Na Linha Da Vida escrita por Humphrey


Capítulo 13
Caro conflito


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeente ♥ Que saudades, hahaha. Enfim... não sei o que irão achar do capítulo .-. . Eu coloquei um certo suspense no final, mas nada muito "OOOOOH!", ok? Haha. Aliás, no começo também '-'.
PS: Eu iria postar o capítulo na sexta-feira, mas eu fui viajar e esqueci de levar o notebook, com tudo pronto, comigo -_-'.
*-* Espero que gostem!



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~~~~ ♣ ~~~~

Anne estava sentada em uma cama de hospital e eu ao seu lado, em uma poltrona preta de couro. O médico chamado Fletcher – era o que estava escrito em uma placa pendurada à porta – havia feito exames nela; um deles se chamava ausculta pulmonar, segundo ele.

– Você é namorado dela ou coisa assim? – me perguntou o médico, sem tirar os olhos da Anne.

– Não, não. Sou apenas um colega.

Ele sorriu.

– Ela teve sorte de ter um colega como você por perto.

– Eu faço o que posso. – Esbocei um sorriso de canto. Anne revirou os olhos e sorriu também.

O médico tirou o estetoscópio do pescoço e colocou-o ao lado dela, em uma mesa pequena.

– Eu já volto. Com licença – disse ele, sério, e, após isso, saiu do quarto. O segui com o olhar pela janela que dava visão ao corredor; ele estava andando com passos largos.

– A pessoa que inventou isso deve ter sido um gênio – ela disse interessada, com o estetoscópio nas mãos.

– Anne, você vem frequentemente ao hospital ou isso acontece apenas quando você está comigo? – mudei de assunto.

Me olhou rapidamente, com os olhos verdes – ou azuis – esbugalhados. Ela estava surpresa com a pergunta.

– Não, é coincidência ter você sempre à minha cola.

Sorri novamente, mas o sorriso logo foi ocupado por uma expressão séria em meu rosto.

– Mas por que isso aconteceu? Você tem algum problema de saúde, ou algo do tipo? – temi ao fazer a última pergunta. Anne arregalou os olhos enquanto me encarava, mas logo voltou a fitar o instrumento que tinha em mãos. – Então é isso; você tem um problema.

– Eu não disse que tenho, disse? – me fez uma pergunta retórica, no entanto, sequer cruzava o olhar com o meu.

– Mas não negou. – Apertei os olhos.

– Você está certo. Talvez eu esteja doente, e daí? – Ela me olhou rapidamente, com desdém, e voltou a observar o que estava segurando.

– Reparei que você está diferente desde aquele dia na escola. Eu notei isso, Anne. Me conte o que você tem. – Cruzei os braços acima do peito.

Anne me olhou pelo canto dos olhos, mordeu o lábio inferior e pareceu hesitante a respeito da minha pergunta. Ela suspirou e abriu um pouco a boca, que eu suspeitava que saísse alguma resposta, mas os tios entraram como raios pela porta, e a tia da Anne a abraçou, perguntando rapidamente: você está bem se machucou o que aconteceu com você onde você estava ficamos preocupados, e, assim, sucessivamente.

– Está tudo bem, não é? Foi algo referente à... O que ele está fazendo aqui? – ela se referia a mim, franzindo o cenho, como se eu fosse uma criatura raivosa que os atacaria a qualquer momento.

Mas talvez eu fosse uma criatura raivosa que os atacaria a qualquer momento.

– Ele me ajudou. Se ele não estivesse lá, eu nem sei o que seria de mim agora. – Anne sorriu. Confesso que fiquei surpreendido por ela ter me defendido na frente do tão rígido tio que, afinal, não suportava mais me ver.

Acenei rapidamente, irônico, arqueando as sobrancelhas.

O tio da Anne forçou um sorriso e pediu com que eu desse licença para eles conversarem com a sobrinha. Suspirei e obedeci. Quando saí, me sentei em uma das cadeiras que ficavam de frente para o quarto de onde a Anne estava e, pela janela, pude ver seus tios acariciando seu cabelo e aparentemente a consolando. Anne colocou as mãos no rosto, sem esconder os olhos. Eles ficaram vermelhos e notei que ela estava chorando. Os tios chegaram mais perto da sobrinha e a tia enxugou uma de suas lágrimas, falando algo incompreensível. Franzi levemente o cenho, me perguntando por que ela estava naquele estado emocional.

