As Crônicas Aladas - Principatus escrita por Mano Vieira, DannyZR


Capítulo 1
Prólogo.




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Mamãe sempre me chamava para levantar antes que eu ficasse atrasada. Mesmo sendo ainda do ensino fundamental – apenas iniciando- eu costumava acordar super atrasada.

Para muitos, a 2ª série não passa de uma parte fácil da vida. Claro, esses muitos já passaram por ela, mas caso você esteja nela, ela será uma fase difícil. Quando eu estiver na 5ª série, certamente irei falar que a 2ª série foi uma fase fácil, e pedirei para voltar, mesmo sabendo que tal coisa não pode acontecer.

Desço e vou até a cozinha para tomar o meu café da manhã. Um bom café da manhã. Caso eu não faça isso, não irei crescer uma garota saudável. Serei apenas mais uma menina magra e estranha como todas as amigas do meu irmão. Não gosto delas. Acho que elas são meninas enjoadas que só são amigas dele por segundas intenções, porém ele insiste em falar que isso não é verdade. Ele é um garoto bonito, têm dezesseis anos, cabelos da cor castanho claro e olhos verdes, uma pele clara e um corpo bem definido. Imagino-me como serei quando tiver a idade dele. Tenho somente oito anos agora e tenho cabelos curtos, porém claros. Meus olhos são da cor azul acinzentado. Minha pele também é clara.

Chego à cozinha e estão todos sentados a mesa, me esperando. Papai não deixa que ninguém comece a comer enquanto todos os membros da família não estejam juntos na mesa. Sento-me ao lado do meu irmão, de frente para mamãe, que está ao lado do meu pai. Damos as mãos e agradecemos à Deus por tudo o que ele nos tem feito. Papai e mamãe insistem muito em agradecer para Ele por tudo o que temos. Alguns amigos meus dizem que não acreditam e humilham pessoas que acreditam, porém eu acho isso errado. Todos tem o direito de crer no que quer e ninguém tem o direito de julgar alguém por isso.

Tomamos o café da manhã e eu subo de volta para o meu quarto. Tenho que me trocar e ir para a escola.

+++

Tentei ir pelo mesmo caminho de sempre para voltar para casa, mas não pude. Odeio atalhos. Mesmo tendo só oito anos, meus pais me dizem que tenho que aprender a me virar sozinha, afinal, não sei por quanto tempo os terei aqui comigo. Hoje em dia não existe tanta violência assim como antes, então é normal você ver pessoas da minha idade andando sozinhas pelas ruas.

O caminho que tive de tomar é realmente algo complicado e que eu nunca vi na minha vida antes. Esse GPS do meu celular deve estar tentando pregar alguma peça em mim. Não posso chegar muito tarde em casa, pois se não, deixarei meus pais preocupados. Claro, que, mesmo a violência sendo poucos, os pais ainda se preocupam com os seus filhos. É um tanto tenso quando você chega à sua casa, após um dia cansativo e seus filhos ainda não estão lá. Ainda mais a sua filha de oito anos.

Ninguém. Somente eu e Anna, minha vizinha, estamos nessa rua.

Anna é uma garota legal, tem olhos escuros como o céu de noite e os cabelos vermelhos como fogo. Natural. Uma ruiva de olhos escuros, realmente uma beleza exótica. Algo difícil hoje em dia é se ver ruivos, ainda mais ruivos de olhos escuros. Ela tem sorte por ser assim, porém ela diz que preferia não chamar tanta atenção.

–Você sabe realmente onde estamos indo, Emilly? – Pergunta-me Anna, me olhando com preocupação.

–Estamos indo onde o GPS está falando para irmos. – Respondo.

–Seu GPS está quebrado! – Diz ela em um tom de brincadeira -Acho melhor você ligar para algum responsável vir nos buscar.

–Não. Meu irmão não teria como vir aqui. Ou nós continuamos, ou nós continuamos.

–Espera... Não entendi. – Disse ela.

–Não temos outra opção a não ser continuar o percurso.

–Af... – Disse ela, continuando a me seguir.

Andamos um bom tempo em silêncio.

–Emi, o que você acha do Kyle? – Perguntou-me ela.

–Kyle? – repeti. – Não acho nada, por quê?

Ela riu.

–Ele não parou de olhar para você hoje na aula.

Kyle é um dos meninos da nossa sala, porém, diferente de todos os outros, ele é quieto. Poucas vezes ele fala algo, e quando fala, suas frases são curtas. Ele é de um tamanho normal, tem cabelos e olhos da cor preta. Sua pele também é clara.

–Ele devia estar pensando em algo e por coincidência, olhava para mim. – Disse – Não deve ter sido nada demais.

– Bem, eu não sei. Acho que ninguém sabe. Ele nunca troca palavras com ninguém. – Disse ela pausando para respirar. - Ser uma pessoa sozinha deve ser muito triste.

–Vai lá e tire-o desse mundo então. – Disse.

–Não. Isso não é um trabalho para mim. –Respondeu-me ela.

Continuamos a andar. O caminho já estava ficando um tanto chato. E eu estava começando a ficar com medo, pois já fazia muito tempo que estávamos naquele lugar.

–Anne, acho melhor ligarmos para os seus pais. – Digo.

Ela não me responde.

–Anne? – Digo agora olhando para ela. Ou melhor, para onde ela devia estar.

Eu estava sozinha agora, ninguém estava comigo. Onde Anne tinha se metido?

