Scenes Of Our Lives escrita por EvansPotter


Capítulo 34
Dezesseis anos


Notas iniciais do capítulo

Um minuto de silêncio para todos os guerreiros da Batalha de Hogwarts



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Molly Weasley acordou repentinamente, abrindo rápido os olhos e suspirou ao lembrar da data do dia. Arthur ao seu lado se mexeu lentamente e ela soube instantaneamente que o marido também estava acordado, provavelmente perdido nos mesmos tipos de pensamento que ela.

Molly se levantou lentamente e se sentando na beirada da cama com os pés no chão, começou a chorar copiosamente. Arthur ouviu os soluços da mulher e se levantando deu a volta na cama e se sentou do lado dela, passando o braço sobre os ombros da esposa, que chacoalhava violentamente.

– Dezesseis anos, Arthur. – Ela falou com a voz embargada entre soluços.

– Eu sei, Molly. Eu sei.

Lágrimas também escorriam dos olhos do homem, que apertava Molly cada vez mais forte em seu abraço. Dezesseis anos. Era tempo demais. Tempo demais longe de um filho. Sem a menor possibilidade de vê-lo.

– Te-temos que ir. – Molly falou tentando se recompor e enxugando as lágrimas. – Temos que ir. A Victorie deve estar esperando a gente.

– É. Vamos logo. Vão estar todos lá.

Eles se levantaram em silêncio, só quebrado pelo choro dos dois, se arrumaram para sair e depois de um café-da-manhã rápido e para eles totalmente sem gosto, saíram para a manhã fresca e ensolarada de maio.

Depois de andar um pouco na pequena estradinha que levava A Toca, o casal desaparatou e segundos depois surgiu em uma praia vazia, onde o vento soprava suavemente sobre eles. Andaram mais um pouco até uma casa clara e arejada e bateram à porta.

– Oi! – Uma pequena menina ruiva ainda de pijama abriu a porta sorrindo e deu um beijo e um apertado abraço em cada um deles.

– Oi, querida. – Molly sorriu entrando na casa. – Tudo bem?

– Tudo. Estamos tomando café. Venham! – Dominique chamou.

Bill, Fleur, Victorie e Louis estavam sentados na cozinha a uma mesa cheia. Dominique retornou a sua cadeira no momento em que Molly e Arthur entravam no cômodo.

– Bom dia. – Molly disse. Bill sorriu triste para ela, sabendo exatamente o que a expressão abatida no rosto dos pais significava, e compartilhando a mesma dor que eles.

Molly, no entanto, se dirigiu a Victorie que levantou para abraçar a avó e receber o embrulho em papel pardo que ela lhe entregava.

– Parabéns, Vic! – Arhtur desejou abraçando a neta também.

Os sete passaram boa parte da manhã conversando na cozinha do Chalé das Conchas, até que Fleur mandou as filhas subirem e se arrumarem e subiu junto com Louis para ajuda-lo a se arrumar também.

– Tudo bem? – Bill perguntou meio hesitante para os pais quando o som de passos na escada morreu.

Antes, porém, que qualquer um dos dois pudesse responder mais alguém bateu na porta e Bill se levantou para atender. Menos de um minuto depois Andromeda entrava na cozinha, também bem abatida, com Ted que tinha seu habitual sorriso no rosto. No entanto mais fraco e bem menos sincero que o normal.

Molly e Andromeda trocaram um olhar e não precisaram dizer nada para se entenderem completamente. Ambas estavam carregando a mesma dor há exatos dezesseis anos agora. Ambas tinham que ter se acostumado a viver sem a companhia de alguém que passava por suas mentes todos os dias.

Já passava do inicio da tarde quando o resto da família começou a chegar. Os primeiros a baterem à porta depois de Andromeda e Ted foram George e Angelina, com os pequenos Fred e Roxanne.

George mal tinham botado o pé na cozinha, de cabeça baixa e sem dizer uma única palavra, e Molly já tinha se levantado de um pulo e abraçado fortemente o filho. Um chorando, sem controle, no ombro do outro, se abraçando forte e sem forças para se separarem.