O médico passou por mim e entrou no quarto. Ele estava segurando alguns papéis, mas ambos já estavam nas mãos da Anne, que os lia atentamente enquanto tentava parar de chorar. Eles o seguiram e, quando vi a Anne saindo pela porta, fui atrás dela. Contudo, o tio da mesma me impediu que eu prosseguisse com o que queria fazer.

– O que está acontecendo? Por favor, eu tenho que saber! – Eu me inclinava para os lados, para ter visão de onde Anne estava indo. Ela me viu pelos ombros, mas logo voltou o rosto para frente e entraram em um outro corredor.

– Você não pode ir. Além disso, por que está tão interessado em saber sobre a vida dela? Anne é uma garota disciplinada e não deveria ter a sua companhia – ele me disse. Eu o fuzilava com os olhos e, por educação, cedi o privilégio de o corredor estar vazio e não o xinguei de todos os palavrões que vinham à minha mente.

– Se Anne tem a minha companhia, é porque ela quer, e não por obrigação. Sinto muito se a minha personalidade não o agrada. – Rolei os olhos.

– Anne tem a nós. Ela não precisa de uma pessoa como você ao lado para dificultar as coisas.

Pressionei os lábios, dei meia volta e saí do hospital.

~~~~ ♣ ~~~~

No dia seguinte, no intervalo das aulas, Natalie Jancks, a inocente namorada do Trevor, e mais algumas garotas me convidaram para sentar-me junto a elas em uma mesa dos fundos no refeitório. Elas conversavam sobre roupas, bolsas, sapatos e tudo que era derivado de moda. Meus pensamentos estavam longe quando avistei Brandon e David. Sorri ao vê-los juntos, até que o grupo de atletas entrou no refeitório, com suas risadas e deboches sobre outros alunos. Trevor falou algo para o Brandon, que não gostou sequer um pouco e, sem pensar, rapidamente lhe deu um soco na boca. Os outros que ali estavam se assustaram e ele saiu do local, enquanto Trevor passava uma das mãos na boca e ria como se nada tivesse acontecido, ainda falando mal do Brandon.

Uma garota de cabelos negros e olhos verdes, cujo nome era Cindy, me repreendeu, chamando minha atenção para dentro do assunto.

– E então, Anne, qual você prefere? – Ela sorriu, tentando abafar o clima tenso que estava no refeitório.

– Prefiro... o quê? – perguntei.

– Ela estava olhando para o Cooper – uma delas debochou e as demais riram. – Ah, e nós notamos que vocês estão se falando normalmente. Isso é verdade ou somente uma impressão nossa? Se é verdade, como essa façanha aconteceu?

Movi a cabeça negativamente, sorrindo, e saí da mesa, então David veio falar comigo.

– Ele está estranho desde cedo. Não fala comigo direito, vive mergulhado nos pensamentos e nem se preocupa com o mundo ao redor. Você sabe do que possa ter acontecido?

– E-eu não sei. Ele falou algo sobre mim?

– Não, por quê? Aconteceu algo que eu ainda não sei?

– Não, não aconteceu nada. É que... eu... Esqueça, eu vou falar com ele.

– Ok – ele respondeu incerto.

Virei as costas, mas ele me parou quando disse:

– Me desculpe por ontem, Anne. Talvez se a gente... saísse noutro dia? – Pude sentir a sua vergonha através da fala, mas eu não pensava em mais nada sequer na recente atitude não tão estranha do Brandon.

– S-sim, pode ser – disse, sem me virar para ele. Continuei caminhando.

Fui atrás do Brandon, que estava guardando alguns cadernos no armário e, claro, pensativo.

– Brandon, o que está acontecendo? – Coloquei uma das mãos em seu ombro e ele se virou para mim.

Balançou a cabeça, sério.

– Nada.

Suspirei fundo e refiz a pergunta:

– O que está acontecendo? Me diga, eu não sou sua amiga?

Ele fechou a porta do armário, em silêncio. Voltou-se novamente para me encarar e respondeu:

– Esse é o problema.

– O quê?

– Você é a minha amiga.

A expressão séria dele me assustava.

– E o que isso tem a ver?

