Raphaella Harmon: A Volta De Um Velho Inimigo escrita por SupremeMasterOfTheUniverse


Capítulo 8
Bonus Chapter: Raphaella


Notas iniciais do capítulo

Esse é o bonus chapter dessa temporada. A temporada 3 vai demorar um pouco para sair, porque eu estou MEGA atrasada com ela.



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Passei a mão na mensagem de Íris à minha frente – enviada para minha irmã, Jenna Alexander, e o namorado e meu grande amigo, William DeVille – que se dissipou em névoa. Lembro-me como se fosse ontem de ela roubando um beijo dele no momento em que chegamos no acampamento, depois da perigosa missão na qual Jenna fora sequestrada e ficara duas semanas em cativeiro, há cinco meses. A mensagem de Íris foi apenas para me informar de como estavam as coisas no acampamento. Como estava ela. Como estava o namoro dela. Se ele já havia sido reclamado. (Aparentemente, não) Como estavam Luke e Annabeth. Como estava Silena após a morte do namorado. E como estava minha, por mais estranho que pareça, grande amiga, Clarisse La Rue. Sim, Clarisse e eu somos grandes amigas. Estranho, né? Mas eu gosto dela. É bem legal.

Também queria saber como estava minha mãe. Depois que voltei da já mencionada missão, meus pais me contaram que ela estava grávida. DE TRÊS MESES!!! Meu primeiro irmão (de parte dos dois pais, é claro) nasceria aos meus dezoito anos. Jenna havia visitado ela e cuidado dela enquanto eu caçava. Isso é que é uma boa irmã.

O motivo principal da mensagem foi saber como estava Percy. Se ainda estava bravo comigo. Aparentemente, sim, ainda estava.

– Você vem ou não? – gritou Phoebe, a Caçadora de Ártemis.

– Já vou! – respondi.

Bem, deixe-me contar-lhe como foram meus últimos meses: Ártemis aparecera no Acampamento Meio-Sangue e me chamara para caçar com ela e com suas Caçadoras. Não ache que me juntei à Caçada, claro que não. Jamais abandonaria Percy ou “aceitaria a virgindade eterna”. Não. Apenas estamos procurando Píton para mata-la.

Então eu passei os últimos meses caçando com minha tia, Ártemis, e um monte de solteironas eternas imortais. Elas me odiavam muito. Sim, Ártemis me chamou para me juntar oficialmente à Caçada, como uma de suas Caçadoras. Mas eu recusei. Ela disse que eu não precisava virar Caçadora, mas que deveria ir caçar Píton com ela. Eu aceitei, afinal, sou arqueira como Ártemis e as Caçadoras, e adoraria matar Píton. Bem morta, de preferência.

As Caçadoras me odiavam. Por dois motivos. Um: recusei o pedido de Ártemis de me juntar à Caçada por amor a um garoto. Dois: Ártemis me chamou para ser Caçadora, mas me oferecera um posto que não oferecera a nenhuma outra de suas Caçadoras, especialmente de imediato, como foi pra mim: alferes, também conhecida como segunda-tenente. Ou seja, apenas Ártemis e Thalia teriam poder sobre mim na Caçada. E elas me odiavam por ter desperdiçado esse posto.

Percy estava bravo comigo porque eu aceitei ir caçar com elas. Ele tinha medo de que elas me influenciassem a ir pelo caminho de Ártemis e aceitar ser uma donzela e imortal, e o deixasse. Coisa que aparentemente nem ele, nem as Caçadoras entendiam, era que eu preferia uma vida curta, pobre e medíocre ao lado do homem que eu amo, ao invés de uma vida imortal com um cargo de respeito ao lado de garotas que me menosprezam. Não terminamos, mas estávamos brigados desde julho. O que era muito tempo, considerando que já estávamos em novembro. O que eu decidi fazer? Me concentrar em encontrar Píton durante esse tempo que estaria caçando. E me esquecer um pouco de Percy. Afinal, eu havia pensado nele sem parar durante um ano da minha vida. Então, uma folguinha era bom, não era?