Angelina se abaixou e sussurrou para os filhos irem se juntar a Ted, Victorie, Dominique e Louis que não estavam na casa, provavelmente estavam na praia, e as crianças saíram correndo pela porta dos fundos.

George só soltou a mãe alguns minutos depois e instantaneamente abraçou o pai tão forte quanto havia abraçado Molly.

O resto dos Weasleys, os Potters e DeLacours já tinham todos chegado pouco antes da hora do almoço, que foi, como sempre naquela data, marcada por um silencio pesado que caia por todos os lados, se infiltrando mais e mais profundamente em cada um deles. Mas mesmo no silencio todos eles estavam unidos. Cada um ali estava pronto para amparar o outro a qualquer momento, a qualquer sinal de fraqueza, desamparo ou dor.

– Deve ser horrível. – Ted disse para Victorie no final da tarde enquanto os dois estavam sentados na areia observando as crianças brincarem na beira do mar.

– O que?

– Você sabe... – Ele falou se virando para olhá-la. – Fazer aniversário nessa data.

– Ah.

– Ninguém está feliz. – Ted completou triste olhando para os pés e remexendo em um punhado de areia.

– É. Bom, não é a melhor data para fazer aniversário, mas eu realmente não me importo que ninguém esteja feliz.

O garoto, hoje de cabelo rosa berrante, olhou para ela com os olhos meio arregalados.

– Er... o que?

– Não! Eu não quis dizer que não ligo que as pessoas estão tristes, como se eu não me importasse. Não foi isso que eu quis dizer. Quis dizer que não me importo que ninguém está realmente feliz com o meu aniversário.

– Ah...

– Não tem como ninguém ficar feliz em um dia desses. Todos eles sofreram demais. Todos eles perderam alguém nessa data. Não pode ser um dia completamente feliz.

– É. – Ted disse voltando a observar o mar.

Victorie se moveu um pouco para mais perto dele, encostou a cabeça no ombro do amigo e o abraçou de lado. Ele começou a fazer carinho no braço dela e tombou um pouco a cabeça para apoia-la na de Victorie.

– Sabe... eu queria ter conhecido eles. Queria mesmo.

– Eu sei.

– Sei que tenho a vovó e tio Harry, tia Gina também, mas... bom, nenhum deles são meus pais. – Ted continuou tentando fortemente conter as lágrimas que se formavam em seus olhos. – Queria rir com a minha mãe como todo mundo diz que riu.

Victorie apertou mais o abraço no amigo e se aconchegou um pouquinho mais ao amigo, sem saber o que dizer a ele.

– Queria ter dito para meu pai que tenho muito orgulho dele. Não importa o que ele fosse na lua-cheia, por que eu sei que ele era um homem bom e que ajudou muita gente. Queria dizer para ele que não importa o que a maioria das pessoas pensava sobre ele. Isso não importa, por que o filho dele tem muito, muito orgulho dele. Que eu teria orgulho se tivesse nascido como ele. – O garoto continuou, não mais segurando as lágrimas.

– Queria ter falado para minha mãe que também tenho muito orgulho dela. Por ter lutado, por ter se juntado a Ordem e não ter ficado do lado do Ministério e toda aquela sujeira que ele escondia na época da guerra.

Victorie começou a chorar também ainda abraçando forte Ted e querendo imensamente consolá-lo. Consolar toda a sua família. Mas ela sabia que ela não era capaz disso. Em um dia como hoje, só aquelas pessoas cuja falta trazia tanta dor, seriam capazes de consolar cada um deles.

– Queria agradecer aos dois por terem lutado por tanto tempo. E principalmente lutado nessa ultima batalha, por terem lutado por mim. Queria ter mandado uma carta para meu pai me desculpando por não ter entrado para a Grifinória e logo depois mandado uma carta para minha mão dizendo que eu estava muito feliz de ter entrado para a Lufa-Lufa. – Ele deu uma risada fraca e limpou um pouco as lagrimas que já caiam livremente. – Queria de verdade que eles soubessem o orgulho que sinto deles.

– Eles sabem, Ted. – Victorie disse em voz baixa. – Eles sabem.


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