Ah. Tá bom. Tá bom. – Aaron concordou de má vontade – Vamos para a Trinity, então, mas eu já aviso que aquele lugar é uma droga. Não tem nada de bom para ver lá.

– Eu já vi algumas fotos dela na internet. – Christopher retrucou sorridente – Tem um prédio muito bonito e jardins. Além do mais, eu quero ver o salão de jantar. Dizem que parece Hogwarts.

– Só dizem mesmo. – Aaron resmungou, mas entrou no carro e os levou até a Trinity College, para a alegria de Christopher que se empolgou e fotografou cada canto dos jardins, do salão de jantar e do prédio principal.

Rebecca tinha quase certeza que todo o entusiasmo do garoto se devia apenas ao fato de aquela era a faculdade onde Aaron estudava e onde ele, provavelmente, almejava estudar também apenas para seguir os passos do irmão. Era óbvio, para quem quisesse ver, que Christopher admirava o irmão mais velho e que o tinha como uma espécie de inspiração, então, não era difícil adivinhar porque ele parecia mais feliz fotografando os detalhes das paredes da Trinity College do que fotografando a torre do Castelo de Oxford ou o museu de história natural.

– O seu irmão é uma graça. – Cadence comentou, aproximando-se de Aaron enquanto Christopher e Rebecca faziam caras e bocas, posando para uma verdadeira sessão de fotos ao lado da estátua do Cardial John Henry – Fora o grande amor que ele nutre pelos indivíduos do sexo oposto, ele não se parece em nada com você, Aaron. Para a sorte dele, é claro. – ela acrescentou em um tom duro.

– Vai começar a brigar agora? – Aaron se virou para ela nenhum pouco cortês – Pois vá em frente, Cady. Eu nem me importo.

– Que ótimo, Aaron. É bom saber disso e eu agradeceria se você não me chamasse mais de Cady.

– Por quê? – ele provocou – Te traz boas lembranças?

– Não. Na verdade só me faz lembrar de como você é um cafajeste, manipulador e insensível e, pelo bem da minha amizade com a Rebecca, eu estou tentando relevar esse fato. Ela me contou que vocês estão meio que namorando agora.

– Ela disse “meio” mesmo?

– Você gosta dela? – Cadence perguntou sem dar ouvidos ao seu questionamento anterior – E eu não estou falando de gostar do jeito Aaron Greed de gostar das pessoas que, basicamente, se resume a enganá-las, usá-las e descartá-las, mas sim do jeito normal de gostar das pessoas. Aquele jeito romântico, sabe? Aquele em que você realmente se preocupa com o bem estar e com os sentimentos do outro e faz de tudo para mantê-lo feliz. Sabe do que estou falando, Aaron? Ou você é tão emocionalmente incapaz de gostar de alguém de verdade que nem sabe o que essa palavra significa?

– Eu não tenho que te responder nada. – Aaron a encarou irritado – O que eu faço da minha vida não é um problema seu.

– Tem razão. – Cadence concordou – O que você faz da sua vida é um problema exclusivamente seu, mas se você magoar a Rebecca, assim como você fez comigo antes, eu juro por Deus que vou atrás de você e te deixo sexualmente inutilizável para sempre, você me entendeu?

– Você vai me deixar o quê? – Aaron quase riu – Nossa, você é muito louca, sabia? Porque não procura um psiquiatra ou uma igreja, Cadence. Você precisa se tratar.

– Eu não estou brincando com você, Aaron. – Cadence o encarou com seriedade – Você mentiu para mim, me usou e me magoou e você sequer me pediu desculpas. A Rebecca pode achar que você é uma pessoa maravilhosa agora, mas eu ainda não acredito nisso. Você manipula as pessoas, brinca com os sentimentos delas e, depois, destrói tudo. Não vou deixar que você faça isso com a Becca também. Nós tivemos as nossas desavenças, mas ela é uma garota legal e eu não vou deixar você machucá-la assim como você fez comigo.

– Ela não é como você.

