Finalmente o dia em que Amanda sairia daquele lugar frio e desconfortável – pra mim, pelo menos – tinha chegado. Estávamos todos esperando apenas uma ordem formal do médico e iriamos sair dali em menos de uma hora.
— Você parece mais ansioso por essa alta do que eu que a proposito é a pessoa que estava internada – Amanda brincou percebendo minha expressão de alívio e felicidade no momento em que atravessei a porta do quarto.
— Sim , eu to tão feliz que nem vou reclamar por você estar sem blusa com esse frio que tá fazendo – disse.
— Oh nossa, muito obrigada por isso grandão – ela zombou.
— Quer saber? Decidi que vou reclamar sim! Toma – disse estendendo minha jaqueta a ela.
— Você é um mandão – ela disse e em seguida me deu um beijo curto – e eu gosto disso. Me fazendo corar imediatamente com o comentário e claro com o beijo inesperado.
— Onde está Dean? - ela perguntou sentando na cama e apontando o seu lado para que eu me sentasse também.
— Certeza que eu preciso lhe dizer? - perguntei passando os braços por sua cintura e a abraçando por trás. Ela sorriu e me olhou nos olhos.
— Não, não precisa – pegou em minhas mãos que estavam em sua barriga sem nunca deixar de me olhar daquele jeito profundo – Eu não sei o que faria se não fosse vocês dois. Minha vida tá uma bagunça agora, não sei quanto tempo tenho até o próximo ataque ou se de fato ele vai acontecer. Não sei o que tá acontecendo com meu corpo ou minha mente. Não sei ao menos se devo ir embora e deixar vocês por segurança mas … -
— Você não deve ir embora em circunstancia nenhuma – eu a interrompi.
— Mas a única coisa que sei é que não estaria aqui se não fosse vocês, de verdade. Obrigada – ela continuou aparentemente ignorando o que eu havia dito.
— Você não tem que agradecer por nada Amanda, entenda que tudo que fizemos é porque gostamos de você. Eu gosto de você, eu me importo contigo. -
— É justamente isso. Não tenho alguém que se importa comigo desde … bom, há muito tempo. E isso significa muito pra mim entende? - ela se ajeitou para ficar diretamente de frente pra mim – Eu tenho medo do que posso me tornar daqui em diante, não sei o que vai acontecer comigo mas sei do agora e enquanto tenho minha sanidade em bom estado eu quero agradecer e te mostrar, mostrar a vocês aliás, que não seria nada a esse ponto da minha vida se não fosse por vocês.
Eu não sabia como responder a aquilo que ela tinha me dito, meu coração sentia uma coisa estranha, um calor que em segundos preenchia meu corpo completamente. Eu não tinha muita certeza da minha vida, assim como ela. Não tinha certeza de como faria para afastar aquilo negro que vi nos olhos dela há semanas quando ela matou aquele vampiro mas eu ia, eu ia cuidar dela. Não tinha certeza do que lhe dizer então não disse nada, apenas a beijei. Peguei seu rosto e trouxe de encontro com o meu, queria mostrar que estava ali por ela com aquele beijo que não importava a droga que estivesse nas costas dela eu iria ajuda- lá e tudo ia ficar bem. Ela pareceu entender já que o coração dela batia forte contra meu peito e a cada segundo ela parecia querer mais aquele beijo. Com sutileza subiu no meu colo e continuou me beijando como se não houvesse amanhã como se a cama em que estávamos não fosse um leito de hospital. Claro que não a parei, continuei a beijando porque parecia que era o que ela queria e mais que isso era só o que eu queria, não queria nada além disso. Só Amanda em meus braços, em cima de mim, ofegante entre um beijo e outro. Ela colocou os dedos por dentro da minha camisa e começou fazer carinhos na minha barriga subindo para o meu peito e quando ela finalmente chegou a minha nuca cravando suas unhas nela eu não pude evitar sibilar um gemido entre seus lábios no mesmo instante em que ouvimos vozes familiares do outro lado da porta. Em um segundo tirei Amanda de cima de mim e levantei ainda ofegando.
— Boa tarde teimosa – era o Doutor Smith que entrara com Dean no quarto e era assim que ele a chamava desde o dia em que ela ficou consciente. Amanda deixava boa impressão por todo lugar.
— Boa tarde Doutor Smith – ela respondeu um pouco corada mesmo eu tendo certeza absoluta que ninguém tinha visto a cena que protagonizávamos a alguns segundos naquele quarto. Naquela cama.
— Vim aqui simplesmente para desejar boa sorte com o resto do tratamento em casa e me despedir – ele disse tocando meu ombro.
— Resto do tratamento ? - Amanda já havia recuperado sua cor normal.
— Vai ter que tomar todos remédios que o Doutor receitar sim— Dean disse , sério. Olhando para Amanda como se fosse sua irmã mais nova. Ela cruzou os braços e fez um biquinho, cheia de birra. Doutor e eu rimos.