Laços Impossíveis escrita por mandycarol


Capítulo 9
Capítulo Extra - O outro lado [Parte 1]


Notas iniciais do capítulo

*Dedicado a Gaara_do_Deserto
*Estou postando a primeira parte, serão duas. (Considerações no final).
*Capítulo narrado inteiramente na visão do Kaname Kuran.
*Terão acontecimentos do passado e alguns pós-fic.
*A parte em itálico se trata de flashbacks
*Primeira parte correspondente ao capítulo 1 ao 4.
Espero que gostem



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Sete anos. Sete anos sem ver nossos pais, antigos amigos, sem ir ao Japão. O quão forte ela estava sendo? Sei que para mim não era o maior problema, eu tinha a ela, a minha Yuuki, meu amor, minha irmã, nada mais importava. Ela estaria feliz? Sou tão egoísta a ponto de me sentir feliz por ela ter me escolhido, mesmo que para isso ela tivesse que ter deixado uma parte de si para trás.

Mas eu também havia deixado algo para traz, a minha maior preciosidade, uma vez, há nove anos. Eu precisava deixá-la, ir embora, me afastar. Não conseguia mais suportar, começava a tratá-la friamente e sabia que assim acabaria a fazendo sofrer, mas não podia mais tocá-la, pois sabia que se o fizesse eu perderia o controle.

- Por que está chorando? – perguntei a Yuuki, ela estava no chão acuada, estava preocupado, havia acontecido algo com ela? Como gostaria de abraçá-la, reconfortá-la em meus braços.

Estendi meu braço a fim de lhe tocar, porém terminei por recuar, eu não podia. Controle.

- Estava planejando não me contar nada? – Suas palavras me vieram como uma pontada, então ela sabia que a deixaria. Mas como ela era inocente, sabia tão pouco, se soubesse a verdade ela mesma me mandaria embora.

- Yuuki e-eu... – não sabia o que dizer. Tentei tocá-la novamente, mas ela me deu um tapa em minhas mãos, em repudio.

- ACREDITAVA QUE ME IMPORTARIA – gritou, ferindo muito mais meu coração do que com seus gestos.

Ela saindo correndo, ignorando a chuva forte do lado de fora. Isso mesmo Yuuki, me odeie! Coloquei a mão no rosto, minha tristeza fluindo em lágrimas. “ME ODEIE! Assim será mais fácil para nós dois”, pensei. Porém nada era fácil, vê-la passar na porta encharcada, abatida, eu a encarei, mas ela virou o rosto fingindo não me notar. “Eu preferia a morte a deixá-la, mas será melhor assim, melhor para todos. Eu sou apenas um monstro, um monstro que merece seu repúdio”, palavras proferidas, que nunca consegui lhe dizer.

- Então vai para Londres? – Yuuki me perguntava pela décima vez.

- Sim, logo pela manhã. É um caso importante. – expliquei novamente analisando o processo em minhas mãos. – Voltarei assim que terminar o julgamento, se possível no mesmo dia. – coloquei os papéis de lado e deixei que meus lábios tocassem os delas a fim de lhe acalmar.

- Hum! – disse ela corando.

- Ainda temos tempo até de manhã. – falei com sorrindo maliciosamente.

Comecei a beijar seu pescoço, Yuuki arrepiava com toque de meus lábios, era tão sensível e sabia de seu ponto fraco. Deixei meus lábios deslizarem pelo seu ombro enquanto minha mão envolvia sua cintura, a alça de sua camisola caiu de forma sedutora me fazendo desejá-la mais e que aumentasse as caricias. Yuuki abafou um gemido.

- Pare Kaname. – me empurrou do nada. – Aiko pode acordar durante a noite e vir até aqui.

- Não arranje desculpas. – cruzei os braços.

- Não é desculpas. – ela corou.

- Então? – a encorajei. – Não me quer. – peguei em seu queixo e levantei seu rosto a forçando olhar para mim, ela estava ainda mais vermelha.

- É apenas que A-ai... – um barulho de batidas na porta fez com que parasse, em seqüência a pequena menina de cabelos castanhos e olhos avermelhados entrou no quarto.

– Maldita boca. – pensei em voz alta. Yuuki me lançou um olhar furioso ao ouvir meu comentário.

Aiko coçava o olho e arrastava o ursinho de pelúcia pelo chão. Ela já possuía seis anos.

