Era uma noite quente e agradável de verão na Toca.

Todos os filhos, com exceção de Percy, que se mudara no verão passado para Londres, estavam presentes. Inclusive Hermione, a convite de Rony, passavam as férias lá também.

A casa estava extremamente lotada. Os quartos estavam abarrotados de gente, e as refeições eram feitas no quintal, já que a casa era por demais pequena diante de tantas bocas para comer.

Fred e George subiram as escadas e rumaram em direção ao quarto de seus pais, aproveitando que todos estavam no quintal arrumando a mesa para o jantar.

Há tempos eles tentavam recuperar um ingrediente importante para a última experiência de um novo produto das Geminialidades Weasley, porém era extremamente difícil, uma vez que Molly não dava uma folga. Mas a casa estava cheia, e sua mãe compenetrada com seus afazeres. Era a oportunidade perfeita.

Com o maior cuidado possível, eles abriram a porta do quarto e entraram.

-Onde será que ela guardou os ferrões de Gira-gira? - pensou George em voz alta.

-Não faço idéia. Você já olhou na penteadeira dela? - respondeu Fred, enquanto olhava no maleiro do guarda-roupa - Mas o que é isso? - perguntou ao pegar um velho livro de capa verde.

-Achou? - inqueriu Fred, ansioso.

-Achei algo, mas não que procurávamos - respondeu, examinando a capa - "Diário de A.W." - leu em voz alta.

-Um diário? É melhor deixar aí. Esses diários podem ser bem perigosos. Não lembra o que aconteceu com a Gina? - alertou Fred.

-É o diário do papai. Dar uma olhada não vai matar. Além do que você não está curioso? Mamãe sempre disse que nós puxamos o papai no que se refere as nossas Geminialidades. Mas o papai não tem irmãos, pelo menos não da faixa etária dele - comentou George.

-Não mesmo , o tio Bilius tinha quase 15 anos a mais que o papai. Então não era com ele que o papai aprontava em Hogwarts.

-Aqui pode estar a resposta para todas as nossas perguntas sobre papai - disse com uma expressão sonhadora, enquanto olhava o diário.

-Mas ele pode sentir falta - comentou Fred, enquanto andava de um lado pro outro no quarto, esfregando as mãos - Já sei - disse, levantando um dedo no ar e aparatando.

-Fred? - chamou George olhando em volta quando ouviu um estampido - Ai - gemeu.

-Foi mal - desculpou-se Fred, saindo de cima do irmão - Preciso treinar isso mais... - comentou pensativo.

-Alguma idéia? - inqueriu George.

-Ah sim - respondeu Fred mostrando o livro que estava na mão.

-O seu diário? - perguntou George com o semblante sério.

-Perdão - desculpou-se Fred, para em seguida apontar a varinha para seu próprio diário ao murmurar algumas palavras - Agora não é mais - completou entregando o diário agora verde e com as inscrições Diário de A. W. na capa.

-Muito bom, agora ele não vai sentir falta. Acho melhor a gente sair daqui agora, antes que a mamãe suspeite que estamos muito quietos e venha nos procurar - falou George indo em direção a porta.

-E os ferrões? - perguntou Fred.

-Deixa pra lá. Conseguimos coisa melhor - disse sorrindo - Foi você que fez esse barulho?

-Que barulho?

-Sujou - murmurou George, aparatando do quarto.

Fred, sem esperar, aparatou em seguida.

-Fred? George? - chamou Molly ao entrar em seu quarto - Podia jurar que estavam aqui - pensou em voz alta ao fechar o quarto.

-Essa foi por pouco - disse Fred encostado na porta de seu quarto - George? - perguntou olhando o quarto.

-Ai - respondeu numa voz fraca.

-Foi mal - desculpou-se saindo de cima do irmão - Bom, o que estamos esperando? Abre logo.

-A pressa é inimiga da perfeição, meu querido irmão -disse enquanto pegava uma pena e nankin e escreveu na primeira linha:

-Olá, meu nome é George. Ah, o Fred diz 'oi' também.

-Olá, meu nome é Artur- respondeu o diário -Como conseguiram meu diário, Fred e George? Sua mãe sabe que vocês o pegaram?

-E agora? - perguntou Fred para o irmão - Ele não vai nos dizer nada.

-Veja e aprenda - George disse ao irmão - Ganhamos ele de herança quando o senhor morreu - escreveu.

-Isso foi horrível! Ele vai achar que está morto agora - reclamou Fred.

-É só um diário. Não é o papai. São só algumas coisas que ele escreveu - comentou George dando de ombros.

-E sua mãe? -perguntou o diário

-Morreu também - escreveu Fred ao pegar a pena da mão do irmão - O que foi? Foi você quem começou - falou para o irmão que ria.

-E vocês estão sozinhos? Carlinhos, Gui e Percy estão bem?

-Gui casou com uma veela e mudou, Carlinhos está caçando dragões na Romênia ainda e Percy a gente expulsou. Mas o Rony e Gina ainda moram aqui - respondeu George, com outra pena.

-Expulsaram?

-Aonde a gente ia conseguir arranjar alguém pra casar com ele? Ele é um saco! - escreveu Fred rindo.

-E quem é Rony e Gina?

-Os mais novos - respondeu Fred.

-Ele não sabe do Rony... então ele deve ter parado de escrever antes dele nascer - comentou George para o irmão.

-Ah. Bom, não vão se sentir sozinhos, creio eu.

-Improvável, realmente. Mas diga-nos, quando você parou de escrever no seu diário? - inqueriu George.

-Pouco depois que vocês nasceram.

-Por quê?

-Alguém muito querido morrera. Alguém próximo demais.

-Alguém como um irmão? - escreveu Fred, olhando triunfante para George.

-Sim. Eu sentia como se tivesse perdido uma perna.

-Nossa! Esse cara com certeza é o que aprontava com o papai quando ele estava com Hogwarts - comentou Fred para o irmão.

-E quem era essa pessoa? - escreveu George ansioso.

-Não posso dizer - respondeu o diário, fazendo com que Fred e George soltassem muxoxos exasperados - Mas posso mostrar.

Uma luz clara e amarelada surgiu do meio do livro enquanto virava as páginas numa velocidade alucinante , ofuscando os gêmeos. Porém, não tiveram tempo de se afastar, pois em segundos foram tragados para dentro do diário.

George caíra em seco no chão de cimento e mal tivera tempo de esquivar com o irmão caindo em cima de si.

-Tá me achando com cara de colchão, Fred? - perguntou George mal humorado, olhando em volta -Como é que chegamos na estação tão rápido? - pensou em voz alta - Fecha a boca, garoto -disse ao ver o irmão com uma expressão de choque no rosto que apontava para um aglomerado de pessoas.

-Papai e...- murmurou Fred, cobrindo a boca com as mãos.

- e Lúcio Malfoy - completou George ao identificar o garoto loiro andando próximo a seu pai, com um sorriso caloroso no rosto.