– Não mesmo. Ela é bem melhor e é exatamente por isso que eu estou te avisando que é bom você não brincar com ela.

– Eu não vou. – Aaron a fitou com austeridade – Eu gosto dela, Cadence. Do jeito certo de gostar e eu sei, sim, o significado dessa palavra. Não sou emocionalmente incapaz como você diz.

– Você magoou metade das garotas dessa universidade, Aaron.

– E eu não gostava de nenhuma delas, assim como eu não gostava de você. – Aaron respondeu de maneira rude – Para falar a verdade, eu ainda não gosto. Não sei nem porque você está aqui.

– Um pedido de desculpas bastava. – Cadence disse assim que ele começou a se afastar dela e, aborrecido, ele parou e se virou para encará-la novamente – Você sabe do que eu estou falando. – Cadence continuou – Se realmente gosta da Rebecca e se quer merecê-la, vai ter que aprender a ser bem mais humilde do que isso, Aaron. A Rebecca é uma pessoa boa. Ela não merece alguém cujo coração está cheio de orgulho e de rancor. Pense nisso.

Então, sem dizer mais nenhuma palavra, Cadence passou por ele e foi se juntar a Christopher e Rebecca em sua sessão de fotos pela Trinity College. Estava precisando desabafar todas as coisas que estavam presas em seu peito desde que Aaron a havia tratado como um brinquedo no primeiro dia de aula. Eles podiam não ter feito as pazes, como Rebecca esperava que fizessem, mas pelo menos um peso Cadence tinha retirado de dentro de si e, pela primeira vez, ela pode olhar para Aaron e realmente se convencer de que tudo o que sentia por ele havia sido apenas uma forte atração que, finalmente, tinha sido deixada para trás.

– Vocês conversaram? – perguntou Rebecca que estava atenta a cada um dos movimentos de seus movimentos enquanto seguia Christopher de um lado para o outro pelo jardim – Se resolveram?

– Conversamos, sim. Não nos resolvemos, não. Mas acho que avançamos bastante nesse sentido. – Cedence respondeu, pegando um dos lírios amarelos que estavam plantados ali e prendendo-o no cabelo – Pelo menos agora eu posso olhar para ele sem sentir um profundo desejo de matá-lo.

– Ele não te pediu desculpas?

– Não. Por enquanto esse milagre está reservado apenas a você. Talvez o seu irmão tenha mais sorte depois.

Rebecca olhou para Aaron que estava encostado junto às grades que cercavam o prédio da Trinity, observando-os de longe, e sentiu uma pontinha de tristeza. Tinha esperanças de que Aaron fosse tomar a iniciativa de se desculpar com Cadence, mas talvez fosse cedo demais para alimentar esperanças. Ele não tinha o hábito de pedir desculpas a ninguém. Iria demorar um tempo para se acostumar à ideia de se redimir pelos seus erros.

– Dá uma olhada naquela escada em caracol! – Christopher gritou, disparando para a tal escada antes mesmo que Rebecca, Cadence e Aaron tivessem a oportunidade de olhar direito para ela – Dá para tirar várias fotos legais aqui. Vem ver só, Cadence. Acho que ela vai dar direito na biblioteca da Trinity.

– Não me diga que você quer ir para a biblioteca de novo, seu nerd? Você já fotografou aquele lugar inteiro. – Cadence riu, mas o seguiu até a escada.

Rebecca fez o mesmo, mas antes que pudesse alcançá-los, uma voz conhecida ressoou do topo da escada e, ao erguer a cabeça, Rebecca se deparou com a já conhecida figura do reitor, Andrew Hamilton, os encarando lá do alto.

– Christopher?! – ele questionou como se não pudesse acreditar no que via – O que você está fazendo aqui?

Imediatamente, Christopher parou de correr e cogelou, aos pés da escada, olhando para o reitor como se tivesse acabado de ver um fantasma.

– Tio Andrew?!

– O que você está fazendo aqui? – o reitor repetiu, descendo a escada para encontrá-lo – Seu pai sabe que você está em Oxford? Com quem você veio? Foi a sua mãe quem te trouxe?