- Tive um pesadelo, posso dormir aqui? – falava choramingando com a sua doce voz infantil.

Eu fiz gestos negativos, tentando ser discreto para que minha filha não notasse. Yuuki a pegou no colo e colocou em nosso lado da cama.

- Claro querida! – e me lançou um olhar vingativo.

Não que não gostasse que ela dormisse em nosso quarto, apenas odiava o fato de crianças pequenas terem o péssimo hábito de chutar a noite toda. Mas elas pareciam tão lindas adormecidas juntas, a filha era a miniatura da mãe, que não me importava em passar a toda noite as observando. Quem olhasse assim para Yuuki não pensaria a quão vingativa ela podia ser...

O avião estava pousando, podia sentir a tensão que fluía em meu corpo. Ela estaria lá? E se estivesse, como eu reagiria? Eu sei como, fingiria. Iria dissimular como sempre fiz, como aprendi a ser.

O avião estava pousando, podia sentir a tensão que fluía em meu corpo. Ela estaria lá? E se estivesse, como eu reagiria? Eu sei como, fingiria. Iria dissimular como sempre fiz, como aprendi a ser.

No meio de tantas pessoas eu a reconheci, aquela que guardava meu coração. Como era bela, havia se transformado em uma bela mulher, seus cabelos eram longos e usava o vestido que lhe mandei. Eu a encarava com preocupação, meu coração batia rápido demais, havia apenas ela no aeroporto, sem sinal de nossos pais. Fachada. Devia que manter meu olhar sereno. Porém ela sempre conseguia surpreender, ela, apenas ela, Yuuki sorriu maliciosamente e eu sabia que nada de bom estaria por vir. Ela correu até mim e pulou em meu colo.

- KANAME!!!

“Cale a boca idiota!”, pensei constrangido. Todos nos olhavam e faziam comentários. Vergonhoso. O que ela pretendia? Que humilhação!

- Yuuki, por favor! Estão todos olhando. – tentei inutilmente fazê-la parar. Por fim tive eu mesma retirá-la de cima de mim, a peguei pela cintura e a pus no chão, ela era incrivelmente leve. Como ela conseguia fazer coisas tão estúpidas?

- Também senti sua falta, obrigada! – falou emburrada após perguntar o paradeiro de nossos pais.

“É claro que senti sua falta, sua tola. Não sabe o quanto”. Porém não podia dizer isso, não deixaria que meus sentimentos se aflorassem. Yuuki não colaborava, ela grudava em mim, isso tornava mais difícil de me controlar.

- Yuuki por que esse grude todo? – perguntei a beira de explodir.

- Saudades! – e sorriu me deixando sem graça. – Você não se importava com isso antes.

- Nós éramos pequenos e eu não... – “não sabia ou não notava os meus sentimentos, não como eles eram verdadeiramente”. – Que tal chamarmos um táxi? – perguntei mudando de assunto. As lembranças tinham um gosto amargo, amargo demais para que pudesse saborear.

Fomos para casa, a mesma de poucos anos atrás, nada havia mudado, nem o gênio forte de Yuuki. Ela pensava em cozinhar e eu com certeza era contra essa tortura.

- Como assim eu? Eu aprendi a fazer muitas coisas desde que você foi embora, e faz um bom tempo... – a tristeza começa a tomar conta da sua voz. – que você foi embora. – senti que começaria a chorar, não suportava vê-la assim, abracei-a fortemente como que por instinto, eu desejava protegê-la. Ela chorava e aquilo cortava meu coração, sequei suas lágrimas, tentando evitar que as minhas também transbordassem.

- Só Deus sabe como não queria ter ido, mas eu tive que ir. – deixei escapar.

- Por que então? Foi por causa da sua pós?

“Não, foi por você.”

– Claro. – menti. Mas será que apenas por este dia eu poderia sair um pouco da linha?

– Então – a soltei – precisamos jantar e como não confio em você na cozinha – ela fez uma careta – que tal sairmos para jantar fora?

Atravessei a linha, porém mantive um pé atrás dela. Levei-a para jantar e tratei como sempre quis, mas me mantendo no controle. Havia outra linha, uma linha mais tênua que não ousava passar. Por esta noite, fingi que a realidade era outra, era como se fossemos namorados, mesmo que isso nunca fosse possível, me permiti ter esperanças.

Maldita Boca.

- Me perdoe, Kaname-oni...

