Cap. 5 – The Fight

Loki acorda. Os raios do Sol de Asgard passam pelas janelas amplas de seu quarto. Ele se espreguiça e abraça Krisca... Mas Krisca não está mais lá. Ele abre os olhos. A cama vazia. Sequer o delicioso perfume dos cabelos dela ficaram no travesseiro. Ele se senta rapidamente e pergunta por seu nome. O Rei Asgardiano começa a se perguntar se a noite passada e as coisas que Krisca o disse aconteceram de verdade ou se ele havia tomado muito hidromel no jantar.  Ele se levanta, toma um banho e se veste. Desce para o café da manhã, onde sua mão, Frigga o saúda, desejando-lhe um bom dia.

-Dormiu bem, meu filho? – Loki pensa um bocado, enquanto pega uma maçã e se senta.

-Ahn.. sim. Muito bem.

-Fico tão orgulhosa de você por abrigar aquela moça... Embora esteja se arriscando um pouco, mas sei que você sabe o que faz. Qual o nome del...

-Krisca! O nome dela é Krisca...! – ele fala de supetão, o que chama a atenção de Frigga. A deusa o mira com os olhos apertados num claro sinal de estranheza. Como uma mãe, conhecedora de seus filhos, ela sabia que não era do perfil de Loki se importar tanto com alguém, guardando o seu nome e pronunciando ele com tanto sentimento. Ao perceber o olhar da mãe, Loki baixa os olhos e morde a fruta, mastigando silenciosamente ainda sem encarar Frigga.

-Krisca? Belo nome... Ela parece ser uma mulher sem igual não é? Bela, carinhosa, zelosa, espirituosa, forte, decidida... – Loki sorri levemente, pois era a descrição perfeita dos atributos da elfa. – Ela me parece uma ótima “esposa”... – Loki arregala os olhos e mira a mãe. Ele engole o que estava comendo. Frigga agora o mira, sorrindo carinhosamente.

-Voce fez a escolha perfeita, meu filho.... Abençoarei com muito gosto a vida e o relacionamento de vocês.

-D-do que está falando, mãe? Eu não a amo!

-Mesmo...? – Frigga responde com um sorriso que só uma mãe sabe dar quando vê que um filho está escondendo algo. – Tudo bem, mas, mesmo assim.  Me orgulho de você e do seu bom coração em deixa-la ficar. Sei que nossas vidas jamais serão as mesmas depois que ela partir...

-Partir?! – Loki fala com tristeza.

-Sim... Não creio que o banimento dela irá durar pra sempre... Em breve o Rei Jolnih irá perdoá-la e ela poderá voltar ao seu lar. Voce já pensou nisso?

-N-não... – Loki baixa a cabeça pesaroso somente em imaginar perder sua companhia.

-Isso poderá acontecer sim, meu filho... – Frigga fala com doçura.

-Eu... já volto. – Ele se levanta da mesa.

-Loki... – Frigga também se levanta. Vai até o filho e, olhando em seus olhos, diz:

-Voce sabe quem eu sou... Os Midgardianos não me chama de deusa do lar e do casamento por nada. Se você não quer perde-la, faça por onde... Deixe seu orgulho de lado e revele aquilo que sente.

-Obrigado, minha rainha... – ele beija a mão de Frigga. – Sabe me dizer onde ela está?

-Nos jardins. Treinando sua pontaria e cavalgando. Ela é muito boa nisso!

Loki sente que fica pálido de medo em saber que Krisca estava nos jardins, se expondo e fazendo todos notarem que uma Light Elf estava no meio do povo de Asgard. Ele corre até a varanda para encontra-la. Ele a encontra voltando para o castelo, acariciando a face de seu cavalo e “conversando” com ele. Loki a observa por um tempo e fica aliviado agora em saber que ela estava voltando. O rei decide ir até Krisca. Aproximando-se dela enquanto ainda acaricia seu cavalo.

-Ooh, você é um bom garoto... Não é? Meu amor...

-KRISCA! – ele grita. A voz pesada e carrancuda.

-LOKI! – ela grita num susto, levando a mão ao coração tamanho susto. Ele se aproxima dela lentamente.

- O que está fazendo...?

-Falando.. com.. meu cavalo...? – ela responde, com receio de ser julgada.

-Eu pensei... que havia sido claro... sobre PREMANECER DENTRO LÁ DENTRO... até que eu dissesse ser seguro sair... Lembra, Krisca? – ele fala aproximando-se mais ainda dela a cada palavra, parecendo querer esfolar a elfa viva.

-Mas você.. disse que eu não precisava ficar mais em meu quarto, e que não era sua prisioneira...