Ele olhou ao redor, procurando pela mãe de Christopher, mas quando viu que o garoto estava acompanhado apenas de Cadence e Rebecca, não demorou a juntar as peças.

– Cadê o seu irmão? – perguntou, segurando Christopher pelos ombros – Foi o Aaron quem te trouxe para cá? Ele foi te buscar em casa? A sua mãe te deu permissão para vir?

– Ela... O Aaron... Eu não...

– Christopher? – Aaron surgiu atrás de Rebecca que imediatamente começou a ficar nervosa. Depois de tudo o que Aaron havia lhe contado sobre Erick e sobre o quanto seu padrasto se empenhava para mantê-lo longe da mãe e do irmão, Rebecca temia que ele estivesse prestes a entrar em uma grande enrascada.

– Foi você quem o trouxe para cá? – o reitor perguntou, fitando Aaron com seus olhos pequeninos e sérios – Sua mãe sabe que ele está aqui? O pai dele sabe?

– Não. – Aaron respondeu calmamente – Ninguém sabe. Agora, por favor, tire as mãos do meu irmão.

– Eu vou ligar para a sua mãe.

– Você pode ligar até para o papa, Andrew, mas é melhor soltar o Christopher primeiro.

– Você sabe que o Erick não quer vocês dois juntos. Achei que ele tinha deixado isso bem claro. Você foi buscá-lo em casa?

– Não... – Christopher começou a responder, mas Aaron o interrompeu.

– Fui. – ele respondeu com propriedade – Marquei de pegá-lo na escola ontem e de trazê-lo para cá para passar a semana comigo.

– E você achou que a sua mãe não iria dar falta dele por uma semana inteira?

– Ela acha que ele está em um passeio da escola. A turma dele está passando a semana na França e eu o convenci a mentir e vir para cá.

– É mentira! – Christopher exclamou indignado – Você não me convenceu de nada. Eu vim porque eu quis. Fui eu quem decidiu tudo, não você.

Andrew Hamilton olhou para o sobrinho como se sentisse pena.

– Pare de tentar acobertá-lo, Christopher.

– Não estou acobertando. Estou dizendo a verdade. Fui eu quem armou tudo, a ideia do passeio, a viagem para cá. Eu fiz tudo sozinho, tio Andrew. O Aaron nem sabia que eu estava vindo. Ele não tem culpa de nada!

– Você tem quatorze anos, Christopher. Nunca conseguiria arquitetar um plano como este.

– Mas fui eu. – Christopher choramingou – Diz a verdade para ele, Aaron. Diz quem fez esse plano. – Aaron apenas o encarou, sem confirmar nada, então, ele se voltou para Rebecca – Bee, diz para ele a verdade. Diz que o Aaron não teve nada a ver com isso, que foi tudo ideia minha.

Rebecca olhou para Christopher que a encarava com olhos suplicantes e, então, olhou para Aaron que encarava o irmão, impassível. Ela não sabia o que fazer quanto àquilo. Por um lado, temia que, se Aaron assumisse a culpa por ter trago Christopher para Oxford, seu padrasto viesse até aqui e o machucasse de novo. Por outro lado, temia que se ele não assumisse, Christopher era quem iria ser machucado depois. Ambas as alternativas lhe pareciam péssimas, mas ela não precisou escolher entre nenhuma delas, porque Aaron rapidamente tomou às rédeas da situação.

– Não precisa ficar mentindo por mim, Christopher. Nem precisa fazer outras pessoas mentirem em seu lugar. – ele olhou para Rebecca de maneira significativa – Eu já falei a verdade. Está tudo bem. Sério.

– Mas você não falou a verdade. – Christopher começou a chorar – E você sabe o que o meu pai fazer, Aaron. Por favor, diz para ele que fui eu. Diz que a ideia foi minha.

– Já chega, Christopher! – o reitor soltou seus ombros e o segurou pelo antebraço – Eu vou ligar para sua mãe e pedir para ela vir te buscar. Até lá, você vai ficar comigo.

