Chamar-lhe uma viagem era muito pouco, tinha sido muito mais do que isso. Uma jornada? Talvez. Ainda assim, não parece que havia uma palavra que realmente o descreve-se. Arya era apenas uma criança quando deixou Winterfell com o seu pai e Sansa. Tinham também viajado com homens que já estavam ao lado do seu pai mesmo antes do seu irmão mais velho, Robb, nascer. E agora, de todos eles, família, amigos, vassalos, só havia ela. A vida tinha sido cheia de voltas e reviravoltas, mas de todos eles, ela tinha sido a única a permanecer de pé. Ou, se houvesse qualquer outro, ela espera que ele fizesse o seu caminho como ela tinha feito, para casa. Mas, até agora, ninguém tinha aparecido.

Mesmo após a passagem de vários anos, Arya pensou sentir o cheiro de brasas queimadas antes de se aproximarem dos portões de Winterfell. Imaginado ou não, esse cheiro fez o seu ódio por Theon Greyjoy ser ainda maior.

E agora ela estava aqui como a Senhora de Winterfell, e a última coisa que ela queria era ser uma dama. Mas alguém tinha que fazer isso, e ninguém tinha visto Sansa desde a noite da morte do Rei Joffrey. Sansa era a destinada para ser a Senhora de Winterfell, não ela, mas, novamente, a vida nem sempre sai do jeito que nós planeamos.

Arya estava fazendo seu dever como filha do Lorde Eddard Stark, o homem mais honrando de Westeros aos seus olhos. Ela estava sentada na cadeira que pertencera à sua mãe, recusando-se a sentar-se na que tinha pertencido ao seu pai. A da Senhora de Winterfell era mais do seu tamanho e mais confortável. Ela não iria tornar-se tão responsável como foi seu pai por se sentar na sua cadeira e depois das coisas que ela fez, não tinha a honra necessária para ocupar o papel de seu pai.

Ela cresceu um bom bocado, mas alguma fantasia infantil permaneceu.

Os guardas entraram no Grande Salão dizendo que tinha um visitante.

"Bem, eu tinha ouvido dizer, mas eu não acreditei", disse Gendry com um aceno de cabeça.

Ele tornou-se muito bonito, ou talvez ela só estava a perceber agora. Ele tinha o corpo de um homem agora mais acentuado mesmo que ele já o tinha tido quando era um menino. O seu cabelo negro caia em uma confusão incontrolável sobre a testa e deu-lhe uma aparência selvagem. Infelizmente para ele, ela não se importava com o muito bonito que ele havia se tornado ou com o quão selvagem ele parecia. Ela ainda se sentia com raiva por ter sido abandonada por ele. "Por que você está aqui?" Arya exigiu.

"Eu esperava ter direito a um Bem Vindo e alguns murros mas já vi que não…", Gendry respondeu. "Eu pensei que você tivesse crescido um pouco, verdade seja dita. Um pouco decepcionante na verdade." Ele coçou a cabeça e deu de ombros.

Como ele se atreve? Ela quase desceu da cadeira real de sua mãe, aproximou-se e o obrigou a ajoelhar, mas conteve-se. Apenas quem diabos ele achava que era para insinuar que ela não tinha crescido?? Ela foi obrigada a crescer muito e rapidamente. Ela não foi uma criança durante muito tempo, o que restou de criança dela depois de sair de Westeros morreu em Braavos.

Ela deu uma longa olhada para ele com olhos que outrora tinham sido incapazes de ver, no entanto, lhe dera a capacidade irónica a olhar um pouco mais profundo. Todos os traços de infância desapareceram. Ambos haviam feito um bom trabalho em crescer, ao que parecia, mas ela estava relutante em admitir isso depois de sua provocação.

"Eu perguntei por que você está aqui, eu espero uma resposta.". Oh bem, até que parecia uma senhora agora a falar. Sua mãe ficaria orgulhosa de autoridade em seu tom. Sentou-se um pouco mais direita na cadeira e cruzou os braços.

"Você percebe que essa cara só faz  parecer que você está tentando muito, né?" Ele fez uma pausa e depois acrescentou, "minha senhora" ao final da frase. Ele deu um pequeno arco, e Arya desejou que ela estivesse de pé atrás dele, para que ela pudesse dar-lhe um bom pontapé na bunda e assistir com prazer em quando ele tombava.

Ela era uma senhora. A calma senhora de Winterfell. Respira, um, dois, três. Sorriso, um, dois, três. Não deixe ele ver o que está a sentir, um, dois, três.

"Parece que você está com dor, ou então que você precisa de ir á casa de banho." Ele sorriu.

Toda a aparência de controle foi embora com aquele sorriso. "VOCE SAI. AGORA. FORAA! Deixa Winterfell do jeito que veio AGORA! . Eu não sei por que você se preocupou em mostrar a cara aqui depois do jeito que você me abandonou. Você não é bem vindo aqui!!"

"Eu percorri um longo caminho."

"Você não deveria ter-se incomodado. Você sabia que não seria bem-vindo aqui." Arya acenou para alguns de seus vassalos. "Se vocês podessem colocar o Sr. Waters gentilmente para fora do porta portão, eu agradecia".

"Claro, minha senhora", disse um jovem que Arya tinha vergonha de admitir que não conseguia decorar o nome! Nomes escapavam da sua memória muito rapidamente. Era simplesmente demais lembrar-se que era a Senhora de Winterfell.