Fiz um gesto brusco para que se calasse. Não podia suportar... essa condição. Ela já havia me empurrado, não importava se me batesse em seguida, mas não queria ouvir aquelas malditas palavra. Sentia as feridas se abrirem. Era esse o preço a pagar por ter ficado próximo demais?

- Por favor, não me chame assim, me irrita. – fui ríspido, a raiva esvaindo.
 
Apenas ela fazia isso comigo, meu humor oscilava e mudava constantemente, tudo por causa dela. Yuuki começou a chorar, tentei em lhe consolar, mas foi em vão. Fomos para casa e a noite não desci para jantar, tentei ler alguma coisa, porém a irritação me fez jogar o livro monótono na parede. Decidi dormir e quando estava prestes a adormecer...

- Yuuki? – O que ela fazia aqui? Sempre me surpreendendo.

- Desculpe te acordar. Volte a dormir! – como se você deixasse, atormentando meus pensamentos.

- O que faz aqui?

- Nada. – ela mordia os lábios inferiores como sempre fazia quando estava constrangida. – Vim pedir desculpas.

Era sempre assim, quando éramos pequenos, Yuuki me pedia desculpas e deitava ao meu lado, no fim ela terminava por adormecer e eu ter que carregá-la para seu quarto. Ela respirava profundamente enquanto estava no meu colo, era bem mais fácil segurá-la neste momento do que quando éramos mais novos. Deitei-a em sua cama, Yuuki dormia profundamente, sua respiração era profunda e compassada, deixei me envolver por aquele clima e permiti que meus lábios tocassem os delas de modo rápido e delicado.

- Podemos conversar Kaname? – minha mãe me surpreendeu. Levantei-me e sai do lado de Yuuki e me virei para encará-la.

- Sim.  – era a única coisa que podia dizer.

- O que pensa que está fazendo? – estávamos na cozinha, o lugar mais distante para que Yuuki e Haruka não pudessem nos ouvir. Sua voz estava alterada. – Ela é sua irmã!

- ... – Não respondi, não havia nada em minha defesa.

- Sabia que era estranho demais você decidir ir embora de repente. – ela colocava as mãos sobre o rosto, entendia a posição dela. – Você queria manter-se afastado, então... – ela suspirou pesadamente. – Continua a certa distância dela. – Ordenou e completou... – Este tipo de relacionamento é impossível.

Eu sabia, mais do que qualquer um eu sabia. Eu havia feito algo imprudente e fui pego em flagrante. Porém as palavras de Juuri ainda me atingiam e doíam tanto. Fiz uma mesura e subi para meu quarto, naquela noite não consegui dormir.

- Podemos ir. – disse Yuuki ao entrar no carro após colocar Aiko no banco traseiro.

- Animada? – perguntei a pequena menina que estava sentada comportadamente no banco de trás.

- Muito. – respondeu com um sorriso no rosto enquanto ajeitava seu vestido branco.

- E você? – me virei para a Yuuki a fim de encará-la, ela beijou delicadamente meus lábios me fazendo sentir um leve arrepio. – Bem, isso me responde.

Aoki era nossa única filha e apesar dos vários anos que nossa família fora formada e estarmos estabilizados nunca pensamos em ter outro, Yuuki tinha medo e eu podia sentir, medo pela criança e por seu futuro. E se ela se sentia assim eu tomaria cuidado, não queria que ela sofresse, nunca mais. Então nosso amor era totalmente concentrado na pequena criança de cabelos castanhos e olhos avermelhados. Era nosso amor, nosso orgulho, nossa vida.

Seguíamos para o condado de Wiltshire convidados pela nossa vizinha Marie e sua família, desde que ajudara Yuuki no dia que sentiu as dores do parto nossas famílias se aproximaram e eles eram sempre muito prestativos, sua família também era formada por três pessoas e o jovem Arthur adorava brincar com Aiko. “Pirralho impertinente”, pensei ao me lembrar do menino.  Já víamos as colinas de Marlborough, Yuuki colocou uma de suas mãos sobre a minha e a apertei levemente sorrindo. Uma leve brisa soprava, o céu estava limpo, muito semelhante com o passado, mesmo que o lugar fosse outro, podia sentir o gosto da lembrança.

