- Pare com isso Dylan! Você está louco?

- Não é loucura, Alfred. É justiça.

- Esse não era o combinado! Não é isso que viemos fazer aqui!

- Talvez seja e você não saiba. O que há com você? Não me diga que está com pena dos Smiths?

- Não é questão de pena! É questão de sermos presos! 

- Realmente, Alfred. Você é uma decepção. Sempre pensei que você seria um grande vice-líder socialista quando meu mandato chegasse, mas vejo que você não passa de um fracote.

O fósforo aceso caiu das mãos de Dylan e o fogo foi se espalhando rapidamente para fora do celeiro e pelo fio de gasolina colocado estrategicamente em volta da casa.

- Seu grande idiota! - Alfred avançou tentando arrancar a caixa de fósforos da mão direita do antigo amigo. 

- Já é tarde. Em instantes a casa estará em chamas e o mundo verá como o regime capitalista e esse governo inútil possuem falhas.

Dylan possuía um olhar louco e perturbado e seus olhos refletiam a luz alaranjada das chamas. Ele se dirigiu até a porta do celeiro e a trancou guardando a chave no bolso do casaco.

- O que você tem na cabeça? Nós vamos morrer! - Alfred correu até a porta e tentou inutilmente arrombá-la com chutes. 

- Lógico que vamos. Não esperava que um grande estrategista como eu deixaria alguma falha no plano. Ninguém desconfiaria de alguém morto. Além do mais, é um ótimo jeito de manter sua boca calada. E você deveria se sentir orgulhoso! Vamos morrer pelo socialismo!

Alfred estava começando a perder a paciência. Ele sentia a fumaça entrando pelos seus pulmões e o sufocando lentamente. O fogo se espalhava muito rápido devido ao chão de palha do celeiro e logo alcançaria os dois.

- Cale a boca! - ele gritou com toda força que ainda conseguiu retirar de seu corpo antes de começar a tossir devido à fumaça. - Você é louco! Não era para ser assim! Sinto muito, mas eu me declaro um ex-membro da associação.

O rosto de Dylan sofreu o impacto da mão direita de Alfred fazendo-o recuar alguns passos e ficar alguns segundos sem reação. Depois ele avançou e torceu o braço esquerdo de Alfred prendendo suas mãos nas costas. Ele gritou de dor e Dylan continuou tentando leva-lo para mais perto do fogo. 

- É o fim Alfred. Às vezes precisamos sacrificar vidas para termos o que queremos. Mesmo que isso signifique as nossas próprias...

Dylan estava prestes a soltar o outro nas chamas. O calor subia pelos corpos dos dois adolescentes fazendo Dylan parecer ainda mais sombrio e maníaco. Seus olhos brilhavam com ódio como se ele estivesse fora de si. Alfred começava a sentir o corpo ceder. Seus pulmões não aguentariam mais muito tempo agora que tossia pelo menos uma vez a cada dez segundos e seu braço fraturado doía intensamente enquanto Dylan continuava a puxá-lo para as costas.

- ...ou a dos outros. 

Ele sorriu e soltou o colega. Alfred se segurou em uma barra de ferro pelo seu braço bom e se encostou na parede mais próxima ainda não destruída pelas chamas. 

- Não vai desistir? Vai morrer de qualquer jeito. Mas quero que morra antes de mim, para eu ter certeza de que não vai fugir. 

Ele avançou novamente, mas dessa vez Alfred chutou seu joelho esquerdo. Ele caiu no chão gritando provavelmente com uma fratura. Alfred usou o resto das forças que tinha para nocautear o outro com um pedaço de madeira deixando-o desacordado enquanto roubava-lhe a chave do celeiro do bolso. Ele correu até as portas e destrancou desesperadamente o cadeado. As portas foram rapidamente abertas pelo lado de fora por uma terceira pessoa e Alfred viu cerca de quinze policias em sua frente antes de desmaiar completamente.