-Disse que poderia sair do seu quarto, mas não do palácio!!! Sair não é seguro nem pra você e muito menos pra mim!!! Ah! Eu sabia que você me daria problemas...! – ele sacode a cabeça bufando e colocando as mãos na cintura.

-Desculpe-me, Loki...Eu...

-E se os Dark ELves a verem aqui – ele a interrompe – irão declarar guerra a Asgard por minha traição!!!

-Eu vou para meu quarto agora, Loki... Não quero causar confusão outra vez. Desculpe.

-Eu.. pensei que pudesse confiar em você, elfa... – ela se chateia com o que ele diz.

-Mas você pode, Lok.. – ela percebe que ele não a chamou pelo nome - ...Senhor... – Loki está se sentindo chateado também por não ter acordado com ela, e um pouco confuso quanto ao que sente. Além do medo do que poderá acontecer a ambos se os Dark Elves souberem de Krisca por lá.

-Eu pensei que poderia.. – ele dá as costas e vai em direção ao castelo. Krisca percebe o que pode estar passando por sua cabeça. Ela corre para acompanha-lo puxando o cavalo junto.

-Loki... Quero que saiba... Aquilo aconteceu... Não foi sonho. Me perdoe por ter levantado cedo. Costumo levantar junto com o Sol.

-Aquilo o que? – ele olha com uma expressão confusa, mas sabendo claramente do que se trata.

-Bom, a canção em seu quarto, as coisas “estranhas” que você me perguntou... – ela baixa a cabeça envergonhada

– E aliás, não me interessa a que horas você acorda!– ele anda a sua frente devagar e a deixa.-Eu já esqueci tudo aquilo! – Loki adiciona isso sem olhar pra trás.

Furiosa pela atitude dele, ela anda com passos rápidos e pesados até alcança-lo, posicionando-se em sua frente e gritando em seu rosto com raiva:

-Se você exige que uma pessoa seja verdadeira com você, você deve fazer o mesmo com ela!!!

-Voce está esquecendo seu lugar, elfa! – Loki diz chocado com a atitude dela. Ela caminha em direção ao castelo e, sem se virar, grita pra ele:

-E você esqueceu de cumprir sua promessa!!! – Krisca pede para um servente – Por favor, poderia levar meu cavalo, o Loki, para o estábulo?

O servente fica confuso.

-A senhorita se refere ao... cavalo não é? – Loki fica perplexo em saber o nome do cavalo.

-Sim, embora eu pense que o seu rei mereça ir também... – Krisca fala com ironia olhando para Loki.

-Sim, senhorita Krisca... – diz o servente pegando o animal. Loki corre atrás de Krisca que volta a caminhar e grita:

-E porque esse animal tem meu nome??? – ela para de caminhar e o olha, respondendo:

-Porque ele representa a época em que eu te defendia mesmo sem te conhecer. Lembra do que eu disse ontem? Ou já esqueceu também? – ela deixa uma lágrima grossa cair. Ele faz uma longa pausa.

-Não é um elogio ter o meu nome em um animal!!! É isso que eu sou pra você?? Nada mais que um animal?? – ele vai gritando aumentando o tom de voz ainda mais a cada frase.

-Se você conhecesse meu cavalo... Sua personalidade, seu jeito de ser.. ficaria orgulhoso e... Oh! Por que estou discutindo ainda com você..?? – ela vira-se a volta a caminhar.

-Eu não quer conhecer seu cavalo! É apenas mais uma criatura estúpida! EU SOU UM REI!!! – Loki a segue gritando ainda.

-LOKI SALVOU MINHA VIDA!!!! – o rei pausa e arregala os olhos surpreso com a revelação – Está feliz agora??? Ahhn??? – Loki engole em seco. Krisca prossegue:

-Fique com sua flauta, lira e... e com a harpa! Com tudo! Se você as deu a mim como esmola, então não quero mais!!!

-Do que está falando? – ele pergunta confuso e preocupado quanto ao que ela pensa sobre ele agora.

-Nunca pensei que diria isso, mas não tocarei nada mais enquanto estiver aqui!!!

-E-eu dei os instrumentos pra você para te agradar... não por piedade... Agora você me insultou... – ele fala agora de modo irônico – e sem contar que sua música é o que te mantém viva! E agora jura não tocar mais?

-Não quero tocar e pensar no quanto você é inconstante... Um dia você me chama pelo nome.. me convida a dormir com você... E agora.. pisa em tudo isso?

-Hahahaha Eu estava com PENA de você, elfa... – ele a olha com desdém – você é apenas uma elfa! Nada mais que isso...

