— Onde eu estou? — Pergunto a mim mesma acordado em um grande quarto com várias camas, todas vazias até onde pude ver.

— Você está na Quinta Coorte. — Fala uma voz surgindo do outro lado do quarto. Uma menina de pele e cabelos escuros apareceu do meu lado. É Hazel.

— Como dormiu Aurey?

— Bem. Por que estou aqui?

— Reyna precisava te manter em algum lugar até decidir o que fazer com você.

— Como assim até decidir o que fazer comigo?

— Você é uma grega, lembra? Lembra que ela disse "Dessa vez vocês não escapam"?

— Ah, sim, claro que lembro.

— Não sei exatamente o que ela pretende fazer com você, talvez colocá-la para lavar os pratos pelo resto da vida...

— Você disse que havia um jeito de sair daqui, como seria ele?

— Há uma passagem pelo aqueduto, ninguém conhece porque parece bloqueada. E também tem o túnel Caldecott. Jason disse que ele dá perto do monte Tamalpais. — Logo que ela me diz isso eu lembro da Voz. Ela disse que quem entra no rio morre. Será que Hazel sabe disso? Se algum dos locais for depois do rio, não temos como chegar lá.

— Como me pegaram?

— Não sei exatamente. Acho que usaram uma das pontes. — Ah, se tiver pontes conseguimos passar caso necessário.

— Onde ficam esses lugares? — Pergunto.

— O túnel fica depois do Pequeno Tibre e o aqueduto fica perto de Nova Roma. É aqui desse lado do rio mas é um pouco longe. Ah, você vai ter que falar com a Reyna às quatro da tarde lá na área dos templos. Ela estará te esperando perto do da mãe dela.

— Quem é a mãe dela?

— Belona. Você tem algumas horas até lá. Agora, eu vou me retirando porque preciso fazer minhas tarefas.

— Eu vou ficar aqui sozinha? Trancada?

— Infelizmente sim. — Diz Hazel com seus olhos dourados esboçando tristeza.

— Tudo bem, às quatro eu estarei lá perto dos templos. — Hazel já está fechando a porta quando me lembro.

— Hazel! Onde ficam os templos?! — Tentei gritar para ela mas a porta já havia se fechado.

***

Mais tarde eu já estava pronta para ir falar com Reyna, mas ainda não havia descoberto onde ficam os templos. Às quatro em ponto abriram as portas da Quinta Coorte e dois campistas (ao menos era o que eles aparentam ser) armados vieram me chamar dizendo que me escoltariam até Reyna e lá me deixariam. Pelo menos não tenho que me preocupar mais em saber ou não onde ficam os templos, mas por outro lado, poderei ficar aqui para sempre. Quem sabe isso não possibilite mais o fim do mundo. Mas talvez pode impossibilitar a salvação do mesmo.

— Podem deixá-la aqui. Agora eu, Aurum e Argentum cuidamos dela. — Diz Reyna. Eu estive tão ocupada em meus pensamentos que nem notei o caminho que fizemos. Como eu vou voltar? Bem, talvez eu nem volte. — Então você pensou que escaparia de mim, graecus?

— Em primeiro lugar, o que é graecus?

— O que você faz aqui?

— O que é graecus? — Repeti.

— Primeiro me responda.

— Enquanto você não me responder eu também não te respondo.

— Então por quê acabou de me responder?

— Eu não te respondi.

— Respondeu de novo.

— Não respondi!

— Respondeu.

— Em que hora eu te respondi? — Falei perdendo a paciência.

— A partir do momento em que eu faço uma pergunta, independente de que assunto seja, você responde, como quando eu perguntei por quê havia acabado de me responder. — Definitivamente, eu não entendi nada. Será difícil manter uma conversa pacífica com ela, mais difícil será conseguir um acordo para conseguir sair daqui pacificamente.