Ainda não falei sobre Thalia. Eu havia ouvido muitas histórias sobre Thalia Grace no Acampamento Meio-Sangue. Ela era filha de Zeus. Viveu altas aventuras ao lado de Annabeth e Luke, com quem teve um caso. Agora, nem Luke nem Annabeth gostavam de falar sobre Thalia, porque estavam namorando. Mas voltando à Thalia, ela havia morrido em confronto, na frente do acampamento, para que Luke, Annabeth e Grover chegassem a onde estariam seguros. Para não mantê-la completamente morta, Zeus a transformou em um pinheiro, que fornecia proteção para o Acampamento Meio-Sangue. Após a mágica do Velocino de Ouro curar o pinheiro bem demais, Thalia voltou à vida. Então, Ártemis a chamou para ser Caçadora, e ela assumiu o posto de tenente, ficando apenas abaixo de Ártemis. Era tudo o que eu sabia sobre ela.

Até conhece-la.

Cara, Thalia é o máximo! Ela tinha cabelos pretos espetados, no estilo punk. Usava jaquetas de couro com spikes, como eu, e camisetas de diziam coisas como ABAIXO A COR-DE-ROSA e MORTE À BARBIE. Ela ouvia Green Day, Sepultura e The White Stripes e eu ouvia Queen, Bon Jovi e Nirvana, portanto, nossos gostos musicais não eram tão diferentes assim. Ela era rebelde e determinada e uma guerreira nata. Quando dava as ordens, você teria de obedecer. E eu a adorava.

Thalia era tenente e usava um arco prateado na testa, que fazia um contraste enorme com as roupas que ela usava. Ártemis me ofereceu o cargo de alferes, e permitiu que eu fosse isso enquanto caçava com elas. Então, eu usava um arco dourado na testa. Sei, sei, dourado é primeiro lugar e prateado é segundo, então, tudo está invertido. Mas Ártemis é a deusa-lua. A Lua é prateada. E Thalia era seguidora de Ártemis. Ao contrário de mim, que sou filha de Apolo, o deus-sol. E o Sol é dourado. Portanto, eu usava um arco dourado. E o meu cabelo... Estava compridasso. Na metade das costas, amigo. Como eu era uma Caçadora, mesmo que temporária, tinha de usá-lo trançado. Totalmente contra a minha vontade. Foi nisso que deu querer ter um cabelão.

– Rapha, você está bem? – ouvi a voz de Thalia perguntar. Ela se preocupava comigo, sabia? Pois é.

– Estou sim. – respondi. – Por quê?

– Está pálida. Bem pálida. Mais do que o normal. – Ela colocou a mão na minha testa. – Você acha que...

Ergui a mão, interrompendo-a.

– Não. Não é. Não gosto de falar sobre isso.

Ela comprimiu os lábios e assentiu.

– Se sentir que vai acontecer...

– Aviso. – cortei-a. – Eu aviso.

– Então... vamos logo.

Vou lhe explicar o que aconteceu. Lembra-se de que Píton estava muito certa de que eu iria para o exército dela? E que apenas eu e Hades reinaríamos? Descobri o porquê. Píton havia descoberto uma maneira de me possuir. Sim, eu já havia hospedado a alma da serpente mais demoníaca de todas. E isso já estava se tornando rotina. Píton me possuía nos piores momentos, e era difícil de expulsá-la.

Ártemis ainda não sabia disso. Apenas Thalia e eu. Tentávamos esconder dela o máximo que podíamos. Ás vezes, Thalia e eu achávamos o rastro de Píton indo para duas direções, então nós duas íamos para um lado, e Ártemis e as Caçadoras iam para outro. Geralmente, era nessas situações que eu era possuída. Tipo assim, quando eu estava pra atirar a flecha no basilisco, entende? Ou quando o lestrigão estava com as mãos no meu pescoço.

O lado bom da coisa era que eu não estava tendo mais visões. A minha última visão havia sido em julho, um pouco antes de sair do acampamento com as Caçadoras. Eu havia visto, novamente, o fardo mais pesado que eu carregava: a possível morte de Percy.

O vento cortante do outono queimava minha pele branca. A neve branca cobria o chão da floresta. O corte que eu havia feito debaixo de minha boca ardia. Mas nada que chegasse a ser insuportável. Os rastros no chão eram, obviamente, de Píton. E apontavam para o topo da montanha.

Lady Ártemis, Píton passou por aqui. – afirmei. – E foi para o topo da montanha.