"Parece ainda mais ridículo quando ele disse isso do que quando eu disse. Minha senhora ", Gendry zombou. "Você, a comandar um castelo. Provavelmente não é ainda suficientemente inteligente para contratar um ferreiro decente. Basta olhar para a espada que o homem está carregando. Acho que vou sentar um pouco. Ele não conseguiria cortar a minha cabeça com aquele pedaço de lixo". E Gendry sentou-se numa cadeira de uma mesa próxima.

Arya não aguentava mais. Ela pulou da cadeira da mãe, e correu até onde Gendry estava sentado, pegou a espada de "lixo" do vassalo e balançou a extremidade plana da lâmina de modo que colidiu com o ombro de Gendry, e depois usou o pé para chutar para trás. Ele desembarcou plana e bateu a cabeça contra o chão de pedra. A cadeira bateu ruidosamente.

"Bem, isso foi mais do jeito que eu esperava que você me cumprimentasse. Estou de volta à minha zona de conforto." Ele riu e ela sentiu a necessidade de o chutar. Ela só segurou porque ela notou que todos na sala estava assistindo eles. Ela estava perdendo o seu respeito a cada minuto.

"Levanta-te!" ela sussurrou. "Vamos terminar essa conversa lá fora enquanto você senta o rabo no seu cavalo e vai embora para o mesmo sitio de onde veio!"

"Nenhuma oferta de pão e vinho?" Gendry perguntou com um sorriso. "Você tem muito o que aprender sobre estas coisas de senhora."

Arya agarrou-o pela orelha e enquanto ele gritava seu "Auu", ela o arrastou a partir da sala. Gargalhadas seguiu-os para fora da porta, e ela pensou que ela não o devia ter feito ali. Ele é duas vezes o tamanho dela, mas ela tinha um aperto de morte em seu ouvido. Ou ele vinha com ela ou tinha a orelha arrancada da sua cabeça em menos de nada.

"Eu espero que você esteja feliz. Você me envergonhou na frente de pessoas cujo respeito que eu tenho trabalhado duro para conquistar", Arya cuspiu quando eles estavam em segurança do lado de fora.

"Sim, o é que está acontecendo com você? Você parece uma senhora. Onde está aquela garota que eu conhecia? Você sabe, a feroz que prefere me chutar as bolas do que fazer um sorriso doce e ser bem educado-ergh (ele fez uma cara de nojo)-dama. Essa palavra só sabe errado na minha boca. "

"Eu não pedi para ser o responsável."

"Então, não seja. Vim buscar você. Olha o que um herói que eu sou."

Arya tinha retido, tanto quanto podia. Ela o chutou fortemente na canela.

"Só porque você é nova nisto, eu vou deixar isso passar. Mas, para referência futura, você não deve chutar heróis que vieram para salvá-lo de uma vida de tédio." Ele esfregou a perna e olhou. "Francamente, é falta de educação. Mesmo bastardos sabem disso."

"Cabeça de Touro estúpido." Ela tinha sido a senhora de Winterfell por mais de um ano, e ela se recompôs com dignidade, com apenas alguns pequenos deslizes, que haviam passado despercebidos. Gendry Waters voltou e em menos de uma hora ela recorreu a chutes e xingamentos ... e bem ela se sentia fabulosa. Ela não se sentia tão viva à muito tempo.

"Você está sorrindo. Parece que afinal ate foi bom para você. Você deve fazê-lo um pouco mais frequentemente."

"Não há muito para sorrir por aqui." Ela não sabia como isso aconteceu, mas em poucos minutos eles estavam caminhando lado a lado, e conversando como velhos amigos. Ela baixou sua guarda com Gendry, como ela não podia fazer com as pessoas que viviam o dia a dia com ela. "Eu nunca quis essa vida mas eu sinto que eu tenho que ficar. Eles precisam de mim. Esta é a minha casa.".

"Esta não foi a sua casa por um longo tempo. Arya Stark não foi concebida para ser acorrentada a um pedaço de terra."

"Estas pessoas, amavam o meu pai, e eles olham para mim como se eu fosse uma nova esperança. Devo-lhes isso."

"E o que você deve a si mesmo, Arya? Há dever e não há desejo. Qual você vai escolher?"

Ela engoliu o nó na sua garganta, e com ele a vontade de sair com Gendry e ir em busca de uma aventura onde não existiriam roupas ou graças de senhora. "Dever. Vou ficar onde sou necessária até que eles já não precisem de mim." Cada palavra ferindo a sua garganta

"Acho que você vai precisar de um ferreiro que pode fazer algumas armaduras e espadas decentes. Ainda bem que eu vim, então."

Arya zombou. "Eu não me lembro de pedir-lhe para ficar."

"Eu sei, mas quando você vir o que eu trouxe para você, você vai ficar muito grata e já não vai dizer-me para partir."

"Não conte com isso, Sr. Cheio-de-si-Mesmo".

Ele assobiou e a Nymeria apareceu do nada. Ela veio a correr, saltando sobre Arya e lambendo o seu rosto.

"Como você conseguiu encontrá-la?" Perguntou Arya com uma lágrima presa no canto do olho lutando para se libertar.

"Eu não a encontrei. Ela me encontrou. Parece que o dever em Winterfell chamou mais do que apenas você." Gendry começou a se afastar deles. "Ela me trouxe até aqui."

"Onde você pensa que vai?"

"Para colocar aquela farsa de um ferreiro que você tem fora da minha casa nova."

"Você é impossível."

Ele nem sequer olhou para trás. "Não a primeira vez que eu ouvi isso."