P.O.V. Hermione

– Mãe! Mamãe! Acorda! Mãe!

Acordei com alguém pulando em cima de mim. Ótimo jeito de acordar.

– Que foi, Rose?

– Mãe! A minha carta! Chegou!
– Que? Que carta? Rose, que horas são?

– Não sei que horas são, mas a minha carta chegou!

– Querida, seja mais especifica.

– Minha carta de Hogwarts, mãe! – Ela disse ficando meio impaciente.

– Mesmo? Que ótimo, Rose! – Falei me sentando na cama e a abraçando.

– Sim! Eu desci para tomar água agora pouco e tinha uma coruja na janela, eu deixei ela entrar e a carta estava com meu nome e era de Hogwarts! E eu abri e estava escrito “Prezada senhorita Weasley, nós temos o prazer de informa-la que você foi aceita na escola de magia e bruxaria de Hogwarts.”. A minha carta de Hogwarts chegou, mamãe!

– Acho que vou ouvir essa frase bastante nas próximas semanas.

– Temos que ir comprar meu material!

– É, eu sei. Vamos no final de semana, ok?

– Ok. Cadê o papai? – Ela perguntou olhando para o lugar vazio do meu lado.

– Ele saiu de madrugada. Algum problema no trabalho.

– Ele não saiu em outra missão, não é? – Ela perguntou abaixando um pouco os olhos.

– Não, Rosinha. Ele disse que ia voltar agora de manhã.

– Ah. Quando ele voltar eu vou contar para ele que minha carta de Hogwarts chegou! Enquanto isso vou escrever cartas para todo mundo falando que minha carta de Hogwarts chegou! Vou escrever para a vovó e o vovô Weasley e Granger e para tio Bill, tia Fleur, Vic, Domi, Lou, tio Charlie na Romênia, alias estou com saudades dele! E para o tio Percy, ele vai querer que eu seja monitora! E tia Audrey, Molly, Lucy, tio George que vai me ensinar a como explodir um banheiro ou alguma coisa do tipo, tia Angelina, Roxanne... ah! Ela também deve ter recebido a carta dela! Nós vamos juntas, mamãe! E Fred, ele é chato, mas vou falar para ele também. E tio Harry, tia Gina, James! Agora ele vai ver! Ano passado quando ele recebeu a carta dele ele ficou falando que talvez eu e Al não fossemos nunca! O Albus também deve ter recebido a carta! E tenho que acordar o Hugo e contar para ele! – Rose disse tudo isso muito rápido e quase sem parar para respirar. Um daqueles momentos que Ron diria que ela é igualzinha a mim.

– Calma, Rose, você...

– Eu tenho muitas cartas para escrever, mãe! Depois eu volto! – Falou e saiu correndo com a carta na mão.

Cerca de dez minutos depois Ron apareceu no quarto, bocejando e jogando a capa em cima da poltrona.

– Que barulho é aquele vindo do quarto da Rose?

– Hum... ela deve estra pulando na cama.

– Por quê? – Perguntou franzindo a testa.

– Ela rece...

– Pai! Você chegou! – Rose invadiu o quarto. – Advinha? Minha carta de Hogwarts chegou! – Falou antes que Ron tivesse tempo de adivinhar qualquer coisa.

– Ei! Parabéns, Rosinha! – Ron a pegou no colo e a abraçou. – Precisamos comprar um presente para você!
– Eu recebo minha carta de Hogwarts e ainda ganho um presente? – Ela arregalou os olhos. – Esse é o melhor dia de todos! Eu preciso ir falar tudo isso para o Hugo.

Ela pulou dos braços de Ron e saiu correndo.

– Hugo! – Ouvi-a gritando.

– Ela vai deixar todo mundo surdo hoje. – Disse rindo. – E ainda vai acabar com todos os pergaminhos e tinta da casa.

– Por quê?

– Ela disse que vai escrever cartas para todo mundo contando.

– Mas é meio difícil ela acabar com seu estoque infinito de pergaminhos.