Aquela garotinha de doze anos com feições que se assemelhavam às minhas e que dizia ser a deusa da caça respondeu:

– Não tenho certeza. Os rastros se assemelham aos de uma cobra, mas esse não se parece com um lugar que Píton tomaria como direção para um esconderijo.

– Ela passou. Eu tenho certeza. – Apontei para o topo da montanha. – Eu sei que ela foi para lá. Se quiser, nós duas podemos ir até lá e eu poderei te provar.

Ela me examinou com os olhos estreitos.

– Está bem – disse, finalizando. – Mas apenas eu e você vamos. Thalia, isso é perigoso demais para irmos todas. Você fica aqui com as Caçadoras e apenas eu e Raphaella vamos.

– Concordo. Não podemos ver o final da montanha, então, não sabemos o que nos aguarda. Fique aqui, Thalia, e tente não morrer.

– Ah – Thalia respondeu, com tom irônico. –, essa é a minha especialidade. Vivi anos fazendo apenas isso.

Revirei os olhos.

Ártemis e eu fizemos uma escalada, seguindo os rastros, de algum tempo entre vinte minutos e uma hora. No topo, o ar ficou rarefeito. Eu me abaixei e apalpei os rastros.

– Está conseguindo? – questionou Ártemis.

– Sim.

– Isso é mentira.

– Pode ser. Tente você.

– Engraçado – falou, irônica. –, essa seria a minha sugestão.

Eu me levantei e ela se agachou em frente aos rastros.

– E aí? O que você acha? – perguntei, sofrendo na impaciência.

– Eu acho que você é muito impaciente.

– Mas você consegue tudo! Você é Ártemis!

Ela olhou para mim, como se dissesse DÃ, SUA TONTA.

– Eu nem coloquei a mão no rastro ainda.

– Ah. Desculpe.

Ela balançou a cabeça em reprovação e depois apalpou um pouco o chão.

– E aí?

– Você está certa. – ela confirmou. – Píton passou por aqui.

– Eu disse. Vocês, deuses, não acreditam em mim só porque eu sou mortal.

– Olhe bem, eu deveria te matar agora mesmo. Foi para isso que eu fui enviada. Mas eu acredito que você pode mudar esse seu destino.

– Pensei que os deuses não gostassem que nós, videntes, tentássemos mudar o futuro. Lembra-se de Halcyon Green?

– Lembro. Lembro. – ela disse com uma expressão como se quisesse que eu calasse a boca.

Eu senti uma força entrando em mim. Uma força que não era minha.

– Ele viveu naquela droga de mansão por anos e anos, só porque salvou a vida de uma garota. Por que eu não sou presa em uma mansão? Por que você veio me ajudar?

Ela respirou fundo.

– Você é diferente de Halcyon. É mais especial para seu pai do que ele era.

– Por quê? – desafiei-a.

– Você pode ver. É muito mais forte que ele era.

Senti minhas orelhas esquentando.

– Ah, então é por isso que os deuses são tão bonzinhos comigo. Porque eu sou uma ameaça pra vocês. – falei. Mas já não era mais eu falando.

A essa altura, eu havia acendido a parte interna da minha boca e os meus olhos, o que deveria me deixar meio assustadora.

– Claro... digo, não! - respondeu, confusa. – Você me entendeu errado!

– Eu entendi? – perguntei, sarcasticamente. – Eu entendi errado?

Minhas veias foram acesas.

– Você está bem, Raphaella Harmon? – perguntou, preocupada.

– Ah, estou. Nunca estive melhor! Me sinto... – a partir daí, a voz de Píton assumiu comando. – Me sinto mais forte do que jamais me senti.

Ártemis pegou o arco dela e preparou uma flecha. Ela mirou em mim. Eu, por mim mesma, queria me jogar no chão, me render a ela, mesmo que não tivesse, mas eu não podia. Píton estava me mantendo parada.

– Saia dela! Agora!

– Ah, não sei não. – disse Píton, através de minha boca. – Este corpo está superconfortável. Você deveria testar.

– Deixe minha sobrinha em paz! Ela não merece algo como você! É uma heroína!

– Você está muito certa de suas palavras. – brincou Píton. – Está esquecendo de que é ela quem vai mandar você para o Tártaro?

Você vai fazer isso. Ela jamais faria uma coisa dessas.

– Faria... faria mais do que você imagina. Ela adoraria ver os Olimpianos no Tártaro.

