Passei a língua pelos lábios, enquanto tentava achar a merda da sala. Cara, isso está pior que o labirinto de Dédalo, daqui a pouco eu vou pedir um mapa, e uou. Minha santa Afrodite, esse é friboi. Tombei a cabeça para o lado, fingindo que estava procurando alguma coisa, mas na verdade eu estava olhando o garoto que havia passado por mim. Ele se virou por alguns instantes, como se procurasse quem estava olhando-o, e eu fingi que lia alguma coisa em um cartaz atrás dele.

Ri baixinho quando ele voltou a andar, ignorando minha existência. Senti vontade de rir mais alto ainda por algum motivo que eu não sei. Que merda! Será que as flores de lótus que eu comi no chalé 69 antes de vir para cá ainda estão fazendo efeito? Realmente espero que não, pois com toda certeza não seria nada legal começar a dançar Poker Face no meio da aula de matemática.

Finalmente, depois de alguns minutos, e duas mensagens de texto da Livie, achei a maldita sala. Entrei, sentindo todos os olhares caírem sobre mim. Não sei se é por causa do meu cabelo totalmente colorido, ou se é pela minha mochila que tem estampas de unicórnios, ou se é minha blusa que diz "Vá se auto-fecundar!"...

-Srta... Jones? - O professor olhou para minha cara, e depois me avaliou, fiquei com uma vontade enorme de mandar meu lindo dedo do meio com unicórnios pra ele, mas me segurei, e apenas assenti. - Sente-se naquela mesa do fundo, sim? 

Assenti novamente, e caminhei calmamente até lá, uma garota (com cara de metida), colocou o pé na frente, pra me fazer tropeçar, mas eu fiz a coisa mais delicada do mundo, sim, eu pisei no pé dela. Sim, eu estou de all-star, e sim, eu pisei com força. Livie me avisou dos tipos que estudam aqui. E é, eu não me arrependo. Joguei minha bolsa delicadamente (sintam a irônia) em um canto, e me sentei na cadeira, começando a prestar atenção em todo mundo.

Mordi o lábio inferior, e comecei a fazer uns desenhos na mesa, primeiro um unicórnio, depois uma unicórnia, depois mini's unicórnios e unicórnias, e depois mais alguns unicórnios. E por último, fiz um grande arco-íris. Quase chorei de emoção com o desenho mega perfeito que eu fiz.

Quando o sinal bateu, eu peguei meu celular (sim, eu tenho um celular), e tirei uma foto do meu desenho. Saí saltitando e cantando a músiquinha dos pôneis malditos. Por sorte encontrei Livie na fila para comprar coca-cola.

-Se meteu em confusão? - Ela perguntou distraidamente, apenas neguei enquanto olhava para nosso grupinho amontoados em uma mesa, percebi Livie dando um suspiro quase imperceptível. Acho que ela não gosta de ficar em grupos. Porque ela foi pra outra mesa, com cinco pessoas mais velhas. Pelo visto já se conheciam. Fui para a mesa do nosso grupo depois de pegar uma coca cola.

-E então, como foi a primeira aula de vocês? - Sofia perguntou, colocando uma colherada de sorvete na boca. Oh sorvete! Sorri marotamente, e quando ela se virou para encarar os outros, peguei uma colherada do seu sorvete.

-Hey, eu quero um pouco também. - Jack sussurrou, e eu peguei mais um pouco e dei a ele. 

-MEU SORVETE! - Sofia gritou paranoica, pegando o potinho de mim, que fiz um biquinho fofo. Ela me ignorou, e começou a conversar com Mei, enquanto eu olhava para todos. Leo e Nico debatiam sobre quem era melhor com a espada, e o resto ficava lá, apenas observando tudo. Mentira, todos tinham algo para fazer menos eu. Sério. Estou me sentindo levemente excluída. Mas notei que alguns (cof cof Sofia) ficaram um pouco mais amigáveis quando a Li saiu.

Levantei-me, e saí de lá rapidamente, tentando passar despercebida. Sem querer acabei trombando com alguém, e voou coca-cola até na China.

-Merda. Mil perdões. - OMG! É o cara bonitinho que eu estava olhando.

-Ah, tudo bem. -Respondi, tirando a blusa de moletom que dizia "Vá se auto-fecundar", ficando apenas com a minha blusa branca de unicórnios.

-Você gosta de unicórnios, não? - Ele perguntou divertido, apontando para a blusa.

-Ah sim, eu adoro. - Disse sorridente, era a primeira vez desde que eu cheguei aqui, que eu podia demonstrar meu amor a respeito de unicórnios a alguém.

-Eu não gosto muito de unicórnios. - Meu sorriso desmanchou. Existiam duas maneiras de me fazerem ficar triste. Gritando comigo, ou falando que não gostam de unicórnios. - Mas eu gostei de você. - Abaixei a cabeça, e ri baixinho.