–Anne? – Grito mais alto agora, olhando parta todos os lados – Onde você está?

Não tenho uma resposta. O que me resta é ligar para ela.

Fora de área. Começo a entrar em pânico. O cenário a minha volta muda completamente e uma forma surge na minha frente.

–Anne? – Pergunto, esperando que ela me pergunte o que aconteceu.

O formato não me responde. Olho mais fixamente para ele, mas não consigo ver o que é. Fico parada no meu lugar.

–Anne? – Pergunto novamente.

Nada de resposta. Olho em volta. Não tenho para onde ir, ou melhor, eu tenho para onde ir, mas não sei onde esse novo cenário me levará.

O ser que se encontra na minha frente muda. Duas grandes sombras que se assemelham a asas saem dele.

Olho assustada. Ele começa a voar em minha direção.

Sua face se mostra. É um garoto. Suas asas são negras e ele carrega algo em sua mão que não sei o que é.

–Está na hora de dizer adeus, Emilly. – Diz ele com a voz de Anne.

Viro-me de costas e começo a mover minhas pernas numa velocidade que para mim, parece ser lenta o bastante para ele me acertar.

Mais rápido.

–Não adianta correr. Esse é o seu fim. – Diz ele.

Sua voz me assusta. Como um menino pode ter a voz igual à de Anne?

Por que você está correndo?

Por que é a reação normal.

Não. Não, não é a reação de um anjo.

Anjo? O que seria um anjo?

Viro-me e encaro o menino que está voando em minha direção. Pulo e dou um soco em sua face.

–Me desculpe, não era a minha intenção. – Digo correndo e desesperada. O que foi isso?

Ele riu.

–Vejo que já é tarde demais. – Disse olhando em meus olhos.

Sinto arrepios.

–Você já despertou.

Nunca estive dormindo.

Não me dei conta, mas eu não estou mais com os pés firmes no chão. Olho para eles e vejo que estão longe disso.

Como?

Como poderia estar voando?

Olho para trás e logo entendo o que está acontecendo.

Anjo.

–Me desculpe, pois agora mesmo terei que matá-la. Não posso deixar um servo vivo. Ou eu te mato, ou futuramente você me matará. – Diz ele com a maior calma do mundo.

–Você não vai fazer nada. – Diz uma voz estranha. O que será que está acontecendo aqui? Eu estou voando pela primeira vez, um menino voador, que tem a voz da minha melhor amiga, está na minha frente querendo me matar e mais uma pessoa está envolvida nisso?

–Ora ora. Veja quem apareceu. – Diz ele virando-se para trás.

Olho na mesma direção e não creio no que vejo.

Kyle está no chão, olhando fixamente para nós.

Sua voz tem um som bonito.

–Você sabe que o que está fazendo é errado. – Disse o menino, agora, com uma voz diferente da voz de Anne.

–Você sabe que eu já não sou mais um de vocês. – Falou Kyle.

O que aconteceu entre eles?

Porque estou envolvida nisso tudo?

–Vai dar uma de proteger eles? – Disse o garoto. – Você sabe muito bem que eles não irão mais te aceitar.

–Não preciso mais disso. Saia já daqui, ou terei que usar da violência para te expulsar? – Falou Kyle. Nunca imaginaria que ele é desse jeito.

Porque eu estou aqui, parada?

Quero fazer algo.

Ambos começam a lutar. Fico pasma por estar vendo isso.

Olho para trás novamente, não acredito que duas asas da cor branca saem das minhas costas. Eu sou um anjo?

Isso mesmo. Eu sou um anjo. Devo destruir o que está lutando na minha frente. Esse é o meu dever nesse mundo sujo.

Ambos lutam sérios, vou até eles e tento dar um soco. Porém uma criança de oito anos não faria muita coisa.

O menino desconhecido me chuta para longe.

–Não me atrapalhe. – Diz ele – depois eu cuido de você!

Ambos continuam com a luta. Fico parada olhando. O que eu posso fazer para que isso termine?

Nada. Não posso fazer nada. Eles são mais fortes do que eu.

Kyle está perdendo. Tenho que ajudá-lo, mas o menino desconhecido é mais forte do que eu.

–Agora, não me atrapalhe nunca mais. – Diz ele, pronto para dar um chute no rosto de Kyle.

–NÃO! – Grito.

Ele se vira.

–Já te disse para não me atrapalhar.

Estou irritada.

Vou para cima dele, mas ele desvia como se fosse a coisa mais normal do mundo.

–Você não entende que é muito fraca? – Pergunta-me ele com um tom de deboche.

Fecho os olhos.

Mantenha-se calma.

Junto todos os dedos. Levanto-me e tento acertá-lo, como se minha mão fosse algum tipo de face, ou espada.

Fracasso.

–O que você pensa que está fazendo? – Pergunta-me ele.

Fico quieta.

Kyle se levanta atrás dele e consegue acertar um golpe.

O menino cai.

Vitória!

Não. Kyle anda em minha direção. Ao chegar bem perto, deposita a mão na minha testa e depois disso, não consigo me lembrar de mais nada a não ser de uma escuridão profunda.


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Notas finais do capítulo

Bem, isso é só um prólogo, como vocês podem ver, ela ainda é novinha.Que tal nos contar o que achou deste capítulo?Agradecemos a sua atenção e pedimos para que continue acompanhando!Isso é tudo pessoal!



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