-Se você não tem sentimentos, que seja! Mas não pise nos meus sentimentos... Isso doi... – Krisca limpa as lágrimas.

-Tudo bem... Eu vou parar... – Loki responde num tom irônico. – Mas se você parar de tocar... talvez eu queira “pisa” no seu Loki... Talvez ele faça um par de botas de montaria muito boas... – ele se vira e anda em outra direção.

-NÃO SE ATREVA, SEU VERME IMUNDO!!!  - Krisca grita. Sua voz ecoa por todo lugar, tamanha força que ela gritou. –Loki para e se vira para a elfa.

-Voce ainda não viu nada, elfa... Não me desacate... Ou farei você assistir ele sendo esfolado..... vivo...! – ela franze o cenho. Caminha lentamente em direção a Loki e fala:

-hahahahaah Pode parar com o teatro, seu imbecil... Eu sei do quanto você precisa provar que é mau... – ela ri ironicamente, parando diante dele com os braços cruzados.

-NÃO ME DESAFIE!!! – ele grita. Krisca não mexe nenhum músculo. E, aproximando-se dele mais ainda, diz:

-Voce não me engana... Eu prometi ser leal a você... É bom que mantenha sua promessa e me dê o que eu precise.. E eu preciso do meu cavalo por perto.... –ela agora fica com a boca muito próxima a dele. Logo, completa o que diz de forma ameaçadora – Se fizer qualquer coisa ao meu cavalo... você terá quebrado sua promessa.. e me dará o aval para que eu quebre a minha também...! –ela faz uma pequena pausa e fala ao ouvido de Loki – Promessa por promessa... Vida por vida...!

-hehehehehe.. Oh.... como eu gosto de você... – Loki a puxa pra si e a beija. Krisca o empurra e lhe dá um tapa forte no rosto.

-Nunca-mais-faça-isso-de novo...! – ela ponta o dedo na cara de Loki.

-Mas você me pediu pra ser honesto..! – ele diz massageando o rosto avermelhado pela bofetada – O tapa so me fez gostar ainda mais de você.. – ele sorri maliciosamente.

-Agora eu entendo.. você gosta de ser mal-tratado...! É isso que quer?? Que eu o trate assim sempre???

-Eu gosto do fato de você não me temer... e me desafiar... Isso... me atrai. Por toda minha vida... quase nunca fui sincero e... – ele baixa os olhos – eu peço desculpas.... Krisca.

-Voce já notou que não o temo. Isso é bom. Eu tenho minha personalidade. Sabe que serei leal a você enquanto eu viver. Sabe também que eu ESTAVA disposta dar a você o amor que te negaram. Mas, ver você agindo assim... Negando meus sentimentos, pisando e cuspindo neles... desgasta a imagem de admiração que UM DIA fiz de você.... –Os olhos de Loki enchem-se de lágrimas, pensando nas coisas que falou a Krisca e do jeito que a magoou .

-Voce se refere a ser leal a mim ou a Loki?

-Sempre serei leal ao meu cavalo, pois ELE É leal a mim. Mas, como prometi, sou leal a você enquanto não quebrar sua promessa.

-Eu... fico honrado em ter meu nome dedicado a uma criatura tão magnífica e.. heroica pelo que você me falou. – ele sorri para ela, porém para de sorrir ao ver que Krisca continua com a mesma expressão de tristeza e mágoa.

-Krisca, por favor... estou sendo sincero... De verdade. E eu quero melhorar a imagem que você tem de mim...

-NADA pode melhorar sua imagem para mim agora... nem meu humor melhorará tão cedo... Nem mesmo tocar ou cantar irá me fazer melhor, eu acho. E, por favor.. Não me chame mais pelo meu nome.

-Eu, vou te deixar ir então agora... – ele se vira para ir embora, mas Krisca o segura de seu queixo e pergunta:

-Olhe pra mim! O que..? O que disse?

-Eu quis dizer que não vou incomodá-la mais por hoje... Tem minha palavra que não irei importuná-la... outra vez... – ele pisca lentamente e baixa os olhos. Krisca larga o queixo dele.

-Obrigada.... Senhor.

Krisca anda até seu quarto. Chegando lá, bate a porta pesada com uma força tremenda, tamanha à raiva que sentia.

Loki, ficou onde estava. Colocou as mãos no rosto, refletindo sobre tudo que falou a pobre elfa. Quando fez isso, sentiu raiva de si mesmo. Ele entra no castelo e, percebe uma presença estranha virando o corredor que vai até os Salões do Trono. Loki estreita os olhos, tentando reconhecer de quem se trata. Loki anda a passos leves pelo corredor. O invasor sente a presença de Loki se aproximar e se vira na direção oposta para fugir, mas Loki, usando seus dons, se materializa a frente do invasor. Loki pega o homem pelo pescoço e o joga contra a parede, batendo a cabeça dele com força.

