Travessia escrita por acbertini


Capítulo 1
I had a dream




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« Os sonhos são tão insubstânciais que aquele que está de fora deseja ser exatamente igual a ti, enquanto você, o afortunado, odeia a sua vida medíocre e almeja uma terceira. O conteúdo presente no sonho é de menor valia, é contraditório. Quem dita o teor de magia é a esperança contida neste "um amanhã melhor para se viver". A esperança é o ópio da mente. Sobre esse pretexto mata-se e roubam-se coisas, onde sua melhor aliada é a mais vil das mentiras. Pois o hoje não importa mais, não alimenta mais, já tornou-se rotina, e rotina eu não quero. Queremos o véu do desconhecido e as aventuras de um astro de Hollywood. Pois ter comida, cama e roupa lavada já não é mais o suficiente. Nos tornamos pobres em sentido, em espírito, em vida! »

 

Então, enquanto o mais jovem e lindo príncipe cavalgava em sua imensa montaria, um adornado e pesado elefante, tudo o que já foi, não era mais. E as moças, ah, as moças! Elas suspiravam de desejo e ambição, pois um príncipe era sempre lindo, rico e importante demais para perguntar-se o que era plebe. Mais não! (Espanto) Ele acenou, com a finura de seus dedos dourados, e logo mais de vinte mariposas reproduziram em si um sonho - seu futuro num palácio, ricas e importantes, degustando da maravilha intocável que era aquele nobre pombo real.

Ele, por sua vez, não notou que sua presença despertava aquela esperança, já que seguia seu (falso) rumo em direção ao véu de sua virgem e imaculada Jasmin, a filha do Sultão das Arábias. Como ela reagiria em sua nova e gloriosa presença? Apaixonaria-se em dobro assim como sua orquestra, elefante, pássaros, animais exóticos e ouro? Dentro daquele palácio tudo parecia tão mais nítido como a primeira visão que tivemos em nossas vidas, era tão mais excitante e empolgante, era tão grande quanto seus sonhos o deixassem levar...

E ela, Jasmin, desejaria morrer. Perguntava-se porque era mais uma cabeça de gado indo a leilão, se a liberdade nunca estaria para si nem no momento de escolher seu cônjuge. Já as pobretonas concluiriam que ela era nobre demais para gastar seu tempo tomando decisões, já que Alá havia decidido tudo pela moça, e por isso ela seria eternamente abençoada de seu ventre.

O príncipe vagava e vagava, seu mundo de recortes de papel logo era tudo, era completo, era nada. Lá ele seria feliz. Lá, ela seria prisioneira. E lá, as plebéias nunca tocariam seus pés, mas a esperança as dizia que o mundo de glória e holofotes estaria para elas. Elas, enfim, eram felizes.


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