– Não todos. Ela guarda alguns ressentimentos de Afrodite, mas ela a provocou muito! Eu também não sou muito fã dela.

Píton respirou fundo, com meu pulmão.

– Ártemis, eu estou na cabeça dela. Eu sei o que ela pensa. Estou vendo tudo.

– Vou te dar cinco segundos para sair de dentro dela. Cinco... quatro... três... dois... um.

E tudo o que estava aceso em mim se apagou. Senti Píton indo embora, e senti como se todas as forças que eu tinha tivessem ido com ela. Caí no chão. Minha cabeça latejava. Ártemis se ajoelhou ao meu lado.

– Raphaella? Você está bem?

– Eu... – Juntei todas as minhas forças e falei: – Estou com uma dor de cabeça insuportável!

Ela colocou a mão na minha testa.

– Está com febre.

– Estou com frio – gemi. – Muito frio.

E era verdade. Sentia minha pele formigar e gelar, aos poucos, porém a temperatura era baixíssima.

– Santo Zeus – disse ela. – O que eu vou fazer com você?

– Eu já estou bem. Podemos descer, não podemos? Os rastros apontam para o oeste. Sigamos para lá.

– Não é sobre isso – retrucou. – Você está sob o domínio de Píton. Sabe o que isso pode significar?

Um nó se fez na minha garganta e eu franzi as sobrancelhas. Sabia exatamente o que aquilo poderia significar.

– O fim de tudo.

Ela assentiu.

– Precisamos te deixar no Acampamento Meio-Sangue. – declarou. – Agora. Quíron saberá o que fazer.

– Mas... e você?

Ela balançou a cabeça.

– Seu trabalho comigo terminou. Você não pode mais caçar Píton; ela está te caçando. Além disso, eu já não sei mais o que fazer.

Minha boca ficou semiaberta. Eu gostava de Ártemis e me preocupava com ela. E descobrir que ela não sabia mais o que fazer me deixou... sabe... desencantada.

Me levantei, cambaleante, e desci a montanha, com a ajuda de Ártemis. Quando chegamos ao final, Thalia e as outras Caçadoras nos esperavam, impacientes.

– E aí? – perguntou Thalia. – Qual de vocês estava certa?

Ártemis e eu nos entreolhamos, nervosas.

– Píton passou por aqui, não foi?

– Thalia, teremos de voltar ao acampamento – anunciei. – Pelo menos, eu terei.

Ela descobriu tudo, falei apenas mexendo os lábios. Thalia ergueu as sobrancelhas como se dissesse Ah.

– Já estava mais do que na hora – disse Phoebe.

– Olhe aqui, sua... – comecei.

– Basta! – interrompeu Ártemis.

– Perdão, minha senhora, mas ela é muito irritante! – justificou-se Phoebe. – Que tipo de pessoa recusa ser uma Caçadora de Ártemis, imortal, alferes, por amor a um garoto? – Ela falou a última palavra com tanto nojo e desprezo que eu achei que ela ia vomitar.

– Uma garota que já conheceu o amor – murmurei. – Não uma solteirona, que aceitou a virgindade eterna porque nenhum garoto gostava dela.

Phoebe veio avançando na direção da minha pessoa, que já estava pronta para brigar, mas Thalia a barrou.

– Chega, vocês duas. Lady Ártemis, qual é a descisão final?

Ártemis se virou para mim e colocou as mãos nas minhas bochechas.

– Você me serviu muito bem, Raphaella Harmon. Foi a melhor alferes que eu já tive.

Sorri torto.

– Eu curti a experiência de ser Caçadora. E, Phoebe – Ela olhou para mim. – Todo esse tempo que passei com você e com as outras Caçadoras me ensinou uma coisa: não tenho dúvida de que quero me casar com Percy e não ter um final igual ao de vocês. E, não, eu não aceito a virgindade eterna.

A raiva fervilhava nos olhos dela.

– Thalia, eu te adorei – continuei. – e espero que possamos nos encontrar novamente. Quer saber a descisão final?

– Sim.

Olhei para o pôr do sol no horizonte na mesma direção onde ficava minha casa – o oeste.

– Eu vou para o Acampamento Meio-Sangue.


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Notas finais do capítulo

Aguardem a terceira temporada ~le eu dando um sorriso maligno~



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