Um dia se passou desde que convidei a Weasley, e agora estava tentando convencer Albus a convidar Alice de uma vez.

- Sério que o filho de Harry Potter está com medo de chamar uma garota pra sair? Esse definitivamente não é o Albus que eu conheço. – Falei enquanto balançava um bolinho em sua frente para fazer com que ele parasse de amaldiçoar o mingau por sua falta de coragem.

Eu continuava a falar coisas desconexas para ver se Albus se animava, quando ninguém menos que Rose Weasley empurrou Albus para o lado e se sentou na minha frente.

Detalhe: Nós estávamos na mesa da Sonserina, e nenhum de meus colegas de casa – Além de Albus – gostou muito do fato de ela se sentar ali.

- Eu já sei o que eu quero. – Ela falou enquanto segurava um pedaço de papel meio amassado e tentava arrumar seu cabelo, que parecia ter sido atingido por um ciclone.

Ela também estava muito vermelha, era até difícil de distinguir o que era ela e o que era o cabelo dela.

Esperei ela se recompor e perguntei:

- E então, o que vai ser?

- Quero que você me ensine a jogar Quadribol. – Ela disse e logo em seguida corou, já que estava mais branca do que papel novamente.

Albus que tinha acabado de colocar uma colher de mingau na boca cuspiu tudo pra fora por causa de seu ataque de risos.

- Você... quer... aprender... a... jogar Quadribol? – Ele perguntou enquanto tentava conter os risos.

- Qual é o problema? – Perguntei já que nenhum dos dois parecia ter se tocado que eu não sabia o porquê de Albus estar rindo.

- É que eu simplesmente não consigo voar, é acidente na certa. – Ela falou baixando os olhos.

Então quer dizer que a perfeita Rose Weasley não era tão perfeita assim?!

- Meu tio Ron costuma dizer assim: Rose na vassoura, perigo a solta! – Albus falou enquanto seus risos cessavam.

- Mas qual é o problema, o que te impede de voar? – Perguntei diretamente a Rose, que levantou os olhos e respondeu com tom envergonhado:

- Tenho medo de altura. – Depois que disse isso, ela ficou me encarando como se estivesse esperando por minhas risadas.

Mas eu não achei graça, não era nada anormal ter medo de altura.

- Então por que quer aprender Quadribol? – Perguntei.

- Eu não quero aprender, eu preciso aprender. – Ela respondeu e me estendeu o papel que estava segurando.

O papel era como um controle de notas que ela mesma fazia, anotava todas as notas de provas e trabalhos.

Fui passado os olhos pela folha e tudo o que eu via eram notas altas, quando não eram máximas.

Mas o que me pegou de surpresa foi a última nota da ‘aula de voo’, ela não estava nada boa.

Encarei o papel incrédulo, eu nem sabia que aquela matéria tinha nota. Eu sempre passei sem me esforçar, não era possível que Rose estivesse tendo dificuldades naquilo.

Pelos céus, ela tinha tirado nota máxima em História da Magia, mas não tinha conseguido pontos suficientes pra passar em Voo?!

- Agora você entendeu? – Ela perguntou ainda envergonhada e tirou o papel das minhas mãos.

- Eu vou te ajudar, podemos começar no domingo.  Tudo bem pra você? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.

- E então Albus, já falou com Alice? – A ruiva perguntou encarando o primo que agora estava concentrado de mais em seu mingau.

Como Albus não respondeu, decidi tomar a palavra.

- Não, ele está com vergonha e com medo de levar um fora. – Eu respondi tentando conter uma risada.

- Bem, isso é sério? – Rose perguntou incrédula – Mas não precisa ter medo não, eu já conversei com Alice e ela deixou a entender que adoraria se você a convidasse.

- Mesmo? – Albus perguntou com um sorriso esperançoso brotando nos lábios.

- Mesmo. – A ruiva confirmou.

- Vai lá garotão, não nos decepcione. – Falei para ele que já estava se levantando para ir falar com Alice.

Assim que Albus se foi, eu e Rose caímos em um silêncio constrangedor.

Ficamos dois ou três minutos assim até que ela olhou as horas em seu relógio de pulso e disse.

- Tenho que ir Malfoy, tenho aula daqui a pouco. Nos vemos amanhã então?

- Sim, ás 8:00 em ponto aqui embaixo. Não vai me dar um bolo, hein Weasley?  - Perguntei em um tom brincalhão, apenas para desfazer a tensão de momentos atrás.

- Rose, pode me chamar de Rose. – Ela disse e saiu andando.

Eu demorei alguns segundos processando essa informação, mas quando finalmente meu cérebro compreendeu eu gritei de volta:

- Scorpius, me chama de Scorpius.

Eu pensei que ela não tivesse ouvido já que estava meio longe, mas depois de alguns segundo ela se virou e sorriu enquanto assentia com a cabeça e voltava a andar em direção a sua aula.

Eu não sabia o porquê, mas eu fiquei feliz com aquilo.

Logo em seguida Albus chegou com um sorriso de orelha á orelha, como se tivesse ganhado mil galeões e disse:

- Ela aceitou!

- Tudo bem cara, mas para se sorri por que se não sua cara vai rasgar.

Depois de algum tempo fomos pra aula e o dia se passou normalmente.

...

Já estava de noite e Albus ainda não tinha parado de falar e sorrir pensando em seu encontro de amanhã.

- E então, já sabe aonde vai levar Rose? – Ele perguntou.

- Ah tanto faz, eu acho. Você sabe que não é um encontro de verdade, é mais um ‘encontro de apoio a outro encontro’. – Eu falei enquanto brincava de jogar um livro pra cima e pegá-lo antes que caísse na minha cara.

Albus se jogou em sua cama e disse:

- Sabe Scorpius, Rose é uma garota legal e eu acho que você poderia tirar proveito desse ‘encontro de apoio a outro encontro’.

E então ele apagou seu abajur e subiu as cobertas.

- O que você quer dizer com isso? – Perguntei mesmo sabendo que ele não iria responder.

E na verdade, não precisava de resposta. Eu sabia perfeitamente o que Albus quis dizer.

E estranhamente me peguei ansioso para o encontro com Rose amanhã.