-Todo mundo gosta. Quem não gostaria desta pessoa simpática e amigável que eu sou? - Foi então que eu vi os dois patetas, Nico e Leo vindo na minha direção.

-Ela tem só 12 anos cara. - Nico disse, começando a me puxar.

-Seu pedófilo. - Leo completou, me pegando pelo outro braço, e começando a me arrastar de volta para a mesa. - Onde já se viu, ficar dando em cima da garota. -Ele murmurava, como se eu fosse filha dele. E para falar a verdade, ele parecia um pai possessivo.

-Leo. Senta. - Cassidy disse, com aquele jeito mandão, fazendo Leo se encolher, e se sentar lentamente no banco.

-Mas ela não pode namorar... -Ele disse, fazendo a mesma cara de "pai possessivo".

-Posso sim. - Eu disse, voltando até o cara, que parecia estar se segurando para não rir. Livie nos estava olhando de longe, tentada a rir também.

-Algum deles é seu namorado? - Ele perguntou divertido.

-Não, o com cara de emo é alone, e o outro idiota provavelmente é da Cassidy. - Respondi, balançando meus cachos coloridos.

-Sou Henrique/Queen Jones. - Dissemos juntos e nos entreolhamos. Soltei um risinho de lado.

-Se um dia fossemos nos casar eu continuaria sendo Jones. - Eu disse, assoprando uma mecha verde que voou na minha cara.

-Você é engraçada. - Ele disse, dando um meio sorriso.

-Oh! Valeu. E você é bonito. - Tapei minha boca no mesmo instante que disse aquilo.

-Obrigado. - Ele disse sorrindo.

-Ok então, eu vou... Lá com os meus amigos, ok? Tchauzinho. - Eu disse, saindo de lá totalmente envergonhada.

*

Ás últimas aulas se passaram rapidamente, e eu fiquei fazendo corações de olhos puxados. Eles me lembravam o Henrique, já que ele tem olhos meio puxados, e é tão fofo! Quando ás aulas acabaram, fiquei esperando alguém na saída, mas meus queridos amigos me abandonaram, fiz biquinho e fiquei com vontade de chorar. Bando de idiotas. Vou quebrar a cara deles na hora que chegar na casa da Stark.

Segurei minha bolsa de unicórnios com força, e a joguei nos ombros, vou matar todos lentamente, igual quando matei meus pais. 

-Hey Queen, gostaria de uma carona? - Henrique, que estava dentro de um carro, perguntou, e eu sorri, fazendo que sim com a cabeça. Dei a volta, e entrei no carro, estava tocando uma música do Simple Plan, e eu sorri.

-Valeu, meus amigos me abandonaram. - Eu disse, voltando a fazer meu biquinho triste...

-Não sei porque, você é tão agradável. - Ele sorriu, e eu corei feito um pimentão com catapora que tomou banho em uma banheira de katchup.

-Own valeu. - Sorri feito idiota para a paisagem, e depois me virei para ele.  - Vire a esquerda, por favor. - Pedi, e ele fez o que eu mandei, ficamos em silêncio durante alguns minutos, e então eu vi a casa de Livie. Desci do carro quando ele parou.

-Quer sair comigo? - Ele perguntou um tanto quanto alto, já que eu já estava meio distante do carro.

-Adoraria. - Sorri.

-Nos falamos amanhã então? - Ele perguntou, passando a mão na cabelo.

-Claro, ah sim, e obrigada pela carona. - Eu disse, acenando pra ele.

-Não foi nada. - Pude ouvi-lo dizer, e então, quando já não via mais o carro, entrei, soltando o ar pesadamente. Eu iria ficar aqui na casa da Livie por um tempo, e espera. Eu vou sair com ele! AH MEUS DEUSES EU VOU SAIR COM ELE! Comecei a fazer uma dancinha estranha, e então, senti um tipo de negócio estranho. Pareciam borboletas no estômago. Comecei a rir, e sub até "meu quarto", um lugar claro, com as paredes em arco Iris e uma cama gigante. Me joguei nela.

*

Senti algum negócio vibrar e me mexi desconfortável, mas me levantei, e peguei meu celular "Rápido, no shopping!". Suspirei irritada, e peguei minha roupa de super-heroína, e chamei por Íris, minha unicórnia/pégaso, esse era meu meio de transporte quando virava a Unicórnia.

Cheguei no shopping em poucos minutos, e me surpreendi com a bagunça que estava, eram crianças chorando, os heróis estavam em algum outro lugar, e haviam pessoas feridas. Comecei a ajudar as crianças a saírem do shopping, junto com as mulheres, outros homens me ajudavam, foi então que eu senti-me sendo arremessada para a parede, olhei para o cara e adivinha? Cabeça de Martelo me encarava mortalmente.