-Quem é você, ser imundo? O que pensa que faz em minha casa?? – O homem faz sinal, apontando pro seu pescoço, num claro sinal que não consegue falar por causa da mão forte de Loki o sufocando. Loki larga o pescoço, mas pega-o dos ombros e joga contra a parede outra vez.

-Vou perguntar mais uma vez.... QUEM É VOCÊ...?

-Eruvadhor, senhor...! Cof, cof! –O homem leva a mão até a garganta dolorida. – Sou um emissário do Rei Jolnih, pai da princesa Krisca!

-O que?! – Loki presta atenção nos traços do homem. Ele era um elfo, assim como Krisca: tinha orelhas levemente anguladas e traços joviais. Ele portava uma pequena espada, propriamente para não chamar muito atenção. Além de roupas que mostravam sua condição de emissário: uma armadura de couro e uma bolsa para guardar mensagens.

-Pode me soltar, senhor? Dou minha palavra que não atentarei contra sua vida. – Loki, um pouco relutante, o solta. O elfo alisa a cabeça e geme baxinho.

-Diga-me o que quer aqui, elfo! É pela Krisca?

-Sim, senhor... O Rei Jolnih me enviou para que acompanhasse o banimento da Princesa Krisca onde quer que ela fosse.

-Princesa...? – Loki fica apavorado. Ele pensava que ela era apenas uma moradora de Alfheim, e não filha legítima do Rei. Ela era uma moça de linhagens. Mais nojo de si mesmo ele sentiu quando lembrou da maneira que a tratou há minutos atrás.

-Sim.. ela não disse a voce...?

-Não... Mas, com que direito adentra meu castelo assim??

-O Rei pode ter banido a própria filha... Mas não a deixaria entrar em apuros. Ele me pediu que a seguisse, sem que a notasse. E o enviasse relatórios dos lugares que ela está e com quem está. – Loki engole em seco. Teria o elfo contado ao pai de Krisca sobre ela ter dormido na cama de Loki?

-R-relatório...? E que tipo de coisas você escreve?

-Bom, se ela está feliz, doente, risonha... Se isso o preocupa – Eruvadhor fala maliciosamente – Eu não a espiono  intimamente, por exemplo, sobre quando ela se banha ou com quem se envolve... Eu não venho todos os dias, Senhor. Essa é minha primeira visita aqui, desde que ela chegou em Asgard.  – Loki fica envergonhado, mas depois pergunta:

-Há quanto tempo a conhece?

-Nós crescemos juntos, senhor.  Meu pai, Rauthar, foi salvo numa batalha pelo Rei Jolnih. A mãe de Krisca, a doce Niben, o curou com seus dons. Depois disso, meu pai e eu fomos eternamente gratos a Família Real de Alfheim, prometendo fidelidade acima de tudo. – Loki ouvia tudo com atenção. Ele estava começando a gostar da raça dos Light Elves. Diferente dos Dark ELves, eles levavam lealdade muito a sério, e isso o agradava. Muito.

-Então Krisca herdou seus dons da mãe?

-Os dons, a doçura, o sorriso... – Loki estava enciumado já com o que Eruvadhor dizia - ... e o talento bélico do pai. O Rei Jolnih é um exímio guerreiro.

-Eu... devo dizer que não gostei nem um pouco de saber que adentrou minha morada, elfo.

-Peço perdão, senhor – ele se curva – mas eram ordens do meu Rei. Em momento algum pretendi chateá-lo ou sequer ferir Vossa Majestade.

-Bom... Peço então que não volte aqui, elfo. Krisca está bem e feliz.

-Er... não tenho tanta certeza, Senhor... – Eruvadhor se referia a discussão que eles acabaram de ter. Loki fica irado, mas respira fundo.

-Se algo acontecer, eu prometo que envio uma carta ao Rei Jolnih. Mas, não quero você por aqui mais.

-Eu... avisarei ao Rei Jolnih, Majestade. – o elfo se curva, consentindo aparentemente.

-Agora vá. Vá antes que me arrependa e te prenda aqui por espionagem.

-Obrigado, Senhor. – o elfo se dirige a um canto escuro, onde puxa um capuz sobre a cabeça e some numa fina penumbra. Loki vai em direção a biblioteca, pensando em ocupar sua mente e esquecer por um momento o que acontecia.

Porém, o que ninguém imaginava, é que um servente de Loki, que testemunhava a conversa dos dois de longe, não era bem que mostrava ser....