Scars Of Love escrita por Simi


Capítulo 12
Capítulo 11




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(Isabella)

Petrus tinha ficado em minha casa na semana em que eu fiz anos.

“Chegou o dia.” – pensei quando acordei.

Tinha posto o despertador para mais cedo, já que não queria estar a dormir quando a minha ascensão acontecesse.

— Bom dia, preparada? – perguntou Petrus.

— Sinto-me um pouco nervosa…

— Não estejas, eu estou aqui para te proteger. – abraçou-me com força, embora soubesse que nada podia fazer se algo acontecesse…

O que Valéria me tinha dito estava sempre a ecoar na minha cabeça… Fui para a varanda tomar o pequeno-almoço e dei-me conta que eram nove e vinte. A minha mãe sempre me disse que eu tinha nascido às nove e vinte e cinco. Fui chamar os meus pais e Petrus e sentamo-nos todos na sala em silêncio. Eu quis ficar no colo da minha mãe, sei que pode parecer de criança, mas mãe é mãe, ora! Quando deu nove e vinte e cinco a minha tatuagem começou a brilhar e a minha sala transformou-se na gruta em que entrei quando soube dos meus poderes. Os meus pais e Petrus também estavam presentes. Caminhamos um pouco e fomos ao encontro dos cinco Reis e Rainhas. Estavam como da primeira vez. Numa luz violeta, todos os que tinha encontrado no Japão apareceram.

— Chegou o dia da tua ascensão, minha filha. Dentro de momentos, os teus poderes vão ficar mais fortes. – disse a Rainha da Música.

— Minha Rainha provavelmente já sabe dos sonhos que tive e da visita da Valéria, vou ter muito que enfrentar daqui para a frente estou certa?

— Sim, estás certa. – disse o Rei do Fogo.

Aquele homem dava-me medo…

— Isabella, aproxima-te. – disse a Rainha da Música.

Aproximei-me e uma esfera violeta apareceu entre as mãos da minha Rainha. A esfera veio em direção à minha tatuagem no peito. Quando a esfera entrou na minha tatuagem senti todo o meu peito a arder e os meus olhos ficaram totalmente violetas. A minha parte superior do corpo estava com aquele labirinto de tatuagens completo. As tatuagens eram iguais às anteriores, pequenas notas musicais ligadas por finos fios violeta. Os outros Reis e Rainhas levantaram-se e pararam diante de mim. Entre as mãos de cada um apareceu uma esfera com o seu Elemento. As quatro esferas juntaram-se e formaram uma grande esfera azul. Tal como a esfera da Rainha da Música, esta veio em minha direção e todo o meu corpo se iluminou, ardendo.

— Agora tens todos os teus poderes. – disse a minha Rainha.

Estava mais que admirada, nem tinha palavras para descrever aquele momento.

— Não te preocupes, na altura certa aplicarás os teus conhecimentos. – disse o Rei do Fogo, vendo-me receosa.

— Boa sorte, minha filha…

— Mas eu tenho uma pergunta a fazer-lhe…

De repente tudo desapareceu, era como uma peça de teatro, que com a mudança de ato, mudava o cenário. Voltamos à minha sala e todos estavam sentados, tal como antes.

— Vocês não deveriam ter regressado ao Japão? – perguntei.

— Não te preocupes Isabella, – disse Rita. – a Rainha da Música falou com todos e do risco que corres devido ao Luther e vamos ficar por perto pelo menos uma semana.

— Mas vocês não cabem todos aqui em casa! – disse, estupefacta.

Pois, Simão e Daniela também estavam presentes, não eram só Rita e Ana…

— Nós cá nos arranjamos. – disse Ana, sempre com o seu sorriso encantador.

Comecei a sentir-me enjoada e acabei por desmaiar. Senti-me a cair nos braços de alguém, não cheguei a ver quem era.

Tive um sonho estranho, mas não me lembrava de nada quando acordei. Acordei no meu quarto e Petrus estava à janela. Ouvi vozes na sala, provavelmente todos tinham realmente ficado.

— Petrus, que se passou? – perguntei.

— Desmaias-te, provavelmente ficaste demasiado fraca depois de tudo o que aconteceu.

— Dói-me a cabeça, bati com ela em algum lado?

— Não, como estavas ao meu lado, eu consegui segurar-te a tempo.

— Tive um sonho estranho, mas não me lembro do que se tratava…

— Deixa lá isso, agora descansa.

— Não tenho sono Petrus, não quero dormir… – ele veio para o meu lado e abraçou-me.