– Também deve me contar as coisas, mas está escondendo de mim, Anne. Por que estava chorando ontem? Por que não respondeu à minha pergunta? E o corredor? Por que entrou lá sem me dar satisfações do que iria fazer? – ele alterou a voz na última interrogação e, portanto, todos do corredor nos olhavam, pensando que alguma briga desejada entre nós aconteceria ali.

Meus olhos estavam arregalados, encarando-o, enquanto eu não conseguia dizer uma palavra sequer.

– Eu não preciso dar satisfações a você, Brandon – falei, olhando para o chão, ainda pensando em outra explicação; aquela foi a única coisa que pude dizer.

Brandon saiu, bravo, me empurrando com o ombro. Insisti em ir atrás dele novamente.

– Por favor, me escute. Eu não quero guardar segredos de você, até porque já te contei muitos, mas... acredite em mim, você logo saberá o que é. É só esperar.

Ele parou de andar, e fez com que eu parasse também. Já estávamos fora dos corredores e próximos ao lugar onde eu considerava o meu preferido da escola; ele geralmente ficava vazio e eu costumava a ir sempre que pudesse.

– Anne, você está certa. Não me deve satisfações, eu entendo. Mas você não acha que está errado o fato de não me contar nada sobre ontem?

– Eu... Me desculpe. Você tem razão – engoli o orgulho. – Mas... pode me dar um tempo até eu contar o que está acontecendo?

– Sim, claro.

Eu sorri, aliviada.

– Mas, até lá, não fale comigo, tá bom?

O sorriso sumiu. Abri a boca para discutir, mas ele estava certo, sim. Eu entendia a angústia e a preocupação dele, e aquilo tudo era por minha causa. Eu podia contar tudo a ele, desde o início, mas não queria envolve-lo nos meus problemas. Eles eram somente meus e não precisavam ser compartilhados com mais ninguém. Não naquele momento.

Brandon bufou e revirou os olhos, impaciente.

– Tudo bem. Como você quer, eu não vou falar com você.

– Então você prefere perder a minha amizade a falar o que está acontecendo, é isso?

Eu respirei fundo, colhendo tempo para pensar um pouco. E, como ele estava dizendo, eu realmente preferia guardar o segredo para mim. Era a melhor opção a se escolher.

– S-sim. Eu... sinto muito.

Ele balançou a cabeça negativamente e foi embora, passando rapidamente por uma garota, cujos livros foram jogados no chão pelo empurrão que Brandon lhe deu. Ela o xingou, furiosa, enquanto os apanhava.

Mais tarde, na saída, eu estava arrumando os materiais no meu armário, quando Brandon foi chamado na diretoria pelo meu tio. Ele lhe mandou uma outra advertência por conta do acontecido no refeitório; como nas outras vezes, ele fez pouco caso disso. Saiu normalmente da diretoria e passou por mim, fingindo que nem me conhecia.

Sabia que algo tinha acontecido com Brandon, além do que o que o fiz passar no dia anterior. Ele estava estressado e pensativo em demasia. Eu havia me arrependido de quase tudo que havia feito naquele dia, inclusive ter escolhido ficar sem falar com ele.

No mesmo dia à noite, minha avó me pedira para comprar algumas frutas no supermercado. Andejando até lá, tive de passar por um bar lotado; o mesmo no qual Brandon tinha me tirado há alguns meses. Após ouvir alguns gritos de briga, foquei meus olhos mais diretamente para uma roda, franzindo levemente a testa, arregalei os olhos ao reconhecer uma das pessoas rodeadas.

Brandon.


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Notas finais do capítulo

O que acham que está acontecendo com o Brandon? u-u Além disso, vocês já têm algumas opiniões a respeito da doença da Anne? Hm... :-3
PS, PS, PS: A falta de vírgulas na frase "você está bem se machucou o que aconteceu com você onde você estava ficamos preocupados" foi proposital, ok? ^-^ Essa falta representa que a tia da Anne fez a perguntas extremamente rápido :-)
Até os reviews, seus lindos!