– Eu não quero ficar com você! – Christopher tentou se soltar sãs mãos do tio, mas ele o segurou com mais força – Me solta. Eu quero ficar com o meu irmão. Não quero ficar com você.

– Eu não estou te perguntando.

– Solta ele. – Aaron se postou diante do reitor com os punhos cerrados e uma expressão sombria.

– Você acha que está no direito de me pedir alguma coisa? – Andrew o encarou enraivecido – Você praticamente sequestra uma criança e acha que pode exigir algo? Eu poderia mandar te prender, sabia?

– Ótimo. Então, você pode ligar para a polícia quando bem quiser, mas agora você vai soltar o meu irmão.

– Ou o que? – Andrew o enfrentou – Você vai me agredir, Aaron? Vai agredir o reitor de uma das maiores universidades do mundo dentro do ambiente acadêmico?

Aaron o fitou por um breve instante e, logo depois, deu dois passos para perto dele, olhando-o de cima.

– Sim, Andrew. Eu vou te agredir. – ele respondeu enfurecido – Não me interessa se você é o reitor dessa merda de universidade, se você não soltar o meu irmão em dois segundos, os paramédicos vão ter que recolher todos os seus dentes desse gramado, você me entendeu?

Andrew Hamilton o encarou por um momento, como se não acreditasse que Aaron seria capaz de realmente agredi-lo, mas ao ver o olhar assassino com que esse o encarava, decidiu que seria melhor não arriscar. Rapidamente, ele soltou o braço de Christopher e se afastou um passo para trás.

– Eu vou ligar para o Erick. – avisou – Vou contar o que você que fez.

– Liga. – Aaron respondeu de maneira fria – Eu já nem me importo mais. – então ele passou um braço ao redor do pescoço de Christopher e se afastou do reitor, sendo prontamente seguido por Rebecca e por Cadence, que assistiu toda a discussão em silêncio, sem conseguir entender o que se passava.

– O reitor da universidade é tio do Aaron? – ela perguntou a Rebecca enquanto as duas o acompanhavam de volta ao carro.

– Não. Ele é tio do Christopher. Não tem nenhum parentesco com o Aaron.

– E quem é Erick?

– O pai do Christopher. Irmão do reitor.

– E porque ele não gosta que o Aaron veja o irmão dele?

– Longa história, Cadence. E eu não posso contar. É uma coisa pessoal. Só não comenta isso com ninguém, por favor. O Aaron vai odiar se alguém mais souber dessa história.

– Eu não estou entendendo nada do que se passou ali, Becca. Que briga toda foi aquela? O Aaron realmente ia agredir o reitor? E porque parece que esse tal de Erick é a encarnação do diabo na terra?

– Porque ele meio que é mesmo, mas, por favor, não comenta nada, tá? Eu não explicar tudo isso, mas promete para mim que você não vai contar para ninguém sobre o que aconteceu aqui hoje, Cadence. Promete.

– Eu prometo. – Cadence levantou a mão em juramento – Mas agora eu estou com medo. Esse cara não é da máfia, é?

– Não.

– Ótimo. Isso me tranquiliza um pouco.

Elas entraram de volta no carro e já que Christopher tinha se apoderado do banco ao lado do motorista, Rebecca teve que se acomodar no banco traseiro, ao lado de Cadence. De um segundo para o outro parecia que o dia perfeito que tiveram tinha se transformado em um grande pesadelo e a expressão no rosto de Aaron dizia que aquilo não era nem o começo.


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Notas finais do capítulo

Essa é aquela hora em que a gente ergue a cabeça e diz: "agora f****", mas nem tudo está perdido nesse capítulo. Cadence se mostrou uma boa pessoa (olha que lindo), o Christopher foi um amorzinho (como sempre) e Rebecca e Aaron ainda estão de boa um com o outro. O problema agora é que o Erick vai saber da fuga do Chris e... Alguém aí acha que isso vai render uma treta daquelas?
Então, vejo vocês no próximo capítulo.
Beijocas.



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