— Tenho medo Petrus… – disse-lhe entre lágrimas. – Tenho medo do que possa acontecer, medo de ficar sem a minha família, de ficar sem ti…

Ele pegou-me nos ombros e pôs-se a olhar para mim.

— Tem calma Isabella, estamos todos do teu lado. Vai ficar tudo bem… Não chores…

Continuei abraçada a Petrus, com o choro ainda mais sufocado. Tinha acontecido tanta coisa ultimamente, era demais, talvez a única coisa boa que me tinha acontecido nos últimos tempos era ter conseguido passar no exame de condução de motociclos. Olhei para o relógio e eram nove horas da noite, como é que o tempo tinha passado assim? Talvez porque estivemos noutra dimensão a passagem do tempo fosse diferente. Não sabia e nem tinha cabeça para pensar naquilo. O dia da minha ascensão ainda não tinha acabado, só acabava à minha hora de nascimento do dia seguinte, quando completasse 24 horas…

Fomos para a sala e estavam os meus pais e os outros, todos espalhados, uns no sofá, outros na varanda.

— Isabella, será que nos podias mostrar a área? – perguntou Rita.

— Mas ela se calhar ainda não se sente bem para isso, Rita… –argumentou Ana.

— Sinto-me, sim. Vamos? – disse sorrindo, mas no fundo sentia-me cansada e tinha esperanças que distraindo-me um pouco pudesse recuperar algumas das minhas forças.

Petrus queria vir comigo e com as meninas, mas eu disse-lhe para ficar em casa, era só uma coisa de raparigas. Seguimos até à praia e caminhamos um pouco pela areia, até que nos sentamos à beira mar.

— Meninas estou a pensar ir passar uns tempos ao Japão, ainda não disse nada aos meus pais nem ao Petrus. – anunciei.

— Tens a certeza, Isabella? – perguntou Ana.

— Sim. Penso que perto do Simão, da Daniela e de vocês, eu me sentiria mais segura…

— E o Petrus? Também vai? – perguntou Rita.

— Não sei… Se ele puder, eu sei que ele vai de certeza, mas se os pais não autorizarem, nada feito. Ele ainda não tem a maioridade, só daqui a um mês, mais ou menos.

— Vais ver, os pais dele vão deixar! – disse Ana.

Ai aquela rapariga sempre otimista e com um sorriso no rosto…

— E já sabes como é que vais? – perguntou Rita.

— Ainda não sei Rita, mas talvez peça ao Simão para falar com a nossa Rainha para que esta nos transporte pelo Caminho dos Sonhos. – era a única hipótese…

Do nada, assim de repente, apareceu Valéria, numa fumaça vermelha. Todas nós olhamos umas para as outras e ficamos alerta, ela podia atacar a qualquer momento.

— Tenham lá calma minhas meninas, ninguém vai atacar ninguém, só te vim dizer uma coisa, Isabella: o teu coração, muito em breve, vai ficar negro novamente…

E dito isto, desapareceu!

— Definitivamente tens de vir para junto de nós! – disse Rita.

— Depois disto, tenho a certeza disso meninas…

Retomamos a casa. Contei o que tinha sucedido com Valéria e comecei a parte difícil:

— Mãe, eu quero ir passar uns tempos ao Japão.

— Queres o quê? Não, não vais minha menina!

— Mãe percebe uma coisa: eu não te estou a pedir isto por causa de já ter dezoito anos, nada disso! Eu já estava para te pedir e agora com isto que aconteceu, tenho ainda mais certezas! Lá vou ficar mais segura, vê se me entendes mãe!

— Custa-me muito estar longe de ti…

— Oh mãe, não ponhas as coisas nesses termos! Se fosse por isso eu também não ia! Não te lembras de há uns anos atrás?

— Claro que me lembro! – vocês não estão bem a ver o que é estar a ter esta conversa com tanta gente numa sala e a discussão ser só entre duas pessoas, a sério!

— Quanto tempo estás a pensar ficar lá? – perguntou o meu pai.

— Não sei pai… Talvez até as coisas acalmarem…

— E quanto tempo é que achas que isso é?

— Oh pai, eu tenho “Bruxa” escrito na testa?

— Isabella… Não me fales assim!

— Desculpa pai, mas é que depois de tudo o que se passou nestes últimos três anos vocês ainda não apanharam nadinha de nada? Eu não sou uma pessoa normal!

Ficou um silêncio constrangedor na sala até que a minha mãe quebrou o gelo:

— Podes ir, mas quando pensas partir?

