- Olá, Annabeth - Luke sorriu, os dentes brancos invadiram o campo de visão de Annabeth. Ele estava apoiado em duas muletas marrons, de madeira - Já faz um tempo. Sabe, que a gente não se vê.

- O que você quer? - Anna foi curta e groça.

Os olhos cinzas da garota fuzilaram Luke. Ela não iria poupá-lo porque estava machucado. Sua respiração já estava começando a alterar.

- Calma aí, Annie - Luke riu. Ele parecia alterado - Estava sentindo falta de você, e sabia que você estaria com o Jackson, então...

- Cale a boca e vá-se embora - Annabeth fechou a porta na cara de Luke.

Ela voltou para a cozinha, tentando conter a respiração. Quando chegou aonde todos estavam, sorriu. Thalia franziu o cenho.

- Quem era? - perguntou.

- Hã... - Fudeu, pensou - Era... Um cara. Ele disse que tinha enganado a casa e pediu desculpas, só isso.

- Hum - Thalia voltou a comer - Sei.

Todos voltaram à comer e conversar normalmente. Annabeth foi para o seu quarto depois de almoçar. Ela perdeu a primeira e metade da segunda semana de aulas, assim como Tyson, Percy e Thalia. Suspirou, pensando que tinha que ir no próximo dia. Ajeitou logo suas coisas, já que Percy tinha conseguido a agenda de todos os dias que faltaram e Annabeth já tinha feito todas elas. Pegou seus livros, colocou-os dentro da mochila e depois de fechar, colocou-a pendurada em um gancho.

[...]

A casa inteira acordou com o despertador do celular de Percy tocando AC/DC às sete horas da manhã.

I'm on the Higway to Hell! I'm on the Higway to Hell. Higway to Hell! I'm on the Higway to Hell!

- Por que esse baitola não abaixa esse caralho? - Thalia falou rabugenta, encolhendo-se por debaixo de seus lençois.

- Hora de levantar! - Tyson gritou de seu quarto, espriguisando-se.

- Mais um dia - Percy disse, colocando o travesseiro em cima de seu rosto.

- Ai, que vontade de voltar praquele inferno de São Francisco. - Annabeth falou, levantando.

Ela andou até o banheiro, tomou seu banho, escovou os dentes e olhou para o ninho de rato loiro que havia em sua cabeça. Murmurando palavrões, pegou sua escova azul e começou a tentar pentear aquilo. [N/A: Rachel curtiu, Cronos não :)]

Quando terminou, pegou sua jaqueta preta e sua mochila, colocando as duas nas costas. Ninguém havia saído de seu respectivo quarto. Annabeth olhou para o relógio.

7:05.

Ela demorou só cinco minutos para se ajeitar. Provavelmente, todos só sairiam de seus quartos às sete e vinte. Annabeth desceu as escadas, colocou a mochila e a jaqueta no sofá e foi pra cozinha. Abriu a geladeira e pegou uma maçã. Ela pecorreu os olhos pelo cômodo, até algo que chamou sua atenção. Uma portinha estreita, escondido pelas seis paredes dali. Ela olhou para o relógio da cozinha.

7:07.

Andou até a porta, e girou a maçaneta. Se deparou com um corredor escuro, e degraus para o subsolo. Foi pra frente, e encostou a porta - não chegou a fechar. Mastigando sua maçã, foi descendo as escadas, olhando a todo momento pra trás. Desceu degrau por degrau, até chegar à uma porta. Girou a maçaneta da mesma e entrou pro diabo que fosse que aquela porta estaria lhe levando.

O lugar em que ela entrou estava escuro. Passou a mão pela parede, e encontrou um abajur. Pegou a cordinha e puxou-a para baixo. E o que viu ali era o que nunca esperaria ver.

Confusa, achou onde ligava a luz do cômodo e ligou-a. Ficou mais confusa ainda. Quadros de pintura enfeitavam a parede de madeira, enquanto havia várias escrivaninhas com papéis e mais quadros espalhados por ali. E o que mais lhe surpreendeu foi os desenhos que haviam ali, e não exatamente os quadros em si.

Era tudo muito lindo, e tudo ali lhe encantava.

Desenhos femininos, masculinos e fantasiosos estavam espalhados ali, por todos os cantos do pequenino cômodo. Três desenhos lhe chamaram a atenção. O primeiro ela reconhecia, até porque ela sabia quem era que tinha sido desenhada.

Rachel.

O segundo desenho não tinha nada de anormal, mas ela sabia que conhecia quem quer que fosse que tinha sido desenhado. Ela conhecia, só não lembrava.

Já com o terceiro, ela sabia exatamente quem era. Era a própria Annabeth. Ela lembrava por causa que era essa sua posição quando estava lendo aquele livro, A Culpa É Das Estrelas, no sofá que tinha na sala. O cabelo loiro só comprovava que era realmente ela ali.

Então ela lembrou que tinha que mastigar sua maçã antes de engolir pra não morrer engasgada. E lembrou também que se aquele lugar estava no subsolo, não era pra Annabeth estar ali. Annabeth tirou o papel do desenho em que ela tinha sido representada, dobrou-o e o guardou no bolço da calça. Ela foi até a porta, desligando a luz dali e do abajur. Subiu correndo as escadas, na sua testa havia uma pequena camada de suor, e quando chegou até a cozinha, olhou para o relógio.

7:19.

Fechou a porta, e sentou em sua cadeira, continuando a comer sua maçã.

7:20.

Foi questão de dois segundos até que a gangue de deliquentes chegasse à cozinha. Todos estavam com cara fechada, transpirando sono por todos os cantos. O cabelo de Percy estava completamente bagunçado, os olhos verdes inchados e vermelhos e seu rosto meio amassado. Ele sorriu de lado durante um bocejo pra Annabeth, e sentou ao lado da loira.

- Oi pessoal - Liz chegou e colocou os pães, biscoitos, maças, e suco de laranja sobre a mesa, em uma mesa.

- Bom dia Liz - todos responderam.

Eles comeram em silêncio, até chegar a hora em que tiveram que ir para a escola.

~***********~

A sala de aula estava escura, e a única fonte de luz era a pequena televisão que transmitia um som irritante.

A sra. Dodds estava sentada em sua mesa, parecendo um avestruz, observando os alunos. Ela havia passado um filme para eles assistirem... Alguma coisa relacionada à lutas.

Ah, Karatê Kid. É, isso aí.

Thalia estava do seu lado, assistindo bem o filme.

- Tira casaca - o homem falou, e o garoto tirou o casaco - Coloca casaca.

Annabeth nem prestou atenção no filme. Deitou sobre a mesa, e cochilou ali mesmo.

Enquanto isso, em São Francisco.

- Sr., aguente firme - a enfermeira disse, empurrando a maca por entre o corredor do enorme hospital.

Frederick Chase tocia, o rosto antes levemente bronzeado pelo sol, agora estava ficando roxo. Ele segurava-se na maca onde estava.
Ele foi levado até uma salinha, enfermeiros e enfermeiras cercando-o.

Um pequeno ataque cardíaco talvez fizesse mal sim.