– Não duvide.

Ele se jogou na cama do meu lado e comecei a mexer nos cabelos dele.

– Qual foi o problema para você sair de madrugada?

– Um louco ameaçando uma família de trouxas. Mas ele já está indo para Azkaban agora.

– Está tudo bem com a família de trouxas?

– Já. Já até alteraram a memória deles. – Ele bocejou e agarrou as bordas do travesseiro arrumando-o melhor sob a cabeça. – Preciso dormir.

– Mãe! – Hugo apareceu na porta esfregando os olhos.

– Acho que não vai dormir hoje, Ron. – Disse baixo e rindo para que só ele ouvisse. – Que foi, Hugo?

– A Rose me acordou pulando na minha cama e gritando alguma coisa e depois saiu correndo falando que tinha muitas cartas para escrever.

– É. Ela está animada hoje.

– Por quê?

– A carta de Hogwarts chegou.

– Ah, legal. Mas eu quero dormir, mamãe.

– Deita aqui, Hugo. – Ron disse levantando um pouco o braço. O ruivo menor subiu na cama e deitou embaixo do braço de Ron.

– Mamãe! – Ouvi a voz de Rose vinda do andar de baixo.

Acho que não vou dormir mais hoje.

– Estou indo...

– Eu não estou achando a tinta. – Ela disse quando entrei na biblioteca.

– Está na ultima gaveta. Você vai mesmo mandar cartas para todo mundo?

– Claro! Eu vou para Hogwarts, mãe!

– Eu sei. Você me disse que sua carta chegou. – Falei sorrindo.

– Eu disse isso muitas vezes hoje né, mãe?

– Disse, mas tudo bem. Eu sei como você está animada.

– Você ficou assim quando recebeu sua carta, mamãe?

– Bom... eu não recebi a carta, Rose, eu...

– Então como você foi para Hogwarts? – Ela me interrompeu arregalando os olhos.

– Foram até minha casa contar que eu era bruxa e que tinha uma ótima escola onde eu poderia estudar.

– Ah é! Esqueci que você é nascida-trouxa. – Ela disse sorrindo para mim. – O vovô e a vovó acreditaram quando vieram contar?

– Bom, acho que todos sabíamos que tinha alguma coisa diferente comigo, não é? Não é muito normal para trouxas fazer livros voarem por ai. – Eu ri. – Mas eles ainda demoraram um pouquinho para acreditar.

Ela riu por um tempo e depois perguntou:

– Para que casa será que eu vou? Papai iria ficar feliz se eu fosse para a Grifinória.

– É, iria sim, mas se você não for ele não vai ficar bravo com você ou coisa parecida.

– Eu sei, mas eu queria mesmo ir para a Grifinória. Ou para a Corvinal. – Ela disse pensativa, mais para ela do que para mim. – Eu só não queria ir para a Sonserina. – Ela falou se virando para mim.

– Ah, é?

– Sim. Eu sei que eles não são todos maus, sei que tem bastante gente legal que deve ir para lá, mas... bom... eu não quero ir para lá.

– Tudo bem. Eu não acho que o Chapéu Seletor te colocaria na Sonserina de qualquer forma.

Rose ficou parada algum tempo, visivelmente animada, enquanto eu a observava sorrindo.

– Você virou amiga do papai e do tio Harry no primeiro ano né? – Ela perguntou se virando outra vez para mim.

– Sim. Não logo no inicio, mas sim, viramos amigos no primeiro ano.

Rose hesitou alguns segundos depois sentou do meu lado no sofá e disse olhando para baixo:

– Mamãe... você acha que eu vou fazer algum amigo?

– Claro, Rose! – Falei a puxando para mais perto de mim.

– Mesmo? – Ela levantou os olhos para mim com uma expressão realmente preocupada no rosto.

– Vai sim, querida. – Disse e a abracei pelos ombros e continuei falando agora em um tom de voz mais baixo: – Mas para facilitar não seja mandona e nem uma irritante sabe-tudo.