— O mais depressa possível. Embora não esteja ansiosa por partir, esta situação está a tornar-se mais estranha do que o que devia e provavelmente os aliados de Luther não são só a Valéria, tal como ela já mencionou.

Pedi licença e fui para o meu quarto. Não ia pedir de imediato a Simão para que a nossa Rainha preparasse o Caminho. Tinha que pensar… Petrus entrou no quarto e disse-lhe:

— Petrus, não digas nada. Se quiseres, fica, mas em silêncio, por favor.

— Claro. – não disse uma palavra mais, apenas se deitou na cama a observar-me.

Eu estava na varanda, a arranjar coragem para partir, mas se isto era uma provação da minha Rainha, eu tinha de ser forte e ultrapassar tudo. Estava ainda mais intrigada com o facto de Valéria ter dito aquilo… Será que algo iria acontecer de grave na minha família? Era devido a isso que estava mais reticente em partir. Valéria ou o Luther podiam atacar os meus pais e eu no Japão! Saí do quarto e fui novamente para a sala. Por pura coincidência ou não, só Simão lá se encontrava.

— Precisa de alguma coisa, Menina? – perguntou ao ver-me adentrar a sala.

— Precisava que falasses com a nossa Rainha para que preparasse o Caminho… – estava bem presente a hesitação na minha voz.

— Claro que sim, mas há algo mais que a está a incomodar?

— Hum, há sim, o que achas que a Valéria estava a tentar dizer com aquilo? Eu tenho receio de partir para o Japão e que os meus pais sejam atacados quando eu não estiver presente…

— Não me parece que eles fossem atacar os seus pais, pois parece-me que ela estava a falar na parte amorosa…

— O quê? Está a querer dizer que o Petrus me pode trair? – mal pronunciei estas palavras, Petrus entrou na sala.

— Simão, retira já o que disseste.

— Calma Petrus, acalma-te. Pode não ser esse o plano de Luther, pode ser outro. Ele pode querer pôr outro rapaz na vida da Isabella.

— Tens a certeza disso, Simão? – perguntei, relutante.

— Menina Isabella como é que quer que eu tenha a certeza se não estou a par dos planos de Luther?

— Desculpa Simão, tem sido muita coisa a acontecer ao mesmo tempo.

— Eu compreendo Menina Isabella, mas passando ao assunto inicial, quando pensa mudar-se?

— O mais breve possível, como já disse. Podemos partir esta noite?

— Sim, claro. Tratarei já de tudo.

Estava uma noite nublada, fiquei a olhar para o céu, tentando refletir…

— Isabella… – coloquei-lhe dois dedos nos lábios para que não acabasse de falar.

— Falamos depois Petrus.

Voltei à varanda. Petrus tinha ido deitar-se, parecia estar a dormir, mas eu não me acreditava. Refleti sobre tudo o que estava a acontecer. Os meus pais iam ficar sozinhos, mas mesmo assim podia ligar-lhes, ia ficar com Simão e os restantes no Japão. Ainda não tinha falado com Petrus e ele também ainda não tinha falado com os pais. E eu tinha ficado com “minhocas” na cabeça por causa do que Simão e Valéria disseram. Eu não conseguia acreditar que Petrus me traísse, nem vice-versa. Havia aqui algo que não estava bem, mas, como Valéria tinha dito, em breve eu iria descobrir. Depois de quase duas horas de reflexão, decidi ir tomar um duche para depois ir dormir. Fui à sala e todos já estavam a dormir nuns sacos cama e os meus pais também já se tinham ido deitar. Voltei ao quarto e Petrus, como eu suspeitava, não estava a dormir. Provavelmente tinha estado a observar-me aquele tempo todo.

— Ainda estás acordada? – perguntou.

— Estive a pensar…

— Sobre?

— Estive a pensar sobre os últimos acontecimentos e ia falar contigo sobre a minha ida para o Japão. Se quiseres podes vir comigo, sabes disso, mas precisas da autorização dos teus pais.

— Eu vou contigo, bem, se os meus pais deixarem… Penso que eles vão deixar, disseste ao Simão que estavas lá amanhã, não foi?

— Sim, quero partir o mais rápido possível.

— Eu vou ligar aos meus pais antes de irmos.

Decidir pedir então a Simão para que atrasasse a viagem para a manhã do dia seguinte. Era o melhor…

— Eu ficava mais descansada se fosses com a autorização deles. – disse a Petrus.

— Eu sei, agora anda dormir, tens de descansar e já é muito tarde. – sorriu.

Como sempre, aconcheguei-me no seu peito e adormeci num instante. No dia seguinte, era o dia da partida…


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