“Me manter afastado”, como o faria? Seria melhor ter dito que não queria vir ou estava indisposto, mas Haruka não desconfiaria? “Os dois sozinhos...”, as palavras de Juuri iam e retornavam a minha mente, ela estava certa, não podíamos permanecer sozinhos, mesmo que fosse meu desejo estar com ela, sem testemunhas eu não saberia como meu autocontrole funcionaria, já havia a beijado, o que faria a seguir? Toquei meus próprios lábios devido a recordação do beijo, ainda podia sentir sua respiração profunda e os lábios macios nos meus.

Último dia. Este seria o último dia que precisaria fugir de Yuuki, fugir de sua companhia, amanhã nossos pais chegariam e minhas fugas estariam terminadas. Eu sei que ela estava intrigada, até mesmo brava com minhas escapadas, arquitetando algo para me pegar em flagrante por um perigoso delito. Mas continuaria a ignorá-la, por mais que me custasse. Peguei meu casaco e sai pela porta principal.

Caminhava para mais um dia de tédio, onde andaria por Fujinomiya, porém algo estava diferente. Podia ouvir os passos apressados de alguém me seguindo, uma jovem caçadora seguia sua presa, mas seria o leão a pegá-la. Comecei a guiá-la involuntariamente para onde pretendia, o grande lago ao pé do Monte Fuji era um lugar amplo e maravilhoso, ao chegarmos no local a própria Yuuki se denunciou ao partir um galho seco.

- YUUKI SEI QUE ESTÁ AÍ! – gritei, ela saiu de onde se encontrava escondida e pude sentir a forte reação que sua simples presença me causou, no fim estávamos a sós. O quanto o destino poderia brincar com nossas vidas? – Venha! – a chamei estendendo minha mão inconscientemente, apertei sua mão entre as minhas e senti meu coração ferver e pulsa freneticamente. “Então era tal reação que possuía sobre mim?”

- Como sabia que era eu. – perguntou. Eu sempre saberia quando ela estivesse ao meu lado.

- A vi desde que começou a me seguir quando sai de casa. Você não é uma boa espiã. – fui franco, apertei a ponta de seu nariz assim como fazíamos quando éramos criança quando queria irritá-la. – Não gostou daqui?

Ela me respondeu de modo inteligível, porém que compreendi ser um questionamento sobre meu comportamento nos outros dias, ignorei e fingi nada ter entendido, fiz-me de tolo e procurei um meio de passarmos à tarde.

- Quer andar de barco? – a convidei.

Alugamos um barco e remei até o centro do lago, falamos de coisas fúteis e tentei tornar o ambiente agradável, mesmo que por dentro me contorce-se e buscasse ao máximo o controle. A conversa se esvaiu e Yuuki ficou em silêncio, perdida em pensamentos, a aflição em seu rosto me perturbava. No que estaria pensando? A sacudi levemente, tentando tirá-la daquele estado de transe.

- Yuuki? Está tudo bem? – perguntei aflito.

- Sim! – deu um pulo em meio ao barco.

O barco balançou e via Yuuki cair, instintivamente a segurei pela cintura tentando evitar sua queda, mas foi em vão, caímos os dois. A senti soltar de meus braços quando submergimos, voltei a superfície para respirar e mergulhei novamente para procurá-la, ela estava completamente submersa quando consegui puxá-la e ela por fim conseguisse respirar. Por um momento senti meu coração parar quando a pensei embaixo de toda aquela água, o que faria se tivesse acontecido algo sério? Ela tossia bastante e começou a respirar com dificuldade, ela começou a me encarar e não compreendia muito bem. Droga! Por que Yuuki tinha que fazer coisas tão irresponsáveis e desastradas? Mas ela podia ir além. Por algum motivo desconhecido ela começou a rir, o que a fazia afundar mais e mais.

- Pare de rir, vai se afogar. – Seja lá por que motivo, não possuía a menor graça. Em resposta me jogou água nos olhos e tudo terminou como uma brincadeira.

Voltamos à margem do lago, Yuuki estava completamente encharcada, seus longos cabelos colavam no corpo assim como suas roupas, me rosto ruborizou e o virei tentando afastar tais pensamentos proibidos. Ela jamais seria minha. Yuuki espirrou e antes que pegássemos um resfriado fomos até uma hospedaria próxima onde fomos tratados de maneira rude. Quem eles pensavam ser? Rejeitar um Kuran, mesmo em nosso estado, por mim iriam a falência.

- Você tem um espírito vigoroso jovem Kaname. Não posso dar-lhes um quarto, mas posso ajudá-los a se aquecer. – um idoso entrou em nosso caminho, o seguimos, parecia ser uma boa pessoa, mas logo mudei de idéia.

- O que é isto? – estava espantado.

- Saquê – Ele era louco? – Irá aquecê-los. – disse sorrindo. Velho sem...

- Yuuki, acho que não deveria beber isso. – do jeito que era ia terminar bêbada com um único copo.

- Por que não? – questionou. – Ele disse que irá nos deixar mais quentes e estou morrendo de frio.

- Apenas vai com calma. – Retiro o que acabei de dizer sobre o velho, ELA QUE É A LOUCA. – Está louca! – ela acabava de virar o copo, honestamente gostaria de saber o que ela tinha na cabeça.

- Ainda estou com frio. Será que bebi pouco? – o mais que necessário.

- Yuuki você não irá beber... – mas era tarde demais, ela já havia tomado o segundo copo, arranquei a garrafa e escondi atrás de mim, antes que terminasse em tragédia. Yuuki tentou levantar e cambaleou. Diabo! – Você está bêbada. – senti a raiva me consumir.

- Eu não. - Como ela conseguia ser tão negligente consigo mesma? Em apenas um dia.

Levantei-me para chamar um motorista disposto a colocá-la embaixo do chuveiro gelado e forçá-la a beber café amargo.

- Espere. – me segurou pelo braço – Ainda não. – não tinha uma boa sensação caso hesitasse.

- Yuuki, nós não podemos, nossos pais em breve chegarão... – parei ao senti-la tocar meus lábios com seus dedos, eu sabia que aquilo não era um bom sinal, queria afastá-la. – Yuuki, o que está... – não pude terminar a frase, ela encerrou seus lábios no meu com um beijo, não compreendia, ela fechou os olhos e continuou a mover seus lábios sobre os meus. Onde pararíamos? Senti um impulso em correspondê-la, tomá-la em meus braços e beijá-la num abraço forçando-a contra meu peito. Controle. A voz de minha mãe veio em minha mente e consegui afastá-la, foi quando Yuuki desmaiou. Liguei para o motorista e a levei para casa, uma das empregadas tirou suas roupas molhadas, fui vê-la em seu quarto e ela ainda repousava, senti impulso de beijá-la novamente agora que o gosto de seus lábios estavam mais fortemente marcados nos meus.

- Kaname-sama? – uma voz me impediu.   

- Kaname? Kaname? – Yuuki me sacudia me acordando de meus pensamentos, ela estava sentada ao meu lado na enorme mesa montado no quintal da casa da família de nossos vizinhos.  Eu pisquei o olho várias vezes e virei meu rosto para encará-la, sorri. – Athur lhe vez uma pergunta.

- Fez? Quem? – perguntei confuso. Yuuki apontou discretamente para o chão, foi então que meus olhos encontraram aqueles grandes olhos azuis que pertenciam a um menino loiro. Logo notei ser o filho de Marie. – Ah sim.  – disse desinteressado.

- Senhor, gostaria de pedir a mão de sua querida filha em casamento. – “O QUE?” O que esse pirralho pensa que está me pedindo, o que ele pode entender sobre amor? O que ele entende sobre qualquer coisa? Moleque.

- Porque não cresce primeiro pir... – falava de modo sínico. – Ai! – Yuuki pisava no me pé com seu sapato de salto. Contorci numa careta. – Quem sabe daqui uns anos? – e lhe fiz um cafuné na cabeça.

Aiko o chamou para brincar e ele saiu correndo ao seu encontro. O que ele podia entende?

- Obrigado por vir Ichijou. – agradeci ao recebê-lo na porta de casa.

- Por nada. Nossa você parece péssimo. Aconteceu alguma coisa? – estava preocupado.

- Preciso lhe contar algo. – Conte-lhe ao meu melhor amigo todos os meus sentimentos, a única pessoa que podia confiar esse segredo sem que me julgasse, deixei que tudo transparecesse e não consegui conter minhas lágrimas.

- Ora, ora, que enrascada você se meteu meu amigo. – falou me dando tapinhas nas costas com seu sempre sorriso no rosto. Porém se rosto logo se tornou sombrio. – O que irá fazer? Isso já aconteceu uma vez e se acontecer de novo? Conseguirá se controlar? Devia tê-la impedido. – estava sério.

- Entende? Eu não podia fazer nada naquele caso. – Apertei minhas mãos uma na outra, Ichijou pousou as suas sobre a minha e novamente estava sorrindo, mas sem humor.

- Claro que entendo. Afinal ela é sua irmã. – disse gentilmente. Neste momento Yuuki entrou na sala, cobri meus olhos inchados com o cabelo torcendo para que não notasse, Takuma me deu cobertura. Espero que não tenha me visto naquele estado.

- Como vai Yuuki?

Eu sempre acreditei que Yuuki era o elo mais fraco, que tinha de protegê-la para que não se partisse em pedaços.

- Vocês são muito parecidos. – comentou um dos membros da família de nossa vizinha, ela possuía feições bastante arredondadas devido seu peso, creio que seu nome era Ana.

- Ora é mesmo, e parece que possuem mesmo sobrenome também. Seu nome é apenas Yuuki Kuran? – perguntou nossa vizinha intrigada. Yuuki deixou seu garfo cair fazendo baralho quando caiu sobre o prato, a senti estremecer e tentei socorrê-la ao mesmo tempo em que pensava em algo a dizer.

- Sim.- Yuuki respondeu mais rapidamente. Que espécie de resposta era esta? Não via que nos denunciaria.

- Então? – Marie nos perguntou e assim como os outros seus olhos estavam espantados, porém também refletiam curiosidade.

- No Japão as famílias tendem a ficar juntas, como num grande clã, onde todos possuem o mesmo sobrenome e de certa forma mesma linhagem. Eu e Kaname somos primos de segundo grau. – e sorriu perfeitamente de modo que até eu me senti convencido.
 
Quando ela se tornou tão forte? Não, ela sempre foi forte, mesmo que vacilasse às vezes, era decidida e objetiva. Afinal qual de nós era o mais fraco?

Eu a aguardava em frente a escola como combinado, o sinal tocou e fiquei atento as colegiais que deixavam a escola, mas Yuuki não aparecia. Haviam passado 15 minutos e ela não aparecia, pensei em procurá-la dentro da escola. Não foi necessário ir longe, ela estava perto do muro e para meu desgosto acompanhado. E não podia ser em pior companhia, me senti mordido pelo ciúme, fui até eles e puxei Yuuki pelo braço a abraçando contra meu peito.

- O que tem a dizer Kiryuu? – falei de modo nada amigável.

- Algo em que não deve se meter Kuran. - senti meu pulso ferver, queria bater em sua cara.

- Tem vergonha de dizer na minha frente? – disse cinicamente.

Eu o encarava tentando me controlar. Trinquei os dentes e apertei mais Yuuki contra meu peito, ela não podia escapar, ela era minha.

- Eu estou indo Yuuki, falo com você depois. – desistiu, Zero sempre fora um fraco.

- Es-pe-re Zero! – meu coração apertou ao vê-la chamá-lo. - O que pensa que está fazendo? – seus olhos semicerrados aguardavam uma resposta, mas não a dei, a puxei pelo braço a levando até o carro. Nem eu sabia o que estava fazendo, porém queria afastá-la o máximo possível dele.

- O que estava conversando com aquele cara? – minha fúria se diluindo nas palavras.

- Espere aí, eu perguntei primeiro. Não desvie do assunto.

- Não quero você perto dele. Entendeu Kuran Yuuki? – não lhe dei ouvidos.

- O que pode haver de errado em conversar com um colega de classe? – insistiu.

- Não seja tola Yuuki. – nem mesmo você pode ser tão ingênua. Descontrolei-me, soquei o capo do carro. Minha irmã estava entre o carro e eu. – Perguntei se entendeu? – ainda estava furioso.

- Não me diga que está... – parou. Ciúmes? Sim eu estou.

- O que ia dizer? – queria ouvir de sua boca.

- Quero ir embora. – comecei a voltar ao normal, a fúria se esvaindo. Como pude ser tão idiota? Deixei que meus sentimentos transpusessem a razão.

[continua..]


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Notas finais do capítulo

Lamento estar postando elas separas, porém tenho dois motivos.
1 - Devido a trabalhos de fim de ano estou demorando muito para concluir ela, sem contar que recontar a história toma um pouco mais de tempo que apenas contá-la.
2 - Creio que o pessoal está bastante ancioso e ela está bem grande, então divídi-la irá evitar um post muito grande.