Beyond Broken Souls escrita por Haunted House, Angel of Silence, Angelika Malfoy


Capítulo 16
Victoire Vernon




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O Castelo de Hogwarts era... Grande, mas só isso. Quero dizer era imponente, mas tudo parecia meio velho, os quadros na parede estavam encardidos e seus ocupantes pareciam entediados, o vidro das janelas estava cheio de marcas e o mármore do piso implorava um esfregão. Em Beauxbatons era tudo tão reluzente, dava para usar as janelas como espelhos e os retratos cumprimentavam quem passava. Estávamos reunidos no saguão de entrada e os alunos anfitriões nos aguardavam no salão. Um barco que talvez fosse o transporte de Durmstrang havia causado certo rebuliço entre os mais novos, mas não vi nenhum aluno.

                A professora de feitiços tentava nos organizar para a entrada, conforme ensaiamos repetidamente, mas ninguém prestava atenção.

                -Vic, está tudo bem? – chamou Nicolle – A senhora Marymount já te chamou duas vezes, você tem que ir lá para frente.

                Merda. Eu encabeçaria a entrada e todos me seguiriam conforme o ano, os mais velhos na frente. Era uma grande honra, não queria perde-la.

                -Desculpe professora, estava distraída.

                -Bem preste atenção senhorita, ou colocarei a Delacour no seu lugar. Ande endireite a postura e sorria, porque essa cara de quem vai para o abate?

                Acredite tenho um excelente motivo.

                -Todos prontos, as portas vão se abrir em instantes, senhor Dumoncel endireite a gravata, senhoritas parem de conversar – Falou apontado para Nicolle e Beatrice minhas melhores amigas.

                As portas se abriram, revelando sete mesas, duas vazias, para os visitantes pensei. Outra nos fundos, onde o corpo docente se sentava, algumas cadeiras estavam vazias. As outras quatro estavam lotadas de alunos usando roupas de gala com as cores das quatro casas, se minhas pesquisas estivessem corretas.

                Atravessamos o salão, e eu podia vários alunos, especialmente os garotos boquiabertos, nos sentamos e os alunos de Durmstrang nos seguiram rapidamente. A maioria deles era alta musculosa e meio pálida pela falta de sol no norte, porém a menina que ia à frente era baixinha e cheia de sardas, seria engraçado se o olhar dela não fosse tão duro e ameaçador. 

                Do nada uma garota usando um vestido longo vinho levanta da mesa no extremo do salão e pula na garota baixinha. Ela estava descalça? Argh, ingleses! As duas ficaram rindo até que um professor veio separá-las e conduziu a turma até a mesa destinada a eles, ao lado da nossa.

                -Agora que todos estão acomodados e começamos a nos conhecer. – Armando Dippet, o diretor de Hogwarts, começou, arqueando uma sobrancelha para a menina de vermelho severamente – Creio que é melhor deixar os discursos para mais tarde e iniciar o banquete, acho que todos estamos com fome- Alguns alunos suspiraram em alívio e então travessas e travessas de comida surgiram a nossa frente, não só comida típica, mas algumas especialidades francesas, graças a deus, nem morta comeria aquela comida gordurosa.

                O ruído de pratos, talheres e conversas encheu o salão.

                -Ei, vocês viram quando garotos lindos aqui? – sussurrou Beatrice.

                -Pelo amor de Merlin Bea! Mal chegamos e você já está de olho nos meninos?

                -Claro! Nem todo mundo tem um príncipe alemão lindo, gentil e rico como Alan, Vic.

                -Verdade – concordou Nicolle – Afinal o que ele foi fazer na cabine quando nos saímos?

                – Já disse, ele foi conversar comigo, mas tropeçou, bateu a cabeça e desmaiou.

                Ela me olhou desconfiada, Nick e eu éramos amigas desde os dez anos de idade e ela me conhecia bem demais para cair nessa, mas desistiu e voltou a fofocar com Bea, porém já não as escutava, voltei a pensar no trem.

                Flasback

                - Vou comprar uns doces, vocês querem? – Perguntou Nick.

                -Com certeza! Vou com você- Somente a palavra “doces” para fazer Bea parar de ler.

                -Eu não quero obrigada, a não ser que tenha dadinhos de caramelo.  Nesse caso amarei vocês para sempre se trouxerem para mim.

                -Preguiçosa! – disseram rindo enquanto saiam me deixando sozinha.

                Voltei a fazer... Nada, até Alan bater na porta e entrar.

                -Oi amor.

                -Oi Tory, tudo bem?

                -Claro. O que está fazendo aqui?

                -Bem admito, estava espionando sua cabine, esperando as meninas saírem.

                -Por que, há algo errado com elas?

                -Não boba, só queria ficar a sós com você, quase não nos vimos na sua festa...

                -Hum, verdade, desculpe por isso, eu estava muito ocupada. – Disse e em seguida o beijei.

                -Talvez eu desculpe, se você souber me compensar... – Havia algo estranho em seus olhos, algo errado.

                -O que quer diz... – Mas ele me agarrou violentamente, e fiquei tão surpresa que não reagi. Ele continuou me apertando com força, machucando mesmo. Tentei me soltar, mas ele só bem beijou com mais força. Levantou a mão e tentou abrir minha blusa. Mordi sua boca com força até sentir gosto de sangue e ele me empurrou sobre o assento da cabine.

                -No que está pensando sua vadia? – Berrou – Você tem que fazer tudo o que eu quiser, escutou, ou eu serei obrigado a espalhar para todo mundo que você vive numa pocilga de empregados agora sua putinha. – Ele levantou um braço como se fosse me bater. Peguei a varinha e disse o primeiro feitiço que me veio à cabeça.

                -PROTEGO!

                Uma barreira ergueu-se entre nós, fazendo-o cair no banco oposto.

                -O quê você está pensando? Ficou maluco?

                -Fala sério, você tem que ser muito ingênua para não perceber o que eu estou fazendo. Acho melhor você se comportar a partir de agora querida.

                -Ora seu... – Mas a voz do meu avô ecoou em minha mente “Tente se aproximar daquele rapaz, Tetzner, seria um bom casamento, bela família, os alemães estão cada vez melhores.” Merda eu nem mesmo podia terminar com ele. Lágrimas vieram aos meus olhos, então tive uma ideia que resolveria meus problemas por hora, isto é se conseguisse fazer o feitiço, minha única tentativa de fazer Mélanie se esquecer de um episódio em que mamãe estava muito bêbada fora inútil, mas seria melhor do que nada.

                -Obliviate. – Os olhos azuis de Alan saíram de foco por um momento.

                -Tory, o que aconteceu? – Funcionou, ou ele pode estar fingindo, mas não deveria contar nada a ninguém. Provavelmente.

                -Você veio aqui me ver , tropeçou, bateu a cabeça no bagageiro e desmaiou uns instantes. – Inventei.

                -Que estranho. Ei, por que está apontando a varinha para mim?

                -Você não acordava, fiquei nervosa e fiz um feitiço enervate para te despertar.

                -Obrigado.

                -Você deveria procurar a enfermeira, ela está no vagão dos professores, estou preocupada.

                -Certo, acho melhor, é uma pena, queria muito falar com você. Não se preocupe me sinto bem, só um pouco de dor de cabeça.

                -É bem... Nos falamos mais tarde. – Ele saiu e quando as meninas voltaram me encontraram com a cabeça entre as mãos apoiadas nos joelhos.

                -Não tinha nada de caramelo Vic. Ei, está tudo bem? – Falou Bea.

                -Sim, só um pouco preocupada, Alan veio aqui e passou mal então eu mandei que ele fosse a enfermaria.

                -Nossa!Ele está melhor? – Ela olhou em volta como se procurasse vômito na cabine.

                -Agora sim.

                Fomos o resto da viagem caladas, só restavam uns quarenta minutos, e seguimos obedientemente o fluxo de alunos no desembarque.

                -Senhorita Vernon – O professor de história da magia me chamou e eu gelei achando que o Tetzner tinha dito alguma coisa. – Há uma pessoa aqui para vê-la.

                Estranhei, podia contar nos dedos o número de pessoas que conhecia na Inglaterra então quem poderia querer falar comigo? Murmurei para as meninas que as encontraria depois e o segui através dos alunos. Paramos numa salinha num canto da estação, onde se armazenavam bagagens.   Uma garota loira, com olhos verdes claros estava lá, minha prima Angelika Rose.

                -Oi prima tudo bem?

                -Oi! – Ela deu o sorriso mais falso do mundo, mas dane-se, eu também pouco me importava.

                -Faz tanto tempo que eu não te vejo! Você está linda.

                -Eu sei, quer dizer obrigada!

                -Enfim nos vemos no castelo, mas acho melhor voltarmos logo.

                -Claro! Só... Antes de irmos Victoire, me deixe esclarecer algumas coisas, sim? Você é uma Vernon e é minha prima, mas ainda é mestiça, então de verdade, é melhor ficar na sua se não o “vovô” vai ter sérios problemas e daí acabam-se as festinhas na mansão.

                Filha da puta.

                -Realmente não sei que tipo de problemas você acha que eu poderia arranjar... - Forcei meu sorriso mais angelical. – Acho que deveríamos ir andando querida...

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                -Vic! Vic! – Bea estava estralando os dedos na minha frente. – Tá dormindo menina?

                -Quase! Desculpem meninas, só dei uma viajada agora. Preciso de açúcar! – Dei uma olhada em volta, mas nada que parecesse bom o suficiente para valer as calorias. Nada a não ser aquela torta.       - Nossa quero um pedaço daquilo – Disse apontando para a sobremesa na mesa de Durmstrang.

                -Fala sério, não dá para escolher algo mais perto não?

                -Não!

                Caminhei até a ponta da mesa vizinha

                -Licença, vocês vão comer dessa torta?

                -Não/Sim. –Responderam dois caras ao mesmo tempo.

                -Fala sério Bert, se você comer mais vai sair rolando daqui. – Reclamou o garoto que disse não. Ele tinha cabelos castanhos, um sorriso fofo e era muito alto, dava para perceber isso mesmo com ele sentado.

                -Mas eu queria a torta... – Disse o outro garoto ele era loiro e tinha um forte sotaque, então imaginei que fosse alemão.

                -Desculpa incomodar então, tenham uma boa noite – Virei decepcionada para sair, sim estava decepcionada, tive um dia terrível e nem consigo a porcaria de uma torta!

                - Ah por Morgana Bert! Aqui ela é toda sua. –A menino fofo estendeu o doce pra mim. – A propósito sou Sam.

                -Victoire. E muito obrigada. - Sorri para ele e fui embora. Infelizmente enquanto voltava para a mesa Alan me lançava um olhar fulminante. Ótimo agora nem falar com outras pessoas eu podia. Primeiro meu avô, depois meu namorado e agora uma prima metida à importante, todos querendo mandar em mim. E isso definitivamente acabou com qualquer milagre no meu humor que o caramelo pudesse fazer.

                O diretor Dippet fez um pequeno discurso ao qual quase ninguém prestou atenção e dispensou todos os alunos do quarto ano para baixo, pediu a todos que se levantassem e com um aceno de varinha substituiu as longas mesas por uma pista de dança e alguns sofás nos cantos do salão.  Bandejas com bebidas flutuavam entre os alunos e professores que tinham ficado para no vigiar.

                Eu geralmente adoro bailes. Temos um fantástico em maio, no dia da fundação de Beauxbatons. Todo ano nos surpreendem com uma decoração diferente e todos usam vestidos incríveis. Porém definitivamente não estava no clima. Tentei conversar com algumas pessoas, as duas garotas que se abraçaram na entrada de Durmstrang, por exemplo, mas então Angelika nos interrompeu de forma tão grosseira que a conversa se dispersou. Então eu apenas me sentei num banco com uma taça na mão.

                -Você é bonita demais para ficar aí sozinha – Alguém falou as minhas costas, assustando-me tanto que derramei bebida no vestido. – Me desculpe eu não queria... – Era o menino da torta, o que me deu um pedaço.

                -Tudo bem – Simplesmente apontei a varinha para o vestido e limpei a mancha. – E obrigada.

                -Por estragar sua roupa? Disponha.

                -Não, por dizer que sou bonita.

                -Não me agradeça e sim aos seus pais por terem te feito assim.

                Senti meu rosto esquentar. Esse menino era realmente muito gentil e bonito.

                -Victoire não é? Você estava conversando com minha irmã sabe?

                -Quem? Sybil?

                -Não Evelyn. Sybil é nossa amiga de quando morávamos em Londres.

                -Por isso elas se abraçaram!

                -Abraço?  Aquilo parecia à lula gigante caçando o almoço. – Caí na gargalhada.

                -Espera, que lula gigante?

                -A que há no lago negro. Ninguém te contou? Nosso barco teve um trabalhão para desviar dela quando atracamos.

                -Victoire!- Alguém disse atrás de mim - Vamos, parece que a festa acabou, houve uma confusão entre dois alunos e nosso monitor nos mandou ir dormir, parece que ficaremos num dormitório especialmente para Beauxbatons no segundo andar. – Alan surgiu estendendo o braço para mim, encarando Sam com uma cara de poucos amigos.

                - Sam este é meu namorado Alan, Alan esse é Sam, é de Durmstrang. O que aconteceu? Que confusão é essa?

                -Não sei bem, um tal de Tom congelou a pista e Angelika Malfoy escorregou e se machucou nada grave.

                Suspirei. Não me importava realmente com minha prima, mas ela tinha que cair agora? A conversa com Sam foi a única coisa boa do dia.

                -Desculpe Sam, nos vemos por aí.

                -Claro, tenha uma boa noite.

                Quando saímos do salão Alan se virou furioso para mim.

                -Quem era aquele garoto? O que ele queria?

                -Nos conhecemos no jantar, ele me deu um pedaço da torta que estava na mesa dele, me viu sozinha e veio me cumprimentar, só isso.

                -Bem você não deveria falar com outros homens assim, o que as pessoas vão pensar?

                Ele pode ter perdido parte da memória recente, mas continua terrivelmente ciumento. E naquela noite, depois de tudo que tinha acontecido isso me deixou furiosa.

                -Escute, eu realmente não estou nem aí. Sam foi muito gentil comigo e foi ótimo conhecê-lo.

                Ele segurou meu braço com muita força

                -Laissez-moi partir!* Já chega! Acho que posso encontrar o caminho para os quartos. - E saí marchando pelo corredor.

               

                 


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Notas finais do capítulo

*deixe-me ir! Do francês.

Desculpem a piadinha ridícula do Sam sobre o abraço. Vai ficando tarde e eu começo a ficar retardada. Não importa